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Percepção sobre prescrição, orientação e avaliação do treinamento

resistido com pesos e caracterização da formação dos educadores

físicos na cidade de Jaraguá do Sul, SC

Consideración sobre prescripción, orientación e evaluación del entrenamiento resistido con pesos 

y caracterización de la formación de los educadores físicos en la ciudad de Jaraguá do Sul, SC

 

FURB - Universidade de Blumenau

(Brasil)

Prof. Dr. João Augusto Reis Moura

Prof. Esp. Miriely Cristhina Santos

Prof. Esp. Gislaine Joanna Bacca

Prof. Esp. Tatiane Cristine Pokrywiecki

joaomoura@furb.br

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve como objetivo investigar a percepção sobre prescrição, orientação e avaliação de Treinamento Resistidos com Pesos (TRP) nas academias de ginástica de Jaraguá do Sul (SC), para tal 12 academias foram visitadas. Após a liberação da gerência das academias 32 educadores físicos que nelas atuam foram entrevistados. Na entrevista foram abordados (1) Tempo de experiência; (2) Nível acadêmico; (3) Quais os 3 principais motivos pelo qual as pessoas procuram a prática do TRP; (4) A principal qualidade física que os praticantes de musculação procuram desenvolver; (5) Os métodos mais utilizados nos programas de musculação; (6) As principais fontes de informação, que o Educador Físico busca para o trabalho no TRP; (7) Informação dos alunos quanto a importância dos exercícios físicos. Os resultados demonstraram, segundo os profissionais entrevistados que, (1) a maioria dos educadores físicos apresenta uma experiência de razoável a muito boa (maior que 5 anos) na conduta de trabalhos no TRP; (2) em Jaraguá do Sul há uma quantidade significante de profissionais graduados e pós-graduados atuando na área de TRP (78,1%), com apenas 18,7% de estagiários; (3) homens buscam prioritariamente aumento do volume muscular e mulheres buscam emagrecimento (ambos com fins estéticos); (4) força é a qualidade mais desenvolvida nos homens, enquanto resistência muscular localizada para mulheres; (5) séries múltiplas, circuito e pirâmide crescente respectivamente são os métodos de treinamento mais utilizados; (6) a atualização dos educadores físicos é principalmente através de livros; (7) a maior parte dos clientes são bem informados quanto a prática de exercícios. As questões abordadas foram baseadas em estudo realizado na cidade de Santa Maria (RS), e alguns resultados obtidos foram comparados com os resultados do mesmo.

          Unitermos: Educadores físicos. Academias. Alunos. TRP

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 142 - Marzo de 2010

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Introdução

    O Treinamento Resistido com Pesos (TRP), também descrito como treinamento de força ou treinamento com pesos, é mais popularmente conhecido como “musculação”. Esta modalidade de exercitação corporal tornou-se uma das formas mais populares de exercício físico ao congregar diversos objetivos de treinamento como Aumento do Volume Muscular (AVM), força, Resistência Muscular Localizada (RML), potência e flexibilidade. O crescente número de salas de TRP em clubes, universidades, escolas, trabalho personalizado (personal trainer) e academias, comprovam a popularidade dessa forma de condicionamento físico.

    Para o meio científico, a nomenclatura “musculação” não é a mais indicada para denominar os exercícios realizados com pesos, pois esse termo refere-se ao desenvolvimento da musculatura esquelética e, outras atividades com alta intensidade também podem promover o desenvolvimento neuromuscular, por isso a nomenclatura adotada recentemente é TRP.

    Os indivíduos que participam de um programa de TRP esperam que ele produza determinados benefícios como: aumento de força, aumento de massa magra, diminuição da gordura corporal, e a melhoria do desempenho físico em atividades esportivas e da vida diária (FLECK E KRAEMER, 2006). Para que os praticantes de TRP alcancem esses benefícios, os educadores físicos precisam de conhecimentos e experiência para formulação de treinos adequados a tais objetivos, pois vários métodos/sistemas de treinamento, podem ser utilizados para obter esses resultados.

    Sendo o TRP um campo de trabalho do educador físico este busca conhecimentos pesquisando e mantendo contato com outros profissionais da mesma área, participando de congressos específicos a temática, buscando bibliografias específicas (MOURA, PRESTES & HOPF, 2002).

    O presente estudo buscou identificar a percepção sobre a prescrição, orientação e avaliação do TRP pelos educadores físicos da cidade de Jaraguá do Sul (SC), bem como verificar os principais motivos que levam a população a procurar a prática de exercícios físicos nas academias e análise do perfil dos profissionais que atuam na prescrição do TRP; comparando-se, em partes, com estudo realizado na cidade de Santa Maria (RS), realizado sete anos atrás. Observando uma escassez de trabalhos específicos nesta área na cidade de Jaraguá do Sul, houve interesse por parte dos pesquisadores de identificar a realidade e as necessidades existentes na área do TRP nas academias desta cidade.

Materiais e métodos

    Esta pesquisa caracterizou-se como do tipo descritiva ao buscar identificar a percepção que os profissionais atuantes em academias de ginástica da cidade de Jaraguá do Sul (SC) possuem sobre prescrição, orientação e avaliação de programas de TRP.

    Foram selecionadas as 12 academias mais tradicionais - das 17 registradas no CREF - e com maior número de alunos/clientes da cidade de Jaraguá do Sul (SC) no ano de 2008. Desta forma 32 educadores físicos atuantes em TRP nas academias de ginástica pesquisadas participaram da amostra. Identificou-se também 1 indivíduo que não apresentava formação em Educação Física atuando no cenário das academias. Entende-se, neste estudo, por educadores físicos: estudantes, graduados e pós-graduados em educação física e indivíduos que atuam na área sem formação.

    Os pesquisadores contataram os responsáveis de cada academia estudada para autorização da pesquisa. Após a permissão realizou-se a entrevista com cada profissional pessoalmente, de forma individualizada. Das 12 academias listadas para a pesquisa, apenas uma não consentiu a realização da entrevista com seus educadores físicos, sendo assim os pesquisadores buscaram realizar a coleta com as demais academias.

    Para a coleta de dados foi formulado um questionário (em anexo), com sete perguntas ao total, sendo semi estruturadas e estruturadas, onde abordavam aspectos relacionados aos dados pessoais (idade, gênero), formação e experiência profissional (tempo de atuação na área, curso superior e pós graduação), questões direcionada ao TRP (fonte de informação, motivos pela procura desta modalidade, principais qualidades físicas e metodologia de treinamento utilizados) e se os alunos/clientes são bem ou pouco informados quanto a importância dos exercícios físicos. Após a coleta dos dados, as informações obtidas foram analisadas pela estatística descritiva em forma de freqüência absoluta de resposta e percentualmente.

Análise e discussão dos resultados

    Com o objetivo de explorar o trabalho de TRP tanto de avaliação quanto de prescrição e verificar a qualificação destes educadores físicos, gerou-se inicialmente a tabela 1 que faz uma descrição inicial dos anos de experiências destes indivíduos atuantes nas academias de ginástica de Jaraguá do Sul no ano de 2008.

Tabela 1. Dados referentes aos anos de experiência dos educadores físicos (n = 32)

Anos de Experiência

NO

Até 1 ano

4

1 a 2 anos

8

3 a 4 anos

3

5 a 6 anos

8

Acima de 6 anos

9

    Na tabela 1 verificou-se que somente 4 educadores físicos apresentaram um pequeno tempo de experiência (menos de 1 ano). Dezessete apresentaram um grande tempo de experiência (maior que 5 anos). Desta forma, denota-se que a maioria dos educadores físicos (n=17 - 53,1%) de Jaraguá do Sul apresentam uma experiência de razoável a muito boa na conduta de trabalhos no TRP.

    Comparando-se com o estudo realizado em Santa Maria (RS) (MOURA, PRESTES & HOPF, 2002), observou-se que a maioria dos educadores físicos que trabalham na área de TRP em Jaraguá do Sul atuam a mais de 5 anos na área, enquanto em Santa Maria a maioria tem pouco tempo de atuação no TRP (até 2 anos). Uma das hipóteses para explicar este fato é de que em Santa Maria, os que educadores experientes procuram outras áreas da Educação Física para garantir melhores condições salariais e estabilidade empregatícia, o que parece que não se aplica a cidade de Jaraguá do Sul, onde as academias oferecem salários melhores do que a maioria das outras áreas da Educação Física e os educadores experientes são preferencialmente procurados pelos proprietários das academias.

    Aparentemente, os proprietários das academias estão preocupados em oferecer um trabalho de qualidade, optando por contratar estes educadores com mais tempo de trabalho no TRP, porém acreditamos que nem sempre experiência está vinculada a maior competência profissional. Isto difere de outras regiões do País onde em alguns locais trabalhar em academia de ginástica é um subemprego como coloca Toscano (2001).

    O nível de conhecimento técnico dos educadores físicos envolvidos com a avaliação, elaboração e prescrição do Treinamento Resistido com pesos (TRP) pode ser estimado pela formação acadêmica destes. Na tabela 2 são apresentados os resultados referentes ao nível de formação acadêmica dos educadores físicos.

Tabela 2. Dados referentes ao nível acadêmico dos educadore s físicos

* 1 pessoa possui 3 especializações e 1 pessoa possui 2 especializações.

    Observa-se na tabela 2 que 78,1% (n = 25) dos entrevistados são formados em educação física sendo que, destes, 64,5% (n = 20) possuem curso de especialização. Estes dados vão ao encontro das informações relatadas na tabela 1, ou seja, além das academias de Jaraguá do Sul trabalharem com educadores físicos com experiência satisfatória, esta experiência é respaldada por uma formação acadêmica ou até mesmo uma pós-graduação em nível de especialização.

    Confrontando a tabela 2 com o estudo de Santa Maria (MOURA, PRESTES & HOPF, 2002), conclui-se que em Jaraguá do Sul há uma quantidade significativa de educadores graduados e pós-graduados atuando na área de TRP (78,1%) e em Santa Maria a quantidade de educadores qualificados também é satisfatória (72,2%), porém estes educadores mostram menor tempo de atuação em TRP, onde a maioria possui até 2 anos de experiência.

    Dos 32 educadores, apenas 6 possuíam 3o grau incompleto e 1 que não possuía graduação, isso nos mostra que, como já foi relatado na tabela 1, há poucos estagiários atuando nas academias de Jaraguá do Sul, no TRP. Estes dados vão de encontro ao relatado por Toscano (2001) em que coloca que uma fatia significativa de academias de ginástica atuam pautadas no trabalho de estagiários. Porém o presente estudo buscou não julgar a qualidade do trabalho de estagiários.

    Observa-se que das 12 especializações, apenas 5 pessoas procurou uma pós graduação específica na área de TRP, 14 se especializou em área afim, que tem relação indireta com o TRP e 4 concluíram pós graduações em área distinta (sem relação com TRP). Uma hipótese que explica tantos especializados em áreas com pouca ou sem relação com TRP é o fato de que alguns educadores atuam em mais de uma área em Educação Física.

    Foi questionada a amostra sobre quais os principais motivos, percebidos ou inquiridos por eles, levavam seus clientes a sua academia de ginástica para praticar TRP. Estes dados são apresentados na tabela 3.

Tabela 3. Principais motivos pelos quais as pessoas procuram a prática da musculação nas academias de Jaraguá do Sul

Motivo

Homens

No de citações

Mulheres

No de citações

1o motivo

Hipertrofia

22

Emagrecimento

26

2o motivo

Emagrecimento

17

Definição Muscular

11

3o motivo

Condicionamento Físico

6

Qualidade de Vida

9

    Um primeiro aspecto sobre os fatores motivadores a levarem a população de Jaraguá do Sul as academias é com relação ao gênero. O primeiro fator motivacional que leva homens a academia é a hipertrofia do tecido muscular (n= 22), todavia, para as mulheres o principal fator motivacional é o emagrecimento corpóreo (n= 26). Pode-se perceber que o principal motivo, tanto para homens como para mulheres, é estético, porém o entendimento de estética difere entre os sexos. O segundo fator motivacional segue a mesma linha, ou seja, ainda é um fator estético que apresenta entendimentos diferentes entre homens (emagrecimento, n= 17) e mulheres (definição muscular, n = 11).

    Somente no terceiro fator motivacional que foi transcendido a questão estética e surge a dimensão saúde como fator motivacional. Novamente homens e mulheres têm entendimento diferente no aspecto saúde. Para mulheres a dimensão saúde é vista como busca da qualidade de vida através do TRP nas academias de ginástica, já os homens visavam condicionamento físico. Embora, os primeiros motivos serem citados como fator estético, sabe-se que estes também visam melhorar a qualidade de vida e saúde, em determinados casos.

    As pessoas buscam o TRP nas academias de ginástica principalmente pela questão estética que o mesmo proporciona. Aparentemente, o “quesito” saúde torna-se um coadjuvante, isto é, fica em um segundo plano, sendo a prioridade total o fator estético. Como a faixa etária dos praticantes não foi objeto de estudo neste trabalho, não podemos afirmar que esta preferência pela estética é devido a alguma faixa etária específica, levando em conta que o questionário foi aplicado aos profissionais e não aos alunos de TRP. Todavia, pode-se hipotetizar que em indivíduos idosos a busca pelo TRP seja prioritariamente por questões de saúde referente a flexibilidade e força muscular como é largamente apresentado pela literatura específica (GONÇALVEZ, GURJÃO & GOBBI, 2007 e SILVA, GURJÃO, FERREIRA et al., 2006).

    Questionou-se aos educadores físicos de Jaraguá do Sul quais eram as principais qualidades físicas que os praticantes, de suas respectivas academias de ginástica, procuravam desenvolver com a prática do TRP. A apresentação destes resultados encontra-se na tabela 4.

Tabela 4. Principal qualidade física que os praticantes de musculação procuram desenvolver

 

Qualidade Física

Gênero

RML

Força

Resistência Aeróbica

Flexibilidade

Homens

4

24

4

-

Mulheres

17

4

10

1

    Na tabela 4 nota-se que para os homens a qualidade física força (n= 24) foi a mais estimulada nos treinamentos, superando assim fortemente as demais qualidades físicas analisadas. Nas mulheres as qualidades físicas RML e resistência aeróbica obtiveram os maiores índices de procura (RML n=17 e resistência aeróbica n=10).

    Os dados encontrados apresentam coerência interna com os valores da tabela 3. Os objetivos que os homens buscam nas academias de Jaraguá do Sul é a hipertrofia muscular, esta sabidamente é obtida por meio de treinamento de força (UCHIDA, CHARRO, BACURAU et al., 2003), isto demonstra coerência entre o principal objetivo de treinamento e a principal qualidade física treinada no caso do sexo masculino. Trabalhos paralelos a hipertrofia muscular como, por exemplo, RML e resistência aeróbica são concorrentes com o trabalho de hipertrofia (BUCCI, VINAGRE, CAMPOS et al., 2005), isto é, estes trabalhos interferem negativamente no processo de hipertrofia. Isto justifica, pelo menos em parte, a fraca procura dos homens por RML e resistência aeróbia.

    Para o sexo feminino também houve coerência entre principais objetivos e principal qualidade física estimulada. A RML e a resistência aeróbica quando adequadamente prescritas promovem o emagrecimento (COUTINHO, 2007), o qual foi o principal objetivo que levam as mulheres para as academias de Jaraguá do Sul (tabela 3).

    De uma forma geral entende-se como coerente as principais qualidades físicas estimuladas, tanto em homens quanto em mulheres, com os respectivos objetivos de treino. Isto mais uma vez reforça que a elevada experiência dos educadores físicos, associados a sua formação acadêmica (grande número de indivíduos formados em Educação Física sendo alguns especialistas – tabela 3), propicia repercussões positivas sobre a prescrição do treinamento o que, de certa forma, justifica a adoção de educadores físicos experientes e formados e minimização do trabalho de estagiários quando se busca eficiência, eficácia e segurança no TRP, por parte dos proprietários das academias. Porém acreditamos que o trabalho de alguns estagiários supere o de muitos educadores formados com vasta experiência.

    Dando continuidade a análise dos procedimentos prescritivos dos educadores físicos de Jaraguá do Sul, a tabela 5 apresenta os métodos/sistemas de treinamento mais utilizados por estes.

Tabela 5. Principais sistemas de treinamento utilizados em TRP nas academias de Jaraguá do Sul

 

Métodos/sistemas de treinamento mais utilizados nas academias

No

1o

Séries múltiplas

24

2o

Circuíto

7

3o

Pirâmide crescente

10

    O principal método ou sistema de treinamento utilizado nas academias de Jaraguá do Sul foi “séries múltiplas” o qual foi respondido por 24 educadores (77,4%). Este método segundo Uchida, Charro, Bacurau et al., (2003) pode ser utilizado tanto para o trabalho de hipertrofia muscular como para o trabalho de RML. Novamente percebe-se a coerência interna das respostas no sentido em que a principal qualidade física estimulada nos homens (força) e mulheres (RML) pode ser exercitada através do sistema de séries múltiplas.

    Esta coerência também pode ser vista quando nas mulheres o emagrecimento é o principal motivo pelo qual as mesmas procuram as academias de Jaraguá do Sul sendo o sistema de circuito o segundo sistema mais utilizado nas academias (22,6%). Sabidamente, o método de treinamento em circuito é eficaz para o processo de perda de gordura corporal (FLECK & KRAEMER, 2006) por isto este apresenta-se como o segundo mais citado.

    Entende-se que o sistema mais utilizado foi quase que unânime entre os entrevistados (séries múltiplas). O que não ocorreu para o segundo sistema (circuito), onde houve uma heterogeneidade entre os sistemas, por isso o baixo percentual encontrado para o sistema de circuito. No terceiro método não ocorreu tanta abrangência de resposta quanto no segundo método, mas também não foi próximo ao consenso.

    Observou-se durante a entrevista que parte dos educadores entrevistados não souberam nomear os métodos de treinamento de acordo com a nomenclatura utilizada na área do TRP, os pesquisadores ouviram suas respostas e identificaram o método de treinamento aplicado, de acordo com sua experiência e literatura específica desta área.

    Para verificar se o tempo de experiência incluía também os anos de formação profissional, foi questionado aos educadores físicos qual era o ano de sua formação no caso de já houver ocorrido. A figura 1 apresenta, em forma descritiva, estes dados.

Figura 1. Ano de formatura dos educadores físicos (n = 32)

    Observa-se na figura 1 que, dos 32 educadores físicos, a grande maioria completou a graduação após o ano de 2000 (n= 19). Observa-se também que 13 concluíram sua graduação antes de 2003, esses dados vão ao encontro da tabela 1 onde nota-se que a maioria (n=17) possui mais que 5 anos de experiência na área, uma hipótese é de que grande parte desse grupo já estava atuando no TRP durante sua graduação. Observou-se uma minoria, 18,7% (n=6), atuando como estagiários. Apenas 1 dos entrevistados atua sem graduação e sem ter ingressado no curso de educação física.

    Foi questionado aos educadores físicos de Jaraguá do Sul que, através de sua percepção e com o convívio com seus clientes, definissem, de forma dualista, se consideravam seus clientes “bem informados” ou “pouco informados” quanto a conhecimentos referentes ao TRP. Estes dados são apresentados no figura 2.

Figura 2. Classificação do nível de informação quanto à importância dos exercícios físicos pelos clientes das academias

    Nota-se, através do figura 2, que a maioria (n=18) dos clientes das academias de ginástica em Jaraguá do Sul, através das respostas obtidas com os educadores físicos, são “bem informados” quanto a importância dos exercícios físicos. Enquanto o restante (n=14) tem pouco ou vago conhecimento sobre o mesmo. Os dados indicam que essa diferença não é muito significativa, pois dos classificados como “pouco informados” (43,7%) apenas 12,5% acima destes foram classificados como “bem informados” (56,2%).

    Esta pouca diferença pode ter diversas hipóteses, uma seria a de falta de interesse dos próprios clientes com a área, haja visto que, existe muita informação sobre os exercícios físicos na atualidade de fácil acesso tanto pelos meios de comunicação como pelos próprios educadores físicos.

    Um ponto negativo a destacar é de que, na percepção dos educadores físicos entrevistados, uma parcela significativa de seus clientes apresentam pouco ou vago conhecimento sobre exercícios físicos. Neste caso, um processo educativo, conduzido pelo próprio profissional, poderia ser realizado no sentido de iniciar um processo de aprendizado da importância e relevância do TRP e outros exercícios para, principalmente, saúde e qualidade de vida das pessoas. Desta forma, além de estarem “bem informados” os clientes também busquem o TRP com intuito de saúde e não somente estética, como foi apontado em discussão anterior referente a tabela 3. Assim, o educador físico cumpriria também as suas funções pedagógicas em salas de TRP como resgata Moura (1999) ao demonstrar como o educador físico, além de questões técnicas de avaliação e prescrição, pode, e deve, buscar educar.

    Para educar os clientes nas academias de ginástica com sugere Moura (1999) e como verifica-se a necessidade para tal (discussão do figura 2) é necessário a reciclagem constante do educador físico. Assim, este terá condições melhor conduzir um processo pedagógico junto ao seu cliente.

    Para verificar como os educadores entrevistados reciclavam seu conhecimento foi questionado qual(is) era(m) o(s) meio(s) mais utilizado(s) para obter informações sobre TRP. Tais dados são apresentados no figura 3.

Figura 3. Meios de busca de informação e conhecimento na área do TRP pelos educadores físicos

    Analisando a figura 3 nota-se que o meio de maior busca de informações no TRP é através de livros; a pesquisa em sites diversos na internet também é bastante optada pelos educadores físicos. Todavia, sabe-se que este meio de informação (sites na internet) pode não ser confiável já que as informações nele contidas não sofrem nenhum critério de aprovação ou seleção de conteúdos na maioria dos sites, portanto, o ideal para quem se utiliza desse meio é procurar sites de artigos científicos e/ou sites que tenham critérios para publicação de informações. Assim, na opinião dos pesquisadores esse tipo de pesquisa deve ser cauteloso, sendo o ideal para quem se utiliza desse meio procurar sites de artigos científicos e/ou sites que tenham critérios para publicação de informações.

    Confrontando com o estudo feito em Santa Maria (RS) (MOURA, PRESTES & HOPF, 2002), observa-se que a opção por livros como meio de atualização também foi a mais citada, já como segunda opção os cursos foram os escolhidos pelos educadores físicos de Santa Maria, enquanto em Jaraguá do Sul foi a internet, acredita-se que isso se deve devido a este meio estar mais acessível na atualidade do que 7 anos atrás (ano de publicação do artigo citado).

    Outras formas de busca de conhecimentos foram, em Jaraguá do Sul, em ordem decrescente de número de respostas: cursos, colegas de profissão, artigos científicos, revistas e TV, respectivamente. Valorizamos todas as buscas, pois isso demonstra que os profissionais estão preocupados em obter, cada vez mais conhecimento. No TRP, como também em outras áreas, a atualização contínua é indispensável para melhores atributos na atuação profissional.

    Através da pesquisa notou-se que a área de prescrição de exercício no TRP encontra-se em desenvolvimento, e que os educadores físicos de Jaraguá do Sul estão cada vez mais qualificados e preocupados em manter-se atualizados buscando o melhor resultado para seus alunos/clientes.

Conclusão

    Comparando o presente trabalho com o estudo de Santa Maria (RS), os educadores físicos que atuam em Jaraguá do Sul se mostraram mais experientes na área do TRP, porém não pode se afirmar que estes possuem mais conhecimento pois experiência não significa maior nível de proficiência. Observou-se também que esta experiência é embasada por uma formação acadêmica ou até mesmo uma pós-graduação em nível de especialização.

    Em Jaraguá do Sul os dois primeiros motivos pelos quais as pessoas buscam a prática do TRP, em ambos os sexos, é a estética. Somente no terceiro que se transcendeu a questão estética, surgindo a dimensão saúde, qualidade de vida como opção.

    Na questão relativa a qualidade física, para os homens a qualidade força foi escolhida como a mais estimulada nos treinamentos, já para as mulheres RML e resistência aeróbica foram os maiores índices.

    O principal método ou sistema de treinamento utilizado nas academias de Jaraguá do Sul foi “séries múltiplas”. Percebe-se coerência interna das respostas no sentido em que a principal qualidade física estimulada nos homens (força) e mulheres (RML) pode ser exercitada através deste sistema.

    Os educadores físicos classificam a maioria dos clientes da academia como “bem informados” quanto a importância dos exercícios físicos.

    A maior busca de informações no TRP é através de livros, a pesquisa em sites diversos na internet também é bastante optada pelos profissionais.

    Após a discussão dos resultados foi observado por parte dos pesquisadores a necessidade de ser feito um complemento na questão número 5 (para desenvolver os objetivos dos alunos, quais os 3 métodos/sistemas de treinamento que você mais aplica?), a sugestão é de que em uma nova pesquisa seja feita uma subdivisão em relação aos gêneros (masculino e feminino), para um resultado mais detalhado.

Referências

  • BUCCI, M.; VINAGRE, C. E., CAMPOS, G. E. R.; CURI, R.; CURI, T. C. P. Efeitos do treinamento concomitante hipertrofia e endurance no músculo esquelético. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 13, n.1, 17 – 28, 2005.

  • FLECK, S. J.; KRAEMER, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. Porto Alegre: Artmed, 2006.

  • GONÇALVES, R.; GURJÃO, A. L. D.; GOBBI, S. Efeitos de oito semanas do treinamento de força na flexibilidade de idosos. Revista brasileira de cineantropometria e desempenho humano, n. 9, 145 – 153, 2007.

  • MOURA, J.A.R. O resgate do sentido educacional dentro das academias de ginástica: será que esse objetivo existiu? Revista Kinesis, n.21, 265-276, 1999.

  • MOURA, J. A. R.; PRESTES, M. T.; HOPF, A. C. O. Estudo exploratório sobre prescrição, orientação e avaliação de exercícios físicos em musculação. Revista Kinesis, n.26, 22-35, 2002.

  • SILVA, C. M.; GURJÃO, A. L. D.; FERREIRA, L.; GOBBI, L. T. B.; GOBBI, S. Efeito do treinamento com pesos, prescrito por zona de repetições máximas, na força muscular e composição corporal em idosas. Revista brasileira de cineantropometria e desempenho humano, n. 8, 39-45.

  • TOSCANO, J. J. O. Academia de ginástica: um serviço de saúde latente. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 9, n. 1, 40 – 42, 2001.

  • UCHIDA, M. C.; CHARRO, M. A.; BACURAU, R. F. P.; NAVARRO, F.; PONTES JÚNIOR, F. L. Manual de Musculação: uma abordagem teórico prática ao treinamento de força. São Paulo: Phorte, 200

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