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Análise da ingesta alimentar 

pré-competição em atletas profissionais de futebol

Análisis de la ingesta de alimentos previa a la competición en jugadores profesionales de fútbol

 

*Mestrando Faculdade de Motricidade Humana. UTL, Portugal

**Universidade Federal de Santa Maria – UFSM

(Brasil)

Kenji Fuke* | Gitane Fuke**

Camila de Campos Velho Gewehr**

Silvana Corrêa Matheus**

knjfuke@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi verificar a ingestão de macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) em atletas profissionais de futebol no período de 24 horas que antecederam a partida. A amostra foi composta de 18 atletas profissionais de futebol de um clube da cidade de Santa Maria-RS/Brasil. Os dados foram analisados por meio do Recordatório Alimentar 24 horas, no qual foi verificada a ingestão de macronutrientes através do programa DietWin. Conclui-se que a ingesta alimentar pré-competição destes atletas está fora do recomendado, o que prejudicará na performance durante a partida.

          Unitermos: Futebol. Nutrição. Atleta

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Introdução

    Nos desportos competitivos, manter uma alimentação adequada ao tipo de esforço é um dos alicerces para que o desempenho físico possa atingir altas performances, uma vez que os nutrientes proporcionam combustíveis energéticos para os exercícios, além de oferecer elementos essenciais para a síntese de novos tecidos e o reparo das células já existentes.

    Quanto mais o atleta conhecer a respeito dos nutrientes e seus benefícios para com o organismo, associado ainda à atividade física, melhor ele poderá conduzir a escolha dos alimentos que farão parte da sua alimentação diária. Assim, com uma dieta balanceada e o treinamento prescrito de maneira correta, pode-se otimizar os depósitos energéticos para o evento esportivo escolhido, melhorando sensivelmente o desempenho final (Guerra, Soares e Burini, 2001; Reeves e Collins, 2003).


    No futebol, um desporto que caracteriza-se com atividades intermitentes e de base predominantemente aeróbia, uma dieta equilibrada deverá proporcionar energia necessária para o esforço físico. Essa ingesta de macronutrientes basicamente deve corresponder entre 60% à 70% de carboidratos, <30% de lipídios e 15% de proteínas (ADA, 2000), sendo a refeição antes do evento esportivo uma das principais fontes de energia, mas salienta-se que o gasto energético necessário para este dia é também resultado da ingestão nos 2 ou 3 dias que antecedem o evento. Essa refeição pré-competição deve ser ingerida de 3 a 4 horas antes da partida, sendo recomendado alimentos de fontes energéticas de fácil digestão (Mcardle et al., 2001).

    Com base no que foi fundamentado acima, o objetivo deste estudo foi verificar a ingestão de macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) em atletas profissionais de futebol no período pré-competição (24 horas que antecederam o evento).

Metodologia

    A amostra foi composta de 18 atletas profissionais de futebol de um clube da cidade de Santa Maria-RS, do sexo masculino, com idade 26,2±3,4 anos, estatura 180,1±6,4 cm e massa corporal 77,5±4,3 kg.

    Os dados referentes a alimentação pré-competição foram analisados por meio do Recordatório Alimentar 24 horas, no qual foi verificada a ingestão de macronutrientes através do programa DietWin.

    Utilizou-se o programa Excell (Microsoft Office 2007) para armazenar e analisar os dados.

Resultados

    Os resultados encontrados para a ingesta de carboidratos, proteínas e lipídios são apresentados na tabela 01, quando são comparados com valores encontrados como referência para atletas.

Tabela 01. Valores encontrados na alimentação pré-competição de atletas de futebol

Macronutrientes

Carboidratos

Proteínas

Lipídios

Valores de referência ADA

60-70%

15%

<30%

Valores encontrados

54%

17%

29%

*Valores de referência ADA (2000)

Discussão

    Quando analisamos os valores encontrados, é possível observar que a ingesta de carboidratos (54%), o valor é inferior ao recomendado, podendo comprometer a performance durante a partida, pois a baixa ingestão de carboidratos prejudicará o fornecimento de energia para esses atletas, uma vez que 60% do total energético utilizado durante um jogo advém desta fonte energética (Reilly et al., 2000). Além disso, esse carboidrato é muito importante para repor os estoques de glicogênio muscular, que, juntamente com os níveis de glicose sanguínea, constituem-se como os principais responsáveis pela manutenção da intensidade do esforço e também retardam o início da fadiga durante atividades físicas intensas e prolongadas (Prado et al., 2006).

    Já os valores da ingestão de proteínas estão acima do recomendado, como observa-se na tabela 01. Esses resultados são similares aos observados por Guerra et al. (2001) em atletas brasileiros e também por Maclaren (2003) e Schokman et al. (1999) em futebolistas europeus. Segundo Maughan (1997), a ingestão protéica acima dos valores recomendados não proporciona melhora na síntese protéica, além de sobrecarregar os rins, pois todo o nitrogênio em excesso, resultante da degradação protéica, necessitará ser excretado.

    Quanto aos lipídios, estes também apareceram como altos valores (tabela 1), estando no limite superior de ingesta sugerido pela ADA (2000) e um alto consumo de gordura pode inferir de maneira significativa na composição corporal dos atletas e acarretar problemas de saúde (Oliveira e Marins, 2008). Apesar disso, com a menor ingesta de carboidratos, esses lipídios deverão atuar como fonte de energia, pois segundo Schokman et al. (1999) cerca de 40% da energia total utilizada em treinamentos e jogos podem provir da oxidação de lipídios.

Conclusão

    Após analisar os dados, conclui-se que a ingesta alimentar pré-competição destes atletas está fora do recomendado, o que prejudicará na performance durante a partida.

    Recomenda-se maior cuidado na alimentação dos atletas, pois estes parecem não ter conhecimentos suficientes para realizar uma dieta adequada, necessitando assim, de uma educação nutricional para corrigir desordens alimentares.

Referências bibliograficas

  • American Dietetic Association (ADA). Position of the American Dietetic Association, Dietitians of Canada, and American College of Sports Medicine: Nutrition and athletic performance. J Am Diet Assoc ,2000;100:1543-56.

  • Guerra I, Soares EA, Burini RC. Aspectos nutricionais do futebol de competição. Rev Bras Med Esporte, 2001; 7(6): 200-206.

  • Maclaren D. Nutrition. In: Reilly T, Williams AM, editors. Science and soccer. 2ª ed. London: Routledge, 2003;75-95.

  • Mcardle, W.D., Katch, F.I., Katch, V.L. Nutrição para o desporto e exercício. 6ª ed. Guanabara Koogan, 2001.

  • Maughan RJ. Energy and macronutrient intakes of professional football players. Br J Sports Med, 1997;31:45-7.

  • Oliveira, G. T. C. De; Marins, J. C. B. Práticas dietéticas em atletas: especial atenção ao consumo de lipídios. R. bras. Ci e Mov., 2008; 16(1): 77-88.

  • Prado, W L; Botero, J P; Guerra, R L F; Rodrigues, C L; Cuvello, L C; Dâmaso, A R. Perfil antropométrico e ingestão de macronutrientes em atletas profissionais brasileiros de futebol, de acordo com suas posições. Rev. bras. med. Esporte, 2006; 12(2):61-65.

  • Reeves S, Collins K. The nutritional and anthropometric status of Gaelic Football Players. Int J Sport Nutr Exerc Metabol., 2003; 13: 539-548.

  • Reilly T, Bangsbo J, Franks A. Anthropometric and physiological predispositions for elite soccer. J Sports Sci, 2000;18:669-83.

  • Schokman CP, Rutishauser IHE, Wallace RJ. Pre and postgame macronutrient intake of a group of elite Australian football players. Int J Sport Nutr, 1999;9:60-9.

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