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Correlação entre atividades físicas, hábitos nutricionais e a

hipertensão arterial em idosos. Uma revisão da literatura

Correlación entre actividades físicas, hábitos nutricionales e hipertensión

arterial en personas mayores. Una revisión de la literatura

 

*Licenciatura em Educação Física pela Unitri, Uberlândia-MG

Professor Especialista em Exercício Físico e Treinamento Esportivo

para grupos Especiais – ASSEVIM/ ICPG/ Instituto Passol

Instrutor de Atividades Esportivas (modalidade Futebol) no SESI – Uberlândia

**Professor Mestre em Educação

Prof. Esp. Helton Cesar Pereira*

hpeducaf@bol.com.br

Prof. MS. Marcus Vinícius Patente Alves**

marcusalves2000@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo é revisar a literatura cujo conteúdo aponte para analises que busquem o melhor entendimento da correlação entre a hipertensão, os hábitos nutricionais e a atividade física em idosos. No presente artigo, analisar-se-á o que é a hipertensão, como ela se origina, como ela se manifesta em indivíduos da terceira idade e quais os efeitos das atividades físicas sobre ela, assim como os efeitos da alimentação. Para efeito deste estudo foi feita uma revisão sistemática de artigos em português utilizando conjuntamente os termos "hipertensão", "idosos”, “nutrição” e "atividade física". Artigos que avaliaram o efeito da atividade física em idosos hipertensos, bem como a influência de seus hábitos alimentares. Este estudo aponta dentre outras coisas, para o papel do exercício, da atividade física e da alimentação correta no tratamento da hipertensão tem relação direta com o desejo e a motivação para lutar contra a doença. Em inúmeros casos o tratamento correto pode afastar o paciente dos medicamentos, além é claro de afastar o risco de doenças cardiovasculares.

          Unitermos: Hipertensão. Idosos. Nutrição. Alimentação. Atividade física

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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1.     Introdução

    A hipertensão arterial (H.A.), considerada como uma doença silenciosa, pois nem sempre apresenta sintomas, é identificada por uma pressão sistólica do sangue de 140 mmHg ou acima e uma pressão diastólica do sangue de 90 mmHg ou acima. Ela é um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, e também pode provocar danos a outros órgãos vitais do corpo humano, como o cérebro, rins e olhos.


    Classificações da pressão:

Pressão (mmHg)

Diastólica

Sistólica

Classificação

<85

<130

Normal

85-89

130-139

Normal-Limítrofe

90-99

140-159

Hipertensão Leve (estágio 1)

Pressão (mmHg)

Diastólica

Sistólica

Classificação

100-109

160-179

Hipertensão Moderada (estágio 2)

>=110

>=180

Hipertensão Grave (estágio 3)

<90

>=140

Hipertensão Sistólica Isolada

Tabela 1. Classificação diagnóstica da hipertensão arterial (maiores que 18 anos). III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 1998. (III CBHA)

    Antes de falar um pouco mais sobre a hipertensão, vamos acompanhar uma análise sobre a definição do que é a pressão, segundo IRIGOYEN et al (2005, p. 6):

    A pressão, definida como força/unidade de área, é uma entidade física. A pressão arterial (PA), portanto, depende de fatores físicos, como o volume sangüíneo e a capacitância da circulação, sendo resultante da combinação instantânea entre o volume minuto cardíaco (ou débito cardíaco = freqüência cardíaca x volume sistólico), e da resistência periférica.

    Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, dentre os fatores de risco para mortalidade, a hipertensão explica 40% das mortes por AVC (Acidente Vascular Cerebral) e 25% daquelas por doença coronariana (VINHAL, 2007).

    Ao tratar a hipertensão não podemos esquecer os fatores de risco associados e qual o impacto do tratamento nestes fatores. Alguns medicamentos podem controlar a P.A., no entanto podem influenciar negativamente em outros fatores.

    Devido a estas graves conseqüências os pacientes precisam de intervenção medicamentosa por toda a vida. Vale lembrar que a hipertensão arterial não tem cura, só pode ser controlada, e considerando a falta de sintomas para a maioria das pessoas, sugere-se medir com freqüência a pressão, inclusive por aqueles que não têm ou desconhecem ter a doença. É importante que a pressão seja aferida em diferentes momentos do dia, inclusive para as crianças a partir dos três anos de idade.

    Segundo Vinhal (2008), o Brasil tem 30 milhões de hipertensos e quase a metade não tratam a doença. Os mais propensos a desenvolver a doença são: pessoas com predisposição genética, os obesos, aqueles que não têm uma alimentação saudável, consumindo muito sal e bebida alcoólica, e os sedentários. Ressalta-se que após os 55 anos, mesmo os normotensos, têm 90% de chances de desenvolver a hipertensão, e quando não-tratada o risco de desenvolvimento de doença cardiovascular aumenta.

    Segundo Zaitune et al (2006), o tratamento farmacológico é indicado para hipertensos moderados e graves, e para àqueles com fatores de risco para doenças cardiovasculares e/ou lesão importante de órgãos-alvo.

    A falta de adesão ao tratamento pode ser justificada por vários fatores, por exemplo: o custo financeiro, efeitos colaterais de alguns medicamentos, falta de informação sobre as conseqüências da interrupção do tratamento, baixo nível sócio-cultural e outros.

    Para alguns autores a hipertensão também pode ser um resultado de formas pouco saudáveis de viver , e vale lembrar que eventualmente a pressão arterial pode aumentar em decorrência de fatores como a prática de exercícios físicos, o nervosismo e as preocupações do dia-a-dia, o uso de drogas, a alimentação, o fumo, o álcool e até mesmo o café. Desta maneira a doença também é classificada como poligênica e multifatorial. Segundo Vinhal (2007), a hipertensão arterial tem características vasculares, neurológicas, nefrológicas, cardiológicas e endócrinas, o que a torna uma doença estudada e tratada por muitas especialidades médicas.

    Em condições normais, a pressão arterial deve ser mantida em uma estreita faixa de variação, e para que isto ocorra o organismo conta com um complexo mecanismo formado por diversas substâncias e sistemas fisiológicos, envolvendo também mecanismos neurais e neuro-humorais, influenciando o sistema nervoso autônomo. Sendo assim, entende-se que alterações na pressão arterial são reflexos do descontrole em alguma parte deste mecanismo, e algo que vem sendo bastante estudado é o aumento da atividade do sistema nervoso simpático.

    A hiperatividade simpática atua elevando a pressão arterial e auxilia no desenvolvimento de complicações cardiovasculares, portanto, o que se busca para um tratamento anti-hipertensivo mais eficaz é a inibição da atividade simpática.

2.     Discussão

2.1.     Hipertensão e atividade física: a relação de causa e efeito

 

Hipertensão

Atividade física

Causas

Desconhecidas

Em geral: busca do bem-estar; qualidade de vida

Efeitos

Estreitamento das artérias

Em geral: melhoria no sistema cardiovascular; prevenção e tratamento de doenças; autonomia

Tabela 2. Tentativa de esboçar a relação de causa e efeito entre a hipertensão e a atividade física

    A manifestação da doença não pode ser explicada apenas por relação de causa e efeito, mas pelo contexto social e pelo estilo de vida que o indivíduo, como ser biológico e psicológico, se encontra inserido (TEIXEIRA et al, 2006).

    De um modo geral, os estudos com o objetivo de observar a relação de causa e efeito entre a prática de atividade física e as alterações nos níveis da pressão arterial apontam para uma relação inversamente proporcional.

    Na maioria dos casos, obtém-se o controle ideal da pressão através de uma combinação de fatores terapêuticos. A terapia medicamentosa é eficaz, porém como já informado, tem alto custo e provoca efeitos colaterais, sendo assim as intervenções não-medicamentosas ganham força, pelo baixo custo e também por sua eficiência. São algumas medidas: redução do peso corporal, restrição para o álcool e o fumo e principalmente a prática regular de atividade física.

    A atividade física está para a hipertensão assim como o pára-quedas está para o piloto de uma aeronave. Se no segundo caso, o pára-quedas não evita a queda, mas a ameniza, no primeiro caso, a atividade física não evita o aumento da pressão, mas atua proporcionando um controle dos níveis pressóricos resultando em menor esforço do coração.

    O sedentarismo é um dos fatores de risco de maior prevalência, interferindo de modo direto na morbi-mortalidade das doenças cardiovasculares, e de modo indireto quando se considera que tem grande representação na síndrome metabólica e, portanto na hipertensão arterial e suas conseqüências. Segundo Amado e Arruda (2004), o sedentarismo diminui o gasto energético, aumentando o peso corporal e a P.A.

    A predominância do sedentarismo como um forte fator de risco para as doenças cardiovasculares, demonstra a importância dos exercícios físicos.

    Os mecanismos envolvidos no efeito dos exercícios em reduzir a pressão arterial em repouso são controversos, mas as hipóteses mais consideradas são a redução a redução da insulina plasmática, e a menor sensibilidade dos vasos à ação da adrenalina verificada nas pessoas envolvidas em atividade física habitual. A adrenalina produzida pelo estresse dos exercícios parece induzir uma situação de menor resposta da musculatura lisa dos vasos e do coração à ação dessa substância. Por esta mesma razão, parece existir menos tendência para arritmias cardíaca nas pessoas ativas. A atividade física que se mostrou mais eficiente em reduzir a pressão arterial em repouso foi de intensidade moderada, isotônica, com duração de 30 a 40 minutos e realizada 3 ou mais vezes por semana. No entanto, vários trabalhos demonstraram a redução da pressão arterial de repouso também no caso dos exercícios com pesos, embora alguns estudos não tenham identificado este efeito (CAMARGO, 2006).

    Por outro lado, exercícios contínuos e intensos devem ser evitados, pois provocam grandes elevações da pressão arterial. Já nos exercícios resistidos, os níveis pressóricos só aumentarão de forma perigosa caso a intensidade de contração for alta, tendendo a isometria (exercício estático). O alto número de repetições nestes exercícios também contribui para aumentar os níveis pressóricos. A participação em atividades como levantamento de peso, luta romana, atletismo e futebol americano deve ser cuidadosamente monitorada.

    A hipertensão arterial sistêmica (HAS) induz à arteriosclerose, sendo fator de risco para o acidente vascular cerebral (AVC) e o infarto do miocárdio. Alguns estudos mostram que pessoas ativas têm menor incidência desta doença. O sedentarismo e a obesidade são fatores que elevam os níveis pressóricos de repouso.

    Tem-se na atividade física uma intervenção de baixo custo, no entanto é preciso intensificar as estratégias que insiram este hábito na vida das pessoas.

    Alguns estudos tentam entender os efeitos do treinamento aeróbio na hipertensão, e como resultado são encontrados: a redução do débito cardíaco e da resistência periférica total, e também a diminuição da atividade nervosa simpática.

    Segundo Araújo (2001), hipertensos fisicamente treinados, especialmente quando através de exercícios predominantemente aeróbios e dinâmicos, tendem a apresentar uma redução modesta, porém clinicamente relevante, dos seus níveis tensionais.

    Conforme Rolim e Brum (2005), após a realização de uma sessão de exercícios físicos aeróbios, há uma queda da pressão arterial, abaixo dos níveis encontrados em repouso, fato que é conhecido na literatura como hipotensão pós-exercício. Outros autores obtiveram o mesmo resultado (hipotensor) após observar hipertensos idosos.

    Conclui-se então que a atividade física oferece uma série de benefícios ao indivíduo. Além de diminuir o stress e a ansiedade, diminui a atividade do sistema nervoso simpático, diminui a gordura corporal e a freqüência cardíaca de repouso.

2.2.     Hipertensão e hábitos alimentares

    Já sabemos que a hipertensão também está diretamente ligada ao estilo de vida do homem, suas decisões pessoais, lazer, trabalho e cuidados com o corpo. É certo que, do total de pessoas hipertensas, a maioria delas está em idade economicamente ativa, portanto é muito importante que a população se informe sobre a doença e participe ativamente do processo de mudança no estilo de vida, pois a hipertensão representa um alto custo social, tendo em vista que ela causa enfermidades secundárias que podem levar à incapacidade e à morbidade.

    Além da prática de exercício físico outro ponto importante diz respeito aos comportamentos aditivos ou compulsivos. Estes são hábitos que em sua maioria tem o papel de proporcionar a satisfação do indivíduo, e dentre eles, dois se destacam como os principais: o tabagismo e o etilismo.

    Estudos demonstram falta de ligação direta entre o fumo e a hipertensão, no entanto há ressalvas para a arteriosclerose, que é um fator agravante para a doença. Já o etilismo tem relação mais estreita com a hipertensão.

    Outro fator de grande influência para a hipertensão é o consumo de sódio. As dietas com pouco uso do sal reduzem os riscos de hipertensão. É importante ressaltar que alguns estudos mostram que não é apenas o sal que interfere na pressão arterial, na verdade, a falta de outros componentes, como por exemplo, o cálcio, o potássio, as proteínas e outros elementos, é que deixa o caminho livre para a interferência do sal.

    Segundo Tronco (2006):

    No corpo humano, o sódio age como uma esponja, retendo água no organismo e favorecendo a elevação da pressão arterial. A maioria dos alimentos já possui esse mineral em sua composição, embora alguns não tenham sabor salgado. Os produtos industrializados recebem grande quantidade de sal para serem conservados.

    Também é importante ressaltar a importância do potássio na alimentação, pois o seu consumo promove uma leve redução da pressão arterial. De acordo com Vinhal (2008), recomenda-se uma ingestão diária de 4,7 g/dia para os que apresentam função renal normal. Os alimentos mais ricos são: feijão, vegetais de cor verde-escuro, banana, melão, cenoura, beterraba, frutas secas, tomate, batata, tangerina e laranja.

    O cálcio também exerce papel importante para o funcionamento do sistema cardiovascular. Algumas pesquisas demonstram que sua adequada ingestão ajuda na manutenção em taxa normal de colesterol total, LDL (mau colesterol) e na regulação da pressão arterial.

    É importante citar a dieta DASH ou “dieta da combinação”, elaborada por pesquisadores americanos para estudar a relação entre a dieta e a hipertensão, a qual demonstrou resposta significativa na redução da pressão arterial. Esta proposta alimentar sugere maior oferta de frutas, vegetais, laticínios com baixo teor de gordura, além da restrição de alimentos ricos em colesterol e gordura saturada.

    Vejamos a seguir alguns princípios da terapia dietética que auxilia no controle da hipertensão:

Princípios gerais da terapia dietética

 Respeitar dieta hipocalórica balanceada, evitando o jejum ou as dietas "milagrosas"

 Manter o consumo diário de colesterol inferior a 300 mg (o consumo de gorduras saturadas não deve ultrapassar 10% do total de gorduras ingeridas)

 Substituir gorduras animais por óleos vegetais (mono e poliinsaturados)

 Reduzir o consumo de sal a menos de 6 g/dia (1 colher de chá)

 Evitar açúcar e doces

 Preferir ervas, especiarias e limão para temperar os alimentos

 Ingerir alimentos cozidos, assados, grelhados, ou refogados

 Utilizar alimentos fonte de fibras (grãos, frutas, cereais integrais, hortaliças e legumes, preferencialmente crus)

Tabela 3. Princípios gerais da terapia dietética - III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 1998. (III CBHA)

    O controle da hipertensão por meio de medidas dietéticas específicas visa não apenas à redução da pressão alta, mas também à inclusão de hábitos alimentares permanentes à rotina do paciente.

    Uma nutrição adequada (alimentação com pouco sal, gordura e colesterol) e modificações do estilo de vida (redução do consumo de bebidas alcoólicas, abandono do fumo, redução do peso e atividade física), têm uma participação significativa no tratamento dessa doença.

    Com relação à ingestão de sal, muitos idosos ingerem grandes quantidades de sal e podem encontrar dificuldades em reduzi-la em virtude da diminuição da sensibilidade dos receptores de sal, na boca, com o passar dos anos.

    Por fim, é necessário encontrar formas criativas e prazerosas para mudar os hábitos alimentares da população, pois o gosto e o bem-estar são importantes para a saúde.

2.3.     A hipertensão arterial e a terceira idade

    As mudanças na estrutura demográfica da população brasileira no que se referente à queda da natalidade e a maior expectativa de vida, provocam o aumento das morbidades por conseqüência das doenças crônico-degenerativas, e a diminuição na qualidade de vida, principalmente da população idosa.

    Estudos comprovam que a maioria das pessoas hipertensas são idosas, porém não podemos amarrar a doença ao processo de envelhecimento, justamente porque já sabemos que a hipertensão está ligada a vários componentes, por exemplo: o estilo de vida e as condições psico-sociais.

    Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o idoso é considerado hipertenso quando apresenta pressão arterial sistólica (PAS) = 160mmHg e/ou pressão arterial diastólica (PAD) = 90mmHg.

    Ao se observar o idoso portador de uma doença crônica, como é o caso da hipertensão arterial sistêmica, encontramos, com freqüência, dificuldades na adaptação, o que, potencialmente, poderá gerar conflitos pessoais e familiares.

    Segundo Miguel Júnior (2007), apesar dos estudos estatísticos revelarem que os idosos têm P.A.'s mais altas que a população jovem, definir qual o nível pressórico pode ser considerado normal para esta população ainda é um desafio.

    Para indivíduos idosos e com morbidades relevantes, sugere-se para o controle ideal da pressão que haja uma combinação entre os métodos terapêuticos. Isto se deve ao fato de que, conforme já citamos anteriormente, a terapia medicamentosa pode provocar efeitos colaterais, e já a terapia não-farmacológica, além de eficaz, oferece um baixo custo.

    A intervenção anti-hipertensiva no idoso diminui o risco de doenças cardiovasculares, entretanto, a redução dos níveis pressóricos constitui apenas um dos objetivos, devendo ser complementada pela identificação e correção dos outros fatores de risco.

    A identificação de vários fatores de risco para hipertensão arterial, tais como: a hereditariedade, a idade, o gênero, o grupo étnico, o nível de escolaridade, o status sócio-econômico, a obesidade, o etilismo, o tabagismo e o uso de anticoncepcionais orais muito colaboraram para os avanços na epidemiologia cardiovascular e, conseqüentemente, nas medidas preventivas e terapêuticas dos altos índices pressóricos, que abarcam os tratamentos farmacológicos e não-farmacológicos. (ZAITUNE et al., 2006, p. 285)

    Como já vimos, vários fatores contribuem para o aumento da pressão no indivíduo idoso. Dentre os fatores intrínsecos, destacam-se: a diminuição do calibre das grandes artérias, que resulta na hipertensão sistólica, e a diminuição da sensibilidade barorreceptora, o que aumenta o trabalho do sistema nervoso simpático.

    No idoso, apesar de o endurecimento das artérias propiciarem o aumento da pressão arterial (PA), a hipertensão arterial não pode ser considerada como envelhecimento normal e deve ser considerada como uma doença a ser tratada de modo apropriado. (CARVALHO e LEOCÁDIO, 2005).

    Na verdade, o envelhecimento proporciona uma série de importantes alterações cardiovasculares, o que explica a freqüente associação da hipertensão às mudanças fisiológicas desse processo. É válido lembrar que as mudanças variam de um indivíduo para o outro, mas todos passam por tais alterações. Os fatores de risco contribuem para o aumento da prevalência dessa doença na população idosa, levando à implicações médicas e sociais.

    Dados de estudos anteriores demonstram que os homens têm maior chance de se tornarem hipertensos em relação às mulheres, porém após a menopausa as mulheres passam a apresentar maior prevalência do que os homens. Este fator pode ser explicado pelo ganho de peso e às alterações hormonais que ocorrem com a mulher.

    Assim como nos jovens e adultos o tratamento para idosos hipertensos deve enfatizar o controle da H.A. e à adoção de hábitos de vida saudáveis, pois além de tudo, a hipertensão no idoso adianta outras mudanças do organismo que já são próprias da velhice.

    Contudo, além de lidar com as conseqüências normais do envelhecimento, o idoso deve evitar que os fatores de risco tomem conta de sua vida.

3.     Conclusão

    Conforme já dito, modificações do fluxo sanguíneo ocorrerão em diferentes quadros comportamentais vivenciados pelo indivíduo no seu dia-a-dia. Estas modificações, contudo, não devem causar grandes alterações nos níveis pressóricos em virtude da influência de mecanismos que mantêm a pressão dentro de uma faixa relativamente estreita de variação.

    É necessário compreender o estilo de vida levando em consideração o contexto social e os aspectos subjetivos. Percebe-se que os aspectos emocionais motivam a mudança, pois envolve o desejo e a satisfação pela vida. Os problemas mentais e a presença de poucas atividades prazerosas indicam um comprometimento com a satisfação do viver, coadjuvante às condições do contexto social, gerador de contradições. Por sua vez, o surgimento da doença expressa os efeitos de conflitos, que se manifestam na realidade biofísica do sujeito. É importante entender os hábitos de vida dos sujeitos como formas adaptativas dos mesmos diante das tensões da vida.

    Tendo em vista os benefícios físicos e psicológicos provenientes da atividade física em geral e do exercício em especial, pode–se concluir que a sua prática, quando realizada em intensidade adequada é uma importante intervenção para a prevenção e tratamento da hipertensão. Dentre os benefícios está a redução, ou até mesmo a eliminação do uso de medicamentos em caso de hipertensão leve.

    Alterar modos de vida e reduzir os comportamentos de risco exige um possível, porém difícil trabalho psico-pedagógico, que requer reflexão, compreensão e internalização por parte dos indivíduos.

    Como a hipertensão costuma se manifestar em adultos e idosos, as crianças e adolescentes não se preocupam pelo assunto. Com certeza, trata-se de um erro, porque jovens hipertensos tornam-se adultos hipertensos. Outro problema é que muitos jovens, em virtude da falta de conhecimento e a falta de controle médico, não sabem que têm uma predisposição à hipertensão.

    Quanto a alimentação, o que deve ser reduzido: sal utilizado no preparo de alimentos e nos industrializados, bebidas alcoólicas, gordura saturada, gordura trans, redução de alimentos de alta densidade calórica, substituindo doces e derivados do açúcar por carboidratos complexos e frutas. A dieta do hipertenso deve conter baixo teor de gordura, principalmente saturadas, baixo teor de colesterol e sódio e elevado teor de potássio e fibras.

    Conclui-se com este estudo que, devido ao estilo de vida das pessoas, a população está cada vez mais exposta aos fatores de risco que levam às doenças cardiovasculares, e considerando a maior vulnerabilidade do indivíduo durante a terceira idade esta população em especial está cada vez mais propensa a adquiri-la. Como prevenir ainda é o melhor remédio, este estudo indica algumas atitudes que podem auxiliar a evitar situações de risco, como por exemplo: aferir a pressão com freqüência, reduzir o estresse, controlar o peso corporal e a alimentação, praticar exercícios físicos orientados são medidas que a população deve tomar conhecimento e se habituar.

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