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Perfil motor dos escolares da rede particular

de ensino da cidade de Macapá

Perfil motor de los estudiantes de las escuelas privadas de la ciudad de Macapá

 

*Universidade Castelo Branco, UCB, RJ

**Universidade do Estado do Pará, UEPA, PA

(Brasil)

Maridalva Cardoso Maciel* | Liliane Tobelem da Silva Queiroz*

Senhorinha Suzana de Oliveira Correa* | Sheila Cunha Maués*

Ricardo Figueiredo Pinto**

mcdalva@uol.com.br

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve como objetivo investigar o perfil motor de escolares na faixa etária de 7 e 8 anos, das escolas da rede particular de ensino da cidade de Macapá. Fizeram parte da amostra 162 escolares, sendo 81 do sexo masculino e 81 do sexo feminino. O instrumento utilizado na coleta de dados foi a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM), proposta por Francisco Rosa Neto (2002), que permite a verificação da idade motora, sendo esta um indicativo do estágio de desenvolvimento motor em que a criança se encontra. Após a realização dos testes observamos que a maioria dos escolares foi classificada como Normal Médio (58%). As variáveis avaliadas Motricidade Fina, Motricidade Global, Equilíbrio, Esquema Corporal, Organização Espacial e Organização Temporal sinalizaram que os escolares encontram-se dentro dos parâmetros normais indicados pelo protocolo, sugerindo diferença em algumas variáveis por sexo. Foi realizado o teste t de Student para comprovar essas diferenças e os resultados comprovaram que a Idade Motora Geral é superior à Idade Cronológica para todas as categorias de idade e sexo analisadas. Entre os escolares de 7 anos foi comprovada uma diferença estatisticamente significativa entre meninos e meninas em Motricidade Global e Esquema Corporal, enquanto que aos 8 anos a diferença foi comprovada na variável Equilíbrio. A investigação nos forneceu uma visão geral do perfil motor dos escolares investigados, bem como os conhecimentos sobre os estágios evolutivos da criança. Espera-se que os resultados dessa pesquisa venham contribuir para a melhoria de planejamentos e ações dos profissionais que lidam com crianças e que também forneçam subsídios para novos estudos.

          Unitermos: Desenvolvimento motor. Atividades motoras. Testes motores

 

Resumen

          El presente estudio tuvo como objetivo investigar el perfil motor de los alumnos de 7 a 8 años, de las escuelas privadas de la ciudad de Macapá. Fueron parte de la muestra 162 alumnos, de los cuales 81 eran del sexo masculino y 81 del sexo femenino. El instrumento utilizado en la recolección de datos fue la Escala de Desarrollo Motor (EDM), propuesta por Francisco Rosa Neto (2002), que permite la verificación de la edad motora, siendo ésta un indicativo de la etapa de desarrollo motor en la cual los niños se encuentran. Después de la realización de las pruebas observamos que la mayoría de los alumnos fueron clasificados como Normal Medio (58%). Las variables evaluadas fueron: Motricidad Fina, Motricidad Global, Equilibrio, Esquema Corporal, Organización Espacial y Organización Temporal y señalaron que los alumnos se encuentran dentro de los parámetros normales indicados por el protocolo, sugiriendo diferencia en algunas variables por sexo. Fue realizada la prueba t de Alumno para comprobar esas diferencias y los resultados comprobaron que la edad Motora General es superior a la edad Cronológica para todas las categorías de edad y sexo analizadas. Entre los alumnos de 7 años se comprobó una diferencia estadísticamente significativa entre niños y niñas en Motricidad Global y Esquema Corporal, mientras que a los 8 años la diferencia fue comprobada en la variable equilibrio. La investigación nos proporcionó una visión general del perfil motor de los alumnos investigados, así como los conocimientos sobre las etapas evolutivas de los niños. Se espera que los resultados de esta investigación contribuyan a una mejor planificación y acciones de los profesionales que tratan con niños y que también proporcione insumos para nuevos estudios.

          Palabras clave: Desarrollo motor. Actividades motoras. Pruebas motoras

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 142 - Marzo de 2010

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Introdução

    As mudanças ocorridas nas últimas décadas alteraram de maneira significativa a vida das pessoas que vivem nas cidades brasileiras. O espaço físico natural foi tomado por grandes construções, subtraindo principalmente das crianças, locais adequados para a prática de atividades físicas, sociais e lúdicas. Bergmann (2005), afirma que os avanços científicos e tecnológicos proporcionaram melhoras significativas e indiscutíveis na qualidade de vida da sociedade. No entanto também ocasionaram uma redução no envolvimento dos cidadãos com a atividade física, refletindo negativamente nos níveis de saúde.

    Devido a essas mudanças, o ser humano precisa se adaptar a essa nova realidade, interagindo com um ambiente em constante alteração, modificando sua maneira de viver. Ferreira Neto (1999) assegura que a sedentarização e privação de experiências de movimento e aventura lúdica das crianças devido à economia do espaço físico, exigem a necessidade de atenção sobre as condições biológicas do corpo e valorização da educação através da motricidade. Leite (2002), afirma que o estudo do desenvolvimento motor abre um campo de investigação sobre o comportamento e desenvolvimento motor de indivíduos em diferentes etapas de sua vida, focando principalmente para a infância.

    O desenvolvimento motor na infância caracteriza-se pela aquisição de uma variedade significativa de habilidades motoras, que possibilitam à criança dominar seu corpo em diferentes situações. Tani (2000), concluiu que a aquisição de habilidades motoras é um processo cíclico e dinâmico que resulta em crescente complexidade. Barela (1999) assegura que o repertório motor passa por uma transformação fenomenal ao longo da vida. Desde a vida intra-uterina realizamos movimentos, que vão se estruturando, proporcionando um melhor relacionamento e comunicação, marcando nossa presença no mundo.

    Estas mudanças ocorrem geralmente em uma ordem, sinalizando uma seqüência progressiva de dificuldade dos movimentos simples e não organizados para a realização de movimentos complexos e elaborados. Através dessa seqüência ocorre a formalização da atividade motora, que permite a manipulação e a exploração; é a abertura para o mundo dos objetos. A criança inicialmente torna-se capaz de agir sobre o objeto e depois sem ele.

    Segundo Lopes et al (2003) o estudo do desenvolvimento motor reveste-se de grande importância em várias disciplinas científicas como a aprendizagem motora, o controle motor e o próprio desenvolvimento motor. Valentini (2002) afirma que conhecer os níveis de desenvolvimento motor de crianças é fundamental para a estruturação de programas motores que propiciem a elaboração de práticas mais efetivas que levem crianças à construção de padrões de movimento mais avançados e que garantam a participação em atividades de movimento durante toda a vida. Souza (2007) afirma que criança nasce com capacidade em potencial e precisa de condições ideais para se desenvolver convenientemente.

    Observando a importância de uma estimulação adequada nesse período da vida, utilizou-se a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM), proposta por Francisco Rosa Neto (2002) para investigar o perfil motor de escolares de 7 e 8 anos, das escolas da rede particular de ensino da cidade de Macapá.

Materiais e métodos

    A amostra foi representada por 162 escolares, na faixa etária de 7 e 8 anos, das escolas da rede particular de ensino da cidade de Macapá, sendo 81 do sexo masculino e 81 do sexo feminino. A cidade de Macapá foi dividida em norte e sul. Na zona norte, foram avaliados 62 escolares, sendo 28 meninos e 34 meninas, e na zona sul, foram avaliados 100 escolares, sendo 53 do sexo meninos e 47 meninas. O estudo foi aprovado pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (resolução 196/96), sob o nº 0118/2008.

    Para a verificação do desenvolvimento motor dos escolares, foi utilizada a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM), de Francisco Rosa Neto (2002), onde foram avaliados os elementos básicos da motricidade na seguinte ordem: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização temporal e lateralidade. Esta escala compreende um conjunto de provas diversificadas e de dificuldade graduada, conduzindo a uma exploração minuciosa dos diferentes elementos da motricidade.

    Foi calculado o quociente motor geral com os dados referentes à idade cronológica e idade motora geral, classificando os escolares em uma escala que varia entre muito superior ao muito inferior.

    Os dados foram analisados com auxílio dos programas estatísticos Excel 2003 e Stata 9.0. As variáveis nominais referentes à Lateralidade e Escala de Desenvolvimento Motor foram transformadas em escala intervalar. Inicialmente foi realizada uma análise descritiva como forma de identificar o perfil motor dos escolares. Adicionalmente comparou-se o desenvolvimento motor em função do sexo e da idade com o auxílio do teste t de Student. Os resultados originalmente em meses foram transformados em anos.

Gráfico 1. Classificação dos escolares segundo a Escala de Desenvolvimento Motor

Discussão e conclusão

    Constata-se nos resultados que com o aumento da IC, ocorre também um aumento na qualidade da execução de ações motoras, corroborando com os resultados encontrados na pesquisa de Silveira (2005), que utilizando a EDM de Rosa Neto (2002), sugere que com o aumento da IC as crianças são capazes de executar a mesma tarefa motora com mais habilidade. Caetano, Silveira e Gobbi (2005) confirmam também através de resultados de estudos que nos anos iniciais da infância ocorrem mudanças substanciais no comportamento motor a cada ano.

    Observamos que entre os escolares pesquisados, a média mais alta encontrada foi na variável Organização Temporal e a mais baixa foi em Motricidade Fina, discordando do resultado apresentado por Sabbag (2008) que encontrou entre escolares de 10 e 15 anos, de escola de rede pública, como média mais baixa a variável Organização Espacial e como mais alta a variável Esquema Corporal. Já em estudos realizados por Crippa et al (2003), entre escolares de 4 e 5 anos, as variáveis Motricidade Fina e Esquema Corporal foram as que apresentaram resultados mais baixo.

    Os resultados dos testes de motricidade fina, evidenciam um crescimento no desempenho motor relacionado com aumento da idade, o que está de acordo com estudos de Rosa Neto (2002).

    Os testes de motricidade global, demonstram superioridade masculina nas duas faixas etárias, observa-se também entre o mesmo sexo, um aumento nos valores médios acompanhando o aumento da idade. Portanto esses resultados corroboram com os obtidos por Silveira et al (2005), em estudos feitos em crianças de 2 a 6 anos.

    Na variável Equilíbrio, constata-se superioridade do sexo feminino nas duas faixas etárias, o que também foi observado em estudos de Rodrigues (2000), entre escolares de 5 e 6 anos. Em relação às comparações feitas entre as duas faixas etárias, os resultados comprovam que as crianças mais velhas, apresentam desempenho superior às crianças mais novas, comprovando que com o aumento da idade, a criança evidencia habilidades motoras mais qualificadas.

    Na variável Esquema Corporal, as meninas também demonstraram desempenho superior ao dos meninos nas duas faixas etárias. Porém, observa-se que nessa variável encontramos a média mais baixa entre meninos e meninas de 08 anos e entre os meninos de 7 anos.

    Nos testes de Organização Espacial, observamos que os resultados obtidos pelas meninas, suplantaram os dos meninos nas duas faixas etárias. Em estudos feitos por Rosa Neto (2002), com escolares de 7 e 8 anos, na Espanha, constatou-se a prevalência da menor média nessa variável.

    A variável Organização Temporal, revela os melhores resultados, contrariamente aos apresentados por escolares de 7 e 8 anos, em pesquisa feita por Rosa Neto (2002), que nesta variável apresentaram os piores resultados. Ferreira (2007), pesquisando escolares de 7 a 10 anos com dificuldade de aprendizagem, revelou a classificação Normal Baixo nessa variável, sugerindo que o item concentração é muito importante para a aprendizagem dos escolares.

    Segundo Rodrigues (2000), sabe-se que as possibilidades motrizes da criança evoluem amplamente com sua idade e chegam a ser mais variadas e complexas à medida que ela cresce. Podemos constatar no gráfico 7, que os resultados dessa pesquisa é semelhante aos de estudos Rosa Neto (2002), em que a média dos alunos de 7 e 8 anos foi classificada segundo a Escala de Desenvolvimento Motor como normal médio.

    Contrariamente aos resultados dessa pesquisa, os resultados encontrados nos estudos feitos por Lopes et al (2003), entre alunos de 6 a 10 anos, onde constatou-se que os resultados dos valores médios decrescem com a idade, e em ambos os sexos a tendência generalizada das crianças mostrarem perfis de coordenação motora inferiores a sua IC. Crippa et al (2003), também em estudos realizados em escolares de 4 e 5 anos, constatou considerável atraso nas variáveis Motricidade Fina e Esquema Corporal quando relacionados com a idade cronológica dos escolares.

    Os escolares pesquisados indicaram que estão usufruindo do conjunto de atividades físicas propostas pelas escolas, o que nos leva a concluir que provavelmente estas atividades são importantes instrumentos que auxiliam no desenvolvimento das habilidades motoras. O instrumento utilizado permitiu a verificação do relacionamento da idade motora com a idade cronológica, pontuando que está ocorrendo o desenvolvimento motor dos alunos nesta etapa de sua vida.

    Ao analisar os resultados obtidos nos testes dos elementos básicos da motricidade observa-se equilíbrio entre os sexos, ou seja, em algumas variáveis os meninos apresentaram resultados superiores, em outras as meninas suplantaram os meninos. Ao relacionar a Idade Cronológica com as variáveis pesquisadas, constatou-se que os escolares do sexo feminino das duas faixas etárias mostraram resultados superiores aos do sexo masculino.

    Apesar dos resultados positivos, constatou-se uma variação nos resultados dos testes, alguns se aproximando dos parâmetros mínimos sugeridos pelo protocolo utilizado e outros ultrapassando esses parâmetros, possibilitando concluir que os componentes da motricidade apresentam ritmos diferentes de desenvolvimento e sugerindo que essas alterações podem ser influenciadas pelas diferentes experiências que a criança vivencia.

    Observa-se que os escolares apresentaram melhores resultados nos testes das variáveis que exigiam mais concentração e menos gasto de energia e os piores resultados nas variáveis que exigiram mais ações motoras. Esse resultado justifica-se provavelmente pelo fato desses escolares passarem boa parte do tempo dentro de casa ou apartamento, em frente de vídeos.

    Portanto, conclui-se que é importante que a criança tenha acesso a atividades focadas para o seu desenvolvimento motor satisfatório. É essencial que tanto no ambiente escolar quanto no familiar exista a preocupação de oferecer estruturas necessárias para o estímulo e prática de domínio das habilidades fundamentais do movimento.

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