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Relação entre o nível de atividade física e o índice de massa 

corporal em alunos na faixa etária dos 11 aos 15 anos 

de idade em duas escolas do município de Betim

Relación entre el nivel de actividad física y el índice de grasa corporal en 

estudiantes de 11 a 15 años en dos escuelas del municipio Betim

Relationship between the level the level of physical activity and body mass 

index in students aged from 11 to 15 years old in two schools in the Betim City

 

*Acadêmica do curso de Educação Física

**UninCor - Universidade Vale do Rio Verde

Campus Betim

(Brasil)

Débora Cremonezi Soutto Mayor* **

Prof. Dr.Sérgio Ricardo Magalhães**

sergio.magalhaes@unincor.edu.br

 

 

 

Resumo

          O presente estudo trata de questões referentes à obesidade infantil e na adolescência. Teve por objetivo geral correlacionar o nível de atividade física com o índice de massa corporal (IMC) em alunos com idade entre 11 a 15 anos. Participaram dessa pesquisa 300 alunos matriculados em duas escolas do município de Betim. Como critério de investigação foi utilizado o calculo do IMC (índice de massa corporal) e questionário de nível de atividade física (IPAQ). Os resultados revelaram que os alunos considerados ativos apresentavam índice de massa corporal consideravelmente normal, os classificados como sedentários apresentavam uma porcentagem maior de obesidade. Pode-se concluir que, existe uma relação entre o nível de atividade física com o índice de massa corporal, ou seja, quanto mais ativo menos chance de se tornar obeso.

          Unitermos: Obesidade. Atividade física. Adolescentes. IMC

 

Abstract

          This study deals with issues relating to childhood obesity and adolescence. Aimed to correlate the overall level of physical activity with body mass index (BMI) in students aged 11 to 15 years. Participants of this study enrolled 300 students in two schools in the municipality of Betim. Research as a criterion was used to calculate BMI (body mass index) and a questionnaire on physical activity level (IPAQ). The results revealed that students considered active body mass index were considered normal, those classified as sedentary have a higher percentage of obesity. May conclude that there is a relationship between level of physical activity with body mass index, or the more active less chance of becoming obese.

          Keywords: Obesity. Physical activity. Adolescents. IMC

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Introdução

    Nas ultimas décadas vem ocorrendo avanços positivos nas condições de saúde das crianças e todo o mudo. A difusão das medidas de higiene e saúde publica têm proporcionado queda expressiva na incidência de doenças infecciosa (Paho, 1995 apud Soar et al, 2004).

    Apesar disso, a vida urbana nas sociedades modernas tem sido associada a mudanças de comportamento principalmente com relação à dieta e a atividade física, fatores estes que se relaciona de forma importante á obesidade. (Popkin BW 1995, apud Soar et al, 2004).

    A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acumulo excessivo de tecido adiposo localizado em todo o copo, que frequentemente provoca prejuízo a saúde, como as doenças cardiovasculares, o diabetes, hipertensão arterial, problemas ortopédicos, depressão e a problemas de auto-estima. Já o sobrepeso é excesso de peso previsto para o sexo, altura, idade de açodo com os padrões populacionais de crescimento.

    Segundo os autores McArdle, Kacth e kacth (2001) citado por Venâncio, (2006) há dois tipos de distribuição regional da gordura: a obesidade central ou tipo andróide (que se caracteriza pelo excesso de tecido adiposo nas viceras internas; e a obesidade periférica do tipo genóide (caracterizado pelo excesso de tecido adiposo no glúteo e nas coxas).

    Para Leite (1996) e Damaso (2001) a gordura corporal compreende em quatro tipos: tipo I caracteriza-se pelo excesso de massa adiposa corporal sem concentração especifica, considerada a mais comum; a gordura tipo II é o excesso de tecido adiposo na parte subcutânea da pele, na região abdominal e tronco, também conhecida como andróide ou obesidade do tipo “maça”, estimula o desenvolvimento de problemas cardiovasculares e a resistência da ação da insulina; o tipo III caracteriza-se pelo excesso de gordura vicera-abdominal que também esta associada a problemas cardiovasculares e a resistência a insulina; e o tipo IV, caracteriza-se pelo excesso de gordura glúteo-femoral, também conhecida como genóide ou obesidade tipo “pêra”, estando mais suscetível, a alteração nos período de gestação repetidas, e desmame precoce. (apud Venâncio,2006)

    A alta prevalência de sobrepeso e obesidade apresenta-se atualmente, como um dos mais importantes problemas de saúde publica. (Geneva, 1998 apud Chiara, 2002). A prevalência de obesidade esta crescendo intensamente na infância e na adolescência e tende a persistir na vida adulta: cerca de 50% de crianças obesas ao seis meses de idade e 80% das crianças obesas ao cinco anos de idade permanecerão obesas. (Abrantes, 2002, apud Ramos, 2003).

    Dietz, (1993) sustenta que a obesidade em adolescentes resulta do desequilíbrio entre atividade reduzida e excesso de consumo de alimentos densamente calórico, tendo mostrado que o número de horas que um adolescente passa assistindo televisão é um importante fator associado à obesidade, acarretando um aumento de 2% na prevalência da obesidade para cada hora adicional de televisão. (citado por Fonseca, 1998).

    A criança e o adolescente tendem a ficar obesos quando sedentários, e a própria obesidade poderá fazê-los ainda mais sedentários (JEBB AS, 1999 apud MELLO et al, 2004). De acordo com Matsudo (2003), a atividade física mesmo que espontânea é importante na composição corporal, por aumentar a massa óssea e prevenir osteoporose e a obesidade. (apud MELLO, 2004)

    O exercício físico regular resulta benefícios para o organismo, como melhora na capacidade cardiovascular e respiratória, diminuição na pressão arterial em hipertensos, melhora na tolerância de glicose e na ação da insulina (Dengel et al, 1998 apud Francischi et al, 2000).

    O aumento das diversões tecnológicas, passivas e a diminuição da pratica de exercícios físicos contribuem para o estilo de vida sedentária e a diminuição do gasto energético (JOSUE; ROCHA, 2002 apud PIERINE 2006).

    A gordura corporal e a massa magra podem ser determinadas por meio de procedimentos diretos, indiretos e duplamente indiretos:

  • Direto: o método direto mede a composição corporal pela dissecação de cadáveres e analise química. Essa análise são demoradas e custosas, necessitam de equipamentos laboratoriais caros e só podem ser realizadas após a morte.

  • Indiretos: os métodos indiretos podem ser utilizados tanto em laboratórios quanto em campo (PETROSKI, 1999 apud FARIA, 2007) os principais métodos indiretos são apresentados a seguir:

    • Ultra-Som é utilizado pra medir a distância entre a pele e as camadas de músculo e de gordura e entre estas camadas e o osso;

    • A imagem por Ressonância Magnética (IRM), esse método proporciona uma definição de alto grau de resolução das alterações dos tecidos magros e adiposos e tem sido utilizado para avaliar alterações de corte transversais do músculo, após treinamentos de resistência, durante o crescimento e o envelhecimento (McARDLE et al., 1998 apud FARIA, 2007).

    • A Absorciometria com raios X de energia dupla é um procedimento de imagem de alta tecnologia que permite a quantificação da gordura e do músculo assim como do conteúdo mineral das estruturas ósseas mais profundas (LUKASKI, 1987 apud FARIA, 2007). É um método aceito para avaliar a osteoporose outros distúrbios ósseos correlatos (McARDLE et al., 1998 apud FARIA, 2007)

    • A pesagem hidrostática (também conhecida como pesagem subaquática) define o volume corporal pelo calculo da diferença entre o peso corporal aferido normalmente e a medição do corpo submerso em água. Em outras palavras, o volume corporal é igual à perda de peso na água com a devida correção da temperatura para a densidade da água (MCARDL et al. 1998 apud FARIA, 2007).

  • Duplamente indiretos: A antropometria é considerado o método mais útil para rastrear obesidade, por ser barato, não evasivo, universalmente aplicável com boa aceitação pela população. Índices antropometrico são obtidos apartir da combinação de duas ou ais informações antropometria básica (peso, sexo, idade e altura). (GENEVA, 1995, apud ABRANTES 2002).

    Ainda de acordo com GENEVA o uso do IMC (índice de massa corporal) para identificar adultos com sobrepeso e obesidade é consensual, e seu uso na avaliação nutricional de crianças e adolescentes começaram a ser mais difundido após a publicação de MUST, 1991 et al apud ABRANTES, 2002, que apresentaram valores pressentis por idade e sexo. Esses valores são considerados atualmente como referencia pela OMS (Organização mundial da saúde) para identifica sobrepeso e obesidade em adolescentes.

    A medida do IMC foi desenvolvida na Bélgica pelo estatístico e antropometrista, Adolphe Quetelet. É calculado dividindo o peso do indivíduo em quilos pelo quadrado de sua altura em metros, conforme a equação:

    kg é o peso do indivíduo em quilogramas e m é sua altura em metros.

    Segundo Santos (2003), a obsidade vem tomando vultos alarmantes em todo o mundo, atingindo crianças, adolescentes e adultos de todos os estados sociais.

    E de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), quinze milhõesde crianças e jovens no Brasil pesam mais que o ideal, o que significa que mais de 15% da populaçao infanto juvenil apresenta peso corporal em execesso.(LAUER et al,1990 apud Ferriani,2005)

    Este estudo, servirá de um diagnóstico para os pesquisados que poderão estar avaliando como está sua saúde nutricional, e assim podendo mantê-la ou mudar seus atos tendo em vista um estado nutricional melhor.

    Assim, o objetivo desse trabalho é avaliar o índice de massa coporal (IMC) de alunos de 11 a 15 anos de idade e correlacionar com o nivel de atividade fisica dos mesmos.

Metodologia

    O presente estudo foi realizado em duas escolas do município de Betim; Os nomes das escolas não foram divulgados preservando assim a integridade das instituições e dos participantes da pesquisa.

    A amostra foi constituída por 300 alunos com idade entre 11 a 15 anos de idade matriculados nessas escolas no ano letivo de 2009. Sendo 154 do sexo feminino e 146 do sexo masculino.

    Antes da coleta de dados houve contato com a direção das escolas com o sobre os procedimentos a serem realizados e os objetivos do estudo, através de um temo de consentimento. Após a aprovação da escola foram entregues aos pais o termo de consentimento, que detalha a etapas do estudo com a autorização para a coleta de dados.

    Foram utilizados como critério de exclusão os alunos que não tinham idade entre 11 a 15 anos, os alunos que se recusasse a participar do estudo e os alunos que os pais não concordaram com sua participação.

    As medidas de peso foram obtidas, utilizando-se balança digital da marca FILIZOLA® com capacidade de 150 kg e com variação de 0,1kg. A balança foi colocada em local plano e os alunos foram pesados sem sapatos e agasalhos, somente com o uniforme escolar composto de bermuda e blusa de malha. Os alunos foram pesados em pé, com os membros ao longo do corpo e posicionando no centro da balança olhando para frente.

    A estatura foi determinada com fita métrica de material não elástico com capacidade de até 150 cm e precisão de 1 cm fixada à parede e com um esquadro de acrílico colocado sobre o topo da cabeça dos alunos, afim de obter um ângulo reto com a parede durante a leitura.

    Os alunos foram orientados a permanecerem eretos com a cabeça posicionada para frente, braços estendidos ao longo do corpo e com tornozelos, glúteos e ombros com contato com a parede.

    Os diagnostico de baixo peso, excesso de peso e obesidade baseou-se nos pontos de corte sugeridos por Conde e Monteiro (2006) e através da curva de maturação sexual como é mostrado na tabela abaixo:

Tabela 1. Percentis segundo o índice de massa corpórea (IMC) idade e sexo

Idade

(anos)

Masculino

Feminino

BP

EP

OB

BP

EP

OP

11

13,32

19,68

25,58

13,81

19,51

23,54

12

13,63

20,32

26,36

14,37

20,55

24,89

13

14,02

20,99

26,99

15,03

21,69

26,25

14

14,49

21,66

27,51

15,72

22,79

27,50

15

15,01

22,33

27,95

16,35

23,73

28,51

Fonte: Conde e Monteiro (2006)

    Para avaliar o nível de atividade física dos alunos foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), (ANEXO 3) em forma de entrevista. O questionário utilizado foi a da versão curta do qual é constituído de oito perguntas. As perguntas estão relacionadas ao tempo em que as pessoas gastam fazendo atividade física na ultima semana. As perguntas incluem as atividades que as pessoas fazem no trabalho, para ir de um lugar para o outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa ou no jardim.

    Para analisar os dados do nível de atividade física foi usado o consenso realizado entre o CELAFISCS e o Center For Disease Control (CDC) de Atlanta em 2002, (apud MATSUDO et al) considerando os critérios de freqüência e duração, que classifica as pessoas em quatro categorias:

  1. Muito ativo: aquele que cumpriu as recomendações de:

    1. Vigorosa: ≥5 dias/ sem e ≥ 30 minutos por sessão e/ou

    2. Vigorosa: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão + Moderada e/ ou Caminhada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão.

  2. Ativo: aquele que cumpriu as recomendações de:

    1. Vigorosa: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão; /ou.

    2. Moderada ou Caminhada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão; e/ ou.

    3. Qualquer atividade somada: ≥5 dias/sem e ≥150 minutos/sem (caminhada + moderado + vigorosa)

  3. Irregulamente Ativo: aquele que realiza atividade física, porem insuficiente para ser classificado como ativo, pois não cumpre as recomendações quanto à freqüência ou a duração. Para realizar essa classificação somasse freqüência ou quanto á duração da atividade:

    • Irregulamente Ativo A: Aquele que atinge pelo menos um dos critérios da recomendação quanto à freqüência ou a duração da atividade:

      1. Freqüência: 5 dias/semana ou

      2. Duração: 150 min/semana.

    • Irregulamente Ativo B: Aquele que não atingiu nenhum dos critérios da recomendação quanto à freqüência nem quanto à duração.

  4. Sedentario: aquele que não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10 min continua durante a semana.

    Foi utilizada uma estatística descritiva, bem como, o teste t de Student para amostras independentes para verificar possíveis diferenças entre os grupos. Para tabulação dos dados utilizaram-se planilhas do Microsoft Office Excelâ 2003.

Resultados e discussão

    A amostra estudada foi de 300 alunos na faixa etária de 11 aos 15 anos de idade de duas escolas do município de Betim-MG, sendo 154 do gênero feminino e 146 do gênero masculino.

Tabela 2 - Distribuição dos alunos segundo o índice de massa corpórea (IMC) e o gênero masculino (masc.) e feminino (fem.) por faixa etária

Idade (anos)

IMC

11

12

13

14

15

Amostra Total

Masc.

Fem.

Masc.

Fem.

Masc.

Fem.

Masc.

Fem.

Masc.

Fem.

n

n

n

n

n

n

n

n

n

n

n

%

Abaixo

Peso

2

2

1

1

0

5

1

0

0

0

12

4

Peso Normal

21

34

17

18

29

36

19

28

9

5

217

72,3

Excesso Peso

2

14

5

6

3

8

11

4

0

0

52

17,3

Obesidade

3

3

0

6

1

1

3

2

0

0

19

6,3

Total

28

53

23

31

33

50

34

34

9

5

300

100

    Verifica-se que em relação ao gênero o índice de excesso de peso é maior no sexo feminino com prevalência na faixa etária dos 11 anos de idade, já obesidade continua prevalecendo no sexo feminino, porém, na faixa etária dos 12 anos de idade.

    Gama estudou o estado nutricional de adolescentes matriculados em escolas da rede particular e Estadual da cidade de São Paulo, e encontrou prevalência de obesidade de 12% e 24,2% para o sexo feminino e masculino respectivamente, em adolescentes da escola particular, e de 17,7% para o sexo feminino e 15,8% para o sexo masculino em escola da rede Estadual. (apud RAMOS, 2003).

    Existe uma relação entre os dois estudos apenas se comparado ao estudo realizado na escola Estadual onde a prevalência de obesidade foi maior para o sexo feminino.

    Já Leão (2003), observou que nas escolas particulares há uma tendência de maior freqüência de alunos obesos no sexo feminino, enquanto nas escolas publicas foi de alunos de sexo masculino.

    No presente estudo foi encontrado um índice de baixo peso de 4%, peso normal de 73% excesso de peso de 17% e obesidade de 6% da amostra total, como mostra o gráfico a seguir:

Gráfico 1. Índice de massa corporal (IMC) em ambos os sexos

    De acordo com o estudo realizado por Ramos (2003) a prevalência de sobrepeso e obesidade encontrada foi de 7,3% e 3,5% respectivamente, ou seja, pressentis menores do que foi encontrado neste estudo.

    Conforme o gráfico 2, pode-se verificar que o excesso de peso e obesidade nos escolares avaliados teve maior freqüência no gênero feminino.

Gráfico 2. Caracterização do Índice de massa corporal (IMC) em segundo o sexo

    Como ocorrido neste estudo, alguns autores descrevem maior prevalência de sobrepeso e obesidade, entre os adolescentes no sexo feminino (MOKHTAR et al, 2001). Todavia estes autores salientam que o oposto possa ocorrer.

    A Tabela 3 apresenta os valores das da amostra para ambos os sexos da variável IMC, segundo as idades verificadas.

Tabela 3. Valores descritivos e teste t de Student dos escolares de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC)

Idade

Masculino

Feminino

t

p

11 anos

17,76 ± 4,2

18,1 ± 3,34

1,664371

0,346754

12 anos

17,78 ± 2,67

20,34± 4,5

1,674689

0,009324*

13 anos

18,06 ± 3,2

19,2 ± 3,65

-1,462254

0,0737706

14 anos

20,45 ± 4,52

20,42 ± 3,79

-0,033779

0,4865774

15 anos

18,84 ± 2,1

19,67 ± 2,05

0,718057

0,2432334

    Nesta tabela, verifica-se que somente os escolares de 12 anos de idade, apresentaram IMC com diferenças significativas (p < 0,05), quando comparados ambos os sexos. Tal fato pode ser justificado devido à existência de possíveis variações interindividuais que acarretam em diferenças na estatura, na velocidade de crescimento e no desenvolvimento da puberdade de adolescente nestas faixas etárias, conforme foi discutido por Cole et al, (2002).

Gráfico 3. Nível de atividade física dos escolares (ambos os sexos)

    Verificando o gráfico 3, podemos verificar que quase a metade (48%) dos adolescentes apresentaram-se como ativos, no que tange ao nível de atividade física desempenhado por eles

    Os achados do nível de atividade física indicaram também que, os adolescentes da amostra estudada apresentam resultados satisfatórios quando classificados como indivíduos sedentários (3,0 %).

    Dos 20 alunos considerados muito ativo, 5,0% apresenta excesso de peso, 90,0% peso normal e 5,0% baixo peso. Os 142 alunos considerados ativos, 2,8% apresentam obesidade, 10,6% excesso de peso, 82,4% peso normal e 4,2% baixo peso. Os 8 alunos considerados sedentários 12,5% apresentava obesidade,25,0% excesso de peso,50,0% normal e 12,5 com baixo peso, como é mostrado no gráfico abaixo:

Gráfico 4. Nível de atividade física e índice de massa corporal (IMC) em ambos os sexos

    No presente estudo a maior parte dos alunos estudados foram considerados ativos, entre esses alunos grandes parte apresentou peso dito normal com baixa incidência de obesidade. Fernandes (2006) encontrou o mesmo nos resultados de seu estudo, os dados referentes a pratica habitual de atividade física, obtidos através da aplicação de questionário, indicaram que quando comparados a escolares de idades similares os garotos envolvidos no estudo mostraram-se mais ativos fisicamente, dedicando um tempo maior do seu dia a pratica de atividade física intensa, moderadas e leves.

    Quando foram comparados a adolescentes e norte americanos, a amostra do estudo demonstrou também praticar mais atividade de esforço intenso e moderado, contudo os adolescentes despendem de uma quantidade diária de tempo superior com atividades de esforço leve e relacionadas a comportamentos sedentários.

    Correia (2004) realizou um estudo com 384 alunos e constatou que cento e quarenta e seis (46,2%) dos respondentes eram ativos 38,6% pouco ativo e 15,2% muito ativo e 8,5% sedentários. Nesse mesmo estudo dos130 alunos considerados com peso normal 49,2% foram considerados ativos e 22,2% considerados sedentários, já os 58 alunos considerados obesos 43,1% foram considerados ativos e 15,5% sedentários. Os resultados encontrados por Correia são semelhantes com os resultados do estudo, ou seja, a maior parte dos alunos foi considerada ativa.

    No estudo realizado por Bracco (2002), verifica-se que a mensuração do nível de atividade física e do gasto energético mostrou que as crianças obesas apresentam maior gasto energético e menor nível de atividade física que crianças não obesas. O modelo de regressão permite interpretar que para cada minuto de atividade física realizada pelas crianças obesas há um dispêndio de energia equivalente a quase dois minutos das atividades físicas realizadas pelas crianças não obesas. No entanto crianças não obesas permanecem mais tempo realizando atividades físicas diárias que as obesas. Em outras palavras pode-se supor que o esforço das crianças obesas é maior que o das crianças não obesas, resultando em um fator que justificaria o maior tempo de inatividade física entre essas crianças.

Considerações finais

    Com a modernidade e com as novas tecnologias, vem aumentando o índice de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes. As pessoas vêm tendo uma vida sedentária do qual se verifica um fator importante para o aumento do sobrepeso e obesidade.

    As crianças passaram a consumir alimentos muito calóricos e deixaram de brincar nas ruas devido à violência, levando-as a escolher brincadeiras com nenhum gasto calórico como: computadores, vídeo games, TV, etc.

    Neste estudo percebeu-se que os alunos estudados a maioria apresentava-se ativo com o peso consideravelmente normal. Os alunos considerados sedentários apresentavam uma porcentagem maior de obesidade.

    Assim, foi possível concluir que existe uma relação entre o nível de atividade física com o nível de obesidade e sobrepeso, ou seja, quanto mais ativo a prática de atividade física será menor a probabilidade de se tornar uma pessoa com excesso de peso ou obesa. Convém ressaltar que a inatividade física é um dos fatores propicio para a obesidade, não descartando a hipótese de outros fatores.

Referências

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