Motivos de adesão e manutenção da prática de atividades físicas regulares em academias de ginástica da cidade de Ubá, MG Motivos para la adhesión y mantenimiento de la actividad física regular en los gimnasios de la ciudad de Ubá, MG Statement of membership and maintenance of practice regular physical activity in gyms city Ubá, MG |
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* Autora. Licenciada em Educação Física (FAGOC) – Ubá/MG Graduanda em Bacharelado em Educação Física (FAGOC) – Ubá/MG ** Orientadora. Mestre em Pedagogia do Movimento Humano (UGF) Professora da Faculdade Governador Ozanan Coelho (FAGOC) – Ubá/MG (Brasil) |
Virgínia Maria Bicalho da Silva Lopes* Silvia Maria Saraiva Valente Chiapeta** |
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Resumo Este estudo teve como objetivo verificar os motivos que levam as pessoas a aderirem e manterem programas regulares de atividades físicas em academias de ginástica da cidade de Ubá/MG. Foi utilizado como instrumento de pesquisa, um questionário fechado contendo 9 questões. A amostra foi composta por 91 alunos de ambos os sexos com idades entre 11-60 anos, sendo estes divididos em: Adolescentes/ Adultos (AA) e Adultos/ Meia-idade (AMI) entre as respectivas idades, 11 a 29 anos e 30 a 60 anos. Dentre os principais resultados encontrados, concluímos que a maioria dos sujeitos, possui um tempo de prática considerável e uma freqüência semanal adequada. Além disso, os motivos que levaram o grupo AA a aderir e a manter a prática de atividades físicas em academias é o fator “estético”, enquanto o grupo AMI prevaleceu com o fator “melhoria da qualidade de vida”. Contudo, para jovens e adultos, praticar atividade física significa “qualidade de vida”. Unitermos: Adesão. Atividade física. Estética. Qualidade de vida
Abstract
This study had as objective to verify the reasons that lead people to
join and maintain regular programs of physical activity in gyms in the
city of creek / MG. Was used as a research instrument, a closed end
questionnaire with 9 questions. The sample comprised 91 students of both
sexes aged 11-60 years, who were divided into: Teens / Adults (AA) and
Adult / Middle Age (AMI) between their ages, 11 to 29 years and 30 60.
Among the main results, we conclude that most subjects, has a
considerable practice time and a weekly adequate. Furthermore, the
reasons why the AA group to join and maintain physical activity in gyms
is the factor "aesthetic," while the AMI group prevailed in the
factor "improving the quality of life." However, for youth and
adults, physical activity means "quality of life." |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 143 - Abril de 2010 |
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Introdução
A vida moderna vem, a cada dia, nos oferecendo um estilo de vida cada vez mais sedentário, tendo em vista diversos fatores que influenciam na má qualidade de vida das pessoas. Com base nesses fatores, podemos citar: as revoluções tecnológicas que tornam a vida diária mais fácil, porém, fazendo com que nos movimentemos menos; as alimentações inadequadas; o trabalho diário; o stress do dia-a-dia; entre outros. Fatores estes, que, além de estarem ligados ao sedentarismo, ao mesmo tempo tem o poder de influenciar indivíduos a aderirem à prática de atividades físicas, em busca de minimizar os efeitos negativos gerados pela inatividade física, assim como efeitos de nível físico e psicológico.
Sobre este aspecto, entende-se Aderência como sendo “um conjunto de determinantes pessoais, ambientais e características do exercício que propiciam a manutenção da prática física por longos períodos de tempo, a fim de elevar a qualidade de vida de um indivíduo e garantir-lhe saúde e satisfação” (SABA, 2006, p.35)
Segundo Santos e Knijnik (2006), os nossos comportamentos individuais têm impactos positivos ou negativos na própria saúde, ou seja, através da prática regular de atividade física, podemos minimizar o risco de algumas doenças como cardiopatias, desvios posturais, encurtamentos musculares, estresse, depressão, etc.
Contudo, cada vez mais, jovens, adultos e idosos estão aderindo à prática de atividade física por diversos motivos, sendo eles, relacionados à melhoria da qualidade de vida, prevenção de doenças, estética, entre outros. Sobre este aspecto, Zamarim et al (2006) evidenciou, em seu estudo que, a prática regular de atividade física está cada vez mais se fortalecendo como influenciadora da melhoria da qualidade de vida, através da mídia como também pelas academias de ginástica.
A cada dia que passa, novas academias de ginástica vão surgindo, oferecendo as mais diversas opções de atividades e, investindo cada vez mais em marketing, através de atividades inovadoras que muitas das vezes não passam de apenas um modismo de verão, porém, cada vez mais, pessoas vão aderindo a essa sistemática prática, onde as mesmas optam por aquelas atividades que mais lhe convém e o estimulam. Neste sentido, complementa Saba (2001) apud Rocha (2008) que, as academias se transformaram numa opção para a população urbana obter melhorias em seu bem-estar geral.
De certa forma, a mídia contribui para o aumento da população nas academias de ginástica, pois, através de revistas, jornais e TV são divulgados corpos perfeitos e modelados, influenciando estes indivíduos a procurarem as academias de ginástica (TAHARA et al, 2003).
Dentre os diversos motivos de aderência à prática de atividade física em academias de ginástica, entre homens e mulheres, pôde-se perceber nos estudos de Silva et al (2008), onde objetivou avaliar, a participação atual e passada de adultos em academias de ginástica da cidade de Pelotas/RS, que, os homens procuram as academias por motivo de preparação física e pelo prazer pela prática, bem como as mulheres, que além do prazer pelo exercício, aderem à prática por motivos estéticos, assim como o emagrecimento. Pereira e Bernardes (sd), concluíram em sua pesquisa, que a saúde e a estética, são motivos de grande parte da população, sendo fatores predominantes na adesão à prática do exercício físico em academias de ginástica e, que os benefícios obtidos com a manutenção são vários, entre eles a disposição, o bem-estar, saúde, qualidade de vida.
Já se sabe que a atividade física, causa impactos positivos na vida do indivíduo, porém, existem muitas pessoas que iniciam suas atividades nas academias de ginástica e não permanecem por longo tempo na mesma. Neste sentido, Santos e Knijnik (2006) afirmam que é importante, que a prática de atividade física ocorra de forma contínua e não um movimento de desistência semanas após o início da prática, para assim manter e promover a saúde. Segundo os autores, na vida adulta intermediária por volta dos 40-60 anos de idade iniciam muitos declínios fisiológicos e a partir dos 60 anos de idades estes declínios acentuam-se.
Tendo em vista os efeitos positivos da atividade física, os quais possíveis levam os indivíduos de várias idades a aderirem a esta prática regular em academias de ginástica - como a estética e a qualidade de vida, evidenciados em alguns estudos citados - e o fato de muitos não darem continuidade regular a esta prática, talvez pela disponibilidade de tempo, este estudo tem o objetivo de verificar e comparar os resultados com outros estudos já realizados, os motivos que levam os praticantes de atividades físicas em academias de ginástica da cidade de Ubá/MG, de diferentes grupos de faixas etárias, a aderirem e manterem um programa regular. Uma vez que, muitos estudos relacionados a este tema, buscaram investigar apenas um grupo de faixa etária ou, até mesmo, buscou a mesma população deste estudo, mas não esclarecendo os resultados obtidos de cada grupo de faixas etárias diferentes.
O estudo se baseou no interesse desta pesquisa, na intenção de conhecer e refletir sobre os resultados que serão obtidos na mesma e, de alguma forma, poderem contribuir para ampliação de possibilidades de atuação dos profissionais de Educação Física e proprietários de academias de ginástica dentro do mundo do fitness, de acordo com as populações focalizadas e, a compreensão dos motivos e desejos das mesmas.
Questionário
Academia: ________________________________________________________
Idade:______ Sexo: ( )feminino ( )masculino
1) Qual é o seu tempo de prática de atividade física em academia:
a. ( ) Menos de 1 ano
b. ( ) 1 ano
c. ( ) 2 anos
d. ( ) 3 anos
e. ( ) 4 anos ou mais
2) Qual é a sua freqüência semanal na academia?
a. ( ) 1 vez na semana
b. ( ) 2 vezes na semana
c. ( ) 3 vezes na semana
d. ( ) 4 vezes na semana
e. ( ) 5 vezes na semana
3) Dos diversos tipos de exercícios físicos oferecidos na academia, qual deles você pratica mais?
a. ( ) Musculação
b. ( ) Atividades aeróbias individual (corridas, caminhadas e afins)
c. ( ) Atividades aeróbias em grupo (jump, step, hidroginástica e afins)
d. ( ) Ginástica Localizada
e. ( ) Outras: ___________________________________________________
4) Quais os motivos o levaram a aderir à prática de atividade física em academias?
a. ( ) Estética
b. ( ) Melhoria da qualidade de vida
c. ( ) Aptidão Física
d. ( ) Reabilitação de lesões
e. ( ) Outros: ____________________________________________________
5) Qual das dificuldades abaixo o impede de praticar atividade física com regularidade em academia?
a. ( ) Disponibilidade de tempo
b. ( ) Alto preço das mensalidades
c. ( ) Comodismo
d. ( ) Distância
e. ( ) Outras: _____________________________________________________
6) Qual o motivo que o mantêm ativo na prática de atividade física em academia?
a. ( ) Estética Corporal
b. ( ) Melhoria da qualidade de vida
c. ( ) Prazer em realizar o exercício
d. ( ) Melhoria do condicionamento físico
e. ( ) Outros: ____________________________________________________
7) Qual dos estímulos abaixo lhe influenciou na prática de atividades físicas em academias?
a. ( ) Família
b. ( ) Mídia (TV, jornais, revistas, etc.)
c. ( ) Vontade própria
d. ( ) Amigos
e. ( ) Outros: ____________________________________________________
8) No seu tempo de prática de atividade física em academias, você percebeu alguma alteração de ordem física ou psicológica em você?
a. ( ) Perda de peso
b. ( ) Aumento da massa muscular
c. ( ) Motivação
d. ( ) Alívio de estresse
e. ( ) Não houve nenhuma alteração.
f. ( ) Outras: ____________________________________________________
9) Para você, qual o significado em praticar atividade física?
a. ( ) Melhoria da qualidade de vida
b. ( ) O prazer em realizar o exercício
c. ( ) Socialização
d. ( ) Lazer
e. ( ) Alívio de estresse
f. ( ) Outros: ____________________________________________________
Procedimentos metodológicos
Buscando resposta aos objetivos propostos, foi realizada uma pesquisa de campo, nos quais foram distribuídos aproximadamente 100 questionários, mas obtivemos 91. Os questionários foram distribuídos de acordo com a decisão espontânea dos alunos de participarem da pesquisa.
Importante salientar, que esta pesquisa, possuía a ética em manter o anonimato das pessoas que participaram da mesma, sendo necessária, apenas a identificação da idade, sexo e academia que freqüentava. O questionário utilizado foi retirado dos estudos de Tahara et al (2003), sendo que este continha 9 questões abertas. Para a realização da atual pesquisa, foram realizadas algumas adaptações para a elaboração de questões fechadas. Tais adaptações dizem respeito à elaboração de alternativas de respostas de cada questão, sendo estas elaboradas através das respostas encontradas no questionário aberto dos autores. a a vantagem do anonimato das pessoas que participaram desta pesquisa, sendo necessestion
A população participante deste estudo foi formada por uma amostra de 91 alunos de ambos os sexos, regularmente matriculados em 4 das principais academias da cidade de Ubá-MG, com idades variando entre 11 a 60 anos, sendo elas divididas em dois grupos: 11 a 29 anos podendo ser identificados como adolescentes/adultos (AA) e 30 a 60 anos como adultos/meia-idade (AMI), justificando-se por serem diferentes fases da vida onde os fatores de adesão e manutenção da prática podem ser diferentes. Importante ressaltar que durante a análise dos dados, há diferença na soma dos percentuais da questão 3 em diante. Esta diferença se deve ao fato de muitos terem marcado mais de uma alternativa em cada questão.
Resultados e discussão
Dentre os 91 entrevistados, 57,14% (52 entrevistados) correspondiam às idades entre 11-29 anos (AA), sendo que 63,46% eram homens e 36,54% eram mulheres. Já nas idades entre 30-60 anos (AMI), correspondem a 42,85% dos entrevistados, sendo que dentro dessa população 20,5% eram homens e 79,5% eram mulheres.
De imediato, podemos observar nesses dados, que na população AA há uma superioridade de indivíduos do sexo masculino, porém na população AMI os resultados se opõem no sentido da população feminina ser bem superior. Mediante este fato, podemos compará-los com os estudos de Pereira e Bernardes (sd), que tinham como intuito, verificar os objetivos e benefícios da aderência e manutenção da prática de exercícios físicos de 51 alunos de uma academia de ginástica de Minas Gerais, sendo que 22 eram do sexo masculino e 29 do sexo feminino. Os autores concluíram em seu estudo, que os homens freqüentam as academias de ginástica mais cedo do que as mulheres – fato este que se compara com a atual pesquisa referente a população de AA -, mas que por outro lado, tornam menos ativos na meia idade, assim como podemos perceber em nosso estudo a presença superior da população feminina AMI.
Tabela 1. Tempo de prática de atividades físicas em academias de ginástica
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AA (homens) |
AA (mulheres) |
AMI (homens) |
AMI (mulheres) |
Menos de 1 ano |
39,4 % |
47,4 % |
37,5 % |
38,7 % |
1 ano |
9,09 % |
24,24 % |
12,5 % |
3,22 % |
2 anos |
9,09 |
12,12 % |
12,5 % |
16,13 % |
3 anos |
15,15 % |
21,21 % |
-------- |
6,45 % |
4 anos ou mais |
27,27 % |
15,15 % |
37,5 % |
35,5 % |
Mediante estes resultados (Tabela1), podemos compará-los com as informações de Pereira e Bernardes (sd), sobre o fato dos homens freqüentarem academias de ginástica mais cedo que as mulheres. Nos estudos de Tahara et al (2003), que teve os objetivos de pesquisa semelhantes ao nosso, com 50 indivíduos variando com idades até 24 anos de ambos os sexos, teve como maior incidência de tempo de prática 4 anos (26,67%) e 6 anos (20%). Fato, que difere dos resultados encontrados em nosso estudo, talvez, pelo motivo deste ser composto por uma população maior de indivíduos adolescentes do que na pesquisa dos referidos autores. Já Pereira e Bernardes (sd), verificaram, que nas idades entre 15-78 anos, as mulheres freqüentam academias a mais de 3 anos, enquanto os homens freqüentam entre 1 a 3 anos. Segundo Gonçalves et al (2007), a adesão a programas de atividades físicas na meia-idade, pode ser devido ao fato de estarem se preparando para uma melhor qualidade de vida na terceira idade.
Tabela 2. Freqüência semanal em academias de ginástica
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AA (homens) |
AA (mulheres) |
AMI (homens) |
AMI (mulheres) |
1 vez na semana |
3,03 % |
--------- |
--------- |
---------- |
2 vezes na semana |
3,03 % |
---------- |
---------- |
6,46 % |
3 vezes na semana |
27,27 % |
10,5 % |
37,5 % |
54,83 % |
4 vezes na semana |
18,18 % |
47,4 % |
25 % |
9,68 % |
5 vezes na semana |
49,49 % |
42,1 % |
37,5 % |
29,03 % |
Analisando a Tabela 2, no grupo AA, os resultados encontrados na pesquisa de Tahara et al (2003), se assemelham a estes resultados, em ambos os sexos, pois o maior percentual de freqüência semanal nas academias que encontraram, foi de “4 vezes na semana” (33,33%) e “5 vezes na semana” (26,67%).
Com relação ao grupo AMI, observa-se, que a maioria dos entrevistados vão as academias quase todos os dias, respeitado a prática mínima de atividade física de “3 vezes na semana”. Assim, como também na pesquisa de Silva et al (2008) com indivíduos de 20 a 69 anos, a qual observaram que a maioria dos entrevistados atende às recomendações mínimas semanal para obtenção de benefícios à saúde. Pereira e Bernardes (sd), observaram em seus estudos, que no geral, o valor mais citado com relação à freqüência foi de “3 vezes na semana”.
Contudo, percebe-se que tanto no grupo AA, quanto no AMI, os homens tem uma freqüência semanal superior às mulheres de “5 vezes na semana”, fato este, talvez, principalmente no grupo AMI, em relação as mulheres terem mais compromissos domésticos ou familiares do que os homens. Os resultados encontrados na pesquisa de Saba (2001) apud Pereira e Bernardes (sd), se assemelham aos nossos, onde a prevalência de “5 vezes na semana” é mais presente na população masculina, enquanto as mulheres freqüentam “3 vezes na semana”.
Tabela 3. Atividades mais praticadas nas academias de ginástica
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AA (homens) |
AA (mulheres) |
AMI (homens) |
AMI (mulheres) |
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Musculação |
87,88 % |
68,4 % |
75 % |
45,16 % |
|
Ativ. Aeróbias individuais (corridas, caminhadas e afins) |
12,12 % |
23,3% |
50 % |
32,25% |
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Ativ. aeróbias em grupo (jump, step, hidroginástica ou afins) |
------------ |
31,6 % |
25 % |
41,96 % |
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Ginástica Localizada |
3,03 % |
------------- |
12,5 % |
9,68 % |
|
Outras atividades |
3,03 % |
------------- |
|
6,46 % |
|
Mais de uma atividade |
6,03% |
21 % |
62,5 % |
29,03 % |
Entre os entrevistados do grupo AA (Tabela 3), a prática de exercícios de musculação sobressai em ambos os sexos e, assemelhando aos estudos de Tahara et al (2003) onde verificou-se que a maioria (40%) pratica musculação e exercícios aeróbios (30%). Apenas a minoria desta população relaciona essa pratica com outras, talvez, este fato esteja relacionado a padrões estéticos voltados à cultura de modelagem corporal adquiridos na prática da musculação, onde gera-se ganhos de massa muscular, perda de percentuais de gordura, porém observa-se que as mulheres praticam mais exercícios aeróbios do que os homens, principalmente em grupo.
Com relação ao grupo AMI, percebe-se, que no geral, a musculação novamente sobressai. Por outro lado, o grupo AMI praticam mais atividades aeróbias do que o grupo AA. Resultados semelhantes foram encontrados nos estudos de Pereira e Bernardes (sd), pois a maioria dos homens entrevistados praticavam a musculação, sendo que as mulheres, associavam a musculação com exercícios aeróbios. Na pesquisa de Santos e Knijnik (2006), relacionada à indivíduos de 40-60 anos, também obteve a musculação como a preferida da amostra seguida de atividades aeróbias em esteiras e bicicletas ergométricas. Segundo Braga e Dalke (2009), a prática da musculação vem a cada dia rompendo barreiras impostas pela idade e tem conquistado praticantes de diversas faixas etárias, uma vez, que através dela, os praticantes encontram uma ótima opção para manter a qualidade de vida.
Gráfico 1. Motivos de adesão à atividades físicas em academias de ginástica
Quando questionados os motivos de adesão (Gráfico 1) ao grupo AA, os resultados novamente se assemelham à pesquisa de Tahara et al (2003), com relação à estética e a melhoria da qualidade de vida serem mais relevantes. Na população geral do grupo AMI, observa-se, que há uma preocupação maior com a obtenção da qualidade de vida do que com padrões estéticos, o que diferencia do grupo AA.
Neste sentido, Gonçalves et al (2007), de acordo com sua pesquisa, concluiu, que os motivos de adesão à atividades físicas entre pessoas de meia idade e terceira-idade não diferem muito, pois ambos tem como principais motivos de aderência a saúde do corpo e da mente, assim como o condicionamento físico. Resultados semelhantes a estes são encontrados nos estudos de Santos e Knijnik (2006), quando relacionados à população de vida adulta intermediária em ambos os sexos, pois os motivos de adesão foram: o lazer/qualidade de vida (44%), orientação médica (34%) e estética com apenas 11%. Já nos estudos de Rocha (2008) e Pereira e Bernardes (sd), com uma população de adolescentes à terceira idade, os homens tiveram uma incidência maior pela questão estética do que as mulheres. Na pesquisa de Siqueira (2009), onde a população alvo foram professores de Educação Física de academias existentes em uma cidade no estado de Tocantins, estes relataram que seus alunos buscam academias de ginástica por fatores de estética e fatores relacionados à saúde. Já Silva et al (2008), em sua pesquisa, viu que o tabagismo teve influencia considerável para o início da prática atual de atividades físicas em academias em adultos de 20 a 69 anos de idade. Neste mesmo estudo, verificaram que os homens buscam as academias pela questão da preparação física e o prazer pelo exercício, uma vez que, as mulheres pelo emagrecimento e prazer pelo exercício.
Com relação a esses resultados, observaram que as academias de ginástica se assemelham aos salões de beleza, clínicas estéticas, entre outros espaços, formando todo um aparato de lugares, equipamentos, tempos e especialistas em transformação de corpos humanos. Neste universo das academias, a modelagem de corpos gera uma incansável busca pelo culto do corpo, por meio de rotinas desgastantes de exercícios, onde supera-se os próprios limites (Hansen e Vaz, 2004).
Tabela 4. Dificuldades encontradas para a prática de atividades físicas em academias
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AA (homens) |
AA (mulheres) |
AMI (homens) |
AMI (mulheres) |
Falta de tempo disponível |
66,7 % |
68,4 % |
87,5 % |
41,93% |
Comodismo |
21,2 % |
15,8 % |
---------- |
16,13 % |
Distância |
3 % |
---------- |
---------- |
22,59 % |
Alto preço das mensalidades |
---------- |
---------- |
---------- |
9,68 % |
Não responderam |
15,2 % |
15,8 % |
12,5 % |
----------- |
Importante observar, que apesar da maioria dos entrevistados terem mencionado anteriormente irem à academia quase todos os dias, o fator “disponibilidade de tempo” foi o mais citado por ambos (tabela 4). Sobre esta questão, os resultados de Tahara et al (2003) se comparam aos nossos, pois a maioria relatou ir à academia quase todos os dias, porém também citou o fator “falta de tempo” (43,33%) como maior dificuldade.
Torna-se interessante observar, que apesar do grupo AMI ser composto por uma população mais velha de adultos e meia-idade, onde muitos poderiam ter um tempo disponível melhor, a “falta de tempo” foi a mais citada entre ambos. Entretanto, nos resultados da pesquisa de Santos e Knijnik (2006) e Pereira e Bernardes (sd), a ausência de dificuldades (dinheiro, comodismo, distância, etc.) foi superior, mas a “falta de tempo” também foi citada, mas não superior.
Estes resultados, talvez se dêem pela jornada excessiva de trabalho, obrigações domésticas e familiares ou até mesmo pela má elaboração dos próprios horários. Segundo Siqueira (2009), ter o tempo livre para a prática de atividades físicas é importante, pois proporciona descanso e participação social voluntária, onde desenvolve-se a personalidade e a capacidade criadora, por meio de atividades desportivas e socioculturais.
Gráfico 2. Motivos que os mantêm ativos
Sobre os motivos de manutenção (Gráfico 2), entre os entrevistados do grupo AA, o fator predominante foi a questão estética em ambos os sexos, prevalecendo, portanto os motivos os quais levaram este grupo iniciar esta prática, entretanto, as mulheres parecem preocupar-se mais com a saúde. Nos estudos de Tahara et al (2003), no geral, também predominou fatores estéticos seguido de melhoria da qualidade de vida. No entanto, Rocha (2008) diz, que entre jovens e adultos o motivo predominante é sempre estético.
No entanto, percebe-se que o grupo AMI tem uma preocupação maior com a manutenção da qualidade de vida, mas não menosprezando fatores relacionados à aparência física, uma vez que os homens do grupo AA têm uma incidência menor referente à melhoria da qualidade de vida, talvez pelo fato de estarem dentro das academias apenas buscando a “modelagem de músculos” e “corpos esculturais”. Sobre este aspecto, Hansen e Vaz (2004), afirmam, que os objetivos dos homens são, sobretudo, aumentar o volume muscular de membros superiores principalmente e diminuir o percentual de gordura em alguns casos. Segundo Rocha (2008), entre adolescentes e adultos, o motivo predominante é sempre estético. Sobre esta questão, Saba (2006) diz, que as academias, em sua maioria, visam apenas o modelo do Fitness, oferecendo ideais estéticos como: emagrecer, ficar forte e malhado. Segundo o autor, esse modelo é o motivo principal que causa as desistências dentro das academias, pois nem todas as pessoas conseguem adquirir o modelo oferecido pelas mesmas.
Semelhante aos nossos resultados apontados anteriormente pelo grupo AMI, na pesquisa de Braga e Dalke (2009) e Santos e Knijnik (2006), os fatores que influenciam na manutenção da prática são, em maioria, direcionados à saúde, como: manutenção da saúde, adoção de um estilo de vida mais saudável, relaxar, melhorar a saúde e melhorar a auto-imagem. Gonçalves et al (2007), afirma que os motivos de continuidade da prática de atividades físicas na meia-idade, são o bem-estar e a disposição, estando ligados às atividades do dia-a-dia e a preparação para um envelhecimento sem dependência. Tahara e Silva (2003), concluíram que a melhoria da qualidade de vida e preocupação com a estética, seguido de melhora do condicionamento físico são fatores motivacionais de manutenção da prática. Sobre este aspecto, Saba (2006), afirma que para diminuir as desistências dentro das academias e privilegiar a aderência, é necessário introduzir o Welness, ou seja, o bem-estar e a qualidade de vida adquiridos através da prática de atividades físicas orientadas.
Todavia, o “prazer” parece ser elemento importante na prática de atividades físicas para ambos os sexos. O prazer é uma dimensão que motiva tanto homens, quanto mulheres que praticam atividades físicas regulares em academias de ginástica (Balbinotti e Capozzoli, 2008).
Tabela 5. Influências para o início da prática
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AA (homens) |
AA (mulheres) |
AMI (homens) |
AMI (mulheres) |
Vontade própria |
75,75 % |
89,5 % |
100 % |
77,41 % |
Amigos |
21,21% |
5,26 % |
|
19,35 % |
Mídia |
9,01 % |
5,26% |
|
3,22 % |
Família |
6,06 % |
15,8 % |
12,5 % |
16,13 % |
Outros |
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6,46 % |
Mais de um estímulo |
12,12 % |
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|
19,35 % |
Nota-se (tabela 5), nos grupos analisados, que homens e mulheres iniciaram a prática de exercícios físicos em academias por “vontade própria”, o que talvez mostre que estes indivíduos já tinham seus próprios objetivos. Entretanto, as mulheres tiveram mais estímulos da “família” do que os homens. A “mídia” foi um fator de menor influência entre os entrevistados. Em contrapartida, nos estudos de Tahara et al (2003), os estímulos da “família” e da “mídia” foram determinantes (33% cada), além da “vontade própria” (20%). No estudo de Figueira Júnior (2000), realizado com adolescentes, os resultados foram semelhantes aos nossos, tendo a “decisão própria” com maior incidência de estímulo inicial à prática. Assim como no estudo de Pereira e Bernardes (sd), em que a “vontade própria” foi fator decisivo para aderir aos exercícios físicos em academias, como também no estudo de Braga e Dalke (2009), em que os fatores de influência da “família”, “amigos” e “mídia” foram pouco relevantes, dando espaço para outros estímulos.
Gráfico 3. Alterações de ordem física e psicológica, adquiridas ao longo da prática de atividades físicas em academias de ginástica.
No gráfico 3, dentre os entrevistados do grupo AA, alterações de “aumento da massa muscular” sobressaiu, podendo estar relacionada ao fator estético (fator determinante de adesão de acordo com os entrevistados). Além desta alteração, observa-se que as mulheres obtiveram ainda alterações de “perda de peso”. Assim como na pesquisa de Tahara et al (2003), analisando o geral, verificou um equilíbrio nos fatores “emagrecimento” e “aumento da massa muscular”, no que se refere à freqüência das respostas.
No grupo AMI, entre os homens, novamente sobressai a alteração relacionada ao “aumento da massa muscular”. Já entre as mulheres deste grupo, prevaleceu alteração relacionada ao “alívio do estresse”. Nos estudos de Pereira e Bernardes (sd), o fator “disposição” foi mais citado entre homens e mulheres como benefício adquirido. Segundo Gonçalves et al (2007), os benefícios relacionados à atividade física na meia-idade são similares aos idosos, como: alívio da tensão, da irritabilidade e ansiedade, promoção de saúde, socialização, entre outros.
Tabela 7. Significado em praticar atividade física
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AA (homens) |
AA (mulheres) |
AMI (homens) |
AMI (mulheres) |
Melhoria da qualidade de vida. |
63,63 % |
84,2 % |
100 % |
83,88 % |
Prazer em realizar o exercício |
24,24 % |
21,05 % |
37,5 % |
16,13 % |
Lazer |
21,21 % |
10,5 % |
37,5 % |
16,13 % |
Alívio do estresse |
15,15 % |
36,8 % |
37,5 % |
48,39 % |
Socialização |
12,12 % |
15,8 % |
37,5 % |
16,13 % |
Mais de um significado |
------------ |
36,6 % |
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Quando questionados sobre o significado em praticar atividade física, observa-se (tabela 7), que em todos os grupos, tanto para os homens, quanto para as mulheres, os fatores relacionados com a qualidade de vida prevalecem, considerando que “alivio de estresse” e o “prazer” sejam fatores qualitativos da vida. Com relação ao fator “estresse”, Saba (2006), diz que viver tenso é prejudicial à saúde, entretanto o exercício físico é uma das maneiras mais eficazes de liberar a tensão. Nesta mesma linha de resultados, Tahara et al (2003), encontrou em sua pesquisa a “melhoria da qualidade de vida”, seguido de “prazer” e “socialização”. Segundo Zamarim et al (2006), a adesão desta prática de atividades físicas em academias de ginástica, tem o poder de levar os praticantes ao reconhecimento da complexidade que envolve a atribuição de julgamentos positivos à qualidade de vida, à superação de dificuldades mecânicas, ao desenvolvimento da autonomia, à reflexão sobre seus valores pessoais, considerando a si mesmo e a seu ambiente, trazendo-lhes o estímulo a ações transformadoras do ambiente.
Contudo verifica-se que a qualidade de vida é uma grande influenciadora na tomada de decisões dos entrevistados em geral, assim como na adesão da prática de atividades físicas em academias.
Conclusão
Ao analisarmos os dados obtidos neste estudo, concluímos que a maioria dos indivíduos iniciou sua prática de atividades físicas em academias de ginástica por “vontade própria”, possuindo uma freqüência semanal adequada e um tempo de prática considerável, contudo, os indivíduos do grupo AMI (Adultos/ Meia-Idade) possuem mais tempo de prática de atividades físicas em academias de ginástica. Salientamos que todos os grupos, relataram a “disponibilidade de tempo” como principal fator que os impedem a praticar atividades físicas com regularidade, embora pareça não interferir tanto assim, de acordo com as respostas dos entrevistados na questão relacionada à freqüência semanal.
Com relação aos exercícios físicos mais praticados pelos entrevistados, a musculação esteve em presença superior em todos os grupos, entre homens e mulheres, porém concluímos que os indivíduos do grupo AMI, têm maiores interesses por atividades aeróbias, sendo que as mulheres deste grupo têm preferência por atividades aeróbias em grupo. Observamos ainda, de acordo com as modalidades praticadas por cada indivíduo, que a maioria dos entrevistados, em ambos os sexos, sofreram um “aumento na massa muscular”, por outro lado, as mulheres do grupo AMI obtiveram o “alívio do estresse”. Entretanto, também foram observadas alterações de “redução do peso corporal” entre as mulheres do grupo AA (Adolescentes/ Adultos) e “melhoria da motivação” entre os homens do grupo AMI.
Em resposta aos nossos objetivos, concluímos que os motivos que levam jovens e adultos a se manterem ativos dentro das academias de ginástica são, principalmente, os fatores “estéticos”, uma vez que muitos buscam a modelagem de corpos e a definição dos músculos, acrescidos da “melhoria da qualidade de vida”. Já os indivíduos da meia-idade, têm uma preocupação maior com a “melhoria da qualidade de vida”, onde através desta prática, buscam a obtenção de hábitos saudáveis. Todavia, para todos os entrevistados, praticar atividades físicas, significa uma “melhoria da qualidade de vida”, considerando que a “obtenção do prazer”, o “alívio do estresse” e a “socialização“ fazem parte deste contexto.
Portanto, acreditamos que a adoção de hábitos saudáveis, pode gerar aos indivíduos, melhores condições de vida, principalmente na vida moderna, onde a correria e o estresse do dia-a-dia fazem parte da vida da maioria das pessoas. Acreditamos ainda, que este estudo, possa contribuir para uma ampliação de idéias e sugestões dentro do universo das academias e, a na compreensão de mudanças que agradem a todos e motivem cada vez mais cedo, jovens e adultos a aderirem à prática de atividades físicas, assim como na busca do Welness dentro do universo do Fitness.
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digital · Año 15 · N° 143 | Buenos Aires,
Abril de 2010 |