A prática esportiva crítico social La práctica deportiva crítico social The practice critical social sports |
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*Graduando em Educação Física UCB-RJ Pós-graduando em Elaboração e Gestão de Projetos sócio-esportivos pela UCB/RJ **Graduada em Educação Física UCL-RJ Pós-graduanda em Educação Física
Escolar UERJ-RJ |
Thiago de Sousa Rosa* Simone Berto da Costa** |
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Resumo A massificação da prática esportiva através dos meios de comunicação em massa criou estereótipos que tornaram o esporte por si só um símbolo de saúde e promoção social. O presente estudo foi elaborado a fim de avaliar até que ponto a simples prática esportiva é capaz de agregar valores positivos e reconhecer, até que ponto, a massificação do esporte-espetáculo por parte da mídia pode trazer benefícios à sociedade. Conclui-se assim, que o esporte está sujeito a uma série de influências midiáticas, que não podem ser ignoradas pelo professor em sua prática docente e que o mesmo, consiste em uma ferramenta que pode ser manipulada positiva ou negativamente, ficando a cargo do professor o manejo deste dentro dos princípios éticos e pedagógicos. Unitermos: Esporte. Mídia. Abordagem crítico social. Educação Física
Abstract: The massification of sports activities through the means of mass communication has created stereotypes that made the sport in itself a symbol of health and social promotion. This study was designed to assess the extent to which the simple practice of sports is capable of adding positive values and recognize how far the mass of the spectacle sport by the media can bring benefits to society. It follows that the sport is subject to a number of media-influenced, which can not be ignored by teachers in their teaching practice and that it consists of a tool that can be handled positively or negatively, leaving it to the teacher in the management of ethical principles and teaching. Keywords: Sport. Media. Approach critical social. Physical Education |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 142 - Marzo de 2010 |
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1. Introdução
Vivemos um momento de resignificação de valores, e nessa sociedade que se transforma, a prática esportiva ganhou mais espaço além de novos atributos. Esses atributos envolvem não mais apenas a prática física e a preservação da saúde, mas também o desenvolvimento moral do indivíduo.
A transformação da prática esportiva em um símbolo de moral, ética e disciplina deve ser enxergada com cuidado e desconfiança, pois talvez esteja sendo atribuída a ela uma responsabilidade que não lhe cabe por si só. Para isso se faz necessário um novo olhar sobre o alcance social do esporte, pois essa nova realidade exige de nós uma postura ainda mais profunda e consciente sobre o tema.
Investigar o papel crítico do esporte na sociedade pós moderna envolve examinar a ação de todos os agentes que o manipulam como instrumento social. Segundo Tubino (1998), os “esportes se inserem nos diversos campos que compõem a nossa sociedade: sociais, políticas, culturais e econômicos; agindo como objeto de lutas e tendo como pano de fundo na busca de expansão e desenvolvimento o processo de modernização da sociedade”.
2. Desenvolvimento
Esporte e mídia
O impacto do esporte na sociedade, ampliado pela mídia que o usa como veículo de marketing e consumo, põe nas mãos do profissional educador uma “faca de dois gumes”. Essa ambigüidade do esporte está mais claramente descrita nas palavras de Adorno (1995):
“O esporte é ambíguo: por um lado, ele pode ter um efeito contrário à barbárie e ao sadismo, por intermédio do fairplay, do cavalheirismo e do respeito pelo mais fraco. Por outro, em algumas de suas modalidades e procedimentos, ele pode promover a agressão, a brutalidade e o sadismo, principalmente no caso de espectadores, que pessoalmente não estão submetidos ao esforço e à disciplina do esporte; são aqueles que costumam gritar nos campos esportivos”. (Adorno, 1995 p. 127)
“Os alunos permanecem muitas horas em frente ao aparelho de televisão, que hoje rivaliza com a escola e com a família como fonte de formação de valores e atitudes” (PCN’s, 1998). Valendo aqui citar Adorno e Horkheimer (1985) que em seu estudo sobre a indústria cultural afirmam que:
“O espectador não deve ter necessidade de nenhum pensamento próprio, o produto prescreve toda reação: não por sua estrutura temática – que desmorona na medida em que exige o pensamento – mas através de sinais. Toda ligação lógica que pressuponha um esforço intelectual é escrupulosamente evitada. Os desenvolvimentos devem resultar tanto quanto possível da situação imediatamente anterior, e não da idéia do todo”. (Adorno e Horkheimer, 1985 p. 128-129)
Porém, apesar disso, a mídia não pode ser colocada de lado nem ignorada pelo professor, ela deve ser trabalhada pelo docente dentro da escola levantando junto aos alunos os questionamentos sobre seus benefícios e malefícios, incitando assim nos mesmos o desenvolvimento de uma visão crítica sobre a mídia e a indústria cultural de maneira geral.
O educador físico tem de ser capaz de enxergar a oportunidade de aproximação discente que a mídia nos oferece, fazendo-se um importante canal de diálogo entre o professor e o aluno e criando a oportunidade de discussão de temas adormecidos na sociedade. Contudo, há de se ter a preocupação com a incompatibilidade de performance e resultados do esporte-espetáculo vendido pela mídia, com aquele praticado na escola, a fim de se evitar uma possível desmotivação por parte dos alunos.
Esporte: alienação X educação
Durante toda história do mundo o esporte foi instrumento de domínio e alienação do povo, assim como também, instrumento de paz e esclarecimento. A antiga e infelizmente ainda vigente política do “pão e circo” deixou seqüelas as quais o esporte está até hoje atrelado. Nos Coliseus ou hoje nos Maracanãs ainda se orquestram espetáculos que manipulam as massas em opiniões, ou ainda, adormecem valores.
O desporto é por si só um disciplinador, ele exige obediência de seus praticantes às regras impostas, e não abre muitas brechas a questionamentos. Essas características favorecem-no como instrumento disciplinador, mas também como instrumento de domínio e submissão. Com isso levanta-se a dúvida do alcance crítico social do esporte e até onde a pura prática esportiva pode, por si só, levar o indivíduo a uma reflexão crítica.
Abordagem crítico social e o papel do professor
Vaz (1999) define o esporte como “uma das formas contemporâneas mais importantes de organização da corporeidade” e segundo os PCN’s (1998) “os conceitos e valores sobre as práticas corporais são divulgados dando mais ênfase aos produtos da prática e menos aos processos”. Para uma melhor compreensão vale citar aqui mais uma vez os PCN’s (1998), que complementando, afirmam que “as práticas da cultura corporal aparecem, quase sempre, em relações de causa e efeito que não são necessariamente verdadeiras e, em alguns casos, em premissas efetivamente falsas”.
A orquestra segue o tom de quem o rege, e pelo menos nos palcos que competem ao profissional educador, o esporte deve seguir como ferramenta de esclarecimento e conscientização. Como dito, ele é a ferramenta, e deve ser manejado pelo professor de acordo com os princípios éticos e educacionais. Sendo assim, reafirma-se a importância da consciência do docente quanto a sua responsabilidade para com a sociedade, utilizando-se do esporte também em uma abordagem crítico superadora.
Fundamentado no materialismo histórico dialético que teve como principal nome e progenitor Karl Marx, as abordagens críticas tem como principal característica o questionamento do caráter alienante do esporte e da educação física de maneira geral, objetivando assim levar o aluno junto da prática esportiva a uma reflexão acerca das dimensões sociais, econômicas e políticas de nossa sociedade, tendo em vista a superação das desigualdades sociais.
3. Metodologia
A metodologia adotada no presente estudo é de natureza descritiva com a revisão de literatura de autores conceituados na área da educação física e na temática da mídia, da indústria cultural e das abordagens críticas, adotando como referência a relação entre esporte, mídia e sociedade dentro de um contexto crítico social.
4. Conclusão
Através do presente estudo chegamos a conclusão de que o esporte está sujeito a uma série de influências midiáticas, positivas na popularização da prática, porém, negativas em diversos aspectos sociais. Essas influências não podem ser ignoradas pelo professor em sua prática docente, devendo se compor em um importante canal de aproximação do aluno.
Torna-se assim evidente o papel do esporte como ferramenta caracterizando sua ambigüidade, tanto nos recursos dos meios de comunicação em massa através da promoção do esporte-espetáculo, quanto no manejo do professor através das abordagens críticas, ficando a cargo do educador físico, o manejo do mesmo dentro dos princípios éticos e pedagógicos.
Referências bibliográficas
ADORNO, Theodor W. 1995. Educação após Auschwitz. In: _____. Educação e emancipação. São Paulo/Rio de Janeiro: Paz e Terra: 119-138. Tradução de W. L. Maar. 1995
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. 1985. A indústria cultural: o esclarecimento como mitificação das massas. In: _____. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor: 113-156. Tradução de Guido Antonio de Almeida.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1998
TUBINO, Manoel. O esporte na perspectiva do lazer: uma possibilidade de transcendência. RJ: Manole, 1998
VAZ, Alexandre F. 2004. Corpo e indústria cultural: notas para pensar a educação na sociedade contemporânea. In: Zuin, Antônio A. S.; Pucci, Bruno; Ramos-de-Oliveira, Newton. (orgs.). Ensaios frankfurtianos. São Paulo: Cortez: 117-134.
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