Qualidade de vida: conceitos e perspectivas Calidad de vida: conceptos y perspectivas |
|||
*Docente dos Cursos de Educação Física Coordenador do Programa de Qualidade de Vida da Universidade do Sul de Santa Catarina **Acadêmica do Curso de Educação Física da Universidade do Sul de Santa Catarina |
Richard Ferreira Sene* Mayra Medeiros Porto** (Brasil) |
|
|
Resumo Estudos comprovam que a probabilidade de um adulto se tornar sedentário vem de atitudes adquiridas durante a infância e adolescência. A escola é o ambiente ideal para proporcionar a aprendizagem de hábitos saudáveis, por meio das aulas de educação física, através de atividades direcionadas e bem orientadas. Este estudo tem como objetivo analisar o conceito formado de qualidade de vida e detectar as perspectivas de obtê-la pelos estudantes da 3ª série 03 do ensino médio da Escola de Educação Básica Marechal Luz, em Jaguaruna, SC. A pesquisa teve como alvo 33 estudantes, com a faixa etária entre 16 e 18 anos. A coleta de dados foi realizada mediante um questionário composto por 20 questões, sendo 15 pertencentes ao pentáculo do bem-estar, que visava conhecer o estilo de vida dos estudantes em relação à nutrição, atividade física, comportamento preventivo, controle de estresse e relacionamentos, além do conceito e perspectivas de qualidade de vida e os fatores influentes na educação física. A partir da análise feita dos resultados foi constatado que os alunos possuem um estilo de vida negativo, porém o sexo feminino obteve melhores resultados quanto às características positivas. Os alunos possuem um conceito adequado de qualidade de vida indo ao encontro de conceitos elaborados por estudiosos do assunto. Quanto a seu futuro estilo de vida apesar de não estarem dentro de um padrão ideal, os jovens revelam possuir perspectivas otimistas visando uma vida saudável. Em relação às influências da educação física, os alunos reconhecem a importância dessa disciplina na construção de um indivíduo saudável. Concluiu-se que os jovens possuem o conhecimento, mas não o colocam em prática, é necessário um maior entrosamento entre a disciplina e os alunos, pois as informações devem ultrapassar a linha do desejo e ir ao encontro da realização. Unitermos: Qualidade de vida. Estilo de vida. Adolescente. Educação Física |
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 142 - Marzo de 2010 |
1 / 1
1. Introdução
Sabe-se que a probabilidade de um adulto se tornar fisicamente ativo vem de hábitos adotados durante o desenvolvimento da infância e adolescência. Importantes estudos revelam que uma vida ativa na adolescência diminui a predisposição deste adolescente se tornar um adulto sedentário. Porém autores afirmam que o nível de atividade física diminui com a idade, principalmente em fases de transição no desenvolvimento, como a adolescência. (GUEDES et al, 2001; DE BEM, 2003).
Por esse motivo o estilo de vida do adolescente vem ganhando repercussão. Há um notável interesse em se pesquisar e conhecer como o adolescente está “levando a vida”, principalmente numa sociedade moderna que empurra os jovens para um lazer sedentário e cercado de fatores de risco.
A escola vem sendo vista como única oportunidade viável dos jovens realizarem atividades que exijam esforços físicos com algum significado, e que informe-os sobre a importância de conhecer os componentes que influenciam no seu estilo de vida e como ministrá-los de forma saudável.
Sendo a educação física na escola um dos ambientes ideais para proporcionar a aprendizagem de bons hábitos, é a disciplina mais apropriada para repassar aos jovens atitudes positivas e o principal meio de compreenderem o porquê da necessidade de se aprender a cultura do corpo. As aulas podem e devem ser a base de formação sobre os cuidados com o corpo e com a saúde, através de informação e da prática proporcionada de forma direcionada e bem orientada.
A preocupação em se trabalhar este assuntos com os adolescentes vem da idéia de que, após encerrarem o ensino médio, estes jovens não terão oportunidade de participar de atividades físicas sistematizadas proporcionadas pelas aulas de educação física, agravando o fato de não compreenderem a importância de um estilo de vida ativo. É importante que os jovens saiam do sistema escolar levando consigo um conceito formado de saúde e de qualidade de vida, possuindo subsídios adequados para suas futuras escolhas e para que, a partir do momento que não freqüentarem mais o ensino escolar, sejam firmes e responsáveis nas suas atitudes para a aquisição de um estilo de vida saudável e uma melhor qualidade de vida.
Diante do assunto proposto, apresenta-se a seguinte questão de pesquisa: Qual o conceito e as perspectivas de Qualidade de Vida dos alunos da 3ª série do ensino médio do período noturno de uma escola de Jaguaruna em Santa Catarina?
2. Objetivos
Identificar o conceito e as perspectivas de Qualidade de Vida dos alunos da 3ª série do ensino médio da Escola de Educação Básica Marechal Luz, em Jaguaruna SC.
Identificar os comportamentos sobre hábitos de nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamento e controle de estresse do estilo de vida individual dos adolescentes;
Verificar o perfil de estilo de vida por sexo;
Relacionar o estilo de vida entre meninos e meninas;
Verificar a opinião dos alunos sobre qualidade de vida;
Verificar os fatores que contribuem nas aulas de educação física para obtenção de qualidade de vida;
Verificar que tipo de estilo de vida os alunos planejam obter.
3. Revisão de literatura
3.1. Qualidade de vida
Quando a expressão qualidade de vida (QV) vem a nossa mente, pensamos em primeiro lugar em saúde. A Organização Mundial de Saúde define saúde “como o completo estado de bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade.” (WHO, 1998 apud AÑEZ, 2003, p.30).
Mas o que realmente significa QV? Ainda não se estabeleceu um conceito determinado, mas num sentido amplo a expressão QV refere-se a um indivíduo saudável, interligado ao seu grau de satisfação com a vida nos múltiplos aspectos que a integram: moradia, transporte, alimentação, lazer, autonomia, entre outros. Vincula-se ao estilo de vida da pessoa. (SILVA, 2004 apud Ghorayeb; BARROS, 2004).
Nahas (2003) define estilo de vida como o “conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas”. E ainda afirma que existem cinco componentes principais no estilo de vida, que podem afetar a QV das pessoas, em todas as idades: atividade física habitual, alimentação, controle de estresse, relacionamento e comportamentos preventivos. (DE BEM, 2003).
QV também significa uma preocupação em modificar hábitos cotidianos de vida à procura de um bem-estar. A QV está diretamente ligada ao ambiente, onde pode ser modificado ou transformado. ( ALONSO, 1994 apud ROEDER, 2003, p.41).
Para que se possa optar pela escolha de uma melhor QV, é necessário que o indivíduo se conscientize-se dos seus benefícios, conheça seu corpo e saiba como se encontra a sua saúde, podendo assim provocar as mudanças necessárias. Guiselini (1996) afirma que para maioria das pessoas o corpo permanece um desconhecido, conseqüentemente surgem as doenças hipocinéticas (hipo: pouco; cinética: movimento) como obesidade, dores na coluna, enfraquecimento e lesão muscular, diabete, infarto do miocárdio. Moléstias comuns que ocorrem em pessoas que exercitam-se pouco ou quase nada, ou seja, pessoas sedentárias. “A inatividade física levou ao aumento de doenças crônicas. Pessoas que não se exercitam regularmente apresentam risco maior de desenvolver doenças crônicas”.(Heyward, 2004, p.20).
Vivemos num contexto atual onde estamos cada vez mais substituindo nossa atividade física em relação ao trabalho. Com a chegada da tecnologia estamos diminuindo nosso tempo de trabalho e aumentando a nossa produção. Atividades da vida diária como limpar a casa, lavar roupa e louça e abrir a porta da garagem requerem menos tempo que o habitual, podendo ser feitas em segundos, num apertar de botão ou através de alguma outra invenção tecnológica. Entende-se que com a conquista desta economia de tempo as pessoas realizariam atividades de lazer nos tempos livres. Infelizmente esta não é a realidade, a maioria das pessoas não se engaja em uma atividade física nas horas livres. (HEYWARD, 2004).
Por ironia, a maioria das desculpas que as pessoas encontram para não adotar hábitos saudáveis é a falta de tempo e, juntamente com ela encontram-se os fatores que auxiliam a uma vida sedentária: alimentação excessiva, inatividade física, fumo e álcool, tensão emocional, estresse. (GUISELINI, 1996).
Podemos conhecer um pouco da importância de cada um dos cinco componentes do estilo de vida que influenciam na QV das pessoas. A primeira abordagem é sobre a atividade física habitual. De Bem (2003, p.22) afirma que “a prática regular de atividades físicas é uma das principais características para levar um estilo de vida saudável”. “Além de ter se tornado um grande aliado para o combate contra doenças crônicas, na redução do risco de morte e melhoria na qualidade de vida.” (MATSUDO et al, 2003 apud CESCHINI, 2007, p.34).
A conscientização do trabalho começa em entender a diferença entre atividade física e exercício físico. Atividade física é “qualquer movimento ainda que rotineiro como caminhar pelas ruas, correr, andar de bicicleta, limpar a casa, movimentos relacionados à ocupação profissional, dançar, subir e descer escadas, ou seja, movimentos rotineiros da vida diária.” (Matsudo, 2005 apud CESCHINI, 2007, p.25). Já exercício físico “é uma forma específica de atividade física sistemática, planejada, que tem por objetivo desenvolver a aptidão física, reabilitar funções orgânicas, desenvolver habilidades motoras ou promover um gasto energético extra para o controle do peso corporal.” (Nahas 1999, p.59).
Pessoas que praticam exercícios físicos possuem mais disposição para a vida, conseqüentemente melhoram sua aptidão física e mental, beneficiam o organismo aumentando a eficiência dos pulmões e coração, fortalecendo os músculos, melhorando a aparência física e aumentando a sensação de bem-estar. (KAMEL; KAMEL, 2003, CARROLL; SMITH,1995).
Além de todos esses benefícios o exercício físico galhardeara auxilia um outro componente essencial à qualidade de vida: o controle de estresse. O exercício ajuda a controlar o estresse e reduz a tendência à depressão, dá uma sensação de mais energia não só para o trabalho, mas também para aproveitar o tempo livre; auxilia na realização das atividades diárias, eliminando o cansaço; ajuda a dormir melhor, tornando o sono mais agradável; melhora a auto-imagem. (Guiselini, 1996).
O estresse acumulado em nosso organismo cria um estado de agitação e desassossego interior extremamente nocivo ao bem-estar e à felicidade do indivíduo. É necessário que o indivíduo descarregue suas tensões. A prática de uma atividade física regular proporciona a descarga destes acúmulos de tensões no organismo pelas vias normais, ou seja, através da musculatura esquelética, reduzindo os danos do acúmulo da tensão à saúde e ao bem-estar. (SILVA, 2004 apud Ghorayeb; BARROS, 2004). “O controle de estres Marco Freitas se é fundamental para melhoria da qualidade de vida, estando relacionado com maior imunidade e menor prevalência de doenças.” (ONISH et al, 1990 apud Xavier, 1997).
E se falando de doenças, uma das doenças crônicas que vem gerando bastante preocupação no mundo todo é a obesidade. Essa enfermidade vem tornando-se uma das grandes ameaças à saúde e uma questão de saúde pública. Este fato relaciona-se diretamente aos hábitos de alimentação das pessoas. O assunto gera diversos comentários e discussões sobre o que é uma alimentação saudável. Para alguns autores os princípios de uma alimentação saudável é muito simples. O essencial é comer uma variedade de alimentos na proporção certa. A escolha de uma boa nutrição auxilia na prevenção de muitas enfermidades como doenças cardíacas e alguns tipos de câncer. (KAMEL; KAMEL, 2003, CARROLL; SMITH, 1995).
Através da relação atividade física e nutrição é possível estabelecer hábitos essenciais a mudanças na QV e aumentar a perspectiva de longevidade. “Um programa de atividade física combinado com um controle alimentar, sem exageros e radicalismo, é o caminho para um envelhecimento saudável e feliz”. (GUISELINI, 1996, p.23).
Mas para desejarmos uma maior longevidade, necessitamos primeiramente gostar da vida que levamos. Se não estamos felizes com ela para que vamos querer uma vida longa? Em busca de satisfação nos deparamos com os fatores que influenciam e antecedem a preocupação com a longevidade. São eles: o prazer, a alegria de viver, a satisfação pessoal e as amizades. São fatores importantes que merecem uma atenção especial. O nível de satisfação com a vida pode ser comparado com estes fatores através da auto-estima das pessoas. Pessoas que exercitam-se regularmente, praticam atividades de lazer e mantêm contatos sociais possuem uma auto-estima e um bem-estar psicológico positivo. (NAHAS, 2003). Os relacionamentos na vida das pessoas são muito importantes, eles trazem benefícios pessoais e sociais através da convivência, da socialização e da troca de experiência. O contato com o mundo externo é necessário, as relações interpessoais auxiliam na busca de novas amizades e de um relacionamento social ativo.
O relacionamento do indivíduo consigo mesmo, com as pessoas e a natureza a sua volta é responsável por um bem-estar espiritual essencial à QV. É necessário mantermos um equilíbrio e uma harmonia em nossos relacionamentos, indo em busca de atividades que nos tragam prazer e alegria, é recomendado que reservemos cinco minutos para darmos uma atenção a nós mesmos, seja para apreciar uma paisagem, escutar uma música ou simplesmente dar uma pequena relaxada. Devemos utilizar valores muitas vezes esquecidos pela rotina, e usá-lo a nosso favor como o otimismo, bom-humor, perdão, tolerância e aproveitá-lo para o nosso bem. (SANTOS; VENÂNCIO, 2006).
As mudanças de hábitos não acontecem do dia para a noite. É essencial que o indivíduo valorize sua vida e busque por novas alternativas para melhorá-la. Na procura de uma mudança de comportamento o indivíduo depara-se com muitos fatores que influenciam em suas atitudes. São os conhecidos fatores de risco que podem ser classificados como modificáveis: relacionados ao ambiente, estilo de vida, alimentação, atividade física habitual, peso corporal, consumo de álcool e tabaco, e também os não modificáveis como idade, sexo, história familiar. (XAVIER, 1997).
A necessidade de se afastar destes fatores de risco exige alterações no comportamento. Estas alterações são chamadas de comportamento preventivo. Comportamento preventivo é uma série de ações que dependem de hábitos de vida, cultura, meio ambiente. (SILVA, 2006). Analisando a realidade, apenas ocorre um pensamento pela modificação dos comportamentos, infelizmente, quando o organismo dá sinais de distúrbio. As pessoas se conscientizam da mudança quando obrigatoriamente exige-se isto delas. Segundo o autor Pender (1975 apud XAVIER, 1997), o comportamento preventivo exige tomada de posição e ação.
A informação é um ponto importante para a tomada de posição, o indivíduo bem informado conhece a importância da busca de um comportamento preventivo, não por sentir-se ameaçado pelas doenças, mas para prevenir estas enfermidades. A ação destas decisões, porém, exige um tempo maior de adaptação e relaciona-se diretamente ao tipo de cultura que se leva. É necessário que se realize não apenas uma abordagem individual, mas coletiva também.
A mudança de comportamento é um processo lento, que exige tanto informação, quanto uma formação de cultura. Assim, as campanhas contra hábitos de vida nocivos à saúde devem começar na família, serem reforçadas na escola e mantidas pela sociedade através dos meios de comunicação. (XAVIER, 1997, p.50).
A qualidade de vida está interligada ao estilo de vida, o qual determinamos e escolhemos. É essencial que o indivíduo coloque em prática o que entende sobre hábitos saudáveis, para que o conhecimento não fique apenas como informação, mas como um alicerce para a construção de um bem-estar. Que saiba tirar os aspectos positivos da vida diária e usar o tempo a seu favor, não deixar que a rotina os encaminhe para uma vida sedentária.
Com a adoção da prática de atividade física regular, de uma alimentação balanceada, do controle de estresse, de relacionamentos e comportamentos preventivos, fica provado que é possível conquistarmos uma melhor qualidade de vida. Porém, estes conceitos não devem ser apenas avistados, devem ser conquistados, e para isso é fundamental o interesse e vontade de adquirir uma saúde plena.
3.2. O adolescente
3.2.1 Conceito e características do adolescente
A palavra adolescente no latim significa crescer, o termo crescer dá o sentido de modificação, esta é a principal característica desta fase. A adolescência é a fase de transição entre a infância e a fase adulta, é quando se deixa de ser criança para entrar no mundo do adulto. Neste período ocorrem várias mudanças físicas, fisiológicas, psicológicas e sociais. Desde a antigüidade as características dos adolescentes já vêm sendo estudadas. Aristóteles afirmava algumas características que, mesmo em tempos modernos, ainda persistem como: a valorização dos aspectos da convivência grupal, a amizade, o companheirismo e a veemência com que reagem aos conflitos. (DE GÁSPARI; SCHWARTZ, 2001, RODRIGUES; GIOIA; EVANGELISTA, 1984).
É um período de ganho. O adolescente cresce e ao mesmo tempo amadurece, se desenvolve fisicamente e intelectualmente, aprende a contestar, protestar e argumentar, em vez de apenas aceitar. As mudanças físicas são claramente percebidas, nas meninas o primeiro sinal da puberdade aparece por volta dos 10 aos 12 anos, surge o botão mamário, estatura e o peso aumentam, aparecem os pêlos pubianos, dos 12 aos 14 anos a maioria das meninas já menstrua, entre os 15 e 16 anos o ritmo de crescimento desacelera e atinge o pico, nos 17 o volume de gordura ao redor do quadril e na parte superior da coxa aumenta e os ciclos menstruais já se regularizaram. Nos meninos as primeiras manifestações ocorrem por volta dos 10 a 12 anos com o aparecimento dos pêlos pubianos e aumento dos testículos, aos 14 anos eles ficam mais altos, pesam mais e a voz engrossa, por volta dos 17 anos os órgãos genitais ganham configuração adulta, atingem o pico de crescimento e a voz fica firme. (CARROLL; SMITH, 1995, RODRIGUES; GIOIA; EVANGELISTA, 1984).
Nesta fase as amizades têm um alto grau de importância, o grupo exerce extrema influência no relacionamento do adolescente com o mundo, caracterizando seu jeito de ver e pensar sobre ele. É através dos amigos que os jovens conversam, trocam informações, tiram dúvidas, encontram liberdade para falar de assuntos que não possuem espaço no ambiente familiar. Neste período a imitação é acentuada, os adolescentes passam a imitar seus amigos e revelam comportamentos estereotipados, o jovem une-se a grupos que possuem as mesmas características, se auto-afirmando de acordo com a visão que as pessoas possuem a seu respeito e mediante a dúvidas e incertezas define sua personalidade.
São anos difíceis caracterizados por constantes modificações internas e externas, com momentos de emoções contraditórias, ao mesmo tempo em que se sentem eufóricos e fortes, momentos depois se sentem infelizes e angustiados, o fator psicológico e social é bastante evidenciado neste período.
É importante que se compreenda que o processo de crescimento e desenvolvimento do adolescente nos diferentes aspectos físico, mental e social não segue uma mesma linha, sendo representado por ritmos altos e baixos de constantes mudanças.
3.2.2 Estilo de vida do adolescente
O adolescente possui uma visão positiva do mundo, possui sonhos, metas, objetivos e busca viver com intensidade os dias. Contudo esta visão positiva leva às atitudes negativas, como uso de drogas, fumo e alcoolismo, violência, entre outros. É o que tratamos de comportamentos de risco. Muitos jovens adotam este comportamento como um meio de viver intensamente a vida e superar seus limites.
A adolescência é caracterizada como uma fase de pico na saúde. Neste período eles sentem-se mais ativos e bem dispostos. “Embora a adolescência seja a fase de apogeu da saúde, muitos hábitos negativos e prejudiciais à saúde são estabelecidos nesta fase, podendo permanecer ao longo da vida”. (Figueira Junior et al 2000 apud De Bem, 2003).
A inatividade física é uma delas. Na nossa sociedade atual a maioria dos jovens desfruta de opções tecnológicas (computador, televisão, telefone, etc) onde acessam informação e entretenimento de forma rápida e fácil. O constante convívio acaba virando hábito. O que antes era feito ativamente agora contribui para um futuro sedentarismo. Estamos substituindo nosso lazer ativo (esportes, dança, caminhadas) por um lazer passivo, como televisão e jogos eletrônicos, diminuindo a necessidade de exercitarmos regularmente nosso organismo. (Nahas, 2003).
Outra realidade do adolescente é seu dia-a-dia. Muitos já vivem a rotina de um adulto, a maioria concilia o estudo com o trabalho dividindo as tarefas escolares com o emprego. Este fato agrava o problema da inatividade física dos adolescentes. Por manterem uma rotina semanal cheia, a maioria dos jovens que trabalha não dedica tempo para atividades físicas, representando possuir uma reduzida qualidade de vida.
Um outro fato grave e freqüente entre os adolescentes é quanto ao uso de drogas. Durante esta fase o adolescente se vê como um adulto, quer ter sua própria vida e ter controle sobre si, com isso se afasta da família e inclui-se em grupos onde tenta buscar sua própria identidade. Na maioria dos casos quando o grupo está envolvido no uso de drogas, pressiona seus integrantes a experimentá-la também. (MARQUES; CRUZ, 2000). Neste momento é primordial o diálogo. Pais e educadores têm função essencial neste papel, deve-se respeitar a individualidade do jovem e acompanhar sua vida dando limites, oferecendo informação e conscientizando-o dos desafios a superar. “A presença e o apoio constante dos pais, um círculo de amizades que favoreça comportamentos saudáveis e a ação positiva dos professores, representam elementos fundamentais para decisões inteligentes quanto ao uso ou não de drogas”. (NAHAS, 2003, p.218).
Neste período os adolescentes possuem a sensação de que nada vai acontecer com eles. Esta sensação torna-os propícios às situações de risco que estão presentes na maioria dos lugares freqüentados como: bares, festas, trânsitos e até mesmo na escola. É neste momento que o jovem utiliza os subsídios adquiridos sobre saúde para decidir o caminho correto a seguir.
3.3. A Educação Física e sua contribuição para a qualidade de vida
A Educação Física é uma disciplina que, ao longo da história passou por várias tendências. Se folhearmos as páginas da história da educação física se conhecerá um pouco do caminho percorrido e dos papéis assumidos especificamente em cada período. Perceberemos que ela estava sempre atrelada aos interesses dos governantes daquela época, até o momento em que chegou às mãos de pensadores e estudiosos do assunto.
A educação física (EF) passou pelas tendências higienista, militarista, pedagogicista, competitivista e psicomotricista. Estamos vivendo um momento em que a EF se caracteriza bastante com a tendência higienista que surgiu juntamente com a industrialização. Naquele período houve uma grande migração da população rural para as cidades em busca de empregos e melhores condições de vida, contudo as cidades não possuíam estrutura necessária para manter toda aquela demanda de pessoas e começaram a surgir os problemas como falta de saneamento básico e a população ficou entregue às doenças. Para tentar amenizar o quadro o governo brasileiro cria um projeto de saúde individual, visando uma sociedade saudável física e moralmente. Buscavam com este projeto educar o povo para a saúde. A educação física teria papel fundamental na formação de homens e mulheres sadios e fortes, servindo como agente de saneamento público responsabilizando-se pela saúde individual das pessoas. (Ghiraldelli JÚNIOR, 1988).
O governo brasileiro simplesmente queria resolver toda situação precária da saúde brasileira com apenas o incentivo da mudança de hábitos, porém não se preocupou em fornecer o suporte para esta mudança, o povo necessitava primeiramente de assistência e condições adequadas de vida.
A semelhança que a educação física atual possui com este período da história é a preocupação com a mudança de hábitos dos indivíduos visando a saúde, porém, diferenciando-se nas condições de vida das pessoas atualmente. O padrão de vida da população em geral mudou, as famílias estão cada vez menores, o nível de conforto nos lares aumentou, conseqüentemente observamos as mudanças que ocorreram na vida das pessoas.
Hoje, com a chegada da era tecnológica, estamos vivendo um período que nos condiciona a um estilo de vida cada vez menos ativo. Em resposta a este comportamento surgem agravos que em tempos passados não existiam como o estresse e as doenças cardiovasculares, decorrentes da falta de exercício físico e do sedentarismo. (GUEDES, 1995 apud GONÇALVES; VILARTA, 2004).
Pesquisas informam que aproximadamente 60% dos adultos em países desenvolvidos e no Brasil não praticam atividades físicas regulares que possam promover a saúde. Para fundamentar este fato é constatado que a atividade física habitual tende a diminuir com a idade, durante a adolescência e ao longo da vida. A maior parte da experiência adquirida sobre atividade física é na escola. Com o passar dos anos muitos adolescentes e jovens adultos não possuem a possibilidade de freqüentar as aulas de educação física nos estabelecimentos escolares e quando o conseguem, nos programas tradicionais não possuem o tempo necessário e desejado para serem ativos, retendo pouca informação de como orientar-se para uma vida mais ativa e saudável. Quando existe um programa de educação física bem estruturado e direcionado, com os objetivos para cada idade, ele torna-se um grande aliado na escolha atual e futura de um estilo de vida mais ativo. (NAHAS, 2003).
“Os currículos da Educação Física devem enfatizar o desenvolvimento de atividades motoras e a promoção de atividades físicas relacionadas à saúde”. (GONÇALVES; VILARTA, 2004, p.209). O ambiente proporcionado pelas aulas de EF é caracterizado por momentos de prazer e descontração para os alunos. Porém é necessário enfatizar o verdadeiro papel desta disciplina na escola, que não é meramente atividades recreativas ou esportivas, e fazer os alunos compreenderem a complexidade e a importância dela.
Para isto é necessário uma organização do currículo da EF, os objetivos traçados devem seguir uma seqüência e serem progressivos, observando as características, necessidades e interesses em cada fase escolar dos alunos. O ensino da EF é bastante complexo, é composto por vários objetivos conquistados a longo e curto prazo, quando seguidos de um trabalho consecutivo, contudo estes objetivos acabam sendo muito dispersos em cada série e não se consegue dar continuidade a eles, por dois motivos: ou, é dado pouco tempo a este objetivo, não conseguindo os resultados pretendidos, ou é dedicado muito tempo a apenas um assunto, esperando todos os benefícios dele. Os conteúdos devem seguir uma seqüência lógica para que os alunos sintam o retorno do que é transmitido, para que possam manter-se entusiasmados e interessados pelas aulas. (NAHAS, 2003).
O primeiro objetivo da EF na escola é promover o desenvolvimento motor dos alunos através da recreação, gerando um ambiente agradável e promovendo a auto-estima da criança. A aprendizagem sobre a aptidão física deve vir seguidamente, ela deve ser relacionada à saúde desenvolvendo um conhecimento mais amplo, que possa influenciar, a partir de experiências teórico-práticas, a mudança de comportamento nos jovens alunos. Segundo Nahas (2003, p.160), “no ensino fundamental, a ênfase é o desenvolvimento motor e a iniciação esportiva, no ensino médio, a ênfase deve ser dada aos conceitos e experiências sobre atividade física, aptidão física e saúde.”
A EF na escola deve visar a formação de um indivíduo saudável para a sociedade. Para isto deve provocar mudanças nos métodos de ministrar as aulas, mesmo que rejeitadas no início. Por ser considerada uma disciplina prática, ocorre muitos protestos por parte dos alunos quando o professor decide implantar um assunto teórico na aula. É importante que o professor saiba selecionar e aplicar este assunto. Deve-se ir em busca de recursos que despertem a curiosidade e o interesse do aluno pelo assunto, unindo prática com teoria.
A prova disto é uma organização semestral que tem funcionado para a primeira série do ensino médio, adaptado a três aulas de EF. A primeira aula seria destinada a uma introdução teórica do programa, através de palestra, slides, aula expositiva. A segunda aula seria a discussão do assunto e atividades de aplicação. E a última aula seria a parte prática do assunto, onde conseguiriam provar na prática o que foi aprendido na teoria. (NAHAS, 2003).
Deve-se buscar outros meios de despertar a importância e a curiosidade dos alunos para os assuntos relacionados à aptidão física. A partir de conceitos compreendidos e formados, os alunos terão uma visão mais clara da busca por melhores condições de saúde e bem-estar para sua vida, além de favorecer e enriquecer o currículo da EF e mudar uma realidade encontrada em muitas aulas: a ênfase ao esporte formal. O esporte muitas vezes é visto como o viés do trabalho da EF na escola e na maioria das vezes é trabalhado de maneira competitiva, onde se enaltece os vitoriosos e se excluem os derrotados. Esse tipo de situação agrava um problema que vem crescendo bastante nas aulas: a evasão dos alunos. Quando se sentem reprimidos os alunos menos habilidosos criam um sentimento de insatisfação e perdem toda motivação e interesse pela aula, abandonando uma das formas mais acessíveis de se praticar atividades físicas regulares: as aulas de EF.
Este caso deve ser evitado, já que se torna fato freqüente muitos jovens solicitarem dispensa das aulas, por atestados ou outro documento que justifique a sua ausência. A própria legislação que rege a educação abre caminho para este fato, a Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 comenta no art. 26 § 3º (MEC- Brasil, 1996) que “A Educação Física integrada a proposta pedagógica da escola é componente curricular da educação básica, ajustando-se as faixas etárias e as condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”. Podendo ser optativo nos cursos noturnos perde-se uma das grandes chances dos alunos poderem se exercitar e diminuir o quadro de inatividade que a maioria dos jovens que estudam nas escolas públicas noturnas possui.
O principal é fazer do trabalho da EF um momento de experiência produtiva, de saber o porquê do que está aprendendo e para que servirá. A EF serve como o ambiente ideal para reunir informações que contribuem para o acesso de comportamentos saudáveis. A partir do momento que os alunos internalizam a importância de hábitos saudáveis para sua vida, a EF terá executado um grande papel que é promover a obtenção de atividade física habitual mesmo após encerrarem os anos escolares, formando atitudes que devam ser mantidas até um envelhecimento saudável, conquistando um importante objetivo que é fazer o adolescente construir sua vida buscando uma qualidade de vida que atenda as suas necessidades.
4. Metodologia
4.1. Tipo de pesquisa
O tipo de pesquisa só pode ser classificado após o estabelecimento de um critério (HEERDT; LEONEL, 2004). A classificação adotada nesta pesquisa leva em consideração três critérios: o do nível, o dos procedimentos e o da abordagem.
4.1.1. Classificação quanto ao nível da pesquisa
Quanto ao nível adotado, esta pesquisa se classifica como descritiva. A pesquisa descritiva possui como objetivo primordial a descrição das características de uma determinada população, se estendendo aos levantamentos de opiniões, atitudes e crenças, servindo para proporcionar uma nova visão do problema. (GIL, 2002). Verificou-se a necessidade de ir em busca de um estudo que revelasse a realidade sobre a visão dos adolescentes sobre qualidade de vida no ambiente escolar, a partir deste tipo de estudo é possível analisar quais características compõem o grupo e identificar suas opiniões.
4.1.2 Classificação quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados
Para a coleta de dados foi utilizada a pesquisa de campo, que se caracteriza pelo estudo de um único grupo cujo comportamento se deseja conhecer. (GIL, 2002). Através da escolha de um único grupo, esta pesquisa entrevistou, por meio de um questionário, os estudantes de uma escola pública para obter informações sobre o seu estilo de vida e as perspectivas de qualidade de vida (QV).
4.1.3 Classificação quanto à abordagem da pesquisa
A pesquisa se classifica como quantitativa, pois os dados coletados com a entrevista dos alunos foram analisados estatisticamente. A pesquisa quantitativa é especialmente projetada para descobrir quantas pessoas de uma determinada população compartilham uma característica ou um grupo de características, gerando medidas precisas e confiáveis. (SAIBA..., 2006).
4.2. Amostra
A amostra foi compreendida por 33 alunos da 3ª série 03 do Ensino Médio da Escola de Educação Básica Marechal Luz, localizada no município de Jaguaruna, SC. Os alunos foram selecionados por freqüentarem o período noturno e tinham a idade entre 16 a 18 anos.
4.3. Instrumentos utilizados para a coleta de dados
A coleta de dados foi desenvolvida através de um questionário a ser aplicado com os estudantes. O questionário era composto por 20 questões, referentes ao estilo de vida individual e as perspectivas de qualidade de vida dos mesmos, os componentes analisados foram: nutrição, atividade física, comportamento preventivo, controle do estresse, além do conceito de QV, influência da educação física na QV e o futuro estilo de vida na visão dos estudantes. Das 20 questões incluídas no questionário 15 pertencia ao Pentáculo do Bem Estar elaborado por Nahas, Barrros, Francaccali (2001) que visa analisar o estilo de vida individual de indivíduos ou grupo. De acordo com os autores, os valores inferiores a 2 nas respostas são considerados como aspectos negativos do estilo de vida, e os valores iguais ou superiores a 2, são considerados aspectos positivos do estilo de vida. Foi utilizado o mesmo procedimento para classificar os aspectos referentes ao estilo de vida dos alunos.
4.4. Procedimentos utilizados na coleta de dados
O primeiro passo para a realização da pesquisa foi o envio de uma carta de apresentação ao diretor da escola conforme apêndice A, informando o objetivo da pesquisa e solicitando autorização para aplicar um questionário com os estudantes da 3ª série do Ensino Médio.
Após foi realizado o primeiro contato com os pesquisados para a entrega do termo de consentimento, conforme apêndice B. Neste termo havia a descrição do objetivo da pesquisa, com informações sobre o questionário que seria aplicado, esclarecimentos sobre a pesquisa e autorização para a divulgação da mesma.
No dia da pesquisa foram recolhidos os termos de consentimento respectivamente assinados, o questionário foi aplicado pela acadêmica com o auxílio do professor regente. A entrevista foi realizada na própria sala de aula.
5. Resultados e discussões
Os resultados e discussões se referem às informações coletadas, através do questionário aplicado com os alunos da 3ª série 03 da Escola de Educação Básica Marechal Luz, do município de Jaguaruna, SC.
Os resultados apresentados nos gráficos 1 e 2 são referentes à distribuição da amostra em relação a gênero e idade. A amostra de acordo com gênero demonstrou maior predominância do sexo feminino e o grupo etário maior foi o da faixa etária de 17 anos.
Gráfico 1. Valores de porcentagem (%) segundo a distribuição por gênero dos estudantes da 3ª série
do Ensino Médio da Escola de Educação Básica Marechal Luz de Jaguaruna, SC, outubro de 2007.
Fonte: Mayra Medeiros Porto acadêmica da 6ª fase do Curso de Educação Física – Licenciatura, da Unisul de Tubarão, SC – 2007-B
Com esta figura podemos constatar que a maioria dos pesquisados são do sexo feminino representando 64 % da pesquisa contra 36% do sexo masculino. A diferença é considerável, revelando a presença feminina nos cursos noturnos. Um dos motivos pode ser o aumento do número de estudantes presentes no mercado de trabalho, que procuram o período noturno para continuar os estudos e conciliá-lo com o trabalho.
Gráfico 2. Valores em porcentagem (%) da idade dos estudantes da 3ª série do Ensino Médio da Escola de Educação Básica Marechal Luz de Jaguaruna, SC, outubro de 2007.
Fonte: Mayra Medeiros Porto acadêmica da 6ª fase do Curso de Educação Física – Licenciatura, da Unisul de Tubarão, SC – 2007-B
Os resultados apresentados na figura 2 demonstram as faixas etárias dos estudantes incluídos na pesquisa. Observa-se que a maioria é composta por alunos menores de 18 anos. No total 72% dos estudantes tinham a idade de 17 anos, outros 21% possuíam 18 anos e apenas 7% apresentaram a idade de 16 anos. Com este dado podemos constatar que nesta turma, não existe distorção série-idade, os alunos estão matriculados na série correspondente a sua idade.
5.1. Resultados obtidos quanto ao perfil do estilo de vida do grupo
O Pentáculo do Bem-Estar tem por objetivo analisar as características do estilo de vida individual ou de grupos, de acordo com a análise dos dados correspondentes aos componentes de nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamentos e controle de estresse. Para verificar se as características do estilo de vida estão positivas ou negativas, basta completar a estrela de acordo com as respostas obtidas pelo preenchimento do questionário. O ideal é que o Pentáculo esteja preenchido completamente, ou seja, quanto mais colorido melhor. Sendo, que segundo os autores, o estilo de vida numerado de 0 a 1 é considerado negativo e de 2 a 3 positivo.
Abaixo está a figura representando o estilo de vida geral dos pesquisados, nota-se que o pentáculo não está totalmente preenchido, demonstrando possuir maiores características negativas do que positivas quanto aos componentes abordados.
Figura 1. Pentáculo do Bem-estar Geral.
Fonte: Mayra Medeiros Porto acadêmica da 6ª fase do Curso de Educação Física – Licenciatura, da Unisul de Tubarão, SC – 2007-B.
5.1.1. Componente Nutrição
A adolescência é a segunda maior taxa de crescimento durante a vida, exigindo valores nutricionais altos. Durante a adolescência é fundamental uma alimentação balanceada, para suprir as necessidades de nutrientes do corpo durante o desenvolvimento, além de ser importante, neste período, adotar bons hábitos alimentares para mantê-lo no decorrer da vida. (NECESSIDADES..., 2007).
Infelizmente esta afirmação não foi constatada na pesquisa, pois em relação ao aspecto nutrição as características do grupo foram negativas. Os pesquisados demonstraram índices positivos somente na questão referente à quantidade de refeições feitas durante o dia, onde relatam consumir de 4 a 5 refeições variadas, incluindo o café da manhã.. Já a preferência por frutas e hortaliças foi bem pequena, indicando maus hábitos em relação a estes alimentos que não são incluídos em sua alimentação diária. Os alimentos gordurosos foram apontados como um dos principais cardápios dos jovens. Os alunos relatam um consumo constante destes alimentos e não possuem a preocupação de evitá-los.
Nesta fase da vida surgem hábitos alimentares explicados por fatores psicológicos e sociais. São as influências dos amigos, incentivo da mídia pela busca de lanches rápidos, maior poder aquisitivo dos jovens que já não dependem do dinheiro dos pais para se alimentar fora de casa, durante o dia, seja no trabalho ou na escola. (Alimentação..., 2007).
5.1.2. Componente Atividade Física
A atividade física faz parte da vida do jovem. É uma fase da vida importante para incorporar hábitos saudáveis e melhorar os níveis de atividade física para incorporá-los à vida adulta. (CESCHINI, 2007).
Percebeu-se que esta afirmação não pode ser constatada entre os alunos pesquisados. Obteve-se um dado negativo em relação ao componente atividade física. Os alunos apresentaram baixos índices, demonstrando uma inatividade física. Entre as questões com os piores resultados está a prática de atividade física, constatou-se que 78% dos jovens não incluem esta prática em seus hábitos de vida. Um dado semelhante a este foi também em relação aos exercícios envolvendo força e fortalecimento muscular, os quais os alunos afirmam não praticar.
Entre as questões em que houve maiores respostas quanto aos aspectos positivos foi em relação às atividades físicas diárias. Porém, a média geral não atingiu índices positivos, constatando-se um aspecto negativo em relação a este item. Observou-se que no cotidiano dos jovens as atividades da vida diária são reduzidas, pois em suas respostas eles afirmam fazer pouco uso da caminhada ou de outros meios de transporte como a bicicleta para se locomover até a escola ou ao trabalho.
5.1.3. Componente Comportamento Preventivo
Comportamento preventivo são ações individuais ou coletivas, executadas voluntariamente em relação a uma doença com objetivo de minimizar o potencial de ameaça percebido por ela. (PENDER, 1975 apud COELHO; SANTOS, 2006).
Observou-se que no componente comportamento preventivo os jovens apresentaram novamente aspectos negativos. Percebeu-se que a maioria não possui conhecimento sobre dados de pressão arterial e níveis de colesterol, o que os impossibilita de evitá-los no dia-a-dia através da alimentação ou de atividades realizadas diariamente.
Quanto ao uso de álcool e fumo, os valores demonstram que essas variáveis fazem parte do estilo de vida dos jovens que somente os evitam ocasionalmente, revelando o fato preocupante de futuramente adquirirem doenças crônicas influenciadas por estes comportamentos.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o trânsito vem sendo uma das principais causas que levam à morte milhares de jovens no mundo todo entre os 10 e 24 anos. (EMBRIAGUEZ..., 2007). Os alunos revelam dados negativos em relação a sua conduta no trânsito. A maioria afirma não respeitar as normas relatando possuir uma constante falta de cuidado quando estão presentes no trânsito. É essencial a conscientização destes jovens em relação a este assunto, para que não sejam vítimas deste cenário violento.
5.1.4. Componente Relacionamento
Os “[...] relacionamentos sociais referem-se às relações interpessoais estabelecidas no contexto da família, do trabalho, do círculo de amizades e da comunidade [...]” (SILVA, 2006, p.193). É neste período que os relacionamentos se tornam mais evidentes, as crises na adolescência fazem com que o jovem se afaste das relações com a família e procure grupos em que possa dividir os mesmos valores, as mesmas opiniões e comportamentos. Na adolescência os relacionamentos se ampliam e as amizades se tornam o centro de apoio do jovem com o mundo.
Com relação aos relacionamentos sociais, as características do grupo são positivas. Detectou-se que os jovens dão grande valor às amizades, cultivando as que possuem e buscando sempre novas, refletindo uma procura no lazer por encontros e contatos com os amigos, revelando uma grande afinidade entres as suas as amizades.
Quanto às amizades um dos principais motivos que provavelmente levaram os alunos a responder que as cultivam, é pelo fato de ser durante os anos escolares que elas se formam e permanecem. A escola é um ponto de encontro para os jovens, onde podem dividir experiências e informações todos os dias.
É interessante obtermos dados positivos em relação ao lazer dos jovens com os amigos, pois isso demonstra que os mesmos procuram-se para juntos compartilharem atividades que lhe proporcionam prazer, trazendo benefícios quanto aos relacionamentos e incentivando a uma vida ativa tanto esportiva quanto cultural.
No item que abordava sobre o interesse pelos assuntos relacionados à comunidade, houve uma maior parcela de respostas referente aos aspectos negativos, demonstrando pouco interesse dos jovens em participar ativamente da vida comunitária.
5.1.5. Componente Controle do Estresse
Os adolescentes são particularmente vulneráveis ao estresse. É um período de emoções intensas, onde a pressão por exames escolares, a intimidação por parte dos colegas e a necessidade de auto-afirmação são fatores que contribuem para o desencadear do estresse. (PIRES et al, 2004).
Em relação ao controle do estresse os resultados obtidos não chegaram aos níveis ideais, mostrando uma realidade preocupante. Identificou-se que os alunos não dedicam um tempo adequado para momentos de relaxamento durante seu dia, interferindo no seu estado de humor, pois grande parte dos jovens respondeu que não consegue terminar uma discussão sem alterar-se, o que conseqüentemente interfere no equilíbrio de tempo destinado ao trabalho e lazer.
Estes resultados trazem fatores negativos. Viver um cotidiano em que os índices de estresse são maiores que a capacidade de controlá-los, carrega consigo malefícios que vivem presentes nas atividades diárias, acarretando numa perda de produtividade, de expectativa e de relacionamentos (Nahas, 2003 apud COELHO, SANTOS, 2006), transformando o dia-a-dia num ambiente desarmonioso e propício a incidências desagradáveis. Principalmente na adolescência onde as dúvidas e incertezas quanto a si próprio são enormes, estes fatores são portas de entrada para distúrbios muito comuns nesta idade como a depressão.
5.2. Resultados obtidos quanto ao perfil do estilo de vida individual quanto ao gênero
Os dois Pentáculos do bem-estar abaixo representam o estilo de vida geral do sexo masculino e feminino respectivamente. Podemos analisar que a segunda figura correspondente ao Pentáculo do sexo feminino está mais preenchida do que o pentáculo do sexo masculino, deduzindo possuir mais fatores positivos em relação ao estilo de vida. A partir destas duas figuras serão comparadas as características dos perfis de estilo de vida entre os dois sexos, analisando a diferença a partir de cada um dos componentes.
5.2.1. Componente Nutrição
Analisando o Pentáculo do bem-estar de cada um dos gêneros pode-se perceber que existe uma grande diferença no preenchimento do componente nutrição. A primeira figura, pertencente ao sexo masculino, revelou possuir um aspecto negativo. Os meninos possuem maior prevalência de hábitos inadequados de alimentação do que as meninas. Já na figura feminina pode-se constatar uma nutrição de aspecto positivo, onde há um maior preenchimento em relação ao componente. Apesar da diferença, percebemos que os valores são muito baixos, a maioria dos jovens não se alimenta corretamente, o que pode acarretar problemas na saúde em longo prazo, como o surgimento de doenças crônicas (obesidade, hipertensão, diabete).
Gráfico 3. Resultados obtidos em relação ao componente nutrição de acordo com o gênero.
Fonte: Mayra Medeiros Porto acadêmica da 6ª fase do Curso de Educação Física – Licenciatura, da Unisul de Tubarão, SC – 2007-B.
De acordo com este gráfico verificamos que existem diferenças significativas nos hábitos alimentares de meninas e meninos. Os dados revelam que o maior índice de alimentação inadequada é do sexo masculino, onde 90% do comportamento em relação à nutrição são negativos. Os meninos apresentaram possuir uma maior prevalência de alimentação inadequada onde os piores dados foram em relação ao consumo de alimentos como frutas e hortaliças, indicando um gosto restrito por este tipo de alimentação. Nas respostas referentes ao consumo de alimentos gordurosos e doces, mais da metade das opiniões relata que os jovens não fazem questão de evitar este tipo de alimento, o que justifica a falta de preferência por alimentos saudáveis como as verduras. A única questão em que a maioria optou por dados positivos foi sobre a quantidade de refeições realizadas durante o dia. Os alunos demonstraram realizar refeições variadas, incluindo o café da manhã, a qual é a principal do dia, responsável por fornecer a energia necessária para a execução das tarefas diárias, Após o período de jejum o organismo esgota a principal fonte de energia: a glicose, com isso necessita de mais nutrientes para suprir as funções básicas do corpo, por isso a refeição pela manhã é tão importante. (Silva, 2007).
Já os dados femininos indicam que 72% das meninas possuem um comportamento negativo em relação à nutrição. Os motivos referentes a estes dados são idênticos aos masculinos. As meninas relatam não adotar o uso de alimentos como frutas e hortaliças em sua alimentação, não evitam o consumo de alimentos gordurosos e doces constando, apresentando preferência por alimentos industrializados. Na quantidade de refeições realizadas durante o dia, o resultado foi positivo. A maioria afirma realizar de 4 a 5 refeições variadas durante o dia, juntamente com o café da manhã. De acordo com autores, a alimentação deve ser distribuída em pelo menos cinco refeições diárias para que haja uma variedade alimentar, com isso ocorre uma maior quantidade de nutrientes distribuídos entre as refeições, auxiliando numa melhor absorção pelo organismo. (SILVA, 2007).
Os dados do aspecto positivo indicam 10% nas respostas dos meninos. Um fato preocupante, já que dados epidemiológicos revelam que, por questões fisiológicas, os homens estão mais predispostos a adquirir doenças crônico-degenerativas, devendo cultivar um estilo de vida saudável, começando pela nutrição. (COELHO; SANTOS, 2006).
Em relação às meninas, 28% das entrevistadas obteve um comportamento alimentar positivo, que ainda é considerado baixo, mas que superou as expectativas em relação aos meninos.
5.2.2 Componente Atividade Física
Os dados revelados quanto ao componente atividade física indicam um alto índice de comportamento negativo em ambos os sexos. Analisando a figura percebemos que há uma pequena diferença no seu preenchimento, identificando-se uma grande taxa de inatividade física entre os adolescentes, classificando o componente como negativo nos dois sexos. Nesse período da vida a atividade física é importante tanto para o incentivo de hábitos para uma vida adulta quanto para benefícios fisiológicos e psicológicos. A atividade física traz inúmeros benefícios à saúde, como a prevenção do diabetes, hipertensão, colesterol alto, melhora do humor, redução do estresse e da ansiedade (LIMA, 2007) e também influencia no desempenho escolar, principalmente para os estudantes desta pesquisa que estão em fase de conclusão do ensino médio, onde a pressão e as expectativas sobre si mesmos são grandes.
Gráfico 4. Resultados obtidos em relação ao componente atividade física de acordo com o gênero.
Fonte: Mayra Medeiros Porto acadêmica da 6ª fase do Curso de Educação Física – Licenciatura, da Unisul de Tubarão, SC – 2007-B.
O gráfico 4 mostra a pequena diferença entre as opiniões obtidas pelos jovens de ambos os sexos sobre seus hábitos de atividade física. A diferença é quase insignificante, demonstrando quase que uma igualdade nos dados. Entre o sexo feminino a adesão de comportamentos positivos foi de apenas 22% e no sexo masculino de 20%. Os maiores índices foram em relação ao aspecto negativo, onde os meninos correspondem a 80% e as meninas 78%. Estes dados indicam que os adolescentes desta pesquisa se enquadram numa característica sedentária. O principal motivo aparente é que subentende-se que o estudante noturno trabalha durante o dia, com uma jornada de trabalho semelhante a de um adulto. É provável que os jovens tenham menos tempo para o descanso diário, alterando a possibilidade de se dedicar a algum tipo de atividade física. Porém, sabe-se que atividade física é qualquer tipo de atividade acima dos níveis de repouso, ou seja, a caminhada, os afazeres domésticos também são atividades físicas. Em relação à questão que aborda sobre o tipo de transporte utilizado pelos jovens para ir ao trabalho ou à escola, os resultados femininos foram mais satisfatórios do que os masculinos. As meninas relataram que utilizam da caminhada ou da bicicleta para chegar ao ambiente de trabalho ou à escola, já os meninos revelam não utilizar freqüentemente este meio.
Estes dados são preocupantes, pois se na fase da adolescência os estudantes apresentam estas características, a probabilidade deste fato se agravar com o decorrer dos anos é ainda maior.
5.2.3 Componente Comportamento Preventivo
Novamente se constatou aspecto negativo geral através do pentáculo em relação a este componente. Percebeu-se que os jovens possuem uma conscientização baixa sobre conhecimentos envolvendo aspectos de sua saúde como os dados sobre pressão arterial e colesterol, onde ambos os sexos possuem conhecimento restrito. Em relação às drogas os resultados foram quase idênticos. Os índices indicaram que faz parte do comportamento dos jovens evitar o fumo ou a ingestão de álcool em algumas vezes, revelando um dado negativo bastante preocupante, já que são fatores que afetam a saúde e que estão interligados a outros comportamentos preventivos como a direção preventiva. Sabe-se que o principal motivo de acidentes no trânsito é causado pelo excesso de álcool. Estes dados influenciaram nos resultados obtidos pelo tema trânsito, os jovens revelaram pouca conscientização em relação ao respeito às normas de trânsito e aos equipamentos de segurança.
Gráfico 5. Resultados obtidos em relação ao componente comportamento preventivo de acordo com o gênero.
Fonte: Mayra Medeiros Porto acadêmica da 6ª fase do Curso de Educação Física – Licenciatura, da Unisul de Tubarão, SC – 2007-B.
Podemos perceber que a diferença entre os resultados é bem pequena, demonstrando uma maior porcentagem dos aspectos negativos entre os sexos. As meninas apontaram 27% de características positivas quanto ao seu comportamento, havendo uma maior prevalência do resultado no aspecto negativo sendo de 73%. Entre as respostas que apontaram características positivas, a única que se destacou foi em relação ao trânsito. A maioria revelou uma maior conscientização de adquirir uma postura correta e adequada no trânsito, sabendo da necessidade e importância de se usar os equipamentos de segurança e nunca combinar direção com álcool. Porém, os outros resultados demonstraram que as jovens não conhecem dados sobre sua saúde. Retendo pouca informação sobre o colesterol e a pressão arterial, fica difícil haver um controle sobre elas, aumentando o risco de adquirir doenças decorrentes destes fatores.
Em 80% das respostas os meninos indicam possuir um comportamento negativo em relação aos comportamentos de risco. Os jovens afirmam que o consumo de fumo e álcool estão presentes no seu estilo de vida, onde a maioria das respostas conclui que o hábito de não fumar e ingerir álcool ocorre em apenas alguns momentos de seu comportamento. Semelhante às características femininas, eles afirmam também não possuir conhecimentos sobre dados da sua saúde, como os níveis de colesterol e pressão arterial. As conseqüências serão as mesmas citadas do grupo anterior, ou seja, um desconhecimento sobre as formas de preveni-lo. No que se refere à afirmativa sobre o trânsito, as características são as mesmas, os meninos representam ser menos responsáveis diante das normas existentes do que as meninas, uma menor parcela indicou dados positivos. Contraditoriamente, os restantes descreveram uma total desconsideração sobre os assuntos relacionados ao trânsito, 60 % afirma não respeitar as normas.
5.2.4. Componente Relacionamento
Observando as figuras no componente relacionamento percebemos que é a parte em que o pentáculo está mais preenchido. Os resultados obtidos pelos dois sexos demonstram que os relacionamentos fazem parte do estilo de vida dos jovens de forma positiva. É natural nesta fase da vida os adolescentes estarem sempre em contato com outras pessoas de preferência da mesma faixa etária, onde dividem as mesmas atitudes e encontram liberdade para se expressar. Em geral os amigos começam a substituir a presença da família na vida do jovem que cada vez mais sente a necessidade e o prazer de cultivar novas amizades.
Gráfico 6. Resultados obtidos de acordo com o componente relacionamento em relação ao gênero.
Fonte: Mayra Medeiros Porto acadêmica da 6ª fase do Curso de Educação Física – Licenciatura, da Unisul de Tubarão, SC – 2007-B.
Com os resultados coletados, podemos observar no gráfico que há uma maior prevalência no aspecto positivo em ambos os sexos, destacando uma porcentagem um pouco maior para o sexo feminino, onde 78 % registram bons relacionamentos em sua vida. Os dados resultantes num maior índice positivo é em relação às amizades. Analisando as respostas femininas, 95% das opiniões registram ótimos dados sobre esta questão, elas demonstram estar satisfeitas com o círculo de amizade atual e buscam ampliá-lo. Estes índices influenciam de modo positivo na procura do lazer com os amigos, segundo as respostas, as meninas procuram a companhia dos amigos para juntos usufruírem de momentos de lazer, incluindo também a participação em atividades esportivas em grupo e de entidades sociais. Porém, constatou-se que estes dados positivos não foram destinados à participação em associações ou entidades sociais. Verificou-se que as jovens não participam efetivamente destas instituições, pois no tema referente ao comportamento ativo na comunidade os resultados gerais femininos foram negativos.
Em relação ao sexo masculino, os aspectos positivos também predominam em seus relacionamentos com 70% dos dados positivos. Na questão referente ao círculo de amizades, em 90% das respostas, os meninos afirmam estar satisfeitos com eles e há desejo de ampliá-los. Quanto à busca pelo lazer, os dados masculinos afirmam um maior índice positivo, demonstrando que procuram mais a companhia dos amigos do que as meninas para compartilharem seus momentos de lazer, revelando uma maior afinidade entre as suas amizades. Entre os dados negativos está o relacionado aos assuntos da comunidade, 70% dos jovens afirma nesta questão não se envolver na vida comunitária, mostrando um desinteresse aos fatos que ocorrem neste ambiente.
5.2.5. Componente Controle do Estresse
Neste componente encontramos uma contradição entre os resultados coletados. Como já foi visto no Pentáculo referente ao grupo, os aspectos são considerados negativos em relação ao controle do estresse, mas analisando cada Pentáculo individualmente foi constatado que ambos os sexos obtiveram características positivas em relação ao estresse em sua vida. Para justificar este fato analisou-se nas respostas individuais que muitos jovens afirmam não possuir comportamento de controle de estresse, enquanto outros relatam possuir este comportamento quase sempre ou sempre no seu dia-a-dia, influenciando a média de dados em relação ao aspecto negativo.
Os resultados do sexo masculino se sobressaíram, observamos um maior preenchimento em relação ao componente masculino. Contudo, ao compararmos os pentáculos, temos uma breve noção de haver um maior preenchimento no Pentáculo feminino, porém a soma dos dados masculinos apresenta maiores aspectos positivos.
Gráfico 7. Resultados obtidos em relação ao componente estresse de acordo com o gênero.
Fonte: Mayra Medeiros Porto acadêmica da 6ª fase do Curso de Educação Física – Licenciatura, da Unisul de Tubarão, SC – 2007-B.
Este foi o único resultado em que o sexo masculino superou os dados do sexo feminino em todos os componentes analisados. De acordo com o gráfico, percebemos que os meninos alcançaram uma margem de 40% em relação aos aspectos positivos. As questões que obtiveram maior índice positivo foram em relação ao relaxamento. Caracterizou nas respostas um alto índice de comportamento em relação ao relaxar, 90% dos meninos dizem reservar um tempo para alguns minutos de relaxamento. Outra grande parcela dos jovens afirma manter a calma e tranqüilidade quando estão em numa discussão, procurando não se alterar mesmo quando estão sendo contrariados. A única questão em que o aspecto negativo predominou nas características masculinas foi quanto ao equilíbrio mantido entre trabalho e lazer. Os meninos relatam não conseguir conciliar o trabalho com o lazer.
Nas características femininas predominaram os aspectos positivos em 34% das respostas. Como se constatou em outros dados como nos masculinos, as meninas também afirmam dedicar alguns minutos do seu dia para um pequeno momento de tranqüilidade e repouso. Os mesmos índices foram revelados na questão sobre o equilíbrio do tempo em relação ao trabalho e lazer. Uma maior parcela das meninas assume manter o equilíbrio entre estes fatores possuindo uma maior capacidade de conciliá-los. Contraditoriamente aos dados masculinos no item relacionado sobre as discussões, as meninas apontam ser mais alteradas quando estão presentes numa discussão, revelando um índice de 78% de respostas com aspectos negativos quanto a sua calma em uma discussão quando estão sendo contrariadas. Segundo autores, as mulheres estão mais propensas aos malefícios do estresse. Estudos revelam que para cada 4 mulheres com problemas de saúde relacionados ao estresse existe um homem com problemas similares. (Deitos, 1997; Goldberg & Elliot, 2001 apud COELHO; SANTOS, 2006).
5.3. Conceito sobre qualidade de vida
O termo qualidade de vida foi bastante abordado neste trabalho. Vimos que está interligado ao estilo de vida que se obtêm e aos componentes que o envolvem. A qualidade de vida está relacionada à saúde e representa a satisfação geral de uma pessoa em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (WHO, 1998 apud AÑEZ, 2003), ou seja, é a busca de uma satisfação através do bem-estar proveniente de aspectos psicológicos, fisiológicos e sociais.
Para a conquista de uma qualidade de vida os cuidados em relação à saúde a ao estilo de vida são essenciais e estão relacionados à satisfação, ao desejo, aos sonhos e à felicidade das pessoas em relação as suas vidas. Digamos que os adolescentes desta pesquisa estão adentrando no mundo adulto e agora inicia-se uma corrida contra o tempo. São várias decisões, preocupações, objetivos e sonhos em relação a sua vida. É essencial que o jovem já tenha consciência da importância de uma vida com qualidade, pois se for proveniente de um estilo de vida agitado, terá subsídio adequado para empregá-lo em favor de aspectos positivos.
Esta análise será em relação ao significado atribuído à qualidade de vida na visão dos jovens, sendo feita a seguinte pergunta: O que você entende por qualidade de vida? As respostas foram descritivas, sendo analisados os fatores determinantes. Percebeu-se que os jovens relataram muitos fatores interligados ao estilo de vida como alimentação, relacionamentos, controle do estresse, mas outros foram citados relatando várias perspectivas em relação à qualidade de vida. O gráfico abaixo revela os fatores divulgados pelos adolescentes.
Gráfico 8. Resultados obtidos sobre o conceito de qualidade de vida dos adolescentes.
Fonte: Mayra Medeiros Porto acadêmica da 6ª fase do Curso de Educação Física – Licenciatura, da Unisul de Tubarão, SC – 2007-B.
Através do gráfico podemos observar que foram mencionados 16 fatores que os pesquisados associaram ao conceito de qualidade de vida. Percebe-se que os jovens possuem a idéia de que qualidade de vida não é apenas a satisfação com bens materiais, pois a porcentagem de respostas relacionadas a ele foi bem pequena.
Para os jovens qualidade de vida é ter saúde: 24% mencionaram que o principal fator para haver qualidade de vida é estar bem com a saúde que não é apenas a “ausência de doenças”, mas um total bem-estar. Para manter um bem-estar os jovens relataram que é necessário viver momentos prazerosos, atribuindo 15% da importância do lazer na qualidade de vida. Em suas visões o tempo livre deve ser ocupado com atividades que tragam benefícios futuros as suas vidas. Conseqüentemente a felicidade também foi apontada como um item fundamental na construção de uma qualidade de vida: 12% afirmam que sem o sentimento de felicidade não é possível manter um bem-estar.
Observou-se que a alimentação, juntamente com o fator felicidade, tiveram os mesmos índices de importância na opinião dos jovens. Apesar dos aspectos negativos de nutrição em seus estilos de vida, os jovens possuem consciência do valor de uma boa alimentação para a manutenção da saúde.
Os bons relacionamentos também foram mencionados com freqüência nas respostas dos jovens: 10% o mencionam como um fator importante, provavelmente atribuem esta importância às experiências obtidas por seus relacionamentos, já que estão no auge deles em suas vidas. Os resultados também mostram que os jovens não têm medo do trabalho: 5% das respostas revelam que é importante estar empregado e estar satisfeito profissionalmente. Eles são conscientes de que permanecerão mais tempo presentes no trabalho do que em qualquer outra atividade e reconhecem a necessidade de um trabalho que, além de trazer um poder aquisitivo adequado, proporcione prazer ao executá-lo para não se tornar uma tarefa monótona.
Em relação à atividade física, a prática de esportes foi abordado nas respostas: 5% reconhecem que é necessário a prática de alguma atividade física para a manutenção da saúde, relatando o benefício físico e mental que proporciona ao corpo. Com uma margem de 4%, o controle do estresse e a auto-estima estiveram presentes entre as escolhas dos jovens. Eles indicam o estresse com um fator negativo que deve ser evitado no decorrer da vida, pois acarreta malefícios ao bem-estar. A auto-estima é um fator que deve ser cultivado na vida das pessoas. Para os jovens a auto-estima traz uma imagem positiva da vida e auxilia na convivência das pessoas consigo mesmas. (NAHAS, 2003).
O namoro, bastante comum entre os jovens, foi citado em apenas 2% das respostas, indicando que para estes pesquisados é necessário existir relacionamentos amorosos proporcionando prazer ao lado de outras pessoas.
Entre os bens materiais existentes, o único citado nas respostas dos jovens foi em relação à moradia: 2% das respostas mencionadas indicaram as condições de moradia como um fator importante à qualidade de vida. Os jovens afirmam que é necessário possuir sua própria casa, num lugar onde se sintam felizes, com condições adequadas de vida. Em 1% das respostas relatou-se que o sucesso é um fator importante na vida das pessoas e que para conquistá-lo é preciso intervir nos aspectos negativos existentes.
5.4. Influência da Educação Física na qualidade de vida
Há controvérsias em relação à importância da educação física escolar. Para o senso comum ela é caracterizada como atividade de lazer e recreação, que despende as energias. (PASTRE, 2001). Opiniões baseadas em olhares que não compreendem o valor da disciplina no desenvolvimento do educando.
Apesar das dificuldades enfrentadas, a educação física tenta manter e conquistar mais espaço. Mesmo não possuindo uma situação de destaque como as outras disciplinas, ela não desiste de seus ideais e vem tentando mostrar o seu papel na formação da qualidade de vida dos alunos.
A educação física possui a responsabilidade de informar as pessoas sobre fatores associados à atividade física, aptidão física e saúde, os princípios de uma boa alimentação, as formas de prevenção de doenças cardiovasculares ou o papel da atividade física no controle do estresse, esclarecendo como adotar um estilo de vida ativo e destacando a sua importância. (NAHAS, 2001 apud PASTRE, 2001).
Para detectar a influência da educação física na qualidade de vida na opinião dos alunos, foi feita a seguinte pergunta: que influências a educação física pode trazer para sua qualidade de vida? Os fatores determinados estão expostos no gráfico abaixo.
Gráfico 9. Resultados obtidos sobre o conceito de qualidade de vida dos adolescentes.
Fonte: Mayra Medeiros Porto acadêmica da 6ª fase do Curso de Educação Física – Licenciatura, da Unisul de Tubarão, SC – 2007-B.
Foram diversos os fatores citados pelos alunos. Percebeu-se que houve uma maior prevalência de dados positivos, onde uma pequena porcentagem de respostas atribuiu aspectos negativos em relação às aulas de educação física. Em 2% das respostas foi mencionado que a educação física não possui importância em sua qualidade de vida, justificando que as aulas são repetitivas e monótonas. Algumas pesquisas em que professores e alunos foram entrevistados, também constatou-se este fato. Os alunos, apesar de revelarem seu bom relacionamento com os professores, afirmam que a disciplina tem pouco significado em suas vidas. (PASTRE, 2001).
O fator mais destacado pelos alunos nas respostas foi sobre a prática de esportes e exercícios. Com 30% os alunos revelam que a educação física é o principal meio de incentivo e acesso a eles, é o momento reservado para a participação nestas atividades. Porém, os alunos não estão interessados em apenas praticá-los, eles reconhecem a importância de se executar estas atividades de forma correta, 8% das respostas relatam importância da educação física na orientação de esportes e exercícios, prevenindo riscos de lesões com atividades físicas realizadas de forma incorreta. A prevenção tanto de acidentes durante os exercícios, quanto em relação às doenças crônicas também é citada pelos alunos: 2% das respostas indicam que a educação física realiza medidas de prevenção.
Sabe-se que o esporte oportuniza situações significativas que interferem em mudanças de atitudes e condutas. (DE GÁSPARI; SCHWARTZ, 2001). Sobre esse aspecto, 2% das respostas foram relacionadas ao benefício no comportamento que a educação física proporciona aos jovens, a participação em jogos e atividades auxilia na cooperação e trabalho em grupo, melhorando o comportamento.
A saúde foi o segundo fator mais importante na escolha dos alunos: 23% das respostas afirmam que a educação física traz benefícios importantes para a manutenção da saúde. Além de melhorar o condicionamento físico e a resistência, para 16% das respostas esta é uma das principais influências da educação física no organismo. A estética também foi atribuída como fator oportunizado pela educação física: para 2% a melhora do físico aumenta os índices de auto-estima e auxilia no bem-estar. Também foi lembrado pelos jovens (5%) que a prática de educação física é constituída por momentos prazerosos elevando os níveis de bem-estar.
Os alunos demonstraram uma preocupação com a expectativa de vida: 2% relatam que a educação física influencia na busca de uma maior longevidade, os jovens relatam o desejo de adquirir vida longa. Para isto é necessário um estilo de vida ativo, o que não foi esquecido pelos jovens: 2% menciona que a prática de atividade física proporcionada pelas aulas de educação física ajuda a manter um estilo de vida ativo. Para se manter um estilo de vida ativo outros fatores devem ser atribuídos. O lazer foi um dos fatores eleitos pelos alunos: 2% relatam sobre sua importância e afirmam o incentivo da educação física a eles. O trabalho também não foi esquecido pelos jovens: 2% das respostas indicam que melhoras nas condições de trabalho podem ser estabelecidas por orientações na educação física.
5.5. Visão do futuro estilo de vida
Pesquisas divulgam que a adoção de hábitos saudáveis durante o período da infância e adolescência são indicadores que contribuem para um estilo de vida mais ativo, longe do sedentarismo.
Após coletadas informações sobre o atual estilo de vida, do que é qualidade de vida e as influências que a educação física exercer, destinou-se uma parte da pesquisa para a descoberta das perspectivas dos alunos quanto a seu estilo de vida daqui alguns anos, levando os jovens há uma reflexão sobre a importância de atitudes tomadas hoje para o seu bem-estar futuro.
Gráfico 10. Resultados obtidos sobre o futuro estilo de vida na visão dos alunos.
Fonte: Mayra Medeiros Porto acadêmica da 6ª fase do Curso de Educação Física – Licenciatura, da Unisul de Tubarão, SC – 2007-B.
Através do gráfico 10, percebemos que muitos foram os fatores indicados pelos alunos. Analisando cada um deles, observamos que os maiores índices estão relacionados aos fatores positivos, demonstrando uma visão otimista de jovens que pretendem possuir uma vida com qualidade. Em 16% das respostas os alunos registram visar uma vida saudável, apesar de assumirem que em tempos atuais não a possuem, mas já é um passo à frente na busca por esta qualidade. A participação em atividade física, como o esporte e exercícios físicos também estão na lista: 17% afirmam que pretendem manter uma rotina de atividades diárias para se exercitarem.
Dentre os que não possuem esta visão, 7% das respostas relatam aspectos negativos, os citados foram o sedentarismo (3%), baixa atividade física (2%) e sem perspectivas de um estilo de vida saudável (2%). Provavelmente respostas vindas de jovens que já observam que seu estilo de vida não é o adequado.
Mas tratando-se dos fatores positivos, observou-se que os jovens também levam em consideração a estabilidade financeira em sua vida. O trabalho foi citado em 13% das repostas como essencial para a construção e estabilidade de um estilo de vida adequado, onde garanta os bens materiais necessários a uma vida digna. Os alunos pretendem usufruir e manter o lazer, 6% relatam que é essencial destinar atividades prazerosas aos momentos livres, evitando a ociosidade em suas vidas, sendo aconselhado o lazer ativo que acarreta em maiores benefícios, pois exige uma maior movimentação, afastando as chances de o sedentarismo surgir. Em controvérsia, 2% já relatam que irão possuir um baixo lazer, onde a falta de tempo é o motivo afirmado.
Em relação à alimentação, temos duas situações opostas, 6% afirmam querer estabelecer uma alimentação saudável como uma forma de prevenir enfermidades ao organismo e beneficiar-se dos nutrientes associados aos alimentos de forma moderada e balanceada. Já 5% prevêem que sua alimentação será inadequada, pois alegam que em tempos atuais não conseguem manter uma nutrição adequada e afirmam que a situação se manterá a mesma ou ainda poderá piorar, devido ao estilo de vida agitado que vivem.
E se tratando de estilo de vida agitado este fator foi escolhido em 5% das respostas. Os jovens alegam que irão conviver numa rotina agitada, pois a sociedade atual emite maiores exigências e sobrecargas sobre as pessoas que buscam um crescimento pessoal. O estudo é um dos fatores que proporciona este objetivo na vida dos alunos e é visto como a chance de se conquistar a profissão que visam atuar, por isso, 5% das respostas relatam a intenção dos alunos em continuar os estudos, pois estão encerrando o ensino médio e sabem da importância de entrar ou se manter preparados e atualizados no mercado de trabalho preparados e atualizados. Em tempos atuais o trabalho se relaciona bastante com o estresse. Uma vida estressante não é o objetivo de 5% das respostas dos jovens, para eles o estresse traz prejuízos ao bem-estar e para evitá-los pretendem fazer o uso do controle.
O tema família também foi abordado. Alguns jovens dão valor significativo e 3% das repostas afirmam querer construir a sua firmando laços familiares. Geralmente, com os momentos vivenciados nas famílias vem uma grande parcela da felicidade em nossas vidas. Os alunos afirmam em 5% das respostas que estar feliz é essencial para um estilo de vida saudável, onde a felicidade e alegria devem estar presentes no decorrer dos momentos. Os bons relacionamentos devem continuar fazendo parte de suas vidas, segundo 5% das respostas é importante o contato com amigos, com colegas e acima de tudo que seja uma boa convivência, auxiliando na construção de uma vida feliz.
6. Conclusão
Este capítulo apresenta as conclusões sobre esta pesquisa, cujo objetivo é analisar o conceito e as perspectivas de qualidade de vida na visão dos alunos, levando-se em consideração as características de seu atual estilo de vida, comparando suas atitudes de hoje com suas previsões futuras.
Numa visão geral, tivemos a constatação da prevalência de dados negativos em relação ao estilo de vida adotado pelos alunos. Foram revelados hábitos inadequados de nutrição, atividade física, comportamento preventivo e controle do estresse, contudo os relacionamentos sobressaíram de modo positivo na vida dos jovens.
Quanto à nutrição, os alunos revelam conhecer a importância de uma boa alimentação para a saúde. Citam como necessária para a obtenção de qualidade de vida e pretendem melhorar futuramente, seus hábitos adotando uma alimentação balanceada. Porém, em seu cotidiano assumem não dar a atenção necessária aos alimentos, os aspectos gerais foram identificados como negativos indicando pouca preferência por alimentos saudáveis como frutas e verduras e uma maior procura por produtos industrializados, que proporcionam uma alimentação rápida e prática.
Num olhar individual, os comportamentos nutricionais femininos se sobressaíram em relação aos do sexo masculino, demonstrando que as meninas são um pouco mais cuidadosas no estabelecimento de sua alimentação.
A atividade física não obteve lugar de destaque, os dados apontaram uma grande predominância de alunos em inatividade física em ambos os sexos. Apesar de estarem em uma faixa etária onde a participação em esportes e exercícios deveria ser mais elevada, os jovens afirmam não possuir tempo para se dedicarem a este tipo de atividade. Este fato se deve provavelmente, ao motivo de que a maioria dos estudantes trabalha. Os alunos também divulgam uma porcentagem pequena destinada à prática de atividade física no seu conceito de qualidade de vida. Em apenas 5% das respostas os jovens afirmam que para viver uma vida saudável é necessária a prática de esportes e exercícios, porém possuem como meta acrescentar uma rotina de atividade física em seu futuro estilo de vida. Esta afirmação recompensa o índice pequeno de importância da prática de atividade física no conceito dos alunos.
Muitos são os fatores referentes aos comportamentos de risco presentes na vida dos adolescentes. Os mais comuns são o uso de drogas, consumo de álcool e tabaco e o trânsito. Os alunos demonstraram fazer pouco uso dos comportamentos preventivos, relatando características negativas em seu estilo de vida. Apresentam pouco conhecimento em relação aos aspectos gerais de sua saúde como níveis de colesterol e pressão arterial. O fumo e o álcool estão presentes na vida dos jovens que afirmam pouca recusa quanto a seu consumo. Em relação à conduta no trânsito, obteve-se um índice melhor em relação aos dados femininos, as meninas afirmam ser mais responsáveis. Para confirmar este fato basta analisar os dados coletados nas questões que abordavam sobre qualidade de vida e o futuro estilo de vida. Em nenhuma das questões os alunos mencionaram sobre os comportamentos preventivos, nem como uma forma eficaz de garantir uma vida com qualidade, nem como objetivo de adquirí-lo e praticá-lo em sua vida futura. Um dado preocupante, já que a prevenção é essencial na vida dos adolescentes para evitar a ocorrência de doenças seja as transmissíveis ou não-transmissíveis.
Percebeu-se que o estresse não tem idade e nem gênero para iniciar. Os dados indicados na pesquisa demonstraram que os alunos possuem um controle do estresse negativo em relação às características gerais do grupo. A maioria dos jovens relatou possuir um baixo controle do estresse, ou seja, não conseguem reservar momentos para o relaxamento, nem destinar o mesmo nível de tempo às atividades trabalho/lazer. Outro dado bastante relevante foi quanto aos resultados em que os alunos indicaram ser impacientes e usar de pouca calma nos momentos de discussões. Este índice foi maior no grupo feminino, as meninas revelaram ser mais nervosas e não ter a capacidade de contornar a situação de forma tranqüila.
Porém este componente foi considerado no conceito de qualidade de vida dos alunos e em suas perspectivas de adotá-lo para obter um saudável estilo de vida, demonstrando a consciência de se evitar o estresse para o bem-estar.
O único componente caracterizado como positivo, tanto no estilo de vida do grupo, como no individual, foi o componente relacionamento. A adolescência é um período na vida em que as amizades florescem, o contato em grupo é mais constante e o círculo de amizades e de outros relacionamentos aumentam. Como estão no auge deste comportamento, os alunos relatam a importância da amizade na qualidade de vida das pessoas e revelam querer conservá-las e ampliá-las em seu futuro estilo de vida.
Apesar de sabermos que são estes componentes que influenciam na qualidade de vidas das pessoas, os alunos citam outros fatores que possuem condição de trazer benefícios e melhorar a satisfação das pessoas em relação a sua vida. Nenhum dos fatores estabelecidos no pentáculo do bem-estar foi o escolhido como principal. Para os jovens, qualidade de vida é ter saúde, reservar tempo para o lazer, sentir-se feliz, possuir uma alimentação saudável, estar satisfeito com seu emprego, preservar bons relacionamentos, possuir uma família dando condições adequadas de vida como uma moradia, namorar, manter sempre uma auto-estima elevada, dormir, praticar esportes, exigir seus direitos e ter sucesso na vida.
Percebemos que o conceito formado por eles vem a confirmar o conceito atribuído por outros autores, ou seja, qualidade de vida se refere a um indivíduo saudável interligado ao seu grau de satisfação com a vida. (SILVA, 2004).
Com este pensamento a possibilidade de uma construção de um estilo de vida ativo é maior, fato afirmado pelos alunos nas respostas. Mesmo com características negativas quanto a seu estilo de vida atual, os alunos possuem a esperança de obter uma vida saudável, onde possam ter a oportunidade de realizar os desejos que não conseguem atualmente, num futuro próximo. Porém, é necessário ressaltar que esta idéia não fique apenas em mente, pois percebeu-se que os alunos idealizam seus desejos, mas não se esforçam para colocá-los em prática. Sabe-se que eles possuem conhecimento e sabem da importância dos fatores que determinam a obtenção de um estilo de vida saudável.
No decorrer deste trabalho, comentou-se sobre a ênfase em que a educação física pode fornecer na construção de um indivíduo saudável através das informações e da prática proporcionada pelas aulas de educação física escolar. Os jovens confirmaram este fato e enumeram vários fatores que sofrem influências positivas da educação física em suas vidas. É gratificante obtermos dados em que os alunos reconhecem a importância dessa disciplina dentro da escola.
Porém, somente as informações fornecidas dentro da escola não são suficientes, pois se fossem, não haveria um índice tão grande de aspectos negativos no estilo de vida dos jovens. É necessário criar estratégias de mudanças de comportamentos destes alunos, pois mesmo possuindo uma visão positiva de um estilo de vida, as chances conquistá-la serão pequenas se mantiverem este ritmo. Visualizar o que se pretende é algo muito fácil em vista das atitudes que devem ser tomadas para sua aquisição. Por isso, é necessário que sejam trabalhados com os alunos temas relevantes em relação à saúde com os alunos, incentivando-os à aplicação deste conteúdo de forma prática, podendo ser estendidas por sua vida mesmo após encerrarem os anos escolares.
Referências
AÑEZ, Ciro Romelio Rodriguez. Sistema de avaliação para a promoção e gestão do estilo de vida saudável e da aptidão física relacionada à saúde de policiais militares. 2003. 144f. Tese (Doutorado em Engenharia da Produção)- Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
CARROLL, Stephen; SMITH, Tony. Guia da vida saudável. 1. ed. Curitiba: Posigraf, 1995.
CESCHINI, Fábio Luis. Nível de atividade física em adolescentes de uma escola pública do distrito da Vila Nova Cachoeirinha em São Paulo – SP. 2007. 141 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública)- Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
CETRAN-RS. Embriaguez no trânsito é preocupante. Disponível em: www.cetran.rs.gov.br/003/00301009.asp%3FttCD_CHAVE%3D69287+morte+de+jovesn+no+transito+por+embriaguez&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br. Acesso em: 05 nov. 2007.
COELHO, Carla Werlang; SANTOS, João Francisco Severo. Perfil do estilo de vida relacionado á saúde dos calouros de um centro de ciências tecnológicas. EFDeportes.com, Revista Digital, Buenos Aires, v. 11, n. 97, jun. 2006. http://www.efdeportes.com/efd97/saude.htm
DE BEM, Maria Fermínia Lucthemberg. Estilo de vida e comportamentos de risco de estudantes trabalhadores do ensino médio de Santa Catarina. 2003. 158 f. Tese (Doudorado em Engenharia da Produção)- Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
DE GÁSPARI, Jossett Campagna; Schwartz, Gisele Maria. Adolescência, Esporte e Qualidade de Vida. Motriz, São Paulo, v. 7, n. 2, jul./dez. 2001.
ETHOS – INSTITUTO DE PESQUISA APLICADA. Saiba mais sobre pesquisa. Disponível em: http://www.ethos.com.br. Acesso em: 06 nov. 2007.
Ghorayeb, Nabil; Turíbio. O exercício: preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. São Paulo: Atheneu, 2004.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GONÇALVES, Aguinaldo; VILARTA, Roberto. Qualidade de vida e atividade física: explorando teoria e prática. Barueri, SP: Manole, 2004.
GUEDES, Dartagnan Pinto et al. Níveis de prática de atividade física habitual em adolescentes. Revista Brasileira Medicina do Esporte, Londrina, v.7, n. 6, p.1-13, nov./dez. 2001.
GUIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. Educação Física Progressista: a pedagogia crítico-social dos conteúdos e a educação física brasileira. São Paulo: Loyola, 1988.
GUISELINI, Mauro. Qualidade de vida: um programa prático para um corpo saudável. São Paulo: Gente, 1996.
HERDT, Mauri Luiz; LEONEL, Vilson. Metodologia da pesquisa Palhoça: UnisulVistual, 2005.
HEYWARD, Vivian H. Avaliação física e prescrição de exercício: técnicas avançadas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
JOVENS NA REDE. Alimentação do Adolescente. Disponível em: http://ipas.org.br/teen/alimentacao.html. Acesso em: 27 out. 2007.
______ Necessidades Nutricionais do Adolescente. Disponível em: http://ipas.org.br/teen/necessidades.html. Acesso em: 27 out. 2007.
KAMEL, Dílson; KAMEL, José Guilherme Nogueira. Nutrição e atividade física. 4. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.
LIMA, Milena. Alimentação para praticantes de atividade física. Disponível em: http://www1.uol.com.br/cyberdiet/colunas/050523_nut_alim_ativ_fisica.htm. Acesso em: 06 nov. 2007.
MARQUES, Ana Cecília Petta Rosellia; Cruz, Marcelo S. O adolescente e o uso de drogas. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 22, dez. 2000.
MEC-BRASIL. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Brasília, 1996.
NAHAS, Markus Vinicius. Obesidade, controle de peso e atividade física. Londrina: Midiograf, 1999.
______ Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 3. ed. rev. e atual. Londrina: Midiograf, 2003.
PASTRE, Marcelo. A educação física na busca da excelência humana e acadêmica. 2001. 99 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.
PIRES, Edna Aparecida Goulart et al. Hábitos de atividade física e o estresse em adolescentes de Florianópolis, SC – Brasil. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v.12, n.1, jan./mar. 2004.
RODRIGUES, Yvon Toledo; GIOIA Osman; EVANGELISTA, José. Adolescente, esporte, nutrição. Rio de Janeiro, São Paulo: Atheneu, 1984.
ROEDER, Maika Arno. Atividade Física, saúde mental e qualidade de vida. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
SANTOS, Glayce Liliane Alves dos; VENÂNCIO, Sildemar Estevão. Perfil do estilo de vida de acadêmicos concluintes em Educação Física do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais Unileste – MG. Movimentum Revista Digital de Educação Física, Ipatinga, v.1, ago./dez. 2006.
SILVA, Roberta dos Santos. Café da manhã: principal refeição do dia? Disponível em: http://www1.uol.com.br/cyberdiet/colunas/030502_nut_cafemanha.htm. Acesso em: 06 nov. 2007.
SILVA, Rudney da. Características do estilo de vida e da qualidade de vida de professores do ensino superior público em educação física. 2006. 265 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção)- Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006
XAVIER, Giselle Noceti Ammon. Aspectos epidemiológicos e hábitos de vida das servidoras da UFSC: diagnóstico e recomendações para um programa de promoção da saúde da mulher. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1997.
Outros artigos em Portugués
revista
digital · Año 14 · N° 142 | Buenos Aires,
Marzo de 2010 |