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Mulheres e a prática esportiva como forma de lazer

Las mujeres y la práctica deportiva como actividad de tiempo libre

 

*Discente do Curso de Graduação em Educação Física na

Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO. Irati, PR

**Orientador: Docente do Curso de Graduação em Educação Física na

Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO. Irati, PR

Doutor em Educação Física e Sociedade pela

Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas, SP

Antonielo Fabris*

tonithepower@hotmail.com

Emerson Velozo**

emersonvelozo@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Nas últimas décadas o fenômeno esporte vem sendo estudado. Contudo a prática de esportes relacionada à mulher ainda é um fator importante que deve ser discutido e analisado. O objetivo deste estudo foi: investigar a realidade da prática de esportes entre mulheres na cidade de Imbituva e também o conhecimento das participantes sobre o fenômeno esporte, como lazer. O estudo caracteriza-se por analítico explicativo, de forma qualitativa, sendo bibliográfico com pesquisa de campo. As participantes são 30 mulheres escolhidas aleatoriamente, com idade entre de 18 a 30 anos que praticam atividades físicas, numa Academia de Ginástica, situada na cidade de Imbituva, Paraná. As participantes foram previamente informadas e orientadas sobre os objetivos da pesquisa e confirmaram suas participações pelo intermédio T.C.L.E. Os dados foram coletados através de questionário com perguntas abertas. A pesquisa foi realizada no horário em que as entrevistadas executavam suas atividades, na referida academia. Após a coleta, os dados foram analisados chegando aos resultados que mostram que 43,33% praticam esportes e 56,66% não praticam, 86,6% do total possuam interesse sobre o fenômeno esporte. Observou-se que 61,5 % das mulheres não praticam esporte por falta de tempo, 58,3% praticam atividades esportivas para obtenção e manutenção de saúde e, 96,6% delas acham importante que mulheres pratiquem esportes. Concluí-se que apesar das mulheres possuírem conhecimento sobre fatores relacionados ao esporte e lazer, existe uma considerável parcela que não praticam esportes.

          Unitermos: Atividade de lazer. Esportes. Mulher

 

Abstract

          In the last few decades the phenomenon sport is being studied. However the practice of sports related the woman still is an important factor that must be argued and be analyzed. It is intended to investigate the reality of the practice of sports between women in the city of Imbituva. To describe the importance of the sport and to investigate the knowledge of the participants on the phenomenon sport, as leisure. The study it is characterized for analytical clarifying, of qualitative form, being bibliographical with field research. The participants are 30 women randomly chosen; with age enter of 18 to 30 years that practice physical activities, in the Academy of Gymnastics, situated in the city of Imbituva, Paraná. The participants previously had been informed and guided on the objectives of the research and had confirmed their participation for intermediary T.C.L.E. The data had been collected through questionnaire with open questions. The research was carried through in the schedule where the interviewed ones executed their activities, in the related academy. After the collection, the data had been analyzed arriving at the results that show that 43.33% practice sports and 56.66% do not practice, 86.6% of the total have interest on the phenomenon sport. It was observed that 61.5% of the women do not practice sport due to time, 58,3% practice sportive activities for attainment and maintenance of health and, 96.6% of them think that is important that women to practice sports. I concluded that although the women have knowledge on factors related to the sport and leisure there is a considerable parcel that doesn’t practice sports.

          Keywords: Leisure activity. Sports. Women

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Introdução

    Nas últimas décadas vários assuntos sobre o fenômeno esporte vêm sendo estudados. Contudo a prática de esportes relacionada à mulher ainda é um fator importante que deve ser discutido e analisado.

    Nos dias de hoje as pessoas têm determinadas vantagens sobre as gerações passadas, pois possuem mais informações a respeito da prática de esportes como lazer. Apesar disso, ainda estamos longe de sermos tão saudáveis quanto poderíamos ser, porém, existem estilos de vida que colocam em risco a saúde, seja pelo stress, pela alimentação inadequada ou sedentarismo. Segundo NAHAS (2001), em estudo por diversos países, inclusive no Brasil, tem mostrado que a prática de esportes, mais do que nunca, passou a ser um dos mais fatores à saúde física e mental dos indivíduos, de grupos e comunidades.

    A prática de esportes relacionada à mulher é um fator importante que terá ênfase neste artigo. Pensando em mulheres que deixaram de praticar regularmente o esporte, mas devido ao gosto adquirido anteriormente, sempre que podem estão realizando algum tipo de atividade independente da modalidade. A fuga da rotina estressante é um excelente motivo para realizar tal prática. A realidade nos mostra, nas palavras de Bezerra (2009), que a sociedade tradicionalmente não prepara a mulher para atividades físicas ou para a prática esportiva, e sim para realizar os afazeres domésticos. Entendendo a prática de esporte amador ou de lazer, independente da forma a ser realizada ou dos objetivos propostos, podemos observar que na sociedade em geral ainda há um descaso quanto à prática esportiva relacionado à população feminina.

    Através da investigação dos fatores relacionados à prática esportiva de lazer entre mulheres ajudará a compreender as questões sobre a prática esportiva feminina. Isto poderá se tornar informativo para a sociedade, e auxiliar a compreensão de aspectos relacionados a esta prática. Também poderá representar na produção de conhecimento útil para gestores esportivos, públicos ou privados, pois através dos dados fornecidos neste trabalho poderão ser elaboradas estratégias para fomentar a prática de esportes entre mulheres. Segundo Saraiva (2005), o esporte existe dependente de uma imagem social, e sendo um fenômeno social ele se transforma relacionado à sociedade a qual existe. Esta tendência social, o qual o esporte segue, sendo ele uma realidade socialmente construída. Um estilo de vida ativo, praticando esporte por lazer é considerado fundamental. O sedentarismo vem do próprio comportamento individual, resultante tanto da falta de informação ou da vontade da pessoa, quanto também das oportunidades e, barreiras sociais presentes.

    No presente trabalho pretende-se investigar a realidade da prática de esportes entre mulheres na cidade de Imbituva, descrever a importância que o esporte tem para as pesquisadas e investigar o conhecimento que as mulheres têm sobre o fenômeno esporte como lazer.

Metodologia

    A pesquisa teve teor bibliográfico e com análise de dados coletados em campo. Este trabalho caracteriza-se como um estudo analítico explicativo, de forma qualitativa, que segundo Richardson (1999, p 80),a abordagem qualitativa de um problema, além de ser uma opção do investigador justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social”.

    A pesquisa foi aplicada em 30 mulheres escolhidas aleatoriamente, com idade entre de 18 a 30 anos, que praticam atividades físicas em uma Academia de Ginástica, situada na cidade de Imbituva, Pr.

    Foi escolhida esta faixa etária, porque são mulheres que terminaram o segundo grau, e se desvincularam das atividades esportivas da escola como: competições e vivências esportivas durante as aulas. Entende-se que neste período de suas vidas, as responsabilidades aumentam, sendo um dos mais produtivos, ocasionando uma maior dificuldade, em relação à falta de tempo para outras atividades, como à prática de esportes.

    Às participantes da pesquisa foi proposto um T.C.L.E (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido), para pesquisa, no qual foi exposto informações sobre o procedimento da pesquisa, os objetivos e todas as condições para sua participação.

    Os dados foram coletados através de questionário com perguntas abertas, com linguagem simples e direta. A pesquisa foi realizada no horário em que as entrevistadas realizavam suas atividades na referida academia (terça-feira e quinta-feira, entre 18h00minhs e 20h30mins). Durante a entrega do questionário, o pesquisador preocupou-se em orientar individualmente as entrevistadas, explicando o significado de cada pergunta e da pesquisa em geral. Depois de realizado a coleta, os dados foram analisados e catalogados para a construção dos resultados). O presente estudo teve um caráter exploratório e foi abordado de maneira descritiva. Foram utilizados os valores de freqüência relativa e absoluta para o tratamento dos dados.

Resultados e discussões

    Ao aplicar o questionário tive como objetivos verificar a realidade da prática de esportes femininos na cidade de Imbituva, descrever a importância que o esporte tem para as pesquisadas e investigar o conhecimento que as mulheres têm sobre o fenômeno esporte.

    Para apresentação dos resultados e discussão desta pesquisa, inicialmente abordei a questão referente ao gosto da prática pelos esportes (pergunta 1). Nesta questão o gosto pelo esporte fica evidente, visto que 86.6% das pesquisas responderam gostam de praticar esportes e apenas 13,33 que não gostam. Entre as mulheres que responderam que gostam de esporte, o interesse pela saúde com 56%, bem estar com 30%, e condicionamento físico com 26.9%, foram respectivamente os mais citados. Também outras respostas foram citadas como: melhor espiritualmente, reunir amigos, diversão, disposição, socialização, cultura e qualidade de vida. O interesse ao esporte, para as pesquisadas, está relacionado principalmente com saúde e bem estar (características importantes na prática de esporte e lazer) e o esporte para elas é um dos meios para consegui-la, mostrando a relevância que o assunto tem em suas vidas. Entre as mulheres que responderam que não gostam, foram citadas as seguintes respostas: “não gosto”, “não possuo habilidade”, “doença”. Esta última pode-se entender que devido à privação a qual passou em relação à prática esportiva, acabou ocasionando a falta de interesse pelo esporte.

    Em seguida foi abordada a pergunta que fala sobre a prática de esportes, além das atividades na academia (pergunta 2),obteve-se o seguinte resultado: 13 responderam que praticam (43,33%) e 17 responderam que não praticam (56,66%) Aqui podemos ver que há um equilíbrio entre as respostas. Comparando com a questão 1, a qual o gosto pelo esporte predominou, mas podemos perceber que mesmo gostando de esportes as pesquisadas possuem algum motivo ou dificuldade para praticá-lo. Para as pesquisadas que responderam que não praticam, talvez se sintam satisfeitas de estarem praticando atividades físicas na academia, não havendo necessidade de realizar outra prática. Em relação as que praticam esportes, nota-se que elas procuram realizar outras práticas.

    Na questão 3, foi abordado o assunto de qual esporte é praticado, entre as mulheres que praticam esportes. Lembrando que nas respostas foram citadas mais de uma modalidade. Os mais citados respectivamente foram: voleibol com 61,5% ,futsal 30,7%, natação, basquetebol, cada um com 23,07%. As menos citadas foram: ciclismo, corrida, tênis, handebol, ficando entre elas com 30,7 % do total. Respeitando a opinião das entrevistadas, para fim de discussão, vamos considerar nestas respostas a corrida como prática esportiva. A escolha por uma prática esportiva e a variedade de modalidades praticadas varia muito de região estado ou país e é influenciada principalmente pelos costumes e hábitos de uma sociedade. (HELAL, 1990). Analisando entre as modalidades mais praticadas, o voleibol teve uma diferença significativa. Podemos entender que a procura desta modalidade é maior do que as outras pelo costume adquirido ou por estar em evidência na mídia. A preferência por esta prática também pode estar relacionada com o comportamento da sociedade para com as mulheres, pois o voleibol é tido como “esporte feminino”. Como cita (ROMERO, 1995), o voleibol e a natação estão entre as modalidades esportivas tidas como apropriados para mulher. Esta questão pode estar presente na escolha de determinadas práticas esportivas, pois nas respostas sobre esta pergunta também foram citadas outras modalidades, considerando que existem outras opções, ficando as pesquisadas à vontade quanto à escolha de uma prática esportiva.

    Na questão 4, foi abordado o local onde as práticas esportivas são realizadas. Lembrando que nas respostas foram citadas mais de uma modalidade. Os resultados foram: Ginásio de Esportes (municipal) com 61,5 %, quadras de areia e rua 23,0 %, clube 15,3 %. Destaca-se entre eles, em grande proporção, o Ginásio de Esportes e quadras de areia, afirmando que a maioria das praticantes utiliza espaço público para realizar suas atividades esportivas. Podemos perceber que espaços como rua, onde o esporte é praticado com extrema liberdade. Em que as regras impostas e a escolha de participantes possuem o mínimo de exigência para um bom andamento da atividade. O clube, onde existe a reunião entre pais, filhos, amigos também é um lugar propício para o exercício da socialização.

    Na questão 5, perguntamos com quem é realizada as práticas esportivas, os resultados foram: 76,9% com amigos, 23,07% com familiares. Percebe-se que os amigos são de preferência da maioria, indicando que a socialização é fator importante no contexto da prática esportiva.

    Em relação à questão 6, perguntou-se com que freqüência é realizada prática esportiva, com os seguintes resultados: 2 vezes por semana, 53,8%, 3 vezes por semana 23,0%, 1 vez por semana 15,3% e 4 vezes por semana 7,6%.A freqüência de 2 vezes por semana foi a mais citada, com 53,8% dos praticantes, um número relativamente bom, considerando suas atividades realizadas na academia.

    Passando para questão 7, analisando os motivos da prática de esportes, lembrando que nas respostas foram citadas mais de um motivo, obtendo respectivamente as seguintes respostas: saúde com 58,3 %, prazer e diversão 53,8% e estética 38,4%. Podemos relacionar estas respostas com as da questão 1, pois os motivos para praticar esportes são praticamente os mesmos que fizeram adquirir o gosto pelo mesmo. Lembrando que a maioria gosta de esportes, mas nem todas o praticam. O resultado desta questão nos reforça ainda mais à preocupação pela saúde (a mais citada), não esquecendo os momentos de lazer (diversão e prazer), o qual manteve um equilíbrio com a resposta saúde. Um pouco menos citada, porém em número considerável, aparecem as respostas como: manter a forma, não engordar, que considerei como preocupação com a estética. Em um contexto geral, podemos considerar que os motivos que levam as mulheres a praticar esportes é o lazer, pois segundo Bracht (2005). o esporte enquanto atividade de lazer possui objetivos que são suficientes para determinar esta prática como, por exemplo, saúde, bem estar e socialização.

    Analisando a questão 8, relacionada aos motivos de não praticar esportes, as respostas foram respectivamente as seguintes: falta de tempo com 61,5% , falta de disposição com 23%, falta de hábito e incentivo com 15,3% cada uma. A falta de tempo foi a mais citada. Podemos considerar que a mulher possui outras tarefas em seu cotidiano, além da profissão, principalmente os afazeres domésticos, como cuidarem da casa, filhos etc. É o que podemos confirmar com Bezerra (2009), Em nossa cultura, onde o domínio dos homens prevalece, as mulheres acabam tendo que realizar as funções relacionadas às coisas que acontecem dentro de casa. Considerando que as mulheres usam um relativo tempo para as práticas na academia, fica difícil pensar que poderiam ainda realizar outras práticas como o esporte.

    O que chamou a atenção foi à declaração da entrevistada 17: “Tenho uma doença respiratória que me inibe de práticas esportes, desde criança os médicos me mandaram praticar natação, mas como aqui (Imbituva) não tenho aulas de natação, aí não tenho o que fazer. Agora me acostumei a não praticar nenhum tipo de esportes”. Chamamos a atenção para a questão da falta de opções para a prática esportiva, que teoricamente, dependem de um certo poder aquisitivo para realizar sua prática, como a natação. E também o fato de hoje não gostar de esportes, talvez seja por não vivenciá-lo anteriormente.

    Relacionada com esta questão temos duas declarações importantes:

  • Entrevistada 20: “Não tenho nenhuma habilidade para prática esportiva”.

  • Entrevistada 21: “sou descoordenada não sei jogar nada”.

    A resposta da entrevistada 20, embora tenha citado na questão 1, pode-se considerar que é também um motivo para não praticar esportes, a falta de habilidade muitas vezes está relacionada com o desinteresse, seja ela esportiva ou não, sentir-se incapaz ou a vergonha são sentimentos que inibem a prática destas atividades. A resposta da entrevistada 21, juntamente com a 20, podem estar relacionadas com suas experiências na adolescência, pois segundo Romero (1995), este é um período importante no processo de socialização da mulher para o esporte. Este fator tem um grande impacto para o comportamento futuro e no interesse pelo esporte como forma de lazer.

    Em relação à falta de habilidade e coordenação citadas pelas entrevistadas, estas são adquiridas principalmente em seu processo de desenvolvimento (infância e adolescência), mesmo que o ambiente não proporcione tais práticas. Acredito que a escola é o local onde o esporte fica mais evidente, com oportunidades de praticá-lo. Nesta fase, os conceitos em relação ao esporte deverão ser tratados com extrema importância, juntamente com sua vivência na prática. Tais esportes deverão ser ministrados por profissionais capacitados, para que no futuro todos possuam as mínimas condições para a integração a alguma atividade esportiva de lazer.

    A questão 9, perguntou-se se acham importante prática de esportes pelas mulheres, os resultados foram: 96,6% responderam que sim e apenas 3,3% que não. Esta última respondeu: “não necessariamente só se gostassem mesmo”. Para ela a prática esportiva deve ser realizada principalmente por prazer. Entre as entrevistadas que responderam que é importante temos respectivamente as respostas mais citadas: Saúde 53,8%, estética 30,7% e bem estar 15,8%. Nota-se que não há preocupação com as opiniões que a sociedade tem relacionadas com a prática de esportes pelas mulheres, mas sim com a realização pessoal, pois em nenhum momento foi citada alguma questão dessa natureza. Também citam que prática esportiva é realizada pelas mulheres de forma errada, em busca de um corpo perfeito, esquecendo de sua saúde. Observa-se que não há diferença entre homens e mulheres no assunto prática de esportes, e que a saúde é fator mais importante do que a aparência.

  • Entrevistada 24: “a mulher é mais vulnerável a doenças”. Nota-se que ainda há o pensamento de fragilidade da mulher em relação aos homens, como cita Simões, Knijnik, Macedo (2005), as evidências anatômicas e biológicas entre homens e mulheres são frutos da cultura que tem associado ao pensamento de fragilidade física às mulheres, considerando os homens fisicamente mais fortes.

    Na questão 10 Você já praticou algum esporte em sua vida? Se não praticou gostaria de praticar? As pesquisadas que praticam esportes (13), todas responderam sim. Entre as que não praticam esportes (17), 5 responderam que nunca praticaram. Percebemos que 83,3% das entrevistadas já praticaram esportes algum momento em suas vidas, o que nos mostra que a vivência em relação ao esporte não foi o que impediu esta prática. Podemos imaginar que esta questão esta relacionada, com a época em que vivem, ocasionando a falta de oportunidade de realizarem práticas esportivas, além das situações expostas anteriormente na questão 8.

    Na questão 11 elaborou-se a seguinte pergunta: Você gostaria de comentar algo que considere importante sobre este assunto e que não foi abordado?

    Nas respostas foram abordados vários temas, destacam-se as mais importantes:

    “Falta de oportunidade para se profissionalizar como um atleta. Sair fora de seu município e fazer muitas modalidades diferentes da que temos por aqui”. O desejo e a conquista de auto-afirmação das mulheres nos segmentos sociais, como o mercado de trabalho, vem se tornando um marco nos tempos atuais, e a prática esportiva não poderia ficar fora deste contexto. Podemos afirmar que não é uma tarefa fácil, ficando evidente nas palavras de Moura (2005), que os esportes modernos foram construídos culturalmente para os homens, como em todas as questões sociais, cabendo às mulheres conquistar seu espaço, ganhando cada vez mais reconhecimento através de sua participação. Com o passar dos anos, a profissionalização da mulher no esporte vem ficando cada vez mais comum. Embora ainda haja dificuldade para ingressar neste mercado, e a cada dia tendo que provar sua capacidade, acredita-se que num futuro mais próximo as mulheres terão seus objetivos alcançados no contexto esportivo.

    “Devido ao grande número de pessoas que necessitam de caminhada e prática de esportes nossa cidade necessita urgentemente de academias comunitárias em todos os bairros, e ciclovias compartilhadas, isso vai favorecer muitas pessoas, inclusive pessoas de idades avançadas que precisam muito mais de exercícios”. A estrutura física de locais para a prática de esportes é um grande problema. “Parece-nos claro que no conjunto das ações governamentais o fenômeno esportivo situa-se antes numa posição marginal frente a setores como o da economia, da saúde, da educação, da habitação”. (BRACHT, 2005 p. 82).

    A questão da conscientização do poder público, relacionado a investimentos no setor de esporte e lazer, é uma barreira a ser transposta. Nossos governantes entendem que a saúde está em primeiro lugar, a distribuição de remédios, e os atendimentos nos mais diversos campos, é na consciência destes gestores prioridade nº 1. A informação, ou um maior esclarecimento por parte dos profissionais da área da saúde, poderá ser relevante no processo de conscientização de nossos comandantes. Estes precisam entender que a prática de esportes por lazer, também é uma grande arma contra doenças. Pois a questão da saúde e bem estar do cidadão, poderá ser trabalhada de forma preventiva. Além da redução significativa de gastos no tratamento de doenças, estará proporcionando a população uma melhor qualidade de vida. Na questão da educação não é diferente, o esporte de lazer, possui uma grande parcela de contribuição. As atividades esportivas quando bem trabalhadas, produzem grandes resultados, principalmente com fatores psicossociais.

    “Acho somente que ainda falta o interesse das pessoas em saberem que praticar esportes não é um sacrifício e sim um benefício as nossas vidas”. Acreditamos que o interesse das mulheres relacionado à importância do esporte e lazer, se dá por motivos sócio-culturais. Como nos mostra Bezerra (2009 p. 290), “A maioria das mulheres convidadas a participar, diziam ‘a ginástica é para quem não tem o que fazer’ e menos importante do que a roupa para lavar e a casa para varrer”. Geralmente procuramos nos interar de assuntos que estão presente em nosso cotidiano, como do trabalho, estudo e atividades domésticas. Priorizando somente as questões que ajudam no desempenho destas atividades.

    “O preconceito que existe para com as mulheres em determinados esportes, já está mais do que na hora desse tipo de preconceito acabar todos temos direitos de praticar esportes, e praticar os quais gostamos independente do qual seja, pois esporte não tem raça ou sexo e sim, determinação”. Podemos partir da distribuição de tarefas entre homens e mulheres, impostas pela sociedade, que “o estereótipo, de forma simplificada, é o conjunto de características que definem o papel do indivíduo, enquanto o papel é o conjunto de comportamentos esperados desse indivíduo” (SARAIVA, 2005, p. 37). Percebemos que nesta resposta, há uma preocupação com o julgamento em relação à escolha da prática esportiva. Os papéis que devemos desempenhar muitas vezes são determinados pela sociedade, e a escolha do esporte a ser praticado não foge a esta regra. O sentimento da busca pela igualdade fica evidente nesta resposta, pois para a entrevistada, a atitude tem maior relevância do que os costumes e tradições impostas ao longo dos anos.

Considerações finais

    Este estudo foi uma tentativa de investigar a realidade da prática de esportes entre mulheres na cidade de Imbituva. Fica evidente o interesse da grande maioria das mulheres pelo fenômeno esporte, embora nem todas possam praticá-lo. O principal motivo que leva as mulheres à prática esportiva por lazer é a obtenção da saúde. A maior dificuldade das mulheres por não praticarem esportes de lazer é atribuída à falta de tempo. Os locais públicos são os mais utilizados, com uma freqüência de duas vezes por semana. A grande maioria já praticou alguma modalidade esportiva, e acreditam ser importante a mesma.

    Apesar das mulheres possuírem um bom conhecimento sobre fatores relacionados ao esporte e lazer, existe uma considerável parcela que não pratica esportes. Entendendo que prática esportiva, deve fazer parte de seu cotidiano, para uma melhor qualidade de vida.

Referências

  • BEZERRA A. E. G. Prêmio Brasil de Esporte e Lazer e Inclusão Social. 1ª edição, Coletânea dos Premiados de 2008, Gráfica Editora América LTDA Brasília: Ministério do Esporte, 2009.

  • BRACHT, V. Sociologia Crítica do Esporte: Uma Introdução - 3ª edição, Ijuí: Unijuí, 2005.

  • HELAL, R. O Que é Sociologia do Esporte. Editora Brasiliense S.A, São Paulo, 1990.

  • MOURA, E.L. O Futebol com Área Reservada masculina. IN: DAOLIO, J. (org) Futebol Cultura e Sociedade., Campinas: Autores Associados, 2005.

  • NAHAS, V. M. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo, 2ª edição, Londrina: Midiograf, 2001.

  • RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social, Métodos e Técnicas. Editora Atlas S.A, São Paulo, 1999.

  • ROMERO, E. Corpo, Mulher e Sociedade, Editora Papirus, Campinas: 1995.

  • SARAIVA C. M. Co-Educação Física e Esportes: Quando a diferença é um Mito, 2ª ed. – Ijuí: Editora Unijuí – 2005.

  • SIMÕES A. C., KNIJNIK D.J., L.L. MACEDO, O Ser Mulher no Esporte de Competição: A Mulher e a Busca dos Limites no Esporte de Rendimento, Natal, Revista Virtual Ef Artigos, volume 3 nº 5, 2005.

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