Papel do exercício físico na prevenção da lesão muscular de ratas menopausadas |
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*Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo, UFES **Prof. Dr. do Departamento de Morfologia da UFES **Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiologias da UFES (Brasil) |
Luiz Henrique Schultz de Lacerda* Lázaro Luiz Ramalho Ferreira* Jones Bernardes Gracelli** Washington Luiz Silva Gonçalves*** Patrick Wander Endlich*** |
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Resumo Objetivo: Analisar a concentração plasmática das enzimas lactato desidrogenase e creatina quinase em ratas ovariectomizadas submetidas ao treinamento físico. Materiais e Métodos: O experimento foi desenvolvido em ratas wistar (220-270g), com três semanas de idade. A ovariectomia foi realizada e, trinta dias após, o treinamento foi iniciado. As ratas foram divididas nos seguintes grupos: Pseudo-ovariecdtomizadas (Sham, n=7), ovariectomizadas (OVX, n=7), corrida (COR, n=7), corrida ovariectomizadas (COROVX, n=7). O sacrifício foi realizado 48 horas após a ultima sessão de treino. ANOVA de uma via com pós-teste de Fischer foi utilizada para determinar as diferenças entre os grupos. Resultados: Níveis de creatina quinase: O grupo OVX (5.705±559U/L) apresentou valores aumentados em relação ao grupo Sham (3.241±148U/L), COROVX (4.183±953U/L) e COR (3.142±470U/L). O mesmo ocorreu com os níveis de lactato desidrogenase: OVX (1.329± U/L) maior que Sham(421±52U/L), COROVX (724±92 U/L) e COR (413±46U/L). Discussão: O aumento da atividade das enzimas do sistema oxidativo promove uma diminuição da produção de radicais livres e uma conseqüente redução no efluxo de CK e LDH. Conclusão: O treinamento físico foi efetivo contra os efeitos deletérios causados pela diminuição dos níveis plasmáticos de estrogênio. Unitermos: Exercício físico. Estrogênio. Creatina quinase. Lactato desidrogenase |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 142 - Marzo de 2010 |
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Introdução
É bem conhecido que o exercício físico causa dano muscular, fato esse evidenciado pela presença de enzimas citoplasmáticas musculares no sangue. Por sua vez, este quadro fica minimizado com as adaptações oriundas do treinamento, principalmente em função da maior atividade do sistema anti-oxidante. Ainda, em fêmeas, o estrogênio possui um efetivo efeito contra o dano muscular. Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi analisar os efeitos do treinamento físico crônico e sua repercussão no dano muscular através da concentração plasmática das enzimas lactato desidrogenase (LDH) e creatina cinase (CK) em ratas menopausadas.
Materiais e métodos
Amostra
Animais: 42 ratas Wistar com 12 semanas de idade.
Os animais foram mantidos em temperatura ambiente de 22-25º C, umidade de 50-60%, luz controlada em ciclo de doze horas (claro-escuro), água mineral e ração ad libitum.
Os animais foram subdivididos em 6 grupos (n=7) da seguinte forma:
Corrida Ovariectomizada (COROVX);
Corrida (COR);
Ovariectomizada Sedentária (OVX);
Sham (SHAM).
Treinamento físico
O treinamento foi iniciado somente 30 dias após o procedimento de ovariectomia. O protocolo de treinamento teve duração de 8 semanas, 5 vezes por semana durante 60 min./dia.
A adaptação ao treinamento de corrida foi realizada durante duas semanas na intensidade constante de 10m/min. O treinamento progrediu da seguinte forma: 13 m/min na 3ª semana, 15m/min. na 4ª semana, 17m/min na 5ª semana e 18m/min até a 8ª semana.
Análise bioquímica
As amostras sangüíneas foram obtidas após 48 horas da última sessão de treinamento e enviadas para análise no Laboratório de Analise Bioquímica do Hospital Universitário da UFES.
Para comprovação do sucesso da ovariectomia, os úteros também foram retirados. As fotos a seguir mostram a diferença encontrada entre os úteros de rata normal e ovariectomizada.
Foto 1. Útero de rata normal logo após extração
Foto 2. Útero de rata ovariectomizada logo após extração
Análise estatística
Os resultados são apresentados como média ± erro padrão da média (EPM). ANOVA de uma via com pós-teste de Fischer foi utilizada para determinar as diferenças entre os grupos. O nível de significância estabelecido foi de p< 0,05.
Resultados
Em relação ao peso corporal o grupo OVX obteve aumento significativo quando comparado ao SHAM (p<0,01) e o COROVX (308±8,7 vs. 350±6,0 g) reduziu significativamente o peso em relação à OVX (p<0,01). No entanto, não houve diferença do grupo COR em relação ao grupo SHAM.
Os resultados apresentados nas figuras 1 e 2 representam, respectivamente, os valores totais de CK e LDH para os respectivos grupos.CK: O grupo OVX (5.705±559U/L) apresentou valores aumentados em relação ao grupo Sham (3.241±148U/L), COROVX (4.183±953U/L) e COR (3.142±470U/L). LDH:OVX (1.329± U/L) maior que Sham (421±52U/L), COROVX (724±92 U/L) e COR (413±46U/L).
Figura 1. Determinação do peso corporal dos grupos de animais pseudo-ovariectomizado (SHAM), ovariectomizado (OVX), corrida (COR) e corrida ovariectomizado (COROVX).
Valores expressos em média ± erro padrão da média (EPM). Utilizou-se ANOVA two way e teste post hoc de Fischer. Diferenças significativas quando p<0,01, ** vs. OVX
Figura 2. Determinação do peso corporal dos grupos de animais pseudo-ovariectomizado (SHAM), ovariectomizado (OVX), corrida (COR) e corrida ovariectomizado (COROVX).
Valores expressos em média ± erro padrão da média (EPM). Utilizou-se ANOVA two way e teste post hoc de Fischer. Diferenças significativas quando p<0,05, * vs. SHAM e # vs. OVX, (n=7)
Discussão
Acredita-se no TF como um eficiente meio não-farmacológico para suprir essa redução dos hormônios sexuais femininos. Em nosso estudo, os animais COROVX apresentaram uma diminuição dos níveis plasmáticos de ambas enzimas quando comparado a OVX, uma eficácia do treinamento físico em suprir a falta do estrogênio. Nossos dados corroboram com outros estudos, demonstrando que o TF exerce sua ação possivelmente em diminuir o estresse oxidativo pelo aumento da atividade das proteínas no sistema enzimático como glutationa peroxidase (GPx), catalase (CAT) e SOD, como mostrado por Irygoyen e cols. (2003). O aumento da atividade dessas enzimas promove uma diminuição da produção de radicais livres por diminuir a peroxidação lipídica nos músculos esqueléticos e miocárdio em ratas treinadas comparado ao grupo OVX e conseqüentemente, podendo ser a causa na diminuição da concentração plasmática das enzimas LDH e CK. É importante enfatizar que as espécies reativas de oxigênio (ERO’s) modulam a função contrátil pelo fato de que a excessiva acumulação de estresse oxidativo inibe a força. Portanto a redução da peroxidação lipídica e o aumento na atividade das enzimas antioxidantes pós-treino pode representar um progresso no desempenho desses músculos, sugerindo assim um papel positivo do treinamento na mulher pós-menopáusica.
Conclusão
Em suma, os resultados do presente estudo indicam que o tratamento com o EF crônico em ratas ovariectomizadas pode induzir a um menor dano muscular, como pode ser visto pela menor concentração plasmática das enzimas CK e LDH, comparado com o grupo OVX. Desta forma, pode-se sugerir que o estresse oxidativo pode contribuir aos riscos associados à privação de estrogênio, como tem sido observados na mulher pós-menopáusica, e o TF aparece como uma possibilidade eficaz na reversão desses efeitos.
Referências
CÓRDOVA, A.; NAVAS, F.J. Os radicais livres e o dano muscular produzido pelo exercício: papel dos antioxidantes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte; 6(5): 204-8 set.-out 2000.
IRIGOYEN, M. C. et al. Exercise training improves baroreflex sensitivity associated with oxidative stress reduction in ovariectomized rats. Hypertension, v. 46, n. 4, p. 998-1003, 2005.
MASSAFRA C et al. Variations in erythrocyte antioxidant glutathione peroxidase activity during the menstrual cycle. Clinical Endocrinology, 49:63- 67, 1998.
SOWERS MR, LA PIETRA M. Menopause: its epidemiology and potential association with chronic diseases. Epidemiol Rev. 17: 287–302, 1995.
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