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Qualidades físicas dos alunos que praticam futsal

Cualidades físicas de estudiantes que practican futbol sala

 

Curso do Mestrado em Ciência da Motricidade Humana

Universidade Castelo Branco, RJ

(Brasil)

Neyber Joaquim Fontes Barata

Liliane Tobelem Queiroz

Maridalva Cardoso Maciel

Roseane Monteiro dos Santos Carneiro

Ricardo Figueiredo Pinto

neyber.barata@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil de aptidão física relacionada ao desempenho de crianças na faixa etária de 10 anos , participantes do Projeto Pólo Esportivo da UFRA, na cidade de Belém-PA. A amostra foi composta por 21 meninos, todos participantes do referido projeto. Para essa análise, foram observados os seguintes elementos: índice de massa corporal (IMC), velocidade e flexibilidade. Os testes realizados foram: Corrida de 40 Segundos, Salto Horizontal, Teste de Milha e Teste de Flexibilidade. A avaliação da força foi obtida a partir de três saltos horizontais medidos em escala métrica (FERNANDES, 2005); a avaliação da velocidade foi realizada através da Corrida de 40 segundos (MATSUDO, 1983 apud FERNANDES (2005); e Índice de Massa Corporal (FERNANDES, 2005); para mensurar a flexibilidade foi utilizado o Protocolo de Goniometria (DANTAS, 2001). Os testes mostraram que a idade das crianças foi um determinante quanto aos resultados do estudo, já que os resultados demonstraram que a média de velocidade das crianças com 10 anos não sofreu grandes variações, participantes do estudo.

          Unitermos: Qualidade física. Criança. Futsal

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010

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Introdução

    Qualidade física é todo o atributo treinável de um organismo, ou seja, aquele passível de adaptação; já a habilidade esportiva é o refinamento ou a combinação de padrões de movimento fundamentais ou de habilidades motoras para desempenhar atividades de um esporte. O desenvolvimento de uma habilidade esportiva requer que se façam alterações freqüentemente precisas nos padrões básicos do movimento para atingir níveis superiores de habilidade (GALLAHUE & OZMUN, 2004).

    O treinamento esportivo de escolares do ensino fundamental é possível graças ao desenvolvimento ao fato dos mesmos apresentarem a compreensão de jogos e brincadeiras; Quintão e colaboradores (2004) afirmam que a evolução infantil obedece a uma seqüência motora, cognitiva, e afetiva, social, que ocorrerá de forma mais lenta ou mais acelerada, de acordo com os estímulos recebidos.

    O desenvolvimento físico do atleta dependerá das condições ambientais, nutritivas, hereditárias e de práticas esportivas (GALLAHUE & OZMUN, 2004); o jovem esportista geralmente é influenciado por familiares, amigos e condições sociais em que estão inseridos. Rychman e Hamel (1992) afirmam que alguns dos principais motivos que levaram adolescentes a buscar atividades esportivas eram fazer amigos, manter os amigos existentes, ou uma combinação de ambos.

    Nesse contexto, o futsal é uma modalidade que vem demonstrando substancial desenvolvimento nos últimos anos (SANTANA, 2004). Mutti (1999) considera que o futsal é a modalidade esportiva mais praticada no Brasil, abrangendo todas as faixas etárias.

    Associado a esse fato, Weineck (2003) retrata que se deve treinar na infância a flexibilidade por meio de jogos e de forma progressiva, utilizando os métodos e conteúdos semelhantes aos dos adultos. Assim a prática do futsal é uma atividade importante no aspecto desportivo, auxiliando no desenvolvimento das habilidades motoras dos praticantes.

    Por esse motivo se fez necessário avaliar as qualidades físicas, índice de massa corporal (IMC), força, capacidade aeróbica, velocidade e flexibilidade de crianças do sexo masculino, com 10 anos de idade atendidas no Projeto Pólo Esportivo da UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia).

Material e métodos

Características da pesquisa

    O estudo foi realizado no Projeto Pólo Esportivo da UFRA e caracterizou-se por ser uma avaliação do tipo descritiva, pois os fatos ou fenômenos foram observados, registrados, analisados e correlacionados sem manipulá-los; o estudo mostrou-se também como de campo, por corresponder à coleta direta de informações no local onde aconteceram os fenômenos.

Amostra

    Participaram do estudo 21 meninos, na faixa etária de 10 anos, participantes do referido projeto. Como critério de exclusão foi determinado que as crianças que apresentassem mal-estar, dores musculares, desvios de coluna ou sintomas de doenças ou que tivessem ausência superior a 15 aulas durante a realização deste estudo. Os participantes da pesquisa, espontaneamente, concordaram em assinar o Termo de consentimento livre e esclarecido. O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos do Hospital das Clínicas Gaspar Viana, obtendo aprovação para execução.

Procedimentos operacionais

    Os testes realizados foram: Corrida de 40 Segundos, Salto Horizontal, Teste de Milha e Teste de Flexibilidade. A avaliação da força foi obtida a partir de três saltos horizontais medidos em escala métrica (FERNANDES, 2005); a avaliação da velocidade foi realizada através da Corrida de 40 segundos (MATSUDO, 1983 apud FERNANDES (2005); e Índice de Massa Corporal (FERNANDES, 2005); para mensurar a flexibilidade foi utilizado o Protocolo de Goniometria (DANTAS, 2001), com as seguintes variáveis: flexão da articulação do joelho, quadril e tornozelo e extensão da articulação do quadril; a capacidade aeróbica foi avaliada através da caminhada de 1 Milha conhecido como Teste de Rockport (FERNANDES, 2005) e a verificação de batimentos cardíacos ( As medidas necessárias ao presente estudo foram obtidas utilizando-se os seguinte instrumentos: Balança com estadiômetro da Marca Filizola®, devidamente calibrada e aferida, com precisão de 100 g e escala de 0 a 150 Kg; para determinação do peso corporal e estatura: fita métrica de metal flexível com 2 m de comprimento e precisão de 0,1 cm para aferição dos três saltos horizontais; goniômetro de aço de 14 polegadas, fabricado por Lafayette Instruments ; Cronômetro Digital da Marca Cássio®, com variância para armazenar 100 registros, para verificar a corrida de 40 s e o teste de milha. Os dados foram analisados com o auxílio do software BIOESTAT, versão 5.0 (AYRES et al., 2007), observando os seguintes indicadores estatísticos: média, desvio padrão, primeiro quartil, mediana, terceiro quartil e coeficiente de variação.

Resultados

    Observamos a variável antropométricas: massa corporal total (MCT) em Kg. O Índice de Massa Corporal (IMC) o qual expressa o estado nutricional. O IMC das crianças de 10 anos de idade mostrou que a distância percorrida variou de 11.63 a 28.75, a média atingida foi 17.4. nessa faixa etárias.

Tabela 1. Estatística descritiva do Índice de Massa Corporal (kg / m2) de n = 21 crianças avaliadas.

  

10 anos

(n = 21)

Mínimo

11.63

Primeiro Quartil

15.69

Mediana

17.05

Média Aritmética

17.40

Terceiro Quartil

18.37

Máximo

28.75

Desvio Padrão

3.49

Fonte: Protocolo da pesquisa

    A avaliação da velocidade das crianças medida através da corrida de 40 segundos, demonstra que as crianças de 10 anos de idade percorreram uma distância entre 175 e 225 m, sendo que a média atingida foi 197.14 ± 13.5 m; nessa idade, 40 % das crianças percorreram entre 188 a 202 m em 40 segundos. E que a velocidade da mesma não sofreu grandes mudanças, conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2. Teste de velocidade, deslocamento (m) em corrida de 40s, (n=21).

 

10 anos

(n=21)

Mínimo

175.00

Primeiro Quartil

190.00

Mediana

200.00

Média Aritmética

197.14

Terceiro Quartil

205.00

Máximo

225.00

Desvio Padrão

13.47

Fonte: Protocolo da pesquisa

    A avaliação da força dos membros inferiores de crianças de 10 anos de idade medida pelo teste do salto horizontal variou de 1.12 a 1.56 m, a média atingida foi 134 ± 0.12 m e 40 % das crianças saltaram entre 1.30 a 1.40 m. E que no salto também não sofreu grandes alterações, como pode ser visualizado na Tabela 3.

Tabela 3. Teste de força, salto horizontal medido em metros (n=21)

 

10 anos

(n=21)

Mínimo

1.12

Primeiro Quartil

1.24

Mediana

1.35

Média Aritmética

1.34

Terceiro Quartil

1.42

Máximo

1.56

Desvio Padrão

0.12

Fonte: Protocolo da pesquisa

    A avaliação da resistência aeróbica das crianças de 10 anos, realizado através da caminhada de 1 milha demonstrou que o tempo para completar o percurso variou de 13.45 a 15.20 (minutos) e a média foi 14.56 minutos, 85 % das crianças completaram o percurso em tempo superior a 14.5 minutos e apenas 5 % completaram em tempo inferior a 13.8 minutos. As diferenças de tempo para percorrer a distância de uma milha ficaram na casa dos segundos, e observou-se redução de 1” entre as crianças de 10 anos.

    A flexão do quadril entre crianças nas faixas etárias de 10 anos, foi avaliada a partir de média entre as flexões para os lados direito e esquerdo. Observamos que as crianças com idade de 10 anos que atingiram uma flexão 74 graus. Ver Tabela 4.

Tabela 4. Flexão do quadril em (n=62) crianças com 10 anos de idade

 

 

10 anos

Flexão Quadril

  

(n=21)

Lado Direito

Mediana

73.0

 

1Q

64.0

 

3Q

83.0

 

Média

72.2

 

D Padrão

13.3

Lado Esquerdo

Mediana

74.0

 

1Q

66.5

 

3Q

83.5

 

Média

74.6

 

D Padrão

11.9

Média (Dir-Esq)

Mediana

74.0

 

1Q

64.3

 

3Q

83.8

 

Média

73.4

 

D Padrão

12.1

    A extensão do quadril entre crianças nas faixas etárias 10 anos, foi avaliada a partir de média entre os lados direito e esquerdo. Observamos que as crianças com idade de 10 anos atingiram a extensão de 22.8 graus, a partir desses registros observa-se que as crianças de 10 anos não sofreram nenhuma alteração importante.

Tabela 5. Extensão do quadril em (n=21) crianças com 10 anos de idade

  

  

10 anos

Extensão Quadril

 

(n=21)

Direito

Mediana

23.0

 

1Q

20.5

 

3Q

24.8

 

Média

23.6

 

D Padrão

6.4

Esquerdo

Mediana

22.0

 

1Q

20.5

 

3Q

23.0

 

Média

23.0

 

D Padrão

5.2

Média (Dir-Esq)

Mediana

22.8

 

1Q

20.5

 

3Q

23.5

 

Média

23.3

 

D Padrão

5.7

Fonte: Protocolo da pesquisa

Discussão

    A evolução do desempenho motor na infância e na adolescência está fortemente associada aos processos de crescimento e maturação. Devido a essa relação de interdependência, na avaliação do desempenho motor, devem ser considerados os aspectos do crescimento físico e as idades cronológicas e biológicas (BOHME, 1999), situação que pode favorecer os mais adiantados no processo de desenvolvimento biológico, e podem desmotivar outros mais tardios com possibilidades de tornarem-se excelentes atletas no futuro.

    Nos Estados Unidos, Paxton et al (2004), Yates et al (2004), desenvolveram estudos associando os índices de IMC com aspectos relacionados aos hábitos alimentares, a prática de atividade física, e as características de sobre peso e de obesidade na adolescência. No Brasil Coelho e colaboradores (2002) estudaram a influência da maturação sexual no índice de massa corporal em adolescentes de baixo nível sócio-econômico do Rio de Janeiro, concluindo que sempre que for possível devemos utilizar a avaliação da maturação sexual associado aos valores de IMC para uma classificação mais fidedigna do estado de desnutrição ou obesidade entre os adolescentes. Vitalle et al (2003), também pesquisando população de baixa renda estudou o índice de massa corporal o desenvolvimento puberal e sua relação com a menarca, constatando que o IMC foi significativamente maior nas adolescentes que já apresentaram a menarca, repetindo resultados da literatura.

    Lazolli e colaboradores (1998) consideram que o avançar da idade pode ser acompanhado de um declínio da atividade física, conseqüentemente um menor gasto energético, podendo ser influenciado por vários fatores, entre eles: comportamentos sociais e compromissos estudantis.

Conclusão

    O foco central desta pesquisa foi analisar as qualidades físicas nas crianças de 10 anos de idades quem vivem em condições socioeconômicas características da periferia de Belém-PA, atendidas pelo projeto Pólo esportivas da UFRA. A primeira questão que podemos levantar refere-se ao contraste revelado pelo aumento de peso e estatura que não foi acompanhado por um aumento de no mesmo percentual de velocidade, capacidade aeróbica e flexibilidade. Ainda resta questionar se o aumento de peso e estatura é adequado para as faixas etárias enfocadas neste estudo. Contudo, ainda não nos foi possível traçar paralelos, neste contexto, este estudo é pioneiro pois lança um perfil inicial para que futuras análises possam ser realizadas a partir das observações realizadas nesta pesquisa.

Referências

  • AYRES, M. AYRES – JR, M. AYRES, T.L. SANTOS, A.S. BioEstat 5.0: Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Editora do Instituo de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá. Belém, PA. 2007.

  • BÖHME, M.T.S. Aptidão física de jovens atletas do sexo feminino analisada em relação a determinados aspectos biológicos, idade cronológica e tipo de modalidade esportiva praticada, 1999.

  • COELHO, K. S. C; SICHIERI, R; GONZÁLEZ, C. Influencia de la maduracion sexual em el índice de masa corporal en adolescentes de bajo nível socioeconômico de Rio de Janeiro. Revista Chilena de Nutrición. v. 29, n. 1, abr., 2002.

  • DANTAS, E. H. M.; SOARES, J. S. Flexibilidade aplicada ao personal training. Fitness & Performance Journal, v. 1, n. 0, p. 7-12, set./dez. 2001.

  • GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. Tradução de Maria Aparecida da Silva Pereira Araújo. São Paulo: Phorte, 2001. 641 p.

  • LAZOLLI, J. Atividade Física e Saúde na Infância e adolescência. Revista Brasileira Médica do Esporte. V. 4, n 4, 1-3 jul/ago 1998.

  • MUTTI, D. Futsal. Artes e Segredos/Futsal Base. HEMUS Editora Ltda, 1999.

  • PAXTON, R. J; VALOIS,  R. F ; DRANE J. W. Correlates of body mass index, weigth goals, and weight – management practices among adolescents. Journal of School Health. v. 74, n.4, p. 136-143. 2004.

  • QUINTÃO RYCHIMAN, R. M & HAMEL, J.  Perceived physical ability differences in the sport participation motives of young athletes.  International Journal of Sport Psychology, 24, 278-283. 1993.

  • SANTANA WC. Os objetivos do futsal na infância. In: SANTANA, WC. Futsal: apontamentos pedagógicos na iniciação e especialização. Campinas: Autores Associados, 2004, cap.1, p.16-21.

  • WEINECK, J. Treinamento ideal: instruções técnicas sobre o desempenho fisiológico, incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil. 9. ed. São Paulo: Manole, 2003

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