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Variáveis fisiológicas associadas ao consumo de oxigênio: 

relações com a performance aeróbia de corredores de endurance

Variables fisiológicas asociadas al consumo de oxígeno: relaciones con la performance aeróbica de corredores de endurance

 

*Mestrando(a) em Educação Física, UFSC

**Licenciado em Educação Física, UFSC

(Brasil)

Kristopher Mendes de Souza*

Talita Grossl*

Rubens José Babel Junior**

kristophersouza@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          O objetivo desse estudo foi revisar alguns aspectos de variáveis fisiológicas associadas ao consumo de oxigênio (VO2) que apresentam relação com a performance aeróbia em corridas de média e longa distância. Nesse sentido, o consumo máximo de oxigênio (VO2max) tem sido considerado um determinante fisiológico importante da performance aeróbia de corredores de endurance, principalmente em grupos heterogêneos. Entretanto, em grupos homogêneos, tem sido demonstrado que o VO2max apresenta uma baixa correlação com a performance em eventos predominantemente aeróbios. Outra variável importante em provas aeróbias é a economia de corrida (EC), visto que corredores mais econômicos são capazes de utilizar oxigênio de maneira mais eficiente que corredores menos econômicos para uma mesma velocidade de corrida, propiciando, assim, uma melhor performance em eventos de endurance. Contudo, embora a EC e o VO2max apresentem uma importância relativa durante as provas de média e longa distância, é importante ressaltar que a velocidade associada ao VO2max (vVO2max), que é a variável que melhor descreve a relação entre potência aeróbia máxima e a EC, explica parcialmente as diferenças na performance em indivíduos com semelhantes valores de VO2max. A vVO2max tem sido reportada como válida para predizer performance em distâncias que variam entre 1500m a 90km. Além disso, outro aspecto importante é que a partir da vVO2max tem-se determinado o tempo de sustentação nessa intensidade (Tlim), que é um outro índice fisiológico que vem sendo considerado como um importante indicador de performance, principalmente em provas de endurance mais curtas. Adicionalmente, além da capacidade da vVO2max e do Tlim para predizer performance em provas de média e longa duração, essas variáveis têm sido utilizadas para a prescrição da intensidade do treinamento de forma individualizada. De maneira geral, as variáveis fisiológicas associadas ao VO2 apresentam diferentes relações com a performance aeróbia em corridas de endurance, sendo essas relações dependentes principalmente da distância da prova, do estado de treinamento aeróbio e das características físicas dos atletas.

          Unitermos: Consumo máximo de oxigênio. Velocidade associada ao consumo máximo de oxigênio. Economia de corrida. Tempo de sustentação

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010

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Introdução

    Tradicionalmente, as principais variáveis que exercem importante relação com a performance de corredores de endurance incluem o consumo máximo de oxigênio (VO2max) (COSTILL et al., 1973), o limiar de lactato (LL) (FARREL et al., 1979), o limiar anaeróbio (LAn) (TANAKA et al., 1984) e a economia de corrida (EC) (DANIELS; DANIELS, 1992). Entretanto, corredores bem treinados podem apresentar valores similares nesses índices e, assim, outras variáveis associadas ao consumo de oxigênio (VO2) como a velocidade correspondente ao VO2max (vVO2max) e o tempo de exaustão na vVO2max (Tlim), podem contribuir para o sucesso em eventos predominantemente aeróbios (DENADAI et al., 2004).

    A vVO2max e o Tlim tem mostrado uma importante relação com a performance de endurance em corridas de curta e média distância (1 a 10min). Essas provas são predominantemente dependentes da potência aeróbia, enquanto que em provas de longa distância (acima de 10min) a capacidade aeróbia parece ser o aspecto mais importante (DENADAI et al., 2004).

    Diferentes estudos têm analisado a predição da performance aeróbia durante a corrida a partir dos índices supracitados (DENADAI et al., 2004). Estes estudos têm utilizado modelos de regressão simples ou múltipla, analisando no mesmo grupo de atletas ou em diferentes grupos, as relações entre os índices fisiológicos associados ao metabolismo aeróbio com o desempenho em provas de média e longa duração. Nesse sentido, esse artigo teve como objetivo revisar alguns estudos que tenham destacado a relação entre variáveis fisiológicas associadas ao VO2 com a performance de corredores de endurance.

Consumo máximo de oxigênio (VO2max)

    Existe consenso na literatura sobre o fato de o VO2max ser a variável fisiológica que melhor descreve a capacidade funcional dos sistemas cardiovascular e respiratório (BOILEAU et al., 1982; ASTRAND; RODAHL, 1986; DENADAI, 1996).

    Conceitualmente, o VO2max pode ser definido como o nível máximo de captação (pulmões), transporte (coração e vasos) e utilização do oxigênio (principalmente pelos músculos), para a produção aeróbia de energia durante exercício dinâmico envolvendo grande massa muscular corporal (ASTRAND; RODAHL, 1986; DENADAI, 2000).

    A realização de exercícios de média e longa duração é dependente principalmente do metabolismo aeróbio. Assim, uma das variáveis mais utilizadas para avaliar a capacidade humana de realizar exercícios aeróbios é o VO2max (GUGLIELMO, 2005). Este índice tem sido considerado um determinante fisiológico importante da performance aeróbia de corredores de endurance (FOSTER, 1983).

    Os valores de VO2max apresentam grande variação entre indivíduos que possuem diferentes níveis de aptidão aeróbia. Em indivíduos jovens sedentários e aparentemente saudáveis, os valores de VO2max geralmente variam entre 40 e 50ml.kg-1.min-1 (DENADAI, 1996). Entretanto, em corredores de média e longa distância esses valores são expressos entre 68 a 77ml.kg-1.min-1 e 75 a 85ml.kg-1.min-1, respectivamente (BOILEAU et al., 1982). Esses altos valores de VO2max observados em corredores de endurance são, provavelmente, resultantes de uma combinação de aspectos relacionados à genética e ao treinamento (BRANDON, 1995).

    Um estudo interessante relacionando diferentes valores de VO2max com a performance na prova de 10 milhas mostrou uma alta correlação (r=-0,91) entre o VO2max e o tempo de corrida nessa distância (COSTILL et al., 1973). Entretanto, nesse estudo, o grupo era constituído de corredores heterogêneos, tendo uma grande variação nos valores de VO2max (54,8 - 81,6ml.kg-1.min-1) (COSTILL et al., 1973).

    Por outro lado, em grupos homogêneos de corredores, tem sido demonstrado que o VO2max apresenta uma baixa correlação com a performance em eventos predominantemente aeróbios. Isso pode ser observado no estudo conduzido por Grant et al. (1997) com corredores de média e longa distância, em que o LAn foi a variável que melhor explicou a performance em corrida de 3000m (87% da explicação), enquanto o VO2max e a EC não apresentaram boa correlação.

    A baixa correlação que pode existir entre o VO2max e a performance, principalmente em indivíduos altamente treinados, ocorre provavelmente em virtude do VO2max nem sempre se modificar com o treinamento ou destreinamento (DENADAI, 1996). Contudo, nestas mesmas condições, pode haver aumento ou diminuição da performance (DENADAI, 1996).

    Em atletas de alto nível, tem sido destacado que valores elevados de VO2max são fatores importantes para o sucesso em provas de média e longa duração (BASSETT; HOWLEY, 2000). Entretanto, embora os corredores de endurance tenham altos valores de VO2max, o nível de importância e os percentuais utilizados desse índice são diferentes para as provas de média e longa distância (COSTILL et al., 1973; Di PRAMPERO et al., 1993).

    Como destacado anteriormente, os corredores de média distância apresentam valores de VO2max menor que os corredores de longa distância, no entanto, competem em um alto percentual do VO2max e consomem uma grande quantidade de energia por unidade de distância durante a prova (BOILEAU et al., 1982). Geralmente, as provas de média distância são corridas em intensidades máximas e supramáximas, enquanto provas de longa distância são disputadas em intensidades que variam freqüentemente entre 75% e 95% do VO2max (DANIELS, 1985; MORGAN et al., 1989a; DENADAI et al., 2004).

    Essa diferença de correlação entre o VO2max e a performance em provas de média e longa duração pode ser verificada no estudo de Brandon e Boileau (1987) que encontraram que o VO2max foi um fator significante de predição entre as provas de 800m, 1500m e 10000m. No entanto, o VO2max foi mais importante para a performance na prova de 10000m que nas provas de 800m e 1500m (BRANDON; BOILEAU, 1987). Esses resultados mostram que a correlação existente entre o VO2max e a performance melhora com um aumento nas distâncias das provas (BRANDON, 1995).

    Embora o VO2max seja o parâmetro fisiológico que melhor expressa a aptidão cardiorrespiratória de um indivíduo (BASSETT; HOWLEY, 2000), este índice tem apresentado pouco poder discriminatório da performance em atletas de alto nível, denotando, assim, a necessidade de identificação de outros índices fisiológicos que possam melhor predizer o desempenho esportivo e auxiliar na prescrição e no controle do treinamento.

Economia de corrida (EC)

    A relação da EC com a performance de corredores de endurance tem sido um tema muito abordado pela literatura científica. Essa variável fisiológica tem sido definida como o custo ou VO2 obtido em fase estável para uma dada velocidade de corrida submáxima (DANIELS; DANIELS, 1992; DENADAI, 1996). Isso significa que corredores mais econômicos são capazes de utilizar oxigênio de maneira mais eficiente que corredores menos econômicos para uma mesma velocidade de corrida, propiciando, assim, uma melhor performance em eventos de endurance (MORGAN; CRAIB, 1992; BRANDON, 1995; DENADAI, 1996).

    De fato, em uma dada velocidade de corrida submáxima, o VO2 requerido para correr nessa velocidade tem sido mostrado como sendo consideravelmente variável entre os sujeitos (SVEDENHAG; SJODIN, 1984). Corredores de elite apresentam melhor EC que corredores de sub-elite (PATE et al., 1992), entretanto, mesmo em atletas de elite a EC pode variar em até 15% (MORGAN et al., 1991).

    Essas afirmações podem ser suportadas pela análise de alguns estudos que verificaram a relação entre EC e performance em corredores com características heterogêneas e homogêneas. Corredores de endurance de elite (VO2max de 79ml.kg-1.min-1) quando comparados com corredores de endurance de sub-elite (VO2max de 69,2ml.kg-1.min-1) apresentaram melhor EC, sendo que quando expressa como um percentual do VO2max (%VO2max), essa diferença na EC foi aumentada, com os corredores de elite correndo em um menor %VO2max (POLLOCK, 1977). Por outro lado, em corredores com valores similares de VO2max e que competiam em provas de 10000m, a EC, determinada em diferentes velocidades submáximas (14, 16 e 18km.h-1), foi significantemente correlacionada (r=0,82) com a performance de endurance nos corredores que apresentavam pouca variação no VO2max (CONLEY; KRAHENBUHL, 1980).

    Em um estudo que comparou a relação da EC com a performance de corredores quenianos e caucasianos que apresentavam tempos similares para a prova de 10000m, no entanto, com valores de VO2max diferentes (VO2max 13% menor dos corredores quenianos), verificou-se que os quenianos apresentavam uma EC 5% melhor que os caucasianos, sendo que, quando foi realizada uma correção alométrica (kg-0,66) para os valores de massa corporal de ambos os grupos, esse percentual aumentou para 8% (WESTON et al., 2000). Além disso, o grupo de corredores quenianos também completou a prova de 10000m em um mais alto %VO2max e com concentrações de lactato sanguíneo similares quando comparado ao grupo de corredores caucasianos (WESTON et al., 2000). Adicionalmente, tem sido destacado que corredores de elite de outras partes da África quando comparados aos seus compatriotas caucasianos também apresentam uma melhor EC (SALTIN et al., 1995a; WESTON et al., 2000).

    Com referência aos dados contidos na literatura sobre a relação entre EC e performance, é importante ressaltar que muitos são os fatores que determinam essa variável, e a partir disso, as diferenças encontradas entre grupos de corredores com características distintas podem ser melhor explicadas quando a influência desses fatores na EC são mais bem entendidas. Alguns estudos que apresentam esses fatores determinantes da EC têm destacado especificamente a idade, o VO2max, a temperatura, o estado de treinamento, a distribuição de massa nos segmentos corporais, a proporção dos tipos de fibras que constituem o tecido muscular, o comprimento de passada e algumas variáveis biomecânicas (MORGAN et al., 1989b; BAILEY; PATE, 1991; SAUNDERS et al., 2004). Dessa forma, esses fatores podem, parcialmente, explicar os resultados encontrados na literatura científica sobre as diferenças interindividuais e intraindividuais na EC (JOYNER, 1991; BAILEY; PATE, 1991; PATE et al., 1992).

    Entretanto, embora alguns estudos tenham ressaltado que uma melhor EC está associada com a alta proporção de fibras tipo I (BOSCO et al., 1989; KANEKO, 1990), esse fator não pôde explicar as diferenças entre corredores quenianos e caucasianos, visto que suas quantidades de fibras musculares tipo I foram similares (SALTIN et al., 1995a, b). Essa relação, nesse caso, pôde ser explicada pelas diferenças antropométricas existentes entre os dois grupos de corredores, visto que os quenianos apresentavam menor índice de massa corporal e menor estrutura corporal, sendo que isso lhes permitia uma movimentação durante a corrida com um custo metabólico menor que os corredores caucasianos (SALTIN et al., 1995a, b).

    Conforme o exposto até o momento, entende-se que uma melhor EC permite que um corredor tenha a capacidade de sustentar uma alta velocidade durante uma prova (DANIELS, 1985; MORGAN et al., 1989a). Dessa forma, a interação entre VO2max e EC pode ser expressa pela determinação da vVO2max, visto que, essa variável pode ser um dos mecanismos que melhor explicam as diferenças individuais de performance que o VO2max ou a EC não conseguem explicar quando utilizados isoladamente (DANIELS, 1985). Isso é verificado no estudo de Morgan et al. (1989a), que encontrou a vVO2max como a variável fisiológica que melhor se correlacionou com a performance na prova de 10000m (r=-0,87), sendo que a EC (r=0,64) e o VO2max (r=-0,45) apresentaram valores baixos de correlação.

    Contudo, embora a EC apresente uma importância relativa durante as provas de média e longa distância, é importante ressaltar que a vVO2max, que é a variável que melhor descreve a relação entre potência aeróbia máxima e a EC, explica parcialmente as diferenças na performance em indivíduos com semelhantes valores de VO2max.

Velocidade correspondente ao VO2max (vVO2max) e tempo de sustentação nessa velocidade (Tlim)

    Daniels et al. (1984), introduziram o termo “velocidade no VO2max” e reportaram que essa velocidade (vVO2max) poderia explicar as diferenças individuais na performance que o VO2max ou a EC não conseguiam explicar, quando utilizados isoladamente. Outros estudos (Di PRAMPERO, 1986; MORGAN et al., 1989a; NOAKES et al., 1990; LACOUR et al., 1991; BILLAT et al., 1994a, b, c) também têm investigado essa mesma variável, no entanto, utilizando diferentes protocolos e metodologias para determinação desse índice. Contudo, as diferenças encontradas entre os protocolos apresentam uma variação muito pequena, sendo o mais importante nessa questão, a capacidade de predição de performance e a validade para a prescrição da intensidade de treinamento que esta variável apresenta para corredores de endurance (BILLAT, et al., 1999).

    A vVO2max tem sido reportada como válida para predizer performance em distâncias que variam entre 1500m a 90km (Di PRAMPERO, 1986; MORGAN et al., 1989a; NOAKES et al., 1990; LACOUR et al., 1990; LACOUR et al., 1991). Adicionalmente, Noakes (1988) tem sugerido que a vVO2max (chamada pelo autor de pico de velocidade em esteira) é uma variável que possui um alto potencial de predição de performance de endurance. A hipótese do autor é que a velocidade máxima pode estar relacionada com a capacidade muscular para desempenhar altos ciclos de atividade dos mecanismos contráteis (relação actina - miosina) e com as adaptações do sistema respiratório (NOAKES, 1988).

    Além disso, outro aspecto importante é que a partir da vVO2max tem-se determinado o tempo de sustentação nessa intensidade (Tlim), que é um outro índice fisiológico que vem sendo considerado como um importante indicador de performance, principalmente em provas de endurance mais curtas (DENADAI et al., 2004). Alguns estudos têm reportado que o exercício de carga constante a 100% da vVO2max para determinação do Tlim apresenta uma duração de aproximadamente 6min a 6min30s (BILLAT et al., 1994a, b, c).

    Contudo, apesar do Tlim na vVO2max apresentar uma excelente reprodutibilidade (BILLAT et al., 1994b), um outro fator dessa relação entre essas duas variáveis é a grande variabilidade existente entre indivíduos que têm o mesmo valor de vVO2max (BILLAT; KORALSZTEIN, 1996). Tem sido reportado que o Tlim apresenta um coeficiente de variação de até 25% entre indivíduos com a mesma vVO2max (BILLAT; KORALSZTEIN, 1996). Essa variação pode ser parcialmente explicada por meio da participação do componente anaeróbio no metabolismo durante o exercício desempenhado nessa intensidade, visto que a velocidade na MLSS (maximal lactate steady state) e no LAn tem sido correlacionada com o Tlim desempenhado a 100% da vVO2max (BILLAT et al., 1994a).

    Assim, a vVO2max e o Tlim são variáveis que têm apresentado validade na predição da performance em provas de média e longa duração (BILLAT; KORALSZTEIN, 1996; HILL; ROWELL, 1996; DENADAI et al., 2004). Quando observado em corredores de elite de longa distância com características homogêneas, o Tlim na vVO2max tem sido relacionado inversamente com a vVO2max e o VO2max (BILLAT et al., 1994c). No entanto, em uma população homogênea de corredores de sub-elite de longa distância, esse comportamento não foi observado, com o Tlim não apresentando relação com o VO2max e a vVO2max (BILLAT et al., 1994b). Porém, nesse grupo de corredores de sub-elite, o Tlim foi relacionado à velocidade sustentada na prova de meia maratona (21,1km) e à velocidade correspondente ao LAn (BILLAT et al., 1994b). Já em corredores e corredoras de elite de média distância, a vVO2max e o Tlim foram as variáveis que explicaram quase que totalmente a variação de performance na prova de 1500m (95% de variação) (BILLAT et al., 1996).

    Contudo, além da capacidade da vVO2max e do Tlim para predizer performance em provas de média e longa duração, essas variáveis têm sido utilizadas para a prescrição da intensidade do treinamento de forma individualizada (BILLAT et al., 1999). Billat et al. (1999) sugerem que o treinamento intervalado seja realizado em séries de cinco repetições com as seguintes características: intensidade - 100% vVO2max, duração - 60% Tlim e recuperação ativa - 60% vVO2max, com a mesma duração do exercício.

    Este modelo de treinamento é interessante porque a vVO2max é uma intensidade que garante que o VO2max seja atingido. Além disso, parece que 60% Tlim é o tempo necessário para que a cinética de VO2 alcance os valores máximos durante o exercício e seja sustentado durante um período que poderia determinar a melhora do VO2max, da vVO2max e da performance (BILLAT et al., 1999).

Conclusão

    Conforme observado nessa revisão, as variáveis fisiológicas associadas ao VO2 apresentam diferentes relações com a performance aeróbia em corridas de endurance, sendo essas relações dependentes principalmente da distância da prova, do estado de treinamento aeróbio e das características físicas dos atletas. Além disso, outro aspecto que deve ser ressaltado é a validade dessas variáveis para prescrever e controlar os efeitos do treinamento, visto que muitos estudos têm destacado resultados relevantes de melhora da performance aeróbia quando essas variáveis são utilizadas, principalmente a vVO2max e o Tlim.

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revista digital · Año 14 · N° 141 | Buenos Aires, Febrero de 2010  
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