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Na ginga do corpo: abordagem pedagógica da 

capoeira nas aulas de Educação Física escolar

La ginga en el cuerpo: enfoque pedagógico de la capoeira en las clases de Educación Física en la escuela

Ginga in the body: pedagogical approach capoeira classes in scholl Physical Education

 

Universidade Federal de Alagoas

Centro de Educação - Curso de Educação Física

(Brasil)

João Carlos Neves de Souza e Nunes Dias

j80dias@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          No sentido de alimentar a reflexão em torno da sistematização dos conteúdos da Educação Física escolar, apresentamos algumas possibilidades pedagógicas de abordagem da capoeira enquanto conteúdo nas aulas de Educação Física escolar.

          Unitermos: Capoeira. Educação Física. Escola

 

Abstract:

          In order to feed the debate on the systematization of contents of Physical Education, we present some possibilities of pedagogical approach of capoeira as contained in the classes of Physical Education.

          Keywords: Capoeira. Physical Education. Scholl

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 142 - Marzo de 2010

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Notas sobre a Educação Física como componente curricular na escola

    Tratar da capoeira como conteúdo da Educação Física escolar, evidencia perspectivas colocadas para esse componente curricular na escola. Diferentemente do que estava expresso no Decreto 69.450/71, em que a Educação Física era compreendida como atividade física, desportiva e recreativa, centrada nas forças físicas, morais e cívicas, o texto, impresso e modificado, da Lei de Diretrizes e Bases (9394/96), que compreende a Educação Física, como componente curricular da Educação Básica, articulada à proposta pedagógica da escola, coloca como desafio a necessidade de uma reorganização dessa área do conhecimento na escola.

    Esse desafio inicia-se com a necessidade da sistematização das competências relacionadas a esse componente curricular, expressos em seus conteúdos, metodologias e avaliação da aprendizagem. A questão que estava colocada para a área em princípio, e ainda hoje se faz presente, era: o que ensinar? Como ensinar? O que e como avaliar? Ao perguntar sobre o que é ensinar, destaca-se a significação dos conteúdos da Educação Física escolar. A pergunta sobre como ensinar refere-se ao desenvolvimento de estruturas didático-pedagógicas adequadas ao diferentes níveis e condições de ensino-aprendizagem. As duas questões relativas ao conteúdo e a metodologia de ensino pautam as estratégias avaliativas a serem desenvolvidas. Dessa forma, a avaliação é compreendida como processo de aprendizagem e não como comparação de resultados e classificação dos mais aptos ou habilidosos.

    Os debates1 que anteciparam o texto da Lei de Diretrizes e Bases de 1996, fundamentados em diferentes aportes epistemológicos, influenciaram significativamente o redimensionamento pedagógico da Educação Física, notadamente no que diz respeito ao critério de organização do conhecimento e seu vínculo com a cultura, desnaturalizando a compreensão de corpo e movimento até então predominantes. Compreendo que os conceitos, por exemplo, dos critério de organização do conhecimento da Educação Física, são como ferramentas, que nessa primeira virada epistemológica da área possibilitaram a reflexão sistemática e a construção de uma concepção de Educação Física para além do critério da aptidão física, ao perspectivas uma prática pedagógica que tem por finalidade, por exemplo, a emancipação do sujeito.

    O estabelecimento da Lei favorece a construção de novas atitudes, de novas sínteses, como por exemplo, as reflexões sistematizadas no Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998). No entanto, as possibilidades de mudança se concretizam nas ações do professores, professoras, alunos e alunos em sala de aula, a partir de posicionamentos políticos, compreendido a partir de uma coletiva e dialógica dos processos pedagógicos na escola, dimensionado por usa vez pelo conhecimento acumulado na área.

    É preciso ainda, compreender que as sistematizações teóricas têm como limite a totalidade da realidade, no sentido de que a realidade é sempre mais ampla e mais complexa do que a sistematização teórica sobre ela. No entanto, essa é uma das atividades da pesquisa enquanto produção do conhecimento, a busca incessante de compreender nuanças em torno dos temas de investigação. Ao considerarmos a relação entre produção do conhecimento, formação profissional e prática pedagógica, comumente faz-se presente um ponto de tensão na relação teoria e prática, discurso acadêmico e intervenção na escola, a partir de atitudes que fragmentam essa relação. Talvez a perspectiva colocada por Gilles Deleuze e Michel Foucault (2000) possa nos deslocar dos binarismos, ao compreender o revezamento entre teoria e prática. “A prática é um conjunto de revezamentos de uma teoria a outra e a teoria um revezamento de uma prática a outra” (FOUCAULT, 2000, p. 69 a 70). Para além das posições irredutíveis, ou ainda, de um direcionamento unilateral, a articulação entre teoria e prática acontece numa relação dinâmica e descontínua.

Na ginga da capoeira: possibilidades de abordagem pedagógica nas aulas de Educação Física escolar

    Na construção da Educação Física enquanto componente curricular da Educação Básica, os desafios são permanentemente colocados para essa disciplina curricular, com avanços e retrocessos, dúvidas e acertos. No sentido de alimentar atitudes de construção desse componente curricular, referente à intervenção pedagógica da Educação Física na escola, destaco algumas possibilidades em torno da sistematização dos conteúdos de ensino,2 ou seja, da necessidade de operar um tratamento pedagógico do conhecimento a ser abordado durante os diferentes ciclos escolares do ensino fundamental.

    Para tanto, destaco a Cultura de Movimento enquanto critério organizador do conhecimento da Educação Física na escola. Por Cultura de Movimento compreendo a conceituação integral de objetivações culturais, no qual o movimento humano não se restringe ao deslocamento do corpo no espaço, mas é intermediador simbólico das diferentes culturas, expressando-se nos jogos, lutas, Artes e em outras manifestações histórico e cultural. A Cultura de Movimento inclui e articula o orgânico e o simbólico, ou seja, a natureza do movimento, os processos biofisiológicos, e seus significados, a sua construção histórica e cultural, na ênfase à intencionalidade do movimento (MENDES, 2005; NÓBREGA, 2005).

    Nesse sentido, a partir da Capoeira como conteúdo3 da Cultura de Movimento, propomos uma possibilidade de tratamento pedagógico, norteado pela articulação entre conteúdo escolar e a sistematização desse conhecimento nas aulas de Educação Física, considerando o 3º e 4º ciclo do ensino fundamental.

    De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), na intervenção pedagógica da Educação Física é importante evidenciarmos as dimensões dos conteúdos, no sentido de alimentar a construção desse conhecimento, enfatizando uma perspectiva crítica no processo de ensino e aprendizagem. São três suas dimensões, conceitual, procedimental e atitudinal, compreendidas de forma articulada para a construção do conhecimento nas aulas de Educação Física, a partir da diversidade dos conteúdos a serem abordados. Essa operacionalização pedagógica favorece a “interação dialógica professor-aluno-conhecimento-realidade” (NÓBREGA, 2005, p. 89).

    De maneira didática podemos compreender essas dimensões, relacionadas à todos os momentos pedagógicos na abordagem dos conteúdos de ensino, em síntese, a dimensão conceitual relaciona-se os conceitos, fatos e princípios, sendo que a dimensão procedimental está ligada às questões do fazer, ou seja, da linguagem do corpo em movimento, e por fim, a dimensão atitudinal articula-se com as questões referentes às normas, valores e atitudes. Em se tratando da abordagem da Capoeira, enquanto conteúdo a ser trabalhando nas aulas de Educação Física, identificamos alguns apontamentos a partir dessa estrutura apresentada.

    Do ponto de vista dimensão conceitual, podemos estar desenvolvendo questões referentes à história social da capoeira, evidenciando sua produção simbólica, identificando os grupos de capoeira da cidade, do bairro e da comunidade onde a escola esta situada, identificando, por exemplo, singularidades a partir das diferentes possibilidades de movimentação do corpo na capoeira (Angola e/ou Regional).

    No que se refere à dimensão procedimental, torna-se importante enfocar a linguagem do corpo em movimento, a partir da vivência da diversidade de movimentação do corpo na capoeira (Angola e/ou Regional). Destaco também a possibilidade de explorar no processo de ensino-aprendizagem a musicalidade e o ritmo da capoeira, apresentado e experimentando os ritmos e sonoridades dos diferentes instrumentos que compõem a orquestra musical da capoeira (berimbaus; atabaque; pandeiro; agogô; reco-reco).

    Com relação à dimensão atitudinal, é importante estabelecer a articulação entre as diferentes formas de organização do conhecimento, sejam eles científicos, educacionais, ou da tradição, a partir do diálogo entre esses saberes.4 Nessa dimensão do conteúdo, é preciso perceber e problematizar a postura dos alunos diante do conhecimento que está sendo trabalho, (des)construindo preconceitos em torno da capoeira, no sentido de afirmá-la enquanto construção da cultura, numa atitude de valorização da diversidade cultural.

    Essa estrutura apresentada em torno das dimensões do conteúdo articula-se a uma perspectiva crítica de tratamento pedagógico do conteúdo a ser abordado nas aulas de Educação Física. Evidencio algumas possibilidades de sistematização desse conhecimento tendo como referência o terceiro e quarto ciclos, ou seja, do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental.

    Considerando o terceiro ciclo (6º e 7º ano), a ênfase na intervenção pedagógica norteia-se pela iniciação à sistematização do conhecimento. Em particular, considerando a abordagem do conteúdo da capoeira, podemos operacionalizar uma perspectiva que possibilite a leitura da realidade, a partir, por exemplo, da realização de um levantamento inicial sobre o conhecimento dos alunos em torno da capoeira; da identificação de grupos de capoeira na comunidade. Esse levantamento pode ser realizado a partir de diferentes instrumentos, como questionários, entrevistas entre outros.

    Ainda nesse tampo e espaço pedagógico, poderíamos estar privilegiando as questões em torno da linguagem do corpo, apresentando a história da capoeira e considerações em torno da sua construção social. Enfatizar, nas vivências, o elemento lúdico (HUIZINGA, 1990; CALLOIS, 1990), a partir da movimentação do corpo dos diferentes ritmos da capoeira, reconhecendo a gestualidade construída na história da capoeira, bem como abrindo espaço para a criação de novas possibilidades de movimentação, num diálogo com a diversidade de experiências corporais dos alunos.5 Torna-se importante, explorar a criatividade dos alunos a partir, por exemplo, das possibilidades de variação dos movimentos básicos da capoeira (ginga, cocorinha, esquiva, meia-lua-de-frente, armada, queixada, entre outros). Essa possibilidade permite a construção de novas gestualidades no jogo da capoeira.

    Ampliando a sistematização do conhecimento, durante o quarto ciclo de ensino (8º e 9º ano), podemos centrar a abordagem da capoeira no que se refere à linguagem do corpo. Como possibilidade de ampliação do conhecimento em torno da capoeira, podemos proceder em torno da identificação das diferentes técnicas corporais da capoeira, da compreensão de seus símbolos, ou seja, do significado da roda, dos instrumentos, dos cânticos, entre outros. nesse momento, podemos identificar também a relação da capoeira com a produção cultural em geral, a partir de romances, filmes, bem como sua influência na música popular brasileira. Quanto a sua musicalidade, poderíamos desenvolver oficinas de construção dos instrumentos (por exemplo, de berimbau), como também referentes a diversidade de ritmos a partir de seus instrumentos. Torna-se importante também a ampliação no que se refere à movimentação do corpo no jogo da capoeira, apresentando novos movimentos de ataque, defesa, floreio e desequilibrantes, mantendo a possibilidade de construção de novas gestualidades a partir da variação dos movimentos apresentados.

    As considerações aqui apresentadas não devem ser compreendidas como as “velhas receitas” a serem aplicadas nas aulas de Educação Física. É imperativo percebermos os desafios que são colocados em torno da configuração do conhecimento e da intervenção pedagógica da Educação Física enquanto disciplina curricular do tempo e espaço escolar. A construção dos conteúdos e a sistematização da diversidade de conhecimento da Cultura Corporal é um desses desafios. Nesse sentido, buscamos refletir e sistematizar sobre algumas possibilidades na abordagem da capoeira como conteúdo da prática pedagógica da Educação Física.

    A lógica, presente nas rodas de capoeira, é escrita e comunicada na ginga do corpo, no silêncio do gesto. A mandinga revela e esconde saberes, procede a passagem do signo à expressão. No acontecimento da roda de capoeira, os camaradas se cumprimentam ao saírem da roda, deixam-na aberta, até que um novo jogo se reinicie e a capoeira possa se reinventar, a partir da criação de novos horizontes e possibilidades de compreensão.

    É como um convite que o desafio da sistematização do conhecimento da capoeira e de outros conteúdos da Educação Física escolar são colocados a todos nós professores de Educação Física. É preciso entrar na roda e movimentá-la, preenchendo os espaços vazios deixado pelo corpo do outro camarada, (re)construindo possibilidades de percepção do conhecimento. Assim como na capoeira, na produção do conhecimento os antagonismos se fazem presente ininterruptamente: aproximação e distanciamento; em cima e em baixo; rigidez e flexibilidade; explosão e controle; velocidade e lentidão. O corpo e o conhecimento giram provocando a vertigem, colocando suas flexibilidades à prova. Da mesma forma que varia constante mente na roda de capoeira, fica o convite e o desafio de utilizarmos os planos horizontal e vertical para variamos a abordagem da capoeira de forma inovadora no tempo e espaço escolar.

Nota

  1. Criatividade nas aulas de Educação Física (TAFFAREL, 1985); Concepções abertas do ensino da Educação Física (HILDEBRANDT & LAGING 1986); Educação Física no Brasil: a história que não se conta (CASTELLANI FILHO, 1988); Educação Física: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista (TANI, 1988); De corpo e alma: o discurso da motricidade (FREIRE, 1991); Educação Física, ensino e mudanças (KUNZ, 1991); Metodologia do ensino da Educação Física (Coletivos de autores, 1992); Educação Física e aprendizagem social (BRACHT, 1992); Educação Física: uma abordagem fenomenológica (MOREIRA, 1992); Educação Física: raízes européias e Brasil (SOARES, 1994); Sentir, pensar e agir: corporeidade e educação (GONÇALVES, 1994); Da cultura do corpo (DAOLIO, 1994), entre outras reflexões impressas em livros e artigos, veiculado na área da Educação Física, e que possibilitaram a crítica sistematizada e construção de novas possibilidades pedagógicas da Educação Física na escola.

  2. A leitura da realidade (FREIRE, 1978, 1987, 1996; COLETIVO DE AUTORES, 1992; BRASIL, 1998; NÓBREGA 2005) é uma possibilidade de estratégia interessante no sentido de realizar um levantamento da Cultura de Movimento acessada pelos alunos em diferentes espaços sociais. Constituindo, portanto, um instrumento interessante para um desenvolvimento inicial dos conteúdos da Educação Física escolar, partindo do mundo vivido dos alunos e problematizando-os a partir de uma reflexão crítica para a construção do conhecimento em torno do conteúdo abordado. Operacionalizando uma relação dialógica professor-aluno-conhecimento-realidade.

  3. Produções (COLETIVO DE AUTORES, 1992) e documentos (BRASIL, 1998) importantes, norteados por uma perspectiva crítica na prática pedagógica da Educação Física, têm abordado a capoeira enquanto conteúdo a ser abordado nas aulas de Educação Física escolar.

  4. Como possibilidade de trabalhar elementos específicos da capoeira, tanto da sua gestualidade, como da sua musicalidade, destacamos a possibilidade de se estabelecer um diálogo com os mestres de capoeira da comunidade, identificados a partir, por exemplo, da leitura da realidade.

  5. Do ponto de vista metodológico, contextualizamos essa intervenção pedagógica a de um processo de ensino e aprendizagem aberto às experiências dos alunos (NÓBREGA, 2005; HILDEBRANDT-STRAMANN, 2001; TAFFAREL, 1985).

Referências

  • BRASIL. Parâmetros Curriculares nacionais: 3º e 4º ciclos do ensino Fundamental, Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1998.

  • CAILLOIS, Roger. Os jogos e os homens: a máscara e a vertigem. Lisboa: Cotovia, 1990.

  • COLETIVO E AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. 7ª. Ed. São Paulo: Cortez, 2001.

  • FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 15ª ed. Rio de janeiro: Graal, 2000.

  • FREIRE, Paulo. Cartas à Guiné-Bissau: registros de uma experiência em processo. 4a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

  • _____. Pedagogia do oprimido. 17a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

  • _____. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

  • GRUPO DE TRABALHO PEDAGÓGICO UFPE-UFSM. Visão didática da educação física. Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1991.

  • HILDEBRANDT-STRAMANN, Reiner. Textos pedagógicos sobre o ensino da educação física. Ijuí,: Ed. UNIJUÍ, 2001.

  • HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1990.

  • MENDES, Maria Isabel Brandão de Souza. O conhecimento do corpo na Educação Física escolar. (In) NÓBREGA, Terezinha Petrucia (Org). O ensino de Educação Física de 5ª a 8ª série. 2005.

  • NÓBREGA, Terezinha Petrucia. O mundo vivido e a cultura elaborada: processos de conhecimento na Educação Física escolar. (In) NÓBREGA, Terezinha Petrucia (Org). O ensino de Educação Física de 5ª a 8ª série. 2005.

  • REIS, L. V. S. O mundo de pernas para o ar: a capoeira no Brasil. São Paulo: Publisher Brasil, 2000.

  • TAFFAREL, Celi N. R. Criatividade nas aulas de Educação Física. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1985.

  • VIEIRA, L. R. O jogo de capoeira: cultura popular no Brasil. 2ª ed. Rio de janeiro: Sprint, 1998.

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