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A percepção dos benefícios da ginástica laboral por um

grupo de funcionários de um centro universitário 

na zona norte do Rio de Janeiro

La percepción de los beneficios de la gimnasia laboral por parte de un grupo 

de empleados de un centro universitario de la zona norte de Río de Janeiro

 

*Bacharéis em Educação Física pelo

Centro Universitário Celso Lisboa

**Professora do Curso de Educação Física do UCL e UNISUAM

Doutoranda do PPGEF da UGF

(Brasil)

Prof. Renato Cesar Ramos Lois*

Prof. Sebastião Renato*

Prof. Marcelo Lotério* | Prof. Eliano Souza*

Profa. Ms. Giannina do Espírito-Santo* **

giannina@infolink.com.br

 

 

 

Resumo

          O objetivo do estudo foi Identificar e analisar os benefícios percebidos através da prática da Ginástica Laboral por funcionários de uma Instituição de Ensino Superior. Compõem o corpus da pesquisa 22 funcionários de uma instituição de ensino superior, localizada no subúrbio do município do Rio de Janeiro. O instrumento eleito para este estudo foi o questionário. Na análise e discussão dos dados utilizou-se a estatística descritiva. Para discussão dos dados foram adotados alguns estudos marcantes sobre o assunto, como os de Oliveira (2002), Lima (2003) e Zilli (2002). A forma que identificamos e analisamos que teve uma melhora muito significativa sobre a sensação de bem-estar cerca de 90% e na alteração do estilo de vida 41% desses funcionários na sua vida cotidiana. A partir dos resultados verificados no estudo, podemos sugerir que a Ginástica Laboral é benéfico à saúde e qualidade de vida dos trabalhadores, orientando sobre a importância da prática regular da atividade física e da alimentação adequada, dando oportunidade para que criem hábitos saudáveis durante sua vida cotidiana e no ambiente de trabalho.

          Unitermos: Saúde. Qualidade de vida. Ginástica laboral

 

Abstract

          The objective was to identify and analyze the benefits realized through the practice of Gymnastics Labor by officials from a Higher Education Institution. Up the body of the 22 employees at a research institution of higher education, located in the suburb of the city of Rio de Janeiro. The instrument for this study was elected the questionnaire. In the analysis and discussion of the data used the descriptive statistics. For discussion of the data used were some striking studies on the subject, such as de Oliveira (2002), Lima (2003) and Zilli (2002). The way we identify and analyze it had a very significant improvement on the feeling of well-being about 90% and the change in lifestyle 41% of employees in their daily life. From the results recorded in the study, we suggest that the Labor Gymnastics is beneficial to health and quality of life of workers, focusing on the importance of encouraging regular physical activity and adequate food, giving opportunity to establish healthy habits during his life daily and on the desktop.

          Keywords: Health. Quality of life. Gymnastics labor

 

Trabalho de conclusão de curso de bacharel em Educação Física

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 142 - Marzo de 2010

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1.     Introdução

    O estudo aborda o caso de satisfação dos funcionários de uma instituição de ensino, que adota a Ginástica Laboral.

    Para abordar o assunto é importante conceituar a saúde, para que seja explicitada a linha adotada pelos autores.

    Conceito de saúde segundo Minayo (1999, p. 55) o olhar sobre a saúde deve ser ampliado:

    O modo de produção, as condições de trabalho e o modo de vida continuam sendo a base para entender o processo de saúde, doença e morte. Se bem que esse processo não pode ser reduzido a um modelo de polarização entre riqueza e pobreza, desenvolvimento e subdesenvolvimento, burguesia e proletariado, exploradores e explorados, campo e cidade, agricultura e indústria, passado e presente, antigo e novo.

    A ginástica laboral surgiu em 1925, denominada como ginástica de pausa para operários, ela chegou ao Brasil em 1969, e foi introduzida pelos executivos nipônicos Ishikavajima Estaleiros em uma indústria de construção naval no Rio de Janeiro (MENDES; LEITE, 2004).

    A ginástica laboral é definida segundo Lima (2003) como atividade de auxílio à prevenção de lesões no ambiente de trabalho, pois, anatomicamente, visa melhorar a flexibilidade e a mobilidade articular, diminuir a fadiga – decorrente de tensão e repetitividade que acometam os tendões, músculos, fáscias e nervos – e beneficiar a postura do indivíduo diante do posto e da sua rotina de trabalho.

    Existem três tipos de Ginástica Laboral: Preparatória; Compensatória; Relaxamento (ZILLI, 2002).

    A ginástica Preparatória é realizada no começo do expediente, com duração 5 – 10 minutos, tendo como objetivo: preparar os funcionários para sua tarefa, aquecendo os grupos musculares que irão ser solicitados em seus trabalhos laborais;

    A ginástica Compensatória é realizada no meio do expediente, com duração de 10 minutos, tendo como objetivo: visa impedir que se instalem os vícios posturais das atividades da vida diária e do ambiente de trabalho;

    A ginástica relaxante é realizada no final do expediente, com duração de 10 minutos, tendo como objetivos: promover a conscientização corporal; reduzir a ansiedade; despertar a consciência do trabalhador em coordenar seus movimentos com maior economia de movimento e menor consumo de energia e menor fadiga.

    São diversos resultados obtidos com o programa de Ginástica Laboral (ZILLI, 2002) melhora da flexibilidade e mobilidade articular; previne a fadiga muscular devido ao aumento do relaxamento muscular; minimiza vícios posturais; promove a sociabilização; aumenta a disposição para o trabalho; promove o autoconhecimento do corpo e a coordenação motora; diminui o absenteísmo e a procura ambulatorial; melhora da produtividade individual e do grupo (OLIVEIRA, 2002).

    A Ginástica Laboral promove efetivos positivos na qualidade de vida do trabalhador, sendo necessário ressaltar sobre a importância da reeducação alimentar, orientações ergonômicas e estruturais, acompanhamento médico preventivo (saúde) e estímulos ao desenvolvimento de hábitos saudáveis, dentro e fora do ambiente de trabalho (RODRIGUES, 2000).

    Os efeitos da Ginástica Laboral na empresa como a Merrel Lepetit segundo (MARTINS, 2000).

    A Merrel Lepetit investiu em um Fitness Center no seu próprio complexo industrial, onde seu único gasto foi na reforma de uma de suas salas e na compra de equipamentos. Os funcionários que desejavam melhorar suas condições físicas a utilizam de duas a três vezes por semana (fora do expediente de trabalho) pagando cada um R$ 15,00, com direito a testes de avaliação, prescrição individual de exercícios e supervisão de profissionais da área da saúde. Os resultados conseguidos com três meses de treinamento foram extremamente benéficos: a resistência muscular feminina aumentou 22% e a masculina 11,5%; o percentual de gordura corporal feminino diminuiu 5,22% e o masculino 4,83%; o peso corporal feminino aumentou 2,80% e o masculino 1,40% (proveniente do aumento da massa muscular) e a flexibilidade dorso-lombar feminina aumentou 16%, sendo que a masculina, aumentou 32% (MARTINS, 2000, p.30).

    Grandjean (1998) pesquisou 246 trabalhadores, que executavam as suas atividades sentadas, verificando que a Lombalgia é o desconforto que mais afeta a saúde do trabalhador, com 57% das queixas. E nesse estudo foi verificado que a maior parte dos trabalhadores, incluem muitas horas na posição sentada o que causa um aumento da pressão dos discos vertebrais, coxas e nádegas, submetendo os músculos para vertebrais a uma tensão constante. Esses fatores podem ser responsáveis pela diminuição da flexibilidade do sistema locomotor, pela fadiga muscular e pelos sintomas de desconforto principalmente na região lombar e torácica.

    A partir das queixas destes funcionários e sua participação no programa de Ginástica Laboral oferecido pela Instituição há dois anos, o objetivo do estudo foi Identificar e analisar os benefícios percebidos através da prática da Ginástica Laboral por funcionários de uma Instituição de Ensino Superior.

2.     Metodologia

    Trata-se de um estudo de natureza aplicada e abordagem qualitativa, que segundo Minayo (2007, p. 23).

    visa a compreender a lógica interna de grupos, instituições e atores quanto a: (a) valores culturais e representações sobre sua história e temas específicos; (b) relações entre indivíduos, instituições e movimentos sociais; (c) processos históricos, sociais e de implementação de políticas públicas e sociais.

    Compõe o corpus da pesquisa 22 funcionários de uma instituição de ensino superior, localizada no subúrbio do município do Rio de Janeiro.

    O instrumento eleito para este estudo foi o questionário (anexo A), que de acordo com Gil (2006, p. 117).

    É a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de crenças, opiniões, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. De maneira geral são auto-aplicativos.

2.1.     Procedimentos metodológicos

    Para a coleta de dados realizaremos um contato com a coordenação de Ginástica Laboral, buscando autorização para a pesquisa.

    Num segundo momento foi marcado com os informantes, dia, hora e local para a coleta de dados, quando os mesmos deverão assinar um termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo B) para autorização do uso dos dados na pesquisa.

3.     Análise e discussão dos dados

3.1.     Características da amostra

    Na figura 1 pode-se destacar a distribuição do percentual de idade, varia de 18 a 34 anos com maior incidência 68,1% e de 35 a 51 anos com 31,8%, dos funcionários ambos os sexos que praticam a Ginástica Laboral. De acordo com os benefícios citados por Zilli (2002). Fica claro que a aderência ao programa de Ginástica Laboral é acentuada a população de faixa etária de 18 a 34 anos mostrado no percentual de 68,1.

Figura 1. Características da amostra

    Na figura 2 pode-se destacar a distribuição diária de tempo diário de trabalho, com maior incidência de 8h diárias com 54,5%, em seguida 9h com 22,7%, 6h com 18,18% e 7h com 4,5%. Embora as diferenças de horário dos funcionários da instituição escolhida para a pesquisa, os dados mostram a aderência do programa de Ginástica Laboral, usufruindo os benefícios que a mesma produz segundo Zilli (2002).

Figura 2. Horas trabalhadas por dia

3.2.     Participação das aulas de ginástica laboral

    Podemos verificar por meio desta resposta que, a Ginástica Laboral vem surtindo efeito positivo na vida dos participantes, fica então claro a adesão ao programa.

Figura 3. Tempo de prática de ginástica laboral

    Na figura 3, podemos destacar percentual de tempo de prática de Ginástica Laboral, com maiores incidências com 24 meses e 12 meses com 18,18%, que esses funcionários praticam a Ginástica Laboral. Segundo Zilli (2002) e Oliveira (2002) a ginástica laboral contribui para uma melhora significativa do indivíduo que a prática em relação à flexibilidade, mobilidade articular, prevenção da fadiga muscular, minimiza vícios posturais. Com isso pressupõe que 86,4% da população entrevistada obtiveram benefícios.

3.3.     Modificação no estilo de vida

    Na figura 4 pode-se destacar que houve uma melhora do bem-estar muito significativa com 90,91%, comparável com alteração no estilo de vida com 54,55% dos funcionários que praticam a Ginástica Laboral. Zilli (2002) afirma que a Ginástica Laboral no seu contexto geral traz benefícios significativos para indivíduos que a praticam. Positivamente constatamos através da figura 4 que houve uma melhora significativa do bem estar, seguindo pela pergunta 5 vimos que o percentual inerente ao estilo de vida ficou abaixo do esperado. Rodrigues (2000) afirma que o estilo de vida ativo é um importante determinante para a saúde das pessoas uma vez que funciona como um imã atraindo comportamentos saudáveis e eliminando comportamentos negativos tais como: hábito de fumar; consumo de álcool e alimentação desequilibrada.

Figura 4. Modificações no estilo de vida

3.4.     Multiplicação do aprendido nas aulas de ginástica laboral

    Na figura 5 pode-se destacar que os funcionários se preocupam com seus familiares e amigos, com maior incidência de 68,18% dos funcionários repassam os exercícios aprendidos na Ginástica Laboral, enquanto 31,82% não repassam. Pressupondo, a observação dos benefícios que a Ginástica Laboral traz segundo Oliveira (2002) constatamos que na população em geral, 68,18% dos funcionários repassam o que aprenderam nas atividades físicas para familiares e amigos enquanto 31,82% não repassam.

Figura 5. Multiplicação do aprendizado

 

Figura 6. Necessidade de maior número de aulas de ginástica laboral

    Na figura 6 pôde-se destacar que 86,36% dos funcionários querem que a Ginástica Laboral fosse realizada mais vezes por semana e ressaltamos a eficácia da ginástica como um fator estimulante para a prática de exercícios físicos, enquanto 13,64% dos funcionários não querem. Embora a afirmação de Zilli (2002), seja positiva em relação aos benefícios aos físicos que a Ginástica Laboral traz 13,64% dos funcionários não demonstraram nenhum interesse no aumento da quantidade de vezes realizadas por semana de Ginástica Laboral.

3.5.     Melhora de alguns sintomas distúrbio músculo-esquelético

    Na figura 7 pode-se destacar percentual dos relatos de dores anteriores à prática da Ginástica Laboral, com maiores incidências com 27,27% no pescoço e na coluna lombar, com menores incidências com 4,55% dos quadris/ coxas e tornozelos/ pés. Com relação à figura 7, verificamos que houve uma melhora significativa nos níveis de dores após a implementação da Ginástica Laboral em relação às dores sentidas anteriores ao programa. Confirmando positivamente a definição da Ginástica Laboral (LIMA, 2003).

Figura 7. Melhoras obtidas com a Ginástica Laboral

 

Figura 8. Relato de dor após início da Ginástica Laboral

    Na figura 8 pode-se destacar percentual dos relatos de dores depois de iniciada a Ginástica Laboral, 77% dos funcionários não relata que sentia dor, enquanto 23% relatam que sentia dor. Com relação à figura 8, verificamos que houve uma melhora significativa nos níveis de dores após a implementação da Ginástica Laboral em relação às dores sentidas anteriores ao programa. Confirmando positivamente a definição da Ginástica Laboral segundo (LIMA, 2003).

    Segundo Lima (2003) o incremento permanente e progressivo da amplitude do movimento de uma articulação, a minimização do encurtamento muscular e de outras estruturas, o combate às disfunções osteromusculares e o favorecimento da melhoria da qualidade de vida geral e bem-estar do trabalhador (melhora no relacionamento interpessoal, disposição, e incentivo a práticas de atividades físicas extras).

Conclusão

    Diante do relato coletado dos funcionários que praticam a Ginástica Laboral, podemos comentar a algumas questões importantes.

    Os funcionários têm muito interesse em praticar a Ginástica Laboral, no qual, todos fazem a Ginástica, todas as segundas e quartas-feiras, com duração de 50 minutos. Estes 100% desses funcionários querem que a Ginástica Laboral continuasse por tempo indeterminado e cerca de 86% quer que a Ginástica seja realizada mais vezes por semana.

    A forma que identificamos e analisamos que teve uma melhora muito significativa sobre a sensação de bem-estar cerca de 90% e na alteração do estilo de vida 41% desses funcionários na sua vida cotidiana.

    Os resultados encontrados sobre os exercícios e conhecimentos aprendidos nas aulas de Ginástica Laboral, é que a maioria dos funcionários se preocupa com seus familiares e amigos, e no qual, cerca de 68% dos funcionários ensina de forma clara a importância de incluir a atividade física na sua vida.

    A partir dos resultados verificados no estudo, podemos ressaltar que houve uma melhora muito significativa dos funcionários cerca 18% quanto aos sintomas músculos-esqueléticos, antes 41% sentiam dores e depois de iniciar a Ginástica Laboral cerca de 23% sentem. Após alguns terem meses e anos que praticam houve uma melhora de 77% dos níveis de dores.

    A partir dos resultados verificados no estudo, podemos sugerir que a Ginástica Laboral é benéfica à saúde e qualidade de vida dos trabalhadores, orientando sobre a importância da prática regular da atividade física e da alimentação adequada, dando oportunidade para que criem hábitos saudáveis durante sua vida cotidiana e no ambiente de trabalho.

Referências

  • GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia: Adaptando o Trabalho ao Homem. 4ª ed. Porto Alegre: Bookman, 1998.

  • LIMA, V. Ginástica laboral e atividade física no ambiente de trabalho. São Paulo: Phorte, 2003.

  • MARTINS, C. O.; DUARTE, M. F. S. Efeitos da ginástica laboral em servidores da reitoria da UFSC. 2000. 109f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000.

  • MENDES, R.A. E LEITE, N. Princípios e aplicações práticas. São Paulo: Manole, 2004.

  • MINAYO, M.C.S.; COIMBRA Jr., C.E. (orgs). Salud y equidad: uma mirada desde las ciências sociales. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999. p. 55-72

  • OLIVEIRA, J.R.G. A prática da ginástica laboral. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.

  • RODRIGUES, M. Qualidade de Vida no Trabalho. Petrópolis: Vozes, 2000.

  • ZILLI, C.M. Manual de Cinesioterapia/Ginástica Laboral: uma tarefa interdisciplinar com ação multiprofissional. São Paulo: LOVISE, 2002.

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