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As contribuições na aprendizagem docente do encadeamento dos

estágios curriculares supervisionados I-II-III na percepção dos

acadêmicos da licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM

Contribuciones a la formación docente de la articulación de las prácticas supervisadas I-II-III 

en la consideración de los estudiantes de la licenciatura en Educación Física del CEFD/UFSM

 

Doutor em Educação

Doutor em Ciência do Movimento Humano

Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (UFSM)

Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física (UFSM)

Hugo Norberto Krug

hnkrug@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Esta investigação objetivou analisar as contribuições na aprendizagem docente do encadeamento dos Estágios Curriculares Supervisionados (ECS) I-II-III na percepção dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A metodologia caracterizou-se pelo enfoque fenomenológico sob a forma e estudo de caso com abordagem qualitativa. O instrumento utilizado para a coleta de informações foi um questionário com perguntas abertas. A interpretação das informações foi à análise de conteúdo. Os participantes foram vinte e nove (29) acadêmicos do 7º semestre do Curso de Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM, matriculados na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado III (Séries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental), no 1º semestre letivo de 2009. Concluímos que, na percepção da maioria dos acadêmicos do CEFD/UFSM, existiram contribuições na aprendizagem docente de um ECS para outro. As principais contribuições estão relacionadas ao domínio/controle de turma, à elaboração do planejamento de aulas e à experiência adquirida como professor. Assim, podemos afirmar que os acadêmicos conseguiram estabelecer relações entre os três estágios (I-II-III) ao manifestarem, entre outras relações, a mobilização de alguns saberes em suas ações.

          Unitermos: Educação Física. Formação de Professores. Formação Inicial. Estágio Curricular Supervisionado. Aprendizagem Docente. Encadeamento

 

Artigo elaborado a partir do projeto de pesquisa denominado “O Estágio Curricular Supervisionado na 

formação inicial de professores de Educação Física: um estudo de caso na Licenciatura do CEFD/UFSM”

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 142 - Marzo de 2010

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Introduzindo a investigação

    De acordo com Flores et al. (2009a) a promulgação da Lei Nº 9696/1998 que regulamentou a profissão e criou o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Educação Física, fez com que os cursos de Educação Física de todo o Brasil reestruturassem seus currículos, originando a Licenciatura e o Bacharelado.

    No caso da Licenciatura contribuíram para esta reestruturação a Resolução Nº 01 do CNE/CP (BRASIL, 2002a), de 18 de fevereiro de 2002, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores da educação básica, em nível superior, Curso de Licenciatura, de graduação plena e a Resolução Nº 02 do CNE/CP (BRASIL, 2002b), de 19 de fevereiro de 2002, que instituiu a duração e a carga horária dos Cursos de Licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da educação básica em nível superior.

    Assim, em consonância com esta legislação e focando o nosso interesse investigativo na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) destacamos que o novo currículo do curso de Licenciatura em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) foi aprovado no segundo semestre de 2004 e teve seu primeiro ingresso no 1º semestre letivo de 2005.

    Conforme o seu Projeto Político Pedagógico (CEFD, 2005) o Curso de Licenciatura visa formar professores para atuar na educação básica no sentido de desenvolver ações teórico-práticas em que os conhecimentos e saberes acadêmicos contribuam na formação do ser humano em sua totalidade; possibilitar uma formação político-social, dentro de uma abordagem histórico-crítica, em diferentes manifestações da cultura corporal, compromissada com a educação emancipatória; possibilitar uma formação técnico-profissional visando o aperfeiçoamento de habilidades, capacidades e competências necessárias ao exercício profissional/docente. O profissional egresso do Curso de Licenciatura em Educação Física estará habilitado para atuar na educação básica (instituições públicas e privadas de ensino infantil, fundamental, médio e superior; instituições, entidades ou órgãos que atuam com populações especiais); secretarias municipais, estaduais e nacionais voltadas à área da Educação Física.

    Neste quadro amplo do currículo do Curso de Licenciatura em Educação Física, Marques, Ilha e Krug (2009b) destacam que um dos mais importantes componentes curriculares e de indiscutível relevância para a formação dos acadêmicos é a disciplina de Estágio Curricular Supervisionado (ECS). Para Garcia (1999) o Estágio Curricular Supervisionado representa a oportunidade privilegiada para aprender a ensinar na medida em que se integram as diferentes dimensões que envolvem a atuação docente, ou seja, o conhecimento psicopedagógico, o conhecimento do conteúdo e o conhecimento didático do conteúdo.

    Desta forma, e em consonância com a Resolução Nº 02 do CNE/CP (BRASIL, 2002b) o novo currículo (2005) do Curso de Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM proporciona o Estágio Curricular Supervisionado I, II e III nos 5º, 6º e 7º semestres do Curso, realizados respectivamente no Ensino Médio, nas Séries/Anos Finais do Ensino Fundamental e nas Séries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental, com carga horária de 120 horas destinadas a cada estágio (soma-se a estas 360 horas mais 45 horas de Seminário em Estágio Curricular Supervisionado, no 8º semestre do Curso, totalizando-se então 405 horas).

    Assim, considerando o que afirmam Ivo e Krug (2008) de que estudar o quê e quem envolve esta disciplina é tarefa daqueles que se preocupam com uma formação de qualidade para os futuros docentes é que originou-se a seguinte questão problemática norteadora desta investigação: Quais foram as contribuições na aprendizagem docente do encadeamento dos Estágios Curriculares Supervisionados I-II-III na percepção dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM?

    A partir desta questão problemática estruturamos o objetivo geral como sendo: Analisar as contribuições na aprendizagem docente do encadeamento dos Estágios Curriculares Supervisionados I-II-III na percepção dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM.

    Do objetivo geral elaboramos alguns objetivos específicos para que se compreendesse melhor o intuito desta investigação: 1) Analisar as contribuições na aprendizagem docente do Estágio Curricular Supervisionado I para o desenvolvimento do ECS II; 2) Analisar as contribuições na aprendizagem docente do Estágio Curricular Supervisionado II para o desenvolvimento do ECS III; 3) Analisar as contribuições na aprendizagem docente do Estágio Curricular Supervisionado I para o desenvolvimento do ECS III; 4) Analisar a necessidade de desenvolvimento dos Estágios Curriculares Supervisionados I, II e III para a formação inicial; e, 5) Analisar a seqüência proposta para o desenvolvimento dos Estágios Curriculares Supervisionados I, II e III pelo Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Educação Física.

    Para justificar a realização desta investigação citamos Ilha et al. (2009a) que consideram que o Estágio Curricular Supervisionado é um espaço em que o acadêmico venha a se constituir enquanto profissional da educação. Embora essa constituição perpasse toda a sua trajetória escolar/acadêmica e o seu desenvolvimento profissional, é através do estágio que ocorre uma maior aproximação com a realidade escolar e o início da profissão, bem como, a consolidação e criação de um modelo próprio de ação docente construído através das relações entre a experiência e o conhecimento.

A metodologia da investigação

    A metodologia empregada nesta investigação caracterizou-se pelo enfoque fenomenológico sob a forma de estudo de caso com abordagem qualitativa.

    Conforme Triviños (1987, p.125), a pesquisa qualitativa de natureza fenomenológica “surge como forte reação contrária ao enfoque positivista nas ciências sociais”, privilegiando a consciência do sujeito e entendendo a realidade social como uma construção humana. O autor explica que na concepção fenomenológica da pesquisa qualitativa, a preocupação fundamental é com a caracterização do fenômeno, com as formas que se apresenta e com as variações, já que o seu principal objetivo é a descrição.

    Para Joel Martins (apud FAZENDA, 1989, p.58) “a descrição não se fundamenta em idealizações, imaginações, desejos e sim num trabalho que se realiza na subestrutura dos objetos descritos; é, sim, um trabalho descritivo de situações, pessoas ou acontecimentos em que todos os aspectos da realidade são considerados importantes”.

    Já, segundo Lüdke & André (1986, p.18) o estudo de caso enfatiza “a interpretação em contexto”. Godoy (1995, p.35) coloca que:

    O estudo de caso tem se tornado na estratégia preferida quando os pesquisadores procuram responder às questões “como” e “porque” certos fenômenos ocorrem, quando há pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados e quando o foco de interesse é sobre fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro de um contexto de vida real.

    De acordo com Goode & Hatt (1968, p.17) “o caso se destaca por se constituir numa unidade dentro de um sistema mais amplo”. O interesse incide naquilo que ele tem de único, de particular, mesmo que posteriormente fiquem evidentes estas semelhanças com outros casos ou situações.

    O instrumento utilizado para coletar as informações foi um questionário com perguntas abertas, que foi respondido por vinte e nove (29) acadêmicos do 7° semestre do Curso de Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM, matriculados na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado III, no 1º semestre letivo de 2009. Optamos pelo ECS III por este ser o último estágio dos acadêmicos e, portanto, significando a última experiência com a escola na grade curricular do Curso de Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM. A escolha dos participantes aconteceu de forma espontânea, em que a disponibilidade dos mesmos foi o fator determinante. A fim de preservar as identidades dos participantes, estes receberam uma numeração (1 a 29).

    A cerca do questionário Triviños (1987, p.137) afirma que “sem dúvida alguma, o questionário (...), de emprego usual no trabalho positivista, também o podemos utilizar na pesquisa qualitativa”. Já Cervo & Bervian (1996) relatam que o questionário representa a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita buscar de forma mais objetiva o que realmente se deseja atingir. Consideram ainda o questionário um meio de obter respostas por uma fórmula que o próprio informante preenche.

    Perguntas abertas “destinam-se a obter uma resposta livre” (CERVO; BERVIAN, 1996, p.138).

    As questões norteadoras que compuseram o questionário estavam relacionadas com os objetivos específicos desta investigação e foram as seguintes: 1) Quais foram as contribuições na aprendizagem docente do Estágio Curricular Supervisionado I para o desenvolvimento do ECS II? 2) Quais foram as contribuições na aprendizagem docente do Estágio Curricular Supervisionado II para o desenvolvimento do ECS III? 3) Quais foram as contribuições na aprendizagem docente do Estágio Curricular Supervisionado I para o desenvolvimento do ECS III? 4) Qual é a sua opinião a respeito da necessidade de desenvolvimento dos Estágios Curriculares Supervisionados I, II e III para a formação inicial? e, 5) Qual é a sua opinião a respeito da seqüência proposta para o desenvolvimento dos Estágios Curriculares Supervisionados I-II-III pelo Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Educação Física?

    A interpretação das informações coletadas pelo questionário foi realizada através da análise de conteúdo, que é definida por Bardin (1977, p.42) como um:

    Conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

    Godoy (1995, p.23) diz que a pesquisa que opta pela análise de conteúdo tem como meta “entender o sentido da comunicação, como se fosse um receptor normal e, principalmente, desviar o olhar, buscando outra significação, outra mensagem, passível de se enxergar por meio ou ao lado da primeira”.

    Para Bardin (1977), a utilização da análise de conteúdo prevê três etapas principais: 1ª) A pré-análise – que trata do esquema de trabalho, envolve os primeiros contatos com os documentos de análise, a formulação de objetivos, a definição dos procedimentos a serem seguidos e a preparação formal do material; 2ª) A exploração do material – que corresponde ao cumprimento das decisões anteriormente tomadas, isto é, a leitura de documentos, a caracterização, entre outros; e, 3ª) O tratamento dos resultados – onde os dados são lapidados, tornando-os significativos, sendo que a interpretação deve ir além dos conteúdos manifestos nos documentos, buscando descobrir o que está por trás do imediatamente aprendido.

Os resultados da investigação

    As contribuições na aprendizagem docente do Estágio Curricular Supervisionado I para o desenvolvimento do Estágio Curricular Supervisionado II

    Praticamente a totalidade (vinte e oito) dos acadêmicos-estagiários (1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 23; 24; 25; 26; 27; 28 e 29) declararam que a aprendizagem docente ocorrida no Estágio Curricular Supervisionado I contribuiu para a sua atuação no Estágio Curricular Supervisionado II. Assim, somente um acadêmico-estagiário (8) declarou que não houve nenhuma contribuição.

    Os acadêmicos-estagiários elencaram as seguintes contribuições na aprendizagem docente do ECS I para o desenvolvimento do ECS II:

1.     No aprendizado do domínio/controle de turma – Nove acadêmicos-estagiários (1; 3; 4; 12; 16; 23; 24; 25 e 28) manifestaram que aprenderam domínio/controle de turma na realização do ECS I e que isto contribuiu para a sua atuação no ECS II. Segundo Siedentop (1983) a atividade do professor é o objeto do desenvolvimento da competência pedagógica, portanto ela se desenvolve com o exercício da docência. Já Silva e Krug (2007) destacam que os acadêmicos-estagiários vão tendo dificuldades de controle de seus alunos com o crescimento da faixa etária dos mesmos;

2.     Na experiência adquirida como professor – Sete acadêmicos-estagiários (5; 13; 18; 20; 21; 27 e 29) disseram que a experiência adquirida como professor na realização do ECS I contribuiu para a sua atuação no ECS II. Pimenta e Lima (2004) destacam que a vivência escolar dos acadêmicos no estágio passa a ser um retrato vivo de sua atuação profissional;

3.     No aprendizado de uma boa relação professor-aluno – Seis acadêmicos-estagiários (3; 6; 10; 11; 14 e 15) declararam que o aprendizado de uma boa relação professor-aluno no ECS I contribuiu para a sua atuação no ECS II. Zabala (1998) destaca que a interação professor-aluno é um aspecto fundamental no processo ensino-aprendizagem. Darido e Rangel (2005) ressaltam que o sucesso e o insucesso do processo ensino-aprendizagem depende da interação professor-aluno em sua prática pedagógica. Assim, a boa relação está associada ao sucesso e a má relação ao insucesso. Segundo Marques, Ilha e Krug (2009a) constantemente, a relação do professor de Educação Física e seus alunos são bastante amigáveis e descontraídas. Já Daólio (1995) destaca que o relacionamento do professor de Educação Física é mais próximo dos alunos em comparação com os professores das demais disciplinas. E, essa proximidade pode ser notada pelo tipo de cumprimento e pelas expressões faciais dos alunos ao encontrar seus professores, os quais expressam esse afeto pelo carinho e pela atitude paternal;

4.     No aprendizado de elaboração de planejamento de aulas – Cinco acadêmicos-estagiários (2; 9; 19; 26 e 28) depuseram que o aprendizado de elaboração de planejamento de aulas realizadas no ECS I contribuiu para a sua atuação no ECS II. De acordo com Piletti (1995) o planejamento consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o professor fará na aula. Para Libâneo (1994) o planejamento é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos de sua organização e coordenação em face aos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. É também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação;

5.     No aprendizado do trato com o conteúdo esporte – Três acadêmicos-estagiários (1; 4 e 7) falaram que o aprendizado no trato com o conteúdo esporte durante o ECS I contribuiu para a atuação no ECS II. Libâneo (1994) entende que os conteúdos são organizados em matérias de ensino e dinamizados pela articulação objetivos-conteúdos-métodos e formas de organização do ensino, nas condições reais em que ocorre o processo de ensino. Segundo Ivo e Krug (2008) no Estágio Curricular Supervisionado I e II os acadêmicos desenvolvem os conteúdos de acordo com o que já vem sendo trabalhado pelos professores de Educação Física da escola. Portanto, a escolha dos conteúdos não é realizada pelos acadêmicos, pois dão continuidade ao que está sendo trabalhado;

6.     No aprendizado de um método de ensino – Dois acadêmicos-estagiários (1 e 9) destacaram que o aprendizado de um método de ensino durante o ECS I contribuiu para a atuação no ECS II. Para Piletti (1995) os métodos e técnicas são usados pelo professor para criar situações e abordar conteúdos que permitam ao aluno viver as experiências necessárias para alcançar os objetivos;

7.     No aprendizado do trabalho com equipes esportivas – Um acadêmico-estagiário (17) salientou que o aprendizado do trabalho com equipes esportivas adquirido no ECS I foi a contribuição para a atuação no ECS II. Segundo Ivo e Krug (2008) na realização do ECS I do CEFD/UFSM os acadêmicos estagiam em turmas em que os professores de Educação Física da escola dão preferência pelo formato de estruturação da disciplina por clubes onde existe somente a prática de um desporto (geralmente de escolha do professor) e que o método de ensino é o de treinamento de equipes esportivas; e,

8.     No aprendizado da responsabilidade com a escola – Um acadêmico-estagiário (22) considerou que o aprendizado da responsabilidade com a escola adquirido no ECS I contribuiu para a sua atuação no ECS II. Krug e Canfield (2001) colocam que é no compromisso que reside uma das grandes razões para o bom desempenho do professor, pois o comprometimento pelo que faz inquieta e leva ao aprimoramento, provoca a busca de novas alternativas de ensino.

    As contribuições na aprendizagem docente do Estágio Curricular Supervisionado II para o desenvolvimento do Estágio Curricular Supervisionado III

    A grande maioria (vinte e dois) dos acadêmicos-estagiários (1; 3; 4; 5; 6; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 18; 19; 20; 22; 23; 24; 25; 26; 27; 28 e 29) manifestaram que a aprendizagem docente ocorrida no Estágio Curricular Supervisionado II contribuiu para a sua atuação no Estágio Curricular Supervisionado III. Conseqüentemente sete acadêmicos-estagiários (2; 7; 8; 9; 16; 17 e 21) manifestaram que não houve nenhuma contribuição.

    As contribuições na aprendizagem docente do ECS II para o desenvolvimento do ECS III destacadas pelos acadêmicos-estagiários foram as seguintes:

1.     No aprendizado do domínio/controle de turma - Nove acadêmicos-estagiários (4; 5; 12; 14; 15; 19; 24; 25 e 28) manifestaram que aprenderam domínio/controle de turma na realização do ECS II e que isto contribuiu para a sua atuação no ECS III. Segundo Silva e Krug (2007) os acadêmicos-estagiários vão tendo facilidades de controle de suas aulas à medida que a faixa etária dos alunos diminui;

2.     Na experiência adquirida como professor – Cinco acadêmicos-estagiários (6; 11; 13; 20 e 29) disseram que a experiência adquirida como professor na realização do ECS II contribuiu para a sua atuação no ECS III. Conforme Pimenta e Lima (2004) o estágio supervisionado pode ser um espaço de convergência das experiências pedagógicas vivenciadas no decorrer do curso, como também, uma possibilidade de aprendizagem da profissão docente, mediada pelas relações sociais historicamente situadas;

3.     No aprendizado de uma boa relação professor-aluno – Cinco acadêmicos-estagiários (1; 3; 6; 10 e 14) declararam que o aprendizado de uma boa relação professor-aluno no ECS II contribuiu para a sua atuação no ECS III. Cunha (1996) diz que a aula é um lugar de interação entre pessoas e, portanto, um momento único de troca de influências. Assim, a relação professor-aluno no sistema formal é parte da educação e insubstituível na sua natureza;

4.     No aprendizado de elaboração de planejamento de aulas – Três acadêmicos-estagiários (6; 23 e 26) depuseram que o aprendizado na elaboração de planejamento de aulas realizadas no ECS II contribuiu para a sua atuação no ECS III. Serrão (2006, p.138) destaca que “o planejamento é visto como um instrumento que permite ao sujeito que realiza a atividade estabelecer o norte de sua própria atividade, definindo os objetivos da mesma e abrindo um leque de caminhos possíveis. Segundo Contreira et al. (2009) a maioria dos acadêmicos em situação de Estágio Curricular Supervisionado compreendem a importância da elaboração de um planejamento adequado, de maneira que, venha ao encontro das necessidades dos alunos, buscando uma aplicação efetiva do planejamento durante as aulas, contemplando as diferentes realidades sociais em que as escolas encontram-se inseridas.;

5.     No aprendizado de saber solucionar problemas - Três acadêmicos-estagiários (24; 27 e 28) falaram que o aprendizado de saber solucionar problemas exercitado durante o ECS II contribuiu para a atuação no ECS III. Segundo Miranda (2008) o estágio pedagógico constituiu-se num espaço privilegiado de interface da formação teórica com a vivência profissional. Essa interface teórico-prática compõe-se de uma interação constante entre o saber e o fazer, entre os conhecimentos acadêmicos disciplinares e o enfrentamento dos problemas decorrentes da vivência de situações próprias do cotidiano escolar. Maschio et al. (2009) enfatizam a necessidade da formação estar fundamentada em um processo crítico e reflexivo que aproxime os futuros professores da realidade de sua profissão e dê a eles as condições mínimas para saber lidar com as ‘zonas indeterminadas da prática’, pois a atuação no cotidiano escolar vai variar em cada contexto, e para isso o professor deverá desenvolver sua capacidade de lidar com diferentes situações;

6.     No aprendizado do conhecimento da realidade escolar - Dois acadêmicos-estagiários (18 e 22) destacaram que o aprendizado do conhecimento da realidade escolar adquirido no ECS II contribuiu para a atuação no ECS III. De acordo com Marques, Ilha e Krug (2009a) a realidade do dia-a-dia da escola é uma instância privilegiada para a formação dos acadêmicos de Educação Física e sua interação com o ambiente escolar o possibilita aos mesmos ter conhecimentos sobre os alunos, seus interesses, bem como os professores e a escola como um todo; e,

7.     No aprender a ensinar - Um acadêmico-estagiário (1) salientou que o aprender a ensinar vivenciado durante o ECS II foi a contribuição para a atuação no ECS III. Segundo Serrão (2006) a atividade predominantemente do professor é ensinar e deve visar o desenvolvimento dos estudantes com os quais interage, que pode ser impulsionado por uma organização do ensino capaz de promover ações voltadas à aprendizagem de conceitos por parte dos próprios estudantes.

    As contribuições na aprendizagem docente do Estágio Curricular Supervisionado I para o desenvolvimento do Estágio Curricular Supervisionado III

    A grande maioria (vinte e um) dos acadêmicos-estagiários (1; 3; 4; 5; 6; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 18; 19; 20; 22; 23; 24; 25; 26; 27; 28 e 29) manifestaram que a aprendizagem docente ocorrida no Estágio Curricular Supervisionado I contribuiu para a sua atuação no Estágio Curricular Supervisionado III. Conseqüentemente oito acadêmicos-estagiários (2; 5; 7; 8; 9; 16; 17 e 21) manifestaram que não houve nenhuma contribuição.

    As contribuições na aprendizagem docente do ECS I para o desenvolvimento do ECS III elencadas pelos acadêmicos-estagiários foram as seguintes:

1.     No aprendizado do domínio/controle de turma - Nove acadêmicos-estagiários (1; 3; 4; 6; 12; 20; 24; 25 e 27) manifestaram que aprenderam domínio/controle de turma na realização do ECS I e que isto contribuiu para a sua atuação no ECS III. Segundo Silva e Krug (2007) os acadêmicos-estagiários vão tendo facilidades de controle de suas aulas à medida que a faixa etária dos alunos diminui;

2.     No aprendizado de elaboração de planejamento de aulas – Seis acadêmicos-estagiários (1; 13; 15; 19; 26 e 28) depuseram que o aprendizado na elaboração de planejamento de aulas realizadas no ECS I contribuiu para a sua atuação no ECS III. Turra (apud IVO; KRUG, 2008) destaca que o plano de aula possibilita o professor a pensar reflexivamente e sistematizar o que vai ensinar e trabalhar com seus alunos eliminando a improvisação tão prejudicial à prática pedagógica. Já Cavalheiro et al. (2009) destacam que uma das aprendizagens dos acadêmicos em situação de estágio é a construção do planejamento das aulas;

3.     Na experiência adquirida como professor – Seis acadêmicos-estagiários (11; 14; 18; 24; 26 e 29) disseram que a experiência adquirida como professor na realização do ECS I contribuiu para a sua atuação no ECS III. Pereira (1996) salienta que o estágio é essencial à formação do futuro professor, pois lhe proporciona um momento específico de aprendizagem sobre a sua função profissional; e,

4.     No aprendizado do conhecimento da realidade escolar - Três acadêmicos-estagiários (10; 22 e 23) destacaram que o aprendizado do conhecimento da realidade escolar adquirido no ECS I contribuiu para a atuação no ECS III. Ilha et al. (2009b) afirmam que o Estágio Curricular Supervisionado, como eixo básico da formação do profissional, objetiva a compreensão da realidade da escola e da sala de aula, consolidando a idéia do professor como pesquisador, que investiga, reflete, julga e produz conhecimentos provocando transformações, percebendo as implicações da sua ação docente na sua própria formação e na formação do aluno.

    A necessidade de desenvolvimento dos Estágios Curriculares Supervisionados I, II e III na formação inicial

    A totalidade (vinte e nove) dos acadêmicos-estagiários (1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 23; 24; 25; 26; 27; 28 e 29) depuseram que é necessário a realização dos três estágios para uma formação inicial adequada. Desta forma, podemos inferir que os ECS I, II e III exigem vivências em todos os níveis de ensino, possibilitando aos acadêmicos prepararem-se para exercer o papel de educadores com crianças, adolescentes e adultos. Este fato pode ser corroborado pelo estudo de Ilha et al. (2009a) que concluíram que a realização dos ECS (I-II-II) pelos estagiários do CEFD/UFSM foi de extrema importância e fundamental para a construção das suas identidades docentes, ao aprenderem a serem professores, pois em cada um desses estágios eles puderam refletir, construir e desconstruir seus saberes e suas práticas de acordo com os seus aprendizados, oriundos das vivências de sua trajetória acadêmica. A diversificação de escolas, alunos e práticas promovem um crescimento profissional significativo nos estagiários ao experenciarem a Educação Física em todos os níveis de ensino da educação básica.

    Segundo Ivo e Krug (2008) realizar o ECS em todos os níveis da educação básica, certamente é importante para os futuros educadores, porém deve-se ter claro o que almejamos com esta experiência acadêmica.

    Neste sentido, Zabalza (2004) alerta que é importante desfrutar cada disciplina aproveitando suas potencialidades para decodificar e entender melhor o que nos rodeia.

    Piéron (1996) destaca que o estágio pedagógico no ensino tem sido considerado pelos acadêmicos como a experiência mais útil da preparação profissional.

    A seqüência proposta para o desenvolvimento dos Estágios Curriculares Supervisionados I, II e III pelo Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Educação Física

    A proposta para os Estágios Curriculares Supervisionados de acordo com a grade curricular do curso de Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM tem como seqüência o Ensino Médio (I), as Séries/Anos Finais do Ensino Fundamental (II) e Séries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental (III).

    Segundo Krug e Krüger (2007) a disciplina de Educação Física no Ensino Médio nas escolas com Estágio Curricular Supervisionado do CEFD/UFSM caracteriza-se pela presença de duas formas de estruturação diferentes, podendo assim, ser realizada no formato de clubes, ou no formato de disciplina curricular. Os clubes são divididos de acordo com as categorias esportivas, podendo o aluno optar pelo esporte de sua preferência, além de serem separados por sexo. Quando as aulas ocorrem no formato de disciplina curricular, a proposta de ensino é estipulada pelo professor da mesma, como: separação da turma por sexo ou mista, os conteúdos, a metodologia, enfim todo o encadeamento das aulas.

    Conforme Ivo e Krug (2008) a disciplina de Educação Física nas Séries/Anos Finais do Ensino Fundamental nas escolas com Estágio Curricular Supervisionado do CEFD/UFSM caracteriza-se pela presença da forma de estruturação de disciplina curricular. As aulas acontecem com turmas mistas, ou seja, meninos e meninas juntos, ou ainda com turmas separadas por sexo. O conteúdo fica a cargo da decisão do professor, mas predominantemente são enfatizados um ou mais dos desportos coletivos. Os mais comuns são o futsal, o voleibol, o handebol e o basquetebol.

    De acordo com Silva e Krug (2008) o estágio em Educação Física do CEFD/UFSM nas Séries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental é realizado em escolas com turmas onde os professores do currículo (com formação em Magistério ou em Pedagogia) são os ministrantes das aulas de Educação Física. São professores com ‘unidocência’, onde entendemos que ‘uni’ vem da palavra unir e ‘docência’ corresponde ao ato do professor de exercer sua profissão e, então, logicamente’unidocência’ é a união dos conteúdos de todas as disciplinas e ministradas por um único professor. Desta forma, as aulas acontecem com turmas mistas e o conteúdo geralmente não é ligado à iniciação esportiva.

    Sobre se concordam ou não com esta proposta de seqüência dos estágios (I-II-III) os acadêmicos-estagiários declaram o seguinte:

a.     A grande maioria (vinte e um) dos acadêmicos-estagiários ‘não concordaram’ com esta seqüência, afirmando que ela não é a ideal. A fala a seguir simboliza esta opinião: “Acredito que há um equívoco no Projeto Político-Pedagógico do Curso de Licenciatura em Educação Física da UFSM, quando este designa o estágio obrigatório aos alunos do Ensino fundamental anteriormente ao Ensino Médio (...)” (Acadêmico-Estagiário 6). Desta forma, para corroborar com esta situação citamos Ivo e Krug (2008) que no estudo intitulado “O Estágio Curricular Supervisionado e a formação do futuro professor de Educação Física” constataram que a maioria dos acadêmicos da primeira turma da nova Licenciatura (Currículo 2005) não concordaram com esta seqüência. A justificativa foi de que iniciar os Estágios Curriculares Supervisionados pelo Ensino Médio foi complicado, tendo em vista que muitos conteúdos trabalhados no Ensino Médio, ainda não haviam sido trabalhados até o semestre que continha este estágio. Enquanto que as disciplinas lúdicas já haviam sido trabalhadas em semestres anteriores ao estágio, além de outras disciplinas que dão suporte teórico para os acadêmicos ministrarem aulas para as Séries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental; e,

b.     Alguns (oito) acadêmicos-estagiários ‘concordaram’ com esta seqüência, afirmando que ela é correta. A fala a seguir representa esta opinião: “Sou de opinião de que a seqüência dos estágios está correta, pois quando chegamos no estágio III já temos uma boa experiência para trabalhar com as crianças” (Acadêmico-Estagiário 3). Para corroborar com a opinião destes estagiários citamos a ATA nº 22 (CEFD, 2004a) da Comissão de Elaboração e Implantação do Projeto Político Pedagógico e Reestruturação Curricular (CEIPPPRE) que justificou a seqüência dos Estágios Curriculares Supervisionados da seguinte forma: “o Infantil foi colocado como última fase do estágio porque é a fase do ser humano que mais exige conhecimento profissional”. Já na ATA nº 25 (CEFD, 2004b) consta a seguinte justificativa: “não é a ordem que vai mudar a Educação Física no Ensino Médio, mas que deva haver uma preocupação pedagógica em formar professores mais qualificados para atuar em escola”.

Conclusão: uma possível síntese sobre a investigação

    Pela análise das informações obtidas constatamos que a maioria (vinte e um) dos acadêmicos-estagiários declarou que existiu contribuição na aprendizagem docente de um ECS para outro, através das experiências que lhes foram dando maior segurança para as ações futuras. Segundo Isaia (2006, p.377) a aprendizagem docente é um processo “[...] que envolve a apropriação de conhecimentos, saberes e fazeres próprios ao magistério (...), que estão vinculados à realidade concreta da atividade docente em seus diversos campos de atuação e em seus respectivos domínios”. Assim, percebemos que os acadêmicos-estagiários estudados conseguiram estabelecer relações entre os três estágios (I-II-III), ao manifestarem, entre outras relações, a mobilização de alguns saberes em suas ações. Neste sentido, citamos Tardif (2002) que destaca que os saberes experenciais são saberes práticos, ou seja, são saberes atualizados adquiridos e necessários no âmbito da prática da profissão docente, e que não provêm de instituições de formação nem dos currículos.

    Constatamos também que não houveram contribuições na aprendizagem docente do ECS I para o ECS II na percepção de um acadêmico-estagiário, de sete do ECS II para o ECS III e de oito do ECS I para o ECS III. Convém salientar que somente o acadêmico-estagiário 8 é que declarou não haver nenhuma contribuição na aprendizagem docente entre os três estágios. Estas declarações dos acadêmicos-estagiários nos remetem para a inferência de que os mesmos não conseguiram perceber as possíveis contribuições na aprendizagem docente entre os estágios em diversos níveis, tais como: objetivos, conteúdos, procedimentos de ensino, uso de recursos de ensino, avaliação, bem como outras em referência à complexidade da prática. Assim, estes acadêmicos-estagiários deveriam levar em conta a construção dos saberes docentes e as realidades específicas de seu trabalho cotidiano, estabelecendo relações entre eles.

    Entretanto, constatamos que a principal contribuição na aprendizagem docente entre todos os estágios (I, II e III) está relacionada ao domínio/controle de turma, pois as experiências no trato com os alunos em cada estágio, os deixaram mais seguros e com um maior domínio/controle das turmas posteriores. Segundo Siedentop (1983) a competência pedagógica é o domínio da atividade do professor no processo pedagógico, entendido como uma relação de reciprocidade entre alunos e professor, sob a direção deste.

    Outra principal contribuição na aprendizagem docente entre todos os estágios (I-II-III) está relacionada ao aprendizado de elaboração do planejamento de aulas. Realmente, conforme Flores et al. (2009b), a construção de planejamento das aulas é uma das aprendizagens dos acadêmicos em situação de estágio.

    Ainda uma terceira principal contribuição na aprendizagem docente entre todos os estágios (I-II-III) está relacionada à experiência adquirida como professor. Este fato é corroborado por Cavalheiro et al. (2009) que destacam que é comum ouvir dos estagiários que o ECS é importante para que os mesmos adquiram experiência como professor.

    Além disso, constatamos que a totalidade dos acadêmicos-estagiários declarou que consideram necessária a realização dos três estágios (I-II-III) para uma formação inicial adequada, pois, segundo Ilha et al. (2009a), os ECS (I-II-II) se dão em escolas e espaços sociais diversos, tendo, portanto, características próprias e singulares, o que possibilita ao estagiário conhecer e perceber como se elabora, se organiza e se conduz o processo educativo. Também constatamos que a maioria dos acadêmicos-estagiários não concordam com a seqüência dos três estágios (I-II-III), afirmando que ela não é a ideal, fato este que é corroborado pelo estudo de Ivo e Krug (2008).

    A partir dos resultados desta investigação chamamos à atenção para as contribuições na aprendizagem docente dos Estágios Curriculares Supervisionados I-II-III na formação dos acadêmicos, visto que, segundo Ilha; Ivo e Krug (2009), independente das problemáticas que o cercam, este momento é de fundamental importância durante a graduação, pois as experiências nele vivenciadas serão fundamentais na futura prática pedagógica dos mesmos.

    Assim, julgamos que as reflexões apresentadas nesta investigação ressaltam a importância dos acadêmicos em estarem inseridos no contexto educacional percebendo a complexidade da prática pedagógica e os elementos que a permeiam.

    Contudo, segundo Ilha: Ivo e Krug (2009), é necessário repensar alguns aspectos que compõem o desenvolvimento da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado, para que, constantemente, se promovam melhorias na formação inicial de professores de Educação Física, de forma que se reflita também sobre as disciplinas que constituem a grade curricular deste curso, no que se refere às relações estabelecidas entre si e especialmente o diálogo que cada uma delas faz com o contexto escolar em que se insere a disciplina de Educação Física. Nesta perspectiva, Piconez (apud CONCEIÇÃO; BERNARDI; KRUG, 2007) estabelece alguns elementos para promover esta mudança na atual conjuntura da formação inicial de professores, tais como: o compromisso das demais disciplinas com a formação de professores, não recaindo tal responsabilidade somente nas disciplinas de Estágio Curricular Supervisionado e de Didática, de forma que estas tenham significado para o aluno; que o projeto pedagógico do curso, em seu plano de ensino, tenha presente estratégias de envolvimento das disciplinas supracitadas com os demais elementos envolvidos na instituição escolar, e; que o Estágio Curricular Supervisionado envolva na sua totalidade as ações do currículo do curso.

    Para finalizar, recomendamos a realização de investigações mais aprofundadas sobre a formação inicial dos professores de Educação Física e em particular sobre o ECS, pois este momento é muito importante para uma formação de qualidade.

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