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Atletas de basquetebol feminino adulto do 

estado de Minas Gerais: realidade vivenciada

Jugadoras adultas de baloncesto del estado de Minas Gerais: realidad vivenciada

 

*Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC

Uberlândia, MG

**Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC

Uberlândia - Faculdade Atenas, Paracatu, MG

(Brasil)

Vanessa Alves dos Santos*

vanessasantos_educa@yahoo.com.br

Thiago Montes Fidale**

thiagofidale@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          Este é um estudo de campo, de caráter analítico-critico que teve como objetivo verificar as dificuldades encontradas pelas atletas de basquetebol feminino adulto do Estado de Minas Gerais com relação a treinos e competições. Para realizá-lo foi confeccionado um questionário contendo questões fechadas, o qual foi aplicado às atletas das principais equipes de basquetebol do Estado de Minas Gerais. Obtivemos como resultado que: 78,72% das voluntárias responderam que as principais dificuldades com relação a participação dos treinos são de natureza pessoal, 21,27% das voluntárias responderam que as dificuldades são referentes a falta de apoio financeiro e 25,53% das voluntárias responderam que encontram dificuldades com relação a estrutura das equipes; 6,38% das voluntárias responderam que as principais dificuldades relativas a participação em competições são de natureza pessoal, 51,06% das voluntárias encontram dificuldades com relação a falta de apoio financeiro para participar das competições e 98% das voluntárias responderam que falta estrutura das equipes e das federações. Concluímos que as principais dificuldades encontradas pelas voluntárias estão direta ou indiretamente relacionadas com a questão financeira, a falta de dinheiro para a prática continuada leva ao abandono da prática e impede o crescimento do esporte em Minas Gerais.

          Unitermos: Basquetebol feminino. Dificuldades. Treinos

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010

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1.     Introdução

    A temática central do nosso estudo trata das principais dificuldades encontradas pelas atletas das equipes de basquetebol feminino adulto, no estado de Minas Gerais em relação aos treinos e as competições. Os motivos que nos levaram a escolha deste tema foram a afinidade com a modalidade, experiência como atleta e a percepção de dificuldades em continuar treinando e competindo.

    Nosso estudo abrange algumas das maiores equipes do estado de Minas Gerais e sua relevância esta em identificar as principais dificuldades encontradas pelas atletas na manutenção dos treinos e na continuidade das atividades competitivas, contribuindo assim com a modalidade expondo essas dificuldades e discutindo possíveis alternativas de soluções.

    O basquetebol é hoje um dos esportes mais praticados no mundo, e, portanto está inserido na cultura esportiva de muitos países, inclusive do Brasil. O basquetebol pode ser considerado um esporte complexo, por conta de uma grande variação de ações, ocorrendo de forma dinâmica e contínua. Para atingir um nível de execução considerado adequado, os atletas devem estar preparados fisicamente, tecnicamente e taticamente (DE ROSE et all, 2001).

    O basquetebol ainda é considerado no Brasil um esporte amador, sobrevivendo da iniciativa esportiva privada sendo dependente da situação econômica atual e de incentivo de estados e municípios, limitados ás vezes as situações políticas do momento FERREIRA, (1987).

    Por ser considerado um dos esportes mais populares em nosso país, o basquetebol desperta diferentes sentimentos naqueles que o acompanham e interfere direta e indiretamente na vida de todo povo brasileiro. Essa questão, aliada à grande influência da mídia esportiva, que enfatiza principalmente o lado "positivo" da profissão, destacando o sucesso de alguns dos nossos principais jogadores e jogadoras, faz com que muitos jovens, seduzidos por uma vida social de status e independência financeira e incentivados por seus pais, visualizem a carreira de jogador de basquete profissional como uma das mais promissoras.

    Mas, será que se pode acreditar em todas as "maravilhas" relacionadas ao basquetebol profissional? Será que a carreira pode realmente ser considerada tão promissora? Com a intenção de respondermos estas questões, pretendemos, através deste estudo, clarear alguns aspectos que norteiam à profissão de jogador de basquetebol no Brasil e apontar algumas causas pelas quais jogadores abandonaram a “tão sonhada" carreira profissional.

    No Brasil o esporte passa por constantes renovações no quadro de atletas como Paula e Hortência que contribuíram muito no auge de suas carreiras para a divulgação e popularização do esporte no Brasil, embora surjam boas promessas todos os anos em todo território brasileiro apenas o futebol é considerado realmente um esporte profissional, capaz de atrair investigadores, gerando grandes movimentações financeiras.

    Na realização deste estudo procuramos na literatura trabalhos relacionados ao nosso tema, este levantamento bibliográfico levou-nos a identificar uma escassez de estudos voltados para esse universo, tornando nosso trabalho relevante no sentido de somar conhecimentos no campo do basquetebol de alto rendimento, alguns dos estudos encontrados que se relacionam com o tema do nosso trabalho estão expostos a seguir.

    Segundo MORENO (2006), que em seu estudo buscou identificar a disseminação ou não da pratica do basquetebol por mulheres no estado de São Paulo, verificou que o basquetebol feminino no Estado de São Paulo tem possibilidades de ser potencializado atingindo maior numero de cidadãs de todas as faixas etárias e condições sócias econômicas e culturais. Concluiu que aspectos políticos de varias ordens, reveladores das relações de poder exercidas socialmente influenciaram negativamente a continuidade de projetos e programas esportivos que incluíam o basquetebol, tanto no setor publico como no privado.

    Para ROSA (1988) que tentou detectar dentro de um determinado contexto social, informações sobre a receptividade e aceitação do basquetebol oferecido para indivíduos do sexo feminino numa escola de segundo grau do Estado do Rio de Janeiro e acompanhar o comportamento dessas alunas, em relação à prática desse esporte durante o ano letivo e procurou explicar as eventuais mudanças de comportamento neste período encontrou resultados indicando que o basquetebol é pouco difundido nas escolas entre as meninas, são raras as competições escolares nesta modalidade para elas, o desconhecimento desta prática esportiva leva as meninas ao desinteresse e não são estimuladas à prática esportiva nas mesmas condições que os meninos e a educação diferenciada levam à valorização de atitudes que condizem com o comportamento feminino esperado pela sociedade.

    ALMEIDA (2000) buscou identificar o perfil dos técnicos e dos dirigentes esportivos, a necessidade e especificidade dessas funções na gestão desse esporte, bem como a necessidade de preparação especializada para o exercício das mesmas. Para realizar seu estudo usou como metodologia coleta de dados através de questionário. Participaram do estudo 65 técnicos e 51 dirigentes, ou seja, presidentes de clubes, supervisores e coordenadores de esportes, totalizando 116 participantes pertencentes a 66 entidades esportivas de 28 municípios do estado, incluindo a Capital. Chegou ao resultado de que oito por cento dos participantes são do sexo feminino, a faixa etária da maioria dos participantes está entre 30 e 50 anos, havendo diferença entre técnicos e dirigentes, sendo os técnicos mais jovens.

2.     Objetivo geral

    Verificar as dificuldades encontradas pelas atletas das equipes de basquetebol feminino adulto do estado de Minas Gerais.

3.     Objetivos específicos

  • Verificar as principais dificuldades das atletas em se tratando de treinamento;

  • Verificar as principais dificuldades das atletas em se tratando de competições;

  • Verificar as expectativas futuras das atletas;

  • Analisar a condição e apoio financeiro recebido pelas atletas.

4.     Material e métodos

    Nosso estudo trata-se de uma pesquisa de campo, de forma analítico-critico. Utilizou se como instrumento de coleta de dados um questionário contendo questões fechadas.

    Nosso universo foi composto por atletas de basquetebol feminino adulto do estado de Minas Gerais, nossa população foi delimitada pelas equipes participantes do JIMI (Jogos do Interior de Minas) no ano de 2007, e nossa amostra foi composta por 47 de um total de 103 atletas participantes dos jogos.

    Todas as participantes são do gênero feminino, e se apresentaram em atividade competitiva no ano de 2007 disputando a etapa final do JIMI que foi realizada em Uberlândia-MG, no período de 09 á 14 de outubro de 2007. As características das participantes são apresentadas na tabela 1. Antes de responder ao questionário, as atletas receberam informações sobre a pesquisa. Em seguida assinaram um termo de consentimento de participação no estudo e publicação dos resultados, autorizando os processos legais de desenvolvimento da pesquisa, assim como a publicação dos resultados de acordo com a resolução n° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

    Foram, então, submetidas a um questionário que foi aplicado no período de seis dias, período em que ocorriam as finais do JIMI.

Tabela 1. Média das características antropométricas dos voluntários estudados (n = 47)

 

Idade

(anos)

Massa corporal

(KG)

Estatura

(cm)

Tempo de Prática

(anos)

Média

23,24 +- 5,77

65 +- 10,34

1,72 +- 0,07

8,55 +- 4,38

Questionário

    Dificuldades encontradas por atletas de basquetebol feminino adulto no estado de Minas Gerais.

1. Idade: _____ anos.

2. Estatura: _____ metros.

3. Peso: _____kg.

4. Genero: f( ) m( )

5. Pratica basquetebol há quanto tempo?____________________.

6. Quais as principais dificuldades encontradas nos períodos de treino? (é permitido assinalar mais de uma alternativa)

( ) pessoais: (família, trabalho e estudos)

( ) apoio: (dinheiro, patrocínio)

( ) estrutura: (falta de material, professor e adversários)

7. Quais as principais dificuldades encontradas com relação a participação em competições? (é permitido assinalar mais de uma alternativa)

( ) pessoais: (família, trabalho e estudos)

( ) apoio: (dinheiro, patrocínio)

( ) estrutura: (data das competições e falta de adversários)

8. Quais são suas expectativas futuras com relação ao basquetebol? (não é permitido assinalar mais de uma alternativa)

( ) profissionalizar

( ) continuar jogando por lazer ou saúde

( ) nenhuma

9. Tem ou já teve ajuda financeira para participar de competições?

( ) sim

( ) não

    O questionário encontra-se em anexo, foi aplicado de forma individual e era constituído de nove questões que buscavam identificar a relação das voluntárias com o basquete e as principais dificuldades encontradas por elas para a prática do esporte, foi entregue as atletas no dia 09 de outubro de 2007, e recolhidos nos dias 13 e 14 de outubro do mesmo ano.

    Os resultados foram tabulados e posteriormente enviados para as análises estatísticas.

5.     Resultados e discussão

    Com a intenção de verificar as dificuldades das atletas com relação à prática e manutenção dos treinos de basquetebol foram analisadas as respostas referentes à questão seis do questionário, os resultados estão expostos no gráfico 1.

Gráfico 1. 78,72% das voluntárias responderam que as principais dificuldades com relação a participação dos treinos são de natureza pessoal, como problemas coma família, trabalho e estudos; 21,27% das voluntárias responderam que as dificuldades são referentes a falta de apoio financeiro como patrocínio e 25,53% das voluntárias responderam que encontram dificuldades com relação a estrutura das equipes onde treina, como por exemplo, falta de material, falta de professor e até mesmo falta de adversários para treinar.

    Com a intenção de verificar as dificuldades das atletas com relação à participação das atletas nas competições foram analisadas as respostas referentes à questão sete do questionário, os resultados estão expostos no gráfico 2.

Gráfico 2. 6,38% das voluntárias responderam que as principais dificuldades relativas a participação em competições são de natureza pessoal, como família, trabalho e estudos; 51,06% das voluntárias encontram dificuldades com relação a falta de apoio financeiro para participar das competições e 98% das voluntárias responderam que falta estrutura das equipes e das federações como poucas adversárias, falta de divulgação dos eventos e problemas com relação as datas dos eventos.

    Com a intenção de verificar as expectativas futuras das atletas com relação à prática de basquetebol foram analisadas as respostas referentes à questão oito do questionário, os resultados estão expostos no gráfico 3.

Gráfico 3. 20,68% das voluntárias relataram como expectativa futura profissionalizarem-se na modalidade, 34,49% tem como expectativa praticar 

o basquetebol como forma de lazer e manutenção da saúde e 44,83% das voluntárias responderam não ter nenhuma expectativa futura relacionada a modalidade

    Com a intenção de verificar se as atletas já tiveram algum apoio financeiro para participar das competições de basquetebol, foram analisadas as respostas referentes à questão nove do questionário, os resultados estão expostos no gráfico 4.

Gráfico 4. 51,73% das voluntárias relataram já ter recebido auxílio em forma de patrocínio para participar de uma competição 

de basquetebol e 41,38% relataram nunca ter recebido qualquer tipo de ajuda financeira para participar de uma competição

    Através dos resultados do nosso estudo, observamos que em Minas Gerais os aspectos políticos e de várias ordens não diferem da realidade de outros estados, como citado anteriormente por MORENO (2006), também influenciando negativamente na continuidade do esporte amador.

    Constatamos também que o desinteresse pelo basquetebol se torna evidente no momento em que não há estímulos á pratica esportiva para o sexo feminino, como para o sexo masculino, como foi encontrada em nosso estudo a falta de adversários pra competições, e a falta de valorização necessária para o desenvolvimento da modalidade dentro do estado.

    A realidade encontrada por ROSA (1988) referente à falta de atletas do sexo feminino, também se estende aos técnicos e dirigentes que segundo pesquisa realizada por ALMEIDA (2006), constatou que apenas 8 % dos técnicos e dirigentes são do sexo feminino.

    Sem o necessário apoio, investimento e capacitação dos treinadores e dirigentes, o esporte especializado dentro do estado não se desenvolve, os relatos mostram que com relação á participação em competições a maior queixa é com a estrutura precária oferecida, fazendo com que esses fatores reflitam nas expectativas futuras das atletas, e todos esses aspectos aliados com a falta de ajuda financeira para treinamento e competições, levam as atletas ao desinteresse e impossibilidade da profissionalização na modalidade basquetebol.

    Portanto, é preciso ainda conscientizar nossos políticos e governantes da realidade vivida pelas mulheres praticantes de basquetebol, e cobrar uma maior participação dos órgãos públicos e privados no sentido de apoiar nossa modalidade permitindo assim o crescimento do esporte e com ele todos os benefícios oferecidos aos seus praticantes.

6.     Conclusão

    Concluímos que tanto as dificuldades encontradas pelas atletas para a manutenção dos treinos quanto as dificuldades em participar de competições estão relacionadas com o amadorismo do esporte, pois todas as dificuldades se relacionam com a falta de dinheiro para estabelecer uma dedicação exclusiva ao esporte.

Referências bibliográficas

  • ALMEIDA, Luiz Cláudio de. A gestão do esporte de Alto Nível: Necessidade e Especificidade. Rio Claro: UNESP, 2000.

  • DE ROSE JR, D.; DESCHAMPS, S.R.; KORSAKAS, P. O jogo como fonte de stress no basquetebol infanto-juvenil. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, vol. (12), 3644, 2001.

  • FERREIRA, Aluisio Elias Xavier. Basquetebol: técnicas e táticas: uma abordagem didática-pedagógica. São Paulo: EDU. 1987.

  • MORENO, José Carlos. A prática do basquetebol feminino no estado de São Paulo: Conhecendo e analisando seu contexto. 2006. Tese (Doutorado em Educação Física) – Universidade de Campinas, Campinas. 2006.

  • ROSA, Suely Pereira. Basquetebol Feminino: condicionamento social e cultural. Rio de Janeiro: UFRJ, 1988.

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