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Indicadores da aptidão física em jovens futebolistas

Indicadores de aptitud física en jóvenes futbolistas

 

*Doutor em Ciências da Saúde

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP)

Docente: UNIFEV/SP – FAIMI/SP

**Licenciados em Educação Física – UNIFEV/SP

***Mestrando Universidade de Franca – UNIFRAN

(Brasil)

Carlos Eduardo Lopes Verardi*

Daila Amorim**

Vanessa Arruda**

Vinicius Freitas***

celverardi@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          Participaram do estudo 9 jogadores de futebol, categoria Sub15 (idade: 14 ± 0,60). A composição corporal foi avaliada com base na coleta das dobras cutâneas. Para a determinação da aptidão física relacionada ao desempenho motor, foram utilizados os testes motores da bateria proposta pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR). Resultados indicaram desempenho para os testes de velocidade (corrida 20 metros) e agilidade (teste quadrado) os avaliados foram classificados em “Razoável” (3,64 ± 0,22) e “Fraco” (6,46 ± 0,23) respectivamente. Ao analisar as capacidades físicas “velocidade e agilidade” os resultados apresentaram valores que comprometem o desempenho motor.

          Unitermos: Aptidão física. Desempenho motor. Adolescência. Futebol

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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Introdução

    A preparação física no futebol evoluiu muito nas ultimas décadas, sendo esta, importante à melhora da performance do futebolista e ao sucesso das equipes nas competições. Contudo para obter resultados satisfatórios, deve-se planejar todo o processo de treinamento e respeitar as fases da preparação. Portanto, torna-se indispensável para a prescrição da intensidade de esforço dos atletas, avaliar as principais características físicas existentes na prática do futebol.

    De acordo com estudo Dias et al. (2007) a aplicação de testes motores e técnicas antropométricas podem contribuir na análise do crescimento e desenvolvimento de futebolistas comparando os resultados com os padrões populacionais já estabelecidos pela literatura. Sendo assim, o elemento essencial para a prescrição do treinamento físico do futebol na infância e juventude é a realização de uma avaliação prévia e atualizada periodicamente, para identificar as características de crescimento, composição corporal e desempenho motor. A fim de obter subsídios as condições reais das crianças e adolescentes, para a prática esportiva do futebol de uma forma adequada.

    Diante deste cenário, o objetivo do presente estudo foi: Avaliar e Identificar o perfil da aptidão física relacionada ao desempenho motor e posteriormente comparar os resultados obtidos do grupo avaliado às tabelas normativas de critérios de referência sugeridos pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP – BR); e comparar a dados referenciais encontrados na literatura especializada, com grupos equivalentes.

Material e métodos

    Participaram do estudo 9 jogadores de futebol, categoria Sub15, do sexo masculino, (idade: 14 ± 0,60), integrantes do Rio Preto Esporte Clube da cidade de São José do Rio Preto – SP. Os treinamentos são sistematizados em cinco vezes por semana, no período vespertino, em média de 12 horas semanais. A coleta de dados foi realizada durante o Campeonato Paulista de Futebol Sub 15, competição organizada pela Federação Paulista de Futebol, na temporada de 2009.

    O Índice de Massa Corporal (IMC) foi obtido pela fórmula, peso corporal/estatura2 com o peso corporal expresso em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m). A composição corporal foi avaliada com base na coleta das dobras cutâneas: tricipital (TR) e subescapular (SE). O percentual de gordura (% gordura) foi calculado a partir das fórmulas matemáticas elaboradas por Slaughter et al (1988).

    Para a determinação da aptidão física relacionada ao desempenho motor, foram utilizados os testes motores da bateria proposta pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR): flexibilidade (teste de sentar e alcançar), velocidade (teste de corrida de 20 metros e teste quadrado), força explosiva (teste arremesso de medicineball e teste de impulsão horizontal) conforme o descrito por Gaya e Silva (2007).

    Para avaliar a potência aeróbia os alunos foram submetidos, ao teste de estágios múltiplos de corrida de ida e volta de 20 metros. Os avaliados correram continuamente, ida e volta (20 metros) em um campo de futebol. A velocidade de corrida é estabelecida por um sinal sonoro emitido de um CD pré-gravado. Com velocidade inicial de 8,5 km/h, e aumentada 0,5 km/h a cada minuto, até que não consigam mais manter o ritmo de corrida. Os resultados do consumo máximo de oxigênio foram expressos em ml/kg/min. (LEGER et al., 1988). Os dados analisados restringiram-se à estatística descritiva, valor de média e desvio padrão.

Resultados e discussão

    Nas variáveis relacionadas à composição corporal, observamos na Tabela 1, o valor de IMC (20,58 ± 1,84) e o percentual de gordura (15,9 ± 1,83) valores estes que apresentam padrões adequados para atletas futebolistas compreendidos nesta faixa etária.

Tabela 1. Valores médios de composição corporal e antropometria

Variáveis

Valores

PROESP-BR

Idade

14 ± 0,60

-

IMC

20,58 ± 1,84

14,49-21,66

% Gordura

15,9 ± 1,83

-

    Com base em estudo de Dias et al. (2007) realizado com atletas de futsal da categoria sub-15, foi obtido IMC de 20; Bozza et al. (2009) avaliaram meninos entre 12 e 16 anos participantes de iniciação esportiva, no qual obtiveram 18, 87, considerando o resultado do presente estudo que foi de 20,58 semelhantes aos citados. Baseado nas tabelas normativas do PR0ESP-BR (Projeto Esporte Brasil) o IMC dos atletas aqui avaliados é considerado NORMAL. Dias et al. (2007) encontraram em indivíduos com média de 14 anos de idade, atletas de futsal, percentual de gordura de (14%). Observou-se que, os resultados da presente pesquisa corroboram as pesquisas apresentadas.

    Segundo Moratti e Arruda (2007) após a maturação sexual evidencia-se o aumento significativo dos hormônios anabólicos, com a crescente massa muscular e diminuição da gordura corporal, conduzindo o indivíduo à sua constituição definitiva. Em relação à prática esportiva, torna-se favorável esta condição, redução do percentual de gordura e aumento na massa magra, mantendo o equilíbrio corporal e contribuindo para melhora do desempenho.

Tabela 2. Valores Médios dos testes relacionados à aptidão física

Testes

Valores

PROESP-BR

Sentar e Alcançar

39,33 ± 7,95

32-41

Abdominal

39,67 ± 4,30

37-42

Salto horizontal

209,9 ± 17,3

196-226

Arremesso de medicineball

417,6 ± 38,3

386-434

Corrida de 20 metros

3,64 ± 0,22

3,70-3,51

Quadrado

6,46 ± 0,23

6,80-6,37

    A Tabela 2 mostra que, em relação aptidão física, ao comparar as tabelas normativas do (PROESP-BR) os resultados indicaram desempenho MUITO BOM no Teste de Flexibilidade (39,33 ± 7,95); BOM no Teste Abdominal (39,67 ± 4,30); MUITO BOM no Teste Salto Horizontal (209,9 ± 17,3) e BOM no Teste Arremesso de Medicineball (417,6 ± 38,3). Para os testes de velocidade (corrida 20 metros) e agilidade (teste quadrado) os avaliados foram classificados em RAZOÁVEL (3,64 ± 0,22) e FRACO (6,46 ± 0,23) respectivamente.

    No atual estudo os atletas atingiram resultados superiores no Teste de Sentar e Alcançar (flexibilidade) quando comparados a outros estudos (BRAZ; ARRUDA, 2008; VITOR ET AL., 2008). No teste de abdominal os resultados do presente estudo (39,67), são próximos aos apresentados por Seabra, Maia e Garganta (2001) em jogadores de futebol com idade entre 12 e 16 anos, o valor obtido de (38,91) repetições. Ao avaliar o Salto Horizontal, o resultado de (209,9 cm) revelou desempenho superior quando comparados a outros estudos (DIAS ET AL., 2007; VITOR ET AL., 2008). No Teste de Arremesso de Medicineball os avaliados dos estudos de Vitor et al. (2008) e Dias et al. (2007) atingiram resultado médio de aproximadamente 383 cm. No atual estudo observou-se um valor médio de 417,6 cm.

    Os piores desempenhos foram observados nos testes de: Velocidade (Corrida de 20 metros) média de 3,64 segundos e Agilidade (Teste Quadrado) média de 6,46 segundos. De acordo com a tabela normativa do PROESP-BR estes foram classificados como RAZOÁVEL e FRACO respectivamente. Esses resultados são preocupantes para o futuro desempenho da prática do futebol. De acordo com Borin e Gonçalves (2004) afirmam que a velocidade e agilidade, são capacidades importantes à preparação física geral e específica; onde devem estar interligadas nas fases iniciais para que aumente a funcionabilidade do organismo harmonizando os hábitos motores. Portanto uma das hipóteses para o baixo desempenho observado pelos avaliados no presente estudo, é não ter recebido a devida preparação dessas capacidades (agilidade e velocidade) ao longo da programação do treinamento, afetando diretamente os resultados apresentados.

Tabela 3. Valores médios da capacidade cardiorrespiratória a partir do Teste de Corrida de 20 metros

Variáveis

Valores

FC Máx.

205,89 ± 0,60

FC Final

197,11 ± 9,08

Distância total (m)

1.222,22 ± 156,35

VUE (km/h)

11,94 ± 0,39

VO2 máx. (ml.kg.min.)

49,77 ± 2,02

    A capacidade potência aeróbia (Tabela 3) foi avaliada por meio do Teste de Corrida de 20 metros (LEGER et al., 1988) os resultados obtidos apresentam valores de Freqüência Cardíaca Máxima (205,89 ± 0,60) o que demonstra um comportamento previsto da Freqüência Cardíaca Máxima (95%) em relação à idade para o final do teste (FcMax.=220-idade) onde a Freqüência Cardíaca Máxima foi de aproximadamente 197 batimentos cardíacos por minuto. A média da distância total percorrida em metros foi de (1.222,22 ± 156,35), sendo que a média da Velocidade do Último Estágio (VUE) apresentou-se em (11,94 ± 0,39 km/h), o valor médio apresentado do VO2 máx. foi de (49,77 ± 2,02 ml.kg.min.). Neto et al. (2007) ao avaliar 102 praticantes de futebol, entre 8 e 17 anos de idade, apresentou resultado para o VO2 máx de 54,35 (ml.kg.min.). Em estudo recente Carling et al (2009) demonstrou que os praticantes de futebol apresentam valor médio do VO2 máx. de aproximadamente 58 (ml.kg.min.).

Conclusão

    Pode-se concluir que, os resultados da potência aeróbia, obtidos pela amostra do presente estudo, estão classificados, abaixo dos valores encontrados na literatura. Os avaliados em geral tiveram resultados satisfatórios em relação ás variáveis de aptidão física ao desempenho motor. Ao analisar as capacidades físicas “velocidade e agilidade” os resultados apresentaram valores que comprometem o desempenho motor. Possivelmente, o baixo desempenho dessas capacidades é decorrente da carência de exercícios físicos específicos para estas capacidades.

Referências

  • BRAZ, T. V.; ARRUDA, M. Diagnóstico do desempenho motor em crianças e adolescentes praticantes de futebol. Revista Movimento e Percepção, Espírito Santo do Pinhal, São Paulo, v.9, n. 13, p. 7-30, jul./dez. 2008.

  • BORIN, J. P.; GONÇALVES, A. Alto nível de rendimento: A problemática do desempenho esportivo. Revista Brasileira de Ciências e Esportes, Campinas, v. 26, n. 1, p. 9-17, set. 2004.

  • BOZZA, R. et al. Comportamento das capacidades físicas durante a puberdade em meninos participantes de iniciação desportiva. Revista de Educação Física, Maringá, v. 20, n. 2, p. 197-203, 2º trim., 2009.

  • CARLING, C. et al. Do anthropometric and fitness characteristics vary according to birth date distribution in elite youth academy soccer players? Scand J Med Sci Sports.19: p. 3–9, 2009.

  • DIAS, R. M. R. et al. Características antropométricas e de desempenho motor de atletas de futsal em diferentes categorias. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 9, n. 3, p. 297-302, 2007.

  • GAYA, A.; SILVA, G. PROJETO ESPORTE BRASIL. Manual de aplicação de medidas e testes, normas e critérios de avaliação, Porto Alegre. PROESP-BR, 2007.

  • LEGER LA, MERCIER D, GADOURY C, LAMBERT J. The multistage 20 metre shuttle run test for aerobic fitness. Journal of Sports Sciences, v.6, n. 2, p. 93-101, 1988.

  • MORATTI, A. L.; ARRUDA, M. Análise do efeito do treinamento e da maturação sexual sobre o somatotipo de jovens futebolistas. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 9, n. 1, p. 84-91, 2007.

  • NETO, A. S. et al. VO2MÁX. e composição corporal durante a puberdade: comparação entre praticantes e não praticantes de treinamento sistematizado de futebol. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v.9, n.2, p. 159-164

  • SEABRA, A.; MAIA, J. A.; GARGANTA, R. Crescimento, maturação, aptidão física, força explosiva e habilidades motoras específicas. Estudo em jovens futebolistas e não futebolistas do sexo masculino dos 12 aos 16 anos de idade. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v.1, n. 2, p. 22-35, 2001.

  • SLAUGHTER, M. H.; LOHMAN, T. G.; BOILEAU, R. A.; HORWILL,C. A.; STILLMAN, R;J.; VAN LOAN, M. D.; BEMBEN, D. A.. Skinfold e equations for esmatiom of body fatness in children and yonth. Human Biology. v.60, n.5, p.709-723, 1988.

  • VITOR, F. M. et al. Aptidão física de jovens atletas do sexo masculino em relação à idade cronológica e estágio de maturação sexual. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. São Paulo, v. 22, n. 2, p. 139-148, abr./jun. 2008.

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