efdeportes.com

O perfil organizacional e funcional 

das academias de Santa Cruz do Sul

El perfil de organización y funcionamiento de los gimnasios en Santa Cruz do Sul

 

*Estudante do curso de Educação Física

UNISC, Santa Cruz do Sul, RS

(Brasil)

Rafael Schwengber*

Ms. Leandro Tibiriçá Burgos

Dra. Miria Suzana Burgos

rafaelschwengber@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          Esta pesquisa consta de uma análise com 17 proprietários de academias de ginástica e musculação localizadas na área central de Santa Cruz do Sul – RS. O procedimento utilizado nesta pesquisa se caracteriza como um estudo descritivo-exploratório, que segundo Mattos, Rosseto Jr. e Blecher (2004), tem como características observar, registrar, analisar e descrever os resultados obtidos. Primeiramente, foi feita a seleção das academias que participaram da pesquisa. Após isso, realizou-se a organização e validação do questionário. Na terceira etapa, ocorreram visitas aos estabelecimentos e, por fim, fez-se a digitação, organização, análise e interpretação dos dados levantados. Para a coleta de dados foram feitas anotações em questionário sobre os aspectos como: número de usuários, número de funcionários registrados no CREF, documentação da academia, licença da academia – CREF, disponibilidade dos equipamentos, avaliação física, horário de funcionamento, valor da mensalidade, tipos de atividade e contabilidade. Apenas 6 estabelecimentos apresentaram resultados, estes com profissionais responsáveis registrados no CREF (Conselho Regional de Educação Física) ou estagiários e acadêmicos do curso de Educação Física. Quanto às licenças necessárias para o correto funcionamento desses locais, concluímos que todas as academias apresentaram a documentação obrigatória.

          Unitermos: Academias. Ginástica. Musculação

 

Abstract

          This research refers to an analyze with 17 owners of gymnastic and muscle academies located in the central area of Santa Cruz do Sul – RS. The procedure utilized in this research is characterized like a describe-exploratory study. Initially the selection of the academies which participated in the research was done. After this the organization and validation of the questionnaire was done. On the third phase visits to the establishments occurred and finally the data was typed, organized, analyzed and interpreted. To obtain the data, remarks were made in the questionnaire about aspects such as: number of users, number of workers registered in the CREF (Physical Education Regional Council), academy documentation, academy license – CREF, equipments availability, physical check, working hours, monthly amount, activity types and accountability. Only 6 establishments presented results, these with responsible professionals registered on the CREF or trainees and students of the Physical Education course. With regards to necessary licenses for the correct operational of these places we conclude that all the academies presented the mandatory documentation.

          Keywords: Academies. Gym. Muscle

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

1 / 1

1.     Introdução

    Saúde, de acordo com Bouchard (1990), é definida como uma condição humana com dimensões física, social e psicológica, cada uma caracterizada por um continuum com pólos positivos e negativos. A saúde positiva estaria associada à capacidade de apreciar a vida e resistir aos desafios do cotidiano e a saúde negativa associaria-se à morbidade e, no extremo, à mortalidade. Matsudo (2000) afirma que os principais benefícios à saúde advindos da prática de atividade física referem-se aos aspectos antropométricos, neuromusculares, metabólicos e psicológicos. Os efeitos metabólicos apontados pela autora são o aumento do volume sistólico; o aumento da potência aeróbica; o aumento da ventilação pulmonar; a melhora do perfil lipídico; a diminuição da pressão arterial; a melhora da sensibilidade à insulina e a diminuição da freqüência cardíaca em repouso e no trabalho submáximo. Com relação aos efeitos antropométricos e neuromusculares ocorre, segundo a autora, a diminuição da gordura corporal, o incremento da força e da massa muscular, da densidade óssea e da flexibilidade.


     E, na dimensão psicológica, afirmam que a atividade física atua na melhoria da auto-estima, do auto conceito, da imagem corporal, das funções cognitivas e de socialização, na diminuição do estresse e da ansiedade e na diminuição do consumo de medicamentos. Guedes & Guedes (1995), por sua vez, afirmam que a prática de exercícios físicos habituais, além de promover a saúde, influencia na reabilitação de determinadas patologias associadas ao aumento dos índices de morbidade e da mortalidade. Defendem a inter-relação entre a atividade física, aptidão física e saúde, as quais se influenciam reciprocamente. Segundo eles, a prática da atividade física influencia e é influenciada pelos índices de aptidão física, as quais determinam e são determinados pelo estado de saúde.

    Apesar do grande número de academias, verifica-se que nem todas apresentam infra-estrutura física satisfatória para atender as necessidades do usuário em termos de vida comunitária e atividades físicas adequadas. Podemos dividi-las em pequenas (até 300 alunos); médias (acima de 300 e até 2000 alunos) e grandes (acima de 2000 alunos), como, por exemplo, é o caso de São Paulo. Dentre as academias, existem aquelas com real ausência de profissionais capacitados onde constata-se, por exemplo, pessoas leigas em Educação Física ministrando aulas; ex-atletas sem formação universitária; pessoas que entendem a Educação Física como apenas “movimentação do corpo” e se acham no direito de ministrar aulas e professores desatualizados ou despreparados em relação à sua atuação (PEREIRA, 1996).

    Contamos com uma mídia distorcida que reforça a idéia de que todos estão aptos para a prática de atividades físicas, especialmente as esportistas e competitivas, sem uma preocupação maior com a individualidade biológica do ser humano, induzindo à prática esportiva sob a premissa do entusiasmo como, “esporte é para todos” quando, na realidade, esporte é para uns poucos bem dotados e bem nutridos. Infelizmente, estas informações carecem de propostas pedagógicas adequadas e de retaguarda científica para tais afirmativas (PEREIRA, 1996).

    Este estudo tem como objetivo geral descrever o perfil organizacional e funcional das academias de ginástica e musculação na área central de Santa Cruz do Sul.

2.     Método de investigação

    O estudo é descritivo-exploratório e tem como sujeitos 17 proprietários de academias de ginástica e musculação localizadas na área central de Santa Cruz do Sul - RS.

    Este estudo seguiu as seguintes etapas: seleção das academias, organização e validação do questionário, visita aos estabelecimentos que farão parte da pesquisa, aplicação do questionário e digitação, organização, análise e interpretação dos dados levantados.

3.     Resultados e discussão

    Dentre os questionários distribuídos em 17 academias de ginástica e musculação na cidade de Santa Cruz do Sul, apenas 6 apresentaram resultados com a devolução dos mesmos. Levanta-se a hipótese de que os estabelecimentos que se negaram a responder as perguntas podem ter alguma irregularidade e não devem estar apto a exercer tal atividade.

    Apresentamos, neste capítulo, os indicadores referentes às academias analisadas do município de Santa Cruz do Sul – RS.

    Quanto ao tempo de existência dos estabelecimentos verificados, constatamos que a academia de ginástica e musculação mais antiga presente na cidade possui 20 anos atuando no ramo. Outras possuem 15 anos, 9 anos, 4 anos e, as mais recentes, foram fundadas à alguns meses deste mesmo ano.

Quadro I. Tempo de existência e número de alunos

Academia

Tempo de existência e N° de alunos

Academia A

Fundada em junho de 2008 - 230

Academia B

20 anos - 130

Academia C

9 anos - 350

Academia D

15 anos - 110

Academia E

Fundada em 2008 - 100

Academia F

4 anos - 100

    Quanto ao número de funcionários das academias registrados no CREF, observou-se que, num total de 27 pessoas, 19 têm seu número de registro. Os que não apresentam registro no Conselho Regional de Educação Física são acadêmicos do curso.

    Ao analisar a quantidade de alunos presentes nas academias, verificou-se que as mesmas possuem entre 100 e 350 alunos.

    Observando o sexo dos colaboradores das empresas, constatou-se que 12 pessoas são do sexo masculino e 15 pertencem ao sexo feminino. Também foi solicitado o tempo de experiência dos instrutores. Os resultados obtidos mostram que 56% tem menos de 2 anos de experiência no trabalho, 29% tem de 2 a 5 anos e 15% tem de 6 a 10 anos.

Quadro II. Tempo de experiência

Tempo de experiência

N° de funcionários

Menos de 2 anos

15 funcionários

2 a 5 anos

8 funcionários

6 a 10 anos

4 funcionários

    Em relação às licenças necessárias para funcionamento, entre elas certificado dos bombeiros, alvará da prefeitura, alvará da saúde e registro no CREF, todas as academias de ginástica e musculação apresentaram a devida documentação.

Quadro III. Espaço físico

Academia

Espaço físico

Academia A

250m²

Academia B

250m²

Academia C

600m²

Academia D

300m²

Academia E

Não informou

Academia F

150m²

    Quanto ao tamanho e ambientes físicos existentes, foi constatado que os estabelecimentos possuem entre 150 e 600m². Algumas academias possuem apenas 2 ambientes. Outras possuem até 7 ambientes, entre eles espaço para atividades aeróbicas, espaço para trabalho de alongamentos e abdominais, espaço para musculação, espaço para aulas em grupo, recepção e vestiários.

Quadro IV. Avaliações físicas

Academia

Avaliações físicas

Academia A

Peso, estatura, circunferências e dobras cutâneas.

Academia B

Anamnese, peso, estatura, percentual de gordura, circunferências, peso ósseo, dobras cutâneas e avaliação postural.

Academia C

Anamnese, circunferências e dobras cutâneas.

Academia D

Peso, estatura, percentual de gordura, circunferências e avaliação postural.

Academia E

Adipômetro

Academia F

Peso, estatura, adipômetro e circunferências.

    Observando a realização de avaliações físicas nos alunos, todas confirmaram a execução das mesmas. Uma das academias analisadas verifica peso, estatura, percentual de gordura, circunferências e avaliação postural. Outra verifica dobras cutâneas, avaliação postural, peso, estatura, peso ósseo e peso residual. Analisando uma terceira academia, esta realiza anamnese, circunferências e dobras cutâneas. Outra afirmou executar avaliação funcional. Um dos estabelecimentos confirmou realizar apenas avaliação com utilização de adipômetro.

Quadro V. Modalidades de trabalho

Academia

Modalidades

Academia A

Musculação, bike indoor, power local, aeroboxe, step, jump, lutas (muay-tay e jiu-jitsu), capoeira e alongamento.

Academia B

Musculação, trabalho aeróbico e alongamento.

Academia C

Musculação, alongamento, trabalho aeróbico e ginástica localizada .

Academia D

Alongamento, musculação, trabalho aeróbico, ginástica localizada e yoga.

Academia E

Musculação, trabalho aeróbico e alongamento.

Academia F

Jiu-jitsu, jump, power jitsu, ginástica localizada e musculação.

    Dentre as modalidades de trabalho desenvolvidas nas academias, observou-se que são executadas a musculação, trabalho aeróbico, alongamento, fitness, bike indoor, power local, aeroboxe, step, jump, ginástica localizada, yoga e lutas (muay tay e jiu-jitsu).

Quadro VI. Horário de funcionamento

Academia

Horário

Academia A

Seg. à sexta-feira: 6h30min. às 24h.

Sábado: 13h30min. às 18h.

Academia B

Seg. à sexta-feira: 6h45min. às 11h30min.

14h. às 21h.

Academia C

Seg. à sábado: 7h. às 24h.

Academia D

Seg. à sexta-feira: 7h.30min. às 11h30min.

13h45min. às 21h30min.

Academia E

Seg. à sexta-feira: 7h30min. às 22h.

Academia F

Seg. à sexta-feira: 6h30min. às 21h.

    Em relação ao horário de funcionamento, os locais funcionam entre 6 e 24 horas, com horários alternados de abertura e fechamento, inclusive os intervalos. Quatro estabelecimentos funcionam sem fechar ao meio-dia. Quanto ao valor da mensalidade, os estabelecimentos cobram de 40 à 70 reais por mês.

Quadro VII. Mensalidade

Academia

Valor da mensalidade

Academia A

50 reais

Academia B

Livre: 70 reais

3 vezes por semana: 65 reais

2 vezes por semana: 55 reais

Academia C

50 reais

Academia D

Livre: 68 reais

2 vezes por semana: 58 reais

1 vez por semana: 40 reais

Academia E

Livre: 60 reais

3 vezes por semana: 55 reais

2 vezes por semana: 50 reais

Academia F

65 reais

    Evidentemente que as pessoas podem se cuidar e ter uma boa condição física em idades mais avançadas, mas, por uma questão sócio-cultural, existe ênfase exagerada na aparência física, principalmente no ambiente das academias, que é muito influenciado pela mídia e pelo culto ao corpo de nossa sociedade (COURTINE, 1995), assim, a competência profissional não tem sido valorizada. Isso cria um problema muito sério para o profissional de Educação Física que trabalha nessas instituições, pois se ele se dedicar exclusivamente à esse ramo de atividade é bem provável que ele ficará desempregado em poucos anos. Coelho Filho (1999), com base no discurso do profissional de ginástica em academia do Rio de Janeiro, verificou que a vida útil desse profissional vai aproximadamente até os quarenta anos (com exceção daqueles que controlam seus processos de envelhecimento). Verificou-se também que a experiência e competência não garantem prestígio e estabilidade no mercado (e sim a juventude aliada à competência) e não há ascensão em função da idade, nem garantias trabalhistas. Assim, esse profissional não tem como vislumbrar uma carreira, pois a profissão é vista como uma ocupação.

    O conhecimento científico é cada vez mais necessário para o exercício dessa profissão e, hoje, existe grande preocupação com a produção de conhecimentos aplicados, ou seja, direcionados para o profissional que atua no mercado de trabalho. Desse mercado de trabalho, as academias de ginástica e musculação, caracterizam uma significativa parcela sendo uma das principais empregadoras. A proliferação das academias de ginástica e musculação é um fenômeno internacional e, devido à rapidez dessa expansão, um melhor conhecimento desse fenômeno se faz necessário para buscar seu aprimoramento.

Considerações finais

    Os serviços prestados pelas academias de ginástica e musculação são especializados e exigem recursos humanos devidamente preparados para que elas cumpram o seu papel social.

    Concluímos ao término deste trabalho que, quanto ao número de funcionários registrados no CREF, as 6 academias de ginástica e musculação que mostraram resultados possuem responsáveis para o devido funcionamento, dentro das normas exigidas. Os estabelecimentos apresentaram as licenças necessárias para executarem suas atividades corretamente. Todas as academias afirmaram realizar avaliações físicas nos alunos com regularidade.

Recomendações

    Torna-se importante o papel do professor de Educação Física quanto à organização e bom funcionamento das academias de ginástica e musculação, pois são estabelecimentos voltados para a saúde com o fim de aprimorar o condicionamento físico, mental e bem-estar da população em geral.

    Espera-se que com a regulamentação da profissão muitos desses problemas sejam solucionados ou minimizados, através da fiscalização das atividades nas academias, também do profissional de Educação Física e de uma preparação profissional mais competente e adequada ao mercado de trabalho.

Referências

  • BOUCHARD, Claude. Atividade física e obesidade. 1990.

  • COELHO FILHO, C. A. A. . O discurso do profissional de ginástica em academia no Rio de Janeiro. Motus Corporis, Rio de Janeiro, 1999.

  • COURTINE, J. J. Políticas do Corpo: elementos para uma história das práticas corporais. São Paulo: Estação Liberdade, 1995.

  • GUEDES, Dartagnan P., GUEDES, Joana E. R. P. Exercício físico na promoção da saúde. Londrina: Midiograf, 1995.

  • MATSUDO, Sandra M. M. Avaliação do idoso: física e funcional; Midiograf, 2000.

  • MATTOS, Mauro G., ROSSETTO JR., Adriano J., BLECHER, Shelly. Teoria e prática da metodologia da pesquisa em educação física: construindo sua monografia. São Paulo: Phorte, 2004.

  • PEREIRA, Marynês M. F. Academia: estrutura técnica e administrativa; Sprint, 1996.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

revista digital · Año 15 · N° 143 | Buenos Aires, Abril de 2010  
© 1997-2010 Derechos reservados