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Obesidade infantil: a atividade física como aspecto preventivo

 

*Acadêmica do curso de Educação Física da ULBRA Carazinho

**Mestre em Educação. Docente do curso de Educação Física da

ULBRA Carazinho. Orientadora

(Brasil)

Suelen Rech*

suelenrech@yahoo.com.br

Patricia Carlesso Marcelino Siqueira**

patriciasiqueira@wavetec.com.br

 

 

 

Resumo

          A obesidade é considerada um problema resultante de vários fatores e agravada pela cultura, história familiar, idade e sedentarismo. Assim o presente trabalho teve por objetivo mostrar a presença de sobrepeso, hábitos alimentares e prática de atividade física entre crianças e adolescente. A importância dos pais, professores e escola na prevenção do sobrepeso e obesidade, o que pode causar e como pode combatê-la. A constatação de práticas alimentares inadequadas com hábitos sedentários, em crianças aumenta a probabilidade de ser um adolescente com sobrepeso ou até mesmo obeso. Sendo a obesidade uma doença de difícil tratamento na vida adulta, a sua prevenção deve ser de grande importância na infância, sendo motivada dentro de casa e na escola como um assunto de suma importância para a saúde física, mental e social.

          Unitermos: Educação Física. Obesidade. Infância

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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    A obesidade é um problema da atualidade, é a epidemia do século XXI e um dos maiores problemas de saúde pública. No Brasil, o problema vem tomando números alarmantes. Dados mais recentes mostram que ele já ocupa o sexto lugar no ranking dos países com maior número de obesos, atrás apenas dos Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Itália e França. Nesses países tais índices de obesidade aumentam drasticamente (Centers for Disease Control and Prevention - CDC, 2000).

    A obesidade é fruto de fatores genéticos (geralmente há mais obesos na família), distúrbios metabólicos (engorda-se desproporcionalmente à quantidade de calorias ingeridas) e ambientais (oferta e estímulo ao consumo de alimentos calóricos). Desde 1983, procura-se avaliar as condições nutricionais de uma pessoa e diferenciar os obesos utilizando um índice que é denominado de Índice de Massa Corpórea ou IMC. Este índice é calculado dividindo-se o peso em quilogramas (kg) pelo quadrado da altura em metros (m). (CDC, 2000).


    Segundo Taddei (2000), obesidade é um distúrbio nutricional traduzido por um aumento de tecido adiposo, resultante de balanço positivo de energia na relação de ingesta e gasto calórico, que frequentemente causa prejuízo a saúde. Para o autor o excesso de peso na criança predispõe às mais variadas complicações, abrangendo as esferas psicossocial, pois há isolamento e afastamento das atividades sociais devido a discriminação e à aceitação diminuída pela sociedade.

    No Brasil, a maior prevalência de sobrepeso e obesidade por longo tempo esteve nas regiões mais ricas do país, ou seja, a região Sudeste e Sul, mas já se observa o aumento da ocorrência de obesidade nos estados de renda mais baixos. No período entre 1989 e 1996, verificou-se que a obesidade em adultos triplicou no Nordeste e duplicou no Sudeste do Brasil (FILHO; RISSIN, 2003).

    A obesidade esta associada à ocorrência de doenças crônico-degenerativas não transmissíveis como doenças cardiovasculares, diabetes, diferentes tipos câncer, hipertensão arterial sistêmica e arteriosclerose (MONDINI; MONTEIRO. 1994). A obesidade é um problema dos países ricos quanto doa pobres. Em as dietas são ricas e inadequadas as necessidades humanas (FERRIANI et al., 2005).

    A estrutura familiar também tem sofrido mudanças, sendo a tradicional família formada por pai e mãe substituída por apenas um membro. Essa habitualidade trabalha fora, trocando os alimentos mais saudáveis, com menos calorias e maior valor nutricional, mas com maior dispêndio de tempo no preparo, por refeições prontas ou lanches rápidos, de alto valos calórico e baixo valor nutricional, devido à praticidade no preparo (MAHAN; ESCOTTSTUMP, 1998).

    Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de um bilhão de adultos têm sobre peso e mais de 300 milhões são obesos, sendo que, na maioria dos países esses índices de obesidade aumentam drasticamente. Dados Centers for Disease Control and Prevention (CDC), mostraram que 65% dos adultos dos Estados Unidos têm sobrepeso, comparando com 56% identificados entre 1998 e 1994. A prevalência de obesidade também aumentou de 23 para 31% no mesmo período e, entre crianças e adolescentes tiveram um aumento de 36% durante esse mesmo período (CDC, 2000).

    A obesidade na infância e na adolescência é preocupante, pois, caso não seja controlada, o prognóstico é de aumento de morbidade e diminuição da expectativa de vida (SOTELO; COLUGNATI; TADDEL, 1004). È interessante salientar que é na infância que é formado o habito alimentar. È por essa razão que programas, tendo como objetivos mudanças no comportamento alimentar, devem ser desenvolvidos nessa faixa etária. Pois os hábitos adquiridos tendem a se manter na vida adulta (SAHOTA et., 2001).

Obesidade infantil e suas causas

    O sedentarismo e a obesidade infantil, e também na adolescência, têm uma relação muito próxima. O papel dessa relação entre o sedentarismo e a obesidade contribui para graves conseqüências, tais como doenças cardiovasculares, diabetes, etc. (CDC, 2000).

    É um fato que as crianças estão a ficar mais altas a cada nova geração. Infelizmente, estão também a ficar mais largas e isto se deve a um conjunto de elementos que se aliam para produzir mais e mais gerações de crianças infelizes e com excesso de peso. Há algum tempo a trás após as aulas, mandava-se as crianças sair para brincar nas ruas ou nas matas, onde queimavam as calorias que tinham acumulado durante o dia. “Brincar lá fora” predispunha as crianças para jogos inovadores, ao sabor da sua imaginação, e dava também para horas e horas de exercício físico. (FARIA, 2005).

    È consenso que a obesidade infantil vem aumentando de forma significativa e que ela determina várias complicações na infância e na idade adulta. Na infância o manejo pode ainda ser mais difícil do que na fase adulta, pois esta relacionada a mudanças de hábitos e disponibilidade dos pais, além de uma falta de entendimento da criança quanto aos danos da obesidade, ainda é influencia pelos valores culturais, manias alimentares, mas podemos afirmar que a escola é um doa locais importante para se trabalhar os hábitos alimentares (MELLO; LUFT; MEYER. 2004).

    Uma das principais causas da obesidade infantil são as calorias extras que não são queimadas através de exercícios ou de atividades físicas e que se transformam em gordura e quando esta gordura se torna excessiva, e isso cada vez mais, então a criança torna-se obesa. Esta diferença causa obesidade infantil e será diferente de uma criança para outra, visto que pode ser suscitada por alguns fatores tais como os genes, questões de saúde e o sedentarismo, assim como as questões psicológicas que também contribuem para o aumento de peso e pode ser uma das causas da obesidade infantil.

    Para Silva, Balaban e Motta (2005), a etiologia da obesidade é multifatoria, estando envolvido fatores genéticos e ambientais. Entre os ambientes, destaca-se a ingestão energética excessiva e a atividade física diminuída. O aumento na prevalência da obesidade na infância é preocupante devido ao risco maior dessas crianças tornarem-se adultos obesos, apresentando variadas condições mórbidas associadas.

    Conforme, Balaban e Silva (2004) a obesidade é uma doença de causa multifatorial, estando envolvidos fatores genéticos e ambientais. Percebe-se um traço familiar, de modo que filhos de pais obesos têm risco de ser obesos. Contudo, não é uma tarefa simples de avaliar até onde vai o papel da genética e qual a contribuição dos fatores ambientais, pois, além da genética, pais e filhos costumam compartilhar hábitos alimentares e de atividades físicas semelhantes. À ingestão energética aumentada e o gasto energético diminuído tem sido apontados como os principais fatores casuais da obesidade.

    Segundo Balaban e Silva (2004), nos últimos anos, vem observando um importante aumento na prevalência da obesidade, em diversos países e em variadas faixas etárias, inclusive a pediátrica. O aumento na prevalência da obesidade infantil é preocupante devido ao risco aumentado que essas crianças têm de tornar-se adultos obesos às varias condições mórbidas associadas à obesidade.

    Balaban e Silva (2004) encontraram um risco no mínimo duas vezes maior de obesidade na idade adulta para crianças obesas em relação às não obesas e relatam que cerca de um terço dos pré-escolares e metade dos escolares obesos tornam-se adultos obesos.

    O fator de risco mais importante para o aparecimento da obesidade na criança é a presença de obesidade em seus pais, pela soma de influência genética e do ambiente. Os pais exercem uma forte influência sobre a ingestão de alimentos pelas crianças. Entretanto, quanto mais os pais insistem no consumo de certos alimentos, menor a possibilidade de que elas os consumam. Da mesma forma, a restrição por parte dos pais pode ter efeito deletério. Na primeira infância, recomenda-se que os pais forneçam às crianças refeições e lanches saudáveis, balanceados, com nutrientes adequados e que permitam às crianças escolher a qualidade e a quantidade que elas desejam comer desses alimentos saudáveis (MELLO; LUFT; MEYER, 2004). As crianças com pais obesos têm 80% de chances de se tornarem obesas e se apenas um dos pais for obeso 40% de chance.

A prevenção da obesidade infantil e alimentação

    A prevenção do sobrepeso e da obesidade infantil na infância e na adolescência pode ser entendida sob uma única perspectiva, a de proteção das pessoas em relação aos agravos à sua saúde, mas em diferentes níveis, quais sejam os de prevenção primária e secundária.

    A prevenção deve compreender ações orientadas a toda a população, desde a educação nutricional das gestantes e mães atendidas pelo sistema de saúde, passando pelas escolas onde crianças, professores, funcionários, e pais ou responsáveis sejam submetidos a um sistemático processo educativo, formulado a partir das especificidades de cada um desses públicos.

    È importante que as mudanças de comportamento propostas para as crianças e adolescentes obesos, sejam estruturadas adequadamente para evitar distúrbios alimentares posteriores, como os encontrados em adultos que apresentam dificuldade de reduzirem o peso corporal.

    Segundo Oliveira et. Al. (2003), as preferências alimentares das crianças, assim como atividades físicas são práticas influenciadas diretamente pelos hábitos dos pais, que persistem freqüentemente na vida adulta, o que reforça a hipótese de que fatores ambientais são decisivos na manutenção ou não do peso saudável.

    Segundo, Balaban e Silva (2003), a hipótese de que o aleitamento materno teria um efeito protetor a obesidade não é recente. Contudo, resultados controversos têm sido encontrados, e o tema permanece extremamente atual, principalmente frente ao importante aumento que vem sendo observado na prevalência da obesidade.

    È possível também que os lactantes alimentados ao seio materno desenvolvam mecanismos mais eficazes para regular a sua ingesta energética. Balaban et al (2004) relataram que, em situações nas quais os pais têm um maior controle sobre a alimentação dos filhos, pode haver prejuízo para o desenvolvimento dos mecanismos de auto-regulação da ingesta energética da criança, pois os mecanismos externos de controle podem superar os sinais internos de fome e de saciedade. Portanto, a alimentação com a mamadeira, por exemplo, poderia favorecer o desenvolvimento do sobrepeso por promover uma ingesta excessiva de leite e/ou por prejudicar o desenvolvimento dos mecanismos de auto-regulação.

    Com relação ao consumo de alimentos industrializados, não existe recomendações específica, identificando-se quantidade e freqüência na dieta infantil. As principais recomendações nutricionais atuais enfatizam o incentivo ao consumo de maior variedade de alimentos “in natura”, que incluem pães, cereais, frutas e hortaliças, utilizando-se sal e açúcar com moderação (MARQUES-LOPES; MARTI; MORENO - ALIAGA, 2004).

    A redução de ingestão de alimentos preparados em casa, substituídos por alimentos industrializados (fast-foods, salgadinhos e doces), o aumento do consumo de refrigerante e de grande proporção de calorias derivadas de gorduras e a redução de atividades físicas são fatores etiológicos responsáveis elo crescimento da prevalência da obesidade nas populações urbanos do ocidente (OLIVEIRA; CERQUEIRA; SOUZA; OLIVEIRA, 2003).

    As várias maneiras de tratamento são caracterizadas por taxas apenas modestas de sucesso (com exceção da cirurgia bariátrica) e pela tendência, relatada frequentemente, de perda de peso seguida por novo ganho de peso. Assim, mostra-se prudente considerar a prevenção da obesidade como um item importante. Se a obesidade severa é tão incurável quanto parece ser, tendo-se como base as experiências dos últimos 30 e 40 anos, a prevenção do ganho de peso deveria tornar-se uma prioridade.

    Um estilo de vida fisicamente mais ativo é certamente o fundamento para uma estratégia de prevenção baseada no conceito de estimulação de um peso saudável. Para prevenis a obesidade, devem ser estabelecidos como alvos principais as crianças pequenas, os adolescentes e os adultos jovens (BOUCHARD, CLAUDE, 2003).

    Segundo Bouchard (2003), sob o ponto de vista fisiopatológico, cada uma das doenças cujo risco apresente-se aumento pelo sobrepeso é uma entidade que pode ser classificada em uma de duas categorias. A primeira destas categorias abrange os riscos que resultam de alterações metabólicas associadas ao excesso de peso. Estas alterações incluem o diabetes melito, as doenças da vesícula biliar, a hipertensão, as doenças cardiovasculares e algumas formas de câncer. O segundo grupo de problemas de problemas origina-se do aumento da própria massa de gordura: a osteoporose. A apnéia do sono e a estigmatização pelo estado de obesidade.

A importância da atividade física na prevenção á obesidade

    Em relação à atividade física, geralmente a criança obesa é pouco hábil no esporte, não se destacando. Para a atividade física sistemática, deve-se realizar uma avaliação clínica criteriosa. No entanto, a ginástica formal, feita em academia, a menos que muito apreciada pelo sujeito, dificilmente é tolerada por um longo período, porque é um processo repetitivo, pouco lúdico e artificial no sentido de que os movimentos realizados não fazem parte do cotidiano da maioria das pessoas. Além disso, existe a dificuldade dos pais e/ou responsáveis de levarem as crianças em atividades sistemáticas, tanto pelo custo como pelo deslocamento. Portanto, deve-se ter idéias criativas para aumentar a atividade física, como descer escadas do edifício onde mora, jogar balão, pular corda, caminhar na quadra, além de ajudar nas lidas domésticas (FRUTUOSO; BISMARCK-NASR; GAMBARDELLA, 2003).

    O exercício é considerado uma categoria de atividade física planejada, estruturada e repetitiva. A aptidão física, por sua vez, é uma característica do individuo que engloba potência aeróbica, força e flexibilidade. O estudo desses componentes pode auxiliar na identificação de crianças e adolescentes em risco de obesidade. A criança e o adolescente tendem a ficar obesos quando sedentários, e a própria obesidade poderá fazê-los ainda mais sedentários. A atividade física, mesmo que espontânea, é importante na composição corporal, por aumentar a massa óssea e prevenis a osteoporose e a obesidade (MELLO; LUFT; MEYER, 2004).

    O fato de mudar de atividade física, mesmo que ela ainda seja sedentária, já ocasiona aumento de gasto energético e, especialmente, mudança de comportamento, de não ficar inerte, por horas, numa atividade sedentária, como se fosse um vicio (SABIA; SANTOS; RIBEIRO, 2004).

    A obesidade e o estilo de vida fisicamente inativo são dois fatores de risco mais prevalentes das doenças crônicas comuns do mundo ocidental. Ambos acarretam custos enormes para a saúde e para a economia, sendo reconhecidos como os principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, o diabete melito não-insulino-dependente, a hipertensão e outras condições debilitantes. Um estilo de vida fisicamente inativo é um fator de risco para o ganho de peso com a idade; além disso, indivíduos obesos são, muito sedentários, já que o excesso de massa corporal é um obstáculo para a adoção de um estilo de vida fisicamente mais ativo. E mais, o sedentarismo, nas pessoas com sobrepeso ou obesidade, aumenta a probabilidade de morbidades, comuns ao excesso de peso, ou de morte prematura (BOUCHART, CLAUDE, 2003).

    Lima, Arrais e Pedrosa (2004), abordam aspectos relacionados com obesidade e atividade física, salientando que programas devem estimular a atividade física espontânea, além de avaliar se, no final de um programa de prática desportiva intensa, foi incorporada uma mudança no estilo de vida da criança. A criança deve ser motivada a manter-se ativa, e essa prática deve ser incorporada preferencialmente por toda a família.

    Para Gomes (1994), citado por Ferriane et al (2005), uma característica importante em pacientes obesos é a depreciação da própria imagem física, sentindo-se inseguros em relação aos outros e imaginando que estes o vêem com hostilidade e desprezo. Além disso, Allon (1979), citado por Ferriane et al (2005) cita que adolescentes com sobrepeso freqüentemente referem ao peso como um fator agravante na interação social, sofrendo discriminações que interferem em seus relacionamentos sociais e afetivos.

    Sabe-se hoje que o exercício físico pode ser um fator protetor para uma série de males. Entre os quais se destaca: obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose, depressão e maior morbi-mortalidade por qualquer causa. No entanto, muito desse conhecimento não é adequadamente divulgado fora do meio acadêmico, permanecendo oculto para grande parte da população. Os motivos que levam ao desconhecimento vão da falta de vontade própria em buscar informação até a inexistência de programas governamentais de esclarecimento, passando pelos profissionais de saúde que, muitas vezes, também ignoram o valor do exercício físico e/ou não são efetivos no incentivo à prática regular de exercícios físicos (GOMES; SIQUEIRA; SICHIERI, 2001).

    Estudos têm demonstrado que a redução do nível de atividade física e sua relação com a ascensão na prevalência da obesidade se referem as mudanças na distribuição das ocupações por setores (exemplo: da agricultura para industria) e nos processos de trabalho com redução de esforço físico ocupacional; das alterações nas atividades de lazer, que passam de atividades de gasto acentuado, como práticas esportivas, para longas horas diante da televisão ou do computador; e do uso crescente de equipamentos domésticos com redução de gasto energético da atividade, como por exemplo, lavar roupa à máquina ao invés de faze-lo manualmente (MENDONÇA, ANJOS, 2004).

A escola com aliada na prevenção á obesidade

    A escola como instituição que oportuniza os alunos ao aprendizado do mundo letrado, tem a obrigação de possibilitar que os alunos tornam-se conhecedores da importância de como deve ser a sua alimentação, qual a sua quantidade e qualidade que deve ser consumida diariamente por cada criança. Salientar também a importância da atividade física regular, no gasto de calorias necessárias para vida de uma criança saudável, é na escola que ela pode ou não gostar de praticar esportes ou qualquer atividade física tanto competitiva ou recreativa. (SOTELO, COLUGNATI, TADDEI, 2004).

    O professor tem uma função muito importante na vida de seus alunos, tanto de possibilitar um aprendizado nutricional e físico, mostrando uma visão mais ampla dos benefícios de ter uma vida saudável e consequentemente mais feliz (SOTELO, COLUGNATI, TADDEI, 2004).

    Todas as pessoas por mais humildes que sejam possuem aspirações e esperanças de conseguir algo melhor para si e seus familiares, mas muitas vezes não possuem conhecimento ou iniciativas de por onde e como tornar esses seus desejos possíveis. Somos nós profissionais juntamente com a escola que temos o dever de preparar o aluno para que ele consiga lá fora apresentar e usufruir o que aprendeu na escola em relação ao seu corpo e sua saúde física e mental (SOTELO, COLUGNATI, TADDEI, 2004).

    Uma dieta saudável deve ser incentivada já na infância, evitando-se que crianças apresentem peso acima do normal, e quando apresentem, a redução alimentar é fundamental. Esse pode necessitar de suporte emocional ou social, através de psicoterapia individual, em grupo e familiar (FERRIANI et al, 2005).

    Em nosso meio, a obesidade é um sério problema de saúde pública, que vem aumentando em todas as camadas sociais da população brasileira. È um sério agravo para a saúde atual e futuro dos indivíduos. Prevenis a obesidade infantil significa diminuir; de uma forma racional e menos onerosa, a incidência de doenças crônico-degenerativas. A escola é um local importante onde esse trabalho de prevenção pode ser realizado, pois as crianças fazem pelo menos uma refeição nas escolas, possibilitando um trabalho de educação nutricional, além de também proporcionar aumento da atividade física. A merenda escolar deve atender às necessidades nutricionais das crianças em quantidade e qualidade e ser um agente formador de hábitos saudáveis (MELLO; LUFT; MEYER, 2004).

    Em paralelo à obesidade, o adolescente enfrenta ainda, nesta fase da vida, as transformações biológicas que ocorrem no seu corpo. O jovem obeso, diante da turma (teoricamente não obesa), enfrenta dificuldades em integrar todas essas alterações corporais, dando-lhe freqüentes sentidos de estranheza pela própria imagem.

    Segundo Outeiral (1994), citado por Ferriane et al (2005), o corpo nesse momento passa a assumir um importante papel de rejeição por parte da turma; e o adolescente obeso começa a perceber que seu corpo não corresponde aquele idealizado para si e também para o grupo de iguais, e via de regra, é através da identificação e comparação com os outros adolescentes que ele começa a ter uma idéia concreta do seu corpo, passando a rejeitá-lo.

    Num estudo realizado por Dechen (2001), citado por Ferriane et al (2005), a autora relata que os adolescentes obesos se sentem infelizes com a sua gordura, pois recebem apelidos pejorativos dos colegas e sentem-se rejeitados, o que ocasiona influências negativas da obesidade nos relacionamentos sociais tanto na infância quanto na adolescência.

Considerações finais

    É consenso que a obesidade infantil vem aumentando de forma significativa e que ela determina varias complicações na infância e na vida adulta. Na infância, o manejo pode ser ainda mais difícil do que na fase adulta, pois esta relacionado a mudança de hábitos e disponibilidade dos pais, além de uma falta de entendimento da criança quanto aos danos da obesidade.

    Diante disso, conclui-se que, por ser a obesidade doença de difícil tratamento na vida adulta, sua prevenção, evita o surgimento na infância ou adolescência, e seu tratamento, impedindo a evolução dos casos já diagnosticados, são de fundamental importância, melhorando o prognóstico destes pacientes na idade adulta.

    Dessa forma, promover o aumento da atividade física e se reeducar nos hábitos alimentares para que sejam mais saudáveis, criando condições objetivas para sua realização, seriam, provavelmente, os principais componentes para uma vida saudável entre crianças e adolescentes.

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