Efeito na pressão arterial em mulheres praticantes do jump Efecto de presión arterial en mujeres practicantes de jump |
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*Aluno do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Educação Física Grupo de Estudos em Fisiologia, Saúde e Treinamento Desportivo - GEFIST Grupo de Estudos em Fisiologia, Exercício Físico e Saúde - GEFES, UCB **Aluna do curso de Educação Física da Universidade Católica de Brasília – UCB ***Mestre em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista - UNESP Professora do Programa de Graduação em Educação Física - GEFES Laboratório de Estudo em Educação Física e Saúde - LEEFS Centro Universitário Euro-Americano - UNIEURO ****Doutor em Biologia Molecular pela Universidade de Campinas - UNICAMP Professor do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Educação Física Grupo de Estudos em Fisiologia, Exercício Físico e Saúde - GEFES Laboratório de Estudo em Educação Física e Saúde - LEEFS, UCB |
Rafael André de Araújo* Danielle Siqueira de Melo Fraga** Adriana Cristina Barriviera Prada*** Francisco José Andriotti Prada ****(Brasil) |
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Resumo Com a progressão tecnológica, devido á industrialização, a formação e a urbanização das grandes cidades trouxeram conseqüências vinculadas à saúde da população. Uma comunidade que era visivelmente dinâmica e sujeita a poucos fatores estressantes percebem-se que com o passar dos anos, passam a conviver com problemas relacionados à inatividade física, como a hipertensão. A prática regular de atividade física exerce não só um bom condicionamento físico e boa estética, mas também tem um importante papel terapêutico na prevenção e controle da PA. O presente artigo tem como objetivo verificar o efeito na pressão arterial em mulheres praticantes do JUMP. A amostra foi composta por 20 mulheres com média de idade de 26,5 ± 3,59, freqüentadoras da academia Ativa Acqua Sports, localizada no “P” Norte, praticantes da aula do Jump com média de tempo de 7 ± 7,03 meses de prática, com a freqüência de 3 vezes por semana, duração de 1 hora/aula no turno vespertino. A pesquisa iniciou no dia 11 de maio de 2009 e finalizou no dia 29 de maio de 2009. Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionário específico, contendo perguntas abertas e fechadas. Os resultados obtidos na PAS (109 ± 8,3 mmHg) e na PAD (75 ± 5 mmHg) no período pré-exercício apresentaram diferenças significativas em relação ao período pós-exercício,com valores de PAS (135 ± 5 mmHg) e a PAD (78 ± 7 mmHg) com intervalo/repouso de 5 minutos apresentando um aumento significativo. Conclusão: A prática de atividade física é benéfica e proporciona qualidade de vida e longevidade aos seus praticantes. Em nosso estudo verificamos que os resultados analisados mostraram que a PAS e PAD no pós exercício, em mulheres praticantes do JUMP, apresentaram um aumento significativo, contrariando a maioria dos estudos. Sugerimos estudos posteriores, mais amplos e detalhados sobre o aumento da PA pós exercício físico pelas suas variáveis influentes e divergências literárias conflitantes.Unitermos: Pressão arterial. Atividade física. Jump |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010 |
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Introdução
O exercício físico provoca uma série de respostas fisiológicas nos sistemas corporais e, em especial, no sistema cardiovascular. Com o objetivo de manter a homeostasia celular em face do aumento das demandas metabólicas, alguns mecanismos são acionados (ARAÚJO, 2003). Esses mecanismos funcionam sob a forma de arcos reflexos constituídos de receptores, vias aferentes, centros integradores, vias eferentes e efetores, muitas etapas desses mecanismos ainda não foram completamente elucidadas (I CNRC, 1997).
Exercícios moderados são recomendados para aprimorarem a saúde, porém, há evidências que mostram que as atividades de alta intensidade produzem efeitos significativos para a saúde e proporcionam maior dispêndio energético diário. Os exercícios mais intensos aumentam o gasto energético, a massa corporal magra, o dispêndio de energia pós-exercício, reduz o perfil lipídico influenciando nas taxas de mortalidade (FURTADO, SIMÃO & LEMOS, 2004). Contudo deve-se entender que um indivíduo para ser considerado integralmente ativo deve realizar exercícios de natureza aeróbica (atividades que utilizam O2) e de natureza anaeróbico (atividades que utilizam pouco O2), pois a aptidão física adequada está alicerçada na resistência, na força, na flexibilidade e na composição corporal adequada (ZAMAI & COSTA, 2008).
O exercício físico realizado regularmente provoca importantes adaptações autonômicas e hemodinâmicas que vão influenciar o sistema cardiovascular (RONDON & BRUM, 2003), com o objetivo de manter a homeostasia celular diante do incremento das demandas metabólicas. Há aumento no débito cardíaco, redistribuição no fluxo sanguíneo e elevação da perfusão circulatória para os músculos em atividade (ARAÚJO, 2003). A pressão arterial sistólica (PAS) aumenta diretamente na proporção do aumento do débito cardíaco. A pressão arterial diastólica reflete a eficiência do mecanismo vasodilatador local dos músculos em atividade, que é tanto maior quanto maior for à densidade capilar local (BARROS NETO, CÉSAR & TEBEXRENI, 1999; PÁSSARO & GODOY, 1996). A vasodilatação do músculo esquelético diminui a resistência periférica ao fluxo sanguíneo e a vasoconstrição concomitante que ocorre em tecidos não exercitados induzida simpaticamente compensa a vasodilatação. Conseqüentemente, a resistência total ao fluxo sanguíneo cai drasticamente quando o exercício começa, alcançando um mínimo ao redor de 75% do VO2 máximo (SILVERTHORN, 2003).
Os níveis tensionais elevam-se durante o exercício físico e no esforço predominantemente estático, tendo já sido constatados, em indivíduos jovens e saudáveis, níveis de pressão intra-arterial superiores a 400/250mmHg sem causar danos à saúde (Araújo, 2003; FORJAZ, et al., 2003).
A AF é definida como movimentos corporais formados pelos músculos esqueléticos que resultam em gasto energético. Pessoas ativas fisicamente apresentam melhor fluxo sanguíneo, e melhores níveis de glicose e gordura. Há aumento do volume sistólico, da potência aeróbica e da ventilação pulmonar, melhora o perfil lipídico e da sensibilidade à insulina, diminuição da Pressão Arterial (PA) e da Freqüência Cardíaca (FC) em repouso e no trabalho máximo. Em relação aos efeitos antropométricos e neuromusculares há uma diminuição da gordura corporal, incremento da força e da massa muscular, da densidade óssea e da flexibilidade (ZAMAI & COSTA, 2008).
O baixo nível de Atividade Física (AF) configura fator de risco no desenvolvimento de doenças crônico degenerativas não transmissíveis, como Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), doenças cardiovasculares, osteoporose e câncer (ZAMAI & COSTA, 2008). A prática de exercícios físicos pela população contribui na melhora da saúde e qualidade de vida sejam elas realizadas em academias, instalações esportivas convencionais ou até mesmo os realizados em contato direto com a natureza (SABA, 2001 apud ZAMAI & COSTA, 2008).
Modificações no estilo de vida, incluindo exercício físico, são recomendadas no tratamento da hipertensão arterial. Estudo envolvendo 217 pacientes de ambos os sexos, com idade variando de 35 a 83 anos, mostrou que a adesão a medidas não farmacológicas, dentre as quais a prática de exercício físico, promoveu sensível efeito na redução dos níveis pressóricos (FERREIRA, et al., 1999).
Hipertensão arterial é uma síndrome multifatorial caracterizada pelo aumento dos níveis da pressão arterial sistêmica. Valores de pressão sistólica maiores que 140mmHg a 90mmHg caracterizam o indivíduo como hipertenso. A persistência de níveis elevados de pressão leva ao desenvolvimento de lesões em órgãos-alvo, o que explica o índice de 40% dos óbitos por acidente vascular encefálico estarem relacionados á presença de hipertensão arterial (CHOBANIAN et. al., 2003). Outros fatores ambientais que influenciam a hipertensão: ingestão excessiva de sal, acima de 6 (seis) gramas diárias, aumento do peso, sedentarismo, excesso de bebida alcoólica, estresse, tabagismo e uso de alguns medicamentos, são responsáveis pelo aparecimento da Hipertensão Arterial Sistêmica (BIFANO & JÚNIOR, 2008).
A hipertensão arterial sistêmica representa uma das maiores causas de morbidade cardiovascular no Brasil e acomete 15% a 20% da população adulta, possuindo também considerável prevalência em crianças e adolescentes. Considerada um dos principais fatores de risco de morbidade e mortalidade cardiovasculares, representa alto custo social, uma vez que é responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e absenteísmo no trabalho em nosso meio (I CNRC, 1997; III CBHA, 1998). A identificação e o tratamento de pacientes com hipertensão arterial sistêmica constituem um problema de saúde pública no Brasil.
A PA durante um exercício físico (EF) costuma aumentar, dependendo da intensidade, podendo chegar a mais de 200mmHg (DIPPE, 2008). Entretanto, após o exercício a PA diminui a um nível inferior ao pré-esforço. A intensidade do EF deverá ser moderada e calculada a partir da Freqüência Cardíaca Máxima (FCM), inclusive com monitores cardíacos, podendo ser suspenso temporariamente os exercícios físicos se os níveis da PA alcançarem níveis elevados, igual ou maior que 180/110 mmHg (DIPPE, 2008).
Após várias sessões de EF a PA de um hipertensos pode baixar até 3/3 mmHg (TUBINO, 1997 apud PEREIRA 2008). A queda pressórica é devido a uma diminuição do débito cardíaco (URATA, TANABE & KYONAGA, 1987) e uma redução na resistência vascular periférica (HAGBERG, MONTAIN & MARTIN, 1989). A diminuição da FC no hipertenso ocorre por uma normalização da atividade nervosa simpática no coração (GAVA, VERAS-SILVA & NEGRÃO, 1995). Estudos elucidam que a diminuição do débito cardíaco e a queda pressórica associam-se à diminuição do volume plasmático, ou mesmo ao volume sistólico. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é o de verificar a alteração na pressão arterial advinda da prática de uma aula de JUMP.
O JUMP também é conhecido como Aero JUMP, JUMP Fit, Power JUMP, JUMP Class, são aulas com características aeróbicas, de intensidade moderada e FC entre 75% e 85%. São pequenos saltos, corridas estacionárias e movimentos coreografados sobre uma mini cama elástica, resistente que suporta ate 150 kg (MANHÃES, 2006). É um programa de exercícios ritmados sobre um mini trampolim, sendo seus benefícios considerados os mesmo que alcançados pela prática regular de exercícios aeróbios. O sucesso desse exercício é o prazer e a motivação que a atividade proporciona, além do alcance e manutenção dos níveis adequados de condicionamento físico (FURTADO, SIMÃO & LEMOS, 2004).
O equipamento utilizado permite a realização de exercícios que envolvem a força de gravidade, aceleração e desaceleração, devido à superfície elástica e ao sistema de fixação de molas de especial resistência, que permitem atingir alta performance na execução dos exercícios. Os exercícios propostos são apresentados em forma de coreografias e modificações a cada aula. São movimentos simples e de fácil execução. As aulas se dividem em três momentos: Aquecimento, ritmo mais intenso e ritmo mais lento, e como fase final são utilizadas duas músicas, uma para a fase de esfriamento e a outra para a prática de exercícios abdominais. A atividade de JUMP proporciona aumento da resistência cardiorrespiratória que tem como objetivo melhorar a condição aeróbia e contribuir de forma efetiva para a manutenção e melhora da aptidão física e da saúde na qualidade de vida (FURTADO, SIMÃO & LEMOS, 2004).
Hoje, porém, a saúde e a qualidade de vida do homem podem ser preservadas e aprimoradas (CARVALHO, et al., 1996), pessoas do mundo inteiro têm procurado se adequar as novas orientações científicas a respeito do tema, com o intuito de alcançá-las. Dessa forma, esse estudo teve como objetivo verificar o efeito na pressão arterial em mulheres praticantes do JUMP.
Materiais e métodos
Amostra
A amostra é composta de n=20 mulheres com média de idade de 26,5 ± 3,95 anos, freqüentadoras da academia Ativa Acqua Sports, localizada no “P” Norte, praticantes da aula do JUMP com média de tempo de 7 ± 7,03 meses de prática, com a freqüência de 3 vezes por semana, duração de 1 hora/aula no turno vespertino. A pesquisa iniciou no dia 11 de maio de 2009 e finalizou no dia 29 de maio de 2009.
Procedimentos experimentais
Os dados foram obtidos por uma avaliadora que aplicou uma anamnese com perguntas abertas e fechadas e adequou o protocolo proposto por Polito e Farinatti (2006). Para tanto foi utilizado o modelo de aparelho de pressão fecho de metal (esfigmomanômetro) com estetoscópio duplo (Missouri). Onde aferiu a pressão antes do exercício e após o exercício houve um pequeno repouso/intervalo de 5 minutos onde acabando esse prazo aferia-se de novo a pressão. Durante a aferição foi usado preferencialmente o braço esquerdo, as mulheres estavam sentadas sobre uma cadeira e com o braço em repouso em cima de uma mesa, dessa forma, procurou-se evitar ao máximo que as mulheres realizassem movimentos compensatórios no momento da aferição.
Analise estatística
A análise estatística foi utilizado o teste t de student para amostras não pareadas. Os níveis de significância para as amostras estatísticas foram de (p≤0,05) e intervalo de confiança de 95%, entre os valores médios obtidos. O programa utilizado para a análise estatística foi o MICROCAL ORIGIN versão 8.0.
Resultados
Inicialmente, em relação ao questionário de múltipla escolha sobre os objetivos almejados com a prática do JUMP, obtivemos os seguintes resultados: Das 20 participantes, 14 (70%) responderam que seus objetivos eram a estética e a melhora no condicionamento físico, 5 (25%) responderam que praticam JUMP para fins terapêuticos e 1 não respondeu nada. Em relação ao tempo de prática, a média da amostra gira em torno de 7 ± 7,03 meses. Em relação à utilização de alguma dieta de restrição alimentar para emagrecimento, apenas 15% afirmam que já fizeram alguma dieta, os outros 85% afirmaram que não possuem nenhuma restrição alimentar. Nenhuma das avaliadas fuma atualmente, e apenas 20% afirmaram ter fumado em algum período de sua vida. Na questão sobre patologias pré-existentes, nenhum indivíduo relatou ter diabetes, hipertensão arterial ou qualquer patologia que influencie na pressão arterial, nem que fizeram uso de qualquer medicamento com tal efeito colateral. Os resultados foram obtidos a partir de um esfigmomanômetro e um auscultador.
No gráfico 1 temos dispostos os resultados da pressão arterial sistólica nos períodos pré e pós exercício. Ao contrário do que aconteceu com a pressão arterial diastólica, vemos que a PAS apresentou uma alteração considerável após uma aula do JUMP, alcançando em sua maioria a casa dos 140
mmHg, sendo que o valor mais alto alcançado antes da atividade foi de 120 mmHg.Gráfico 1. Comparação entre Pressão Arterial Sistólica Pré Exercício e Pós Exercício em mulheres
praticantes da aula do JUMP. (*) Diferença significativa de p ≤ 0,05, em relação ao grupo Pré.
No gráfico 2, visando facilitar a comparação, os resultados da pressão arterial diastólica no período pré e pós exercício. Vemos que as alterações causadas pela prática do JUMP não foram tão intensas. Apenas quatro indivíduos alcançaram a casa dos 90
mmHg, onde a maioria manteve-se na casa dos 80 mmHg.
Gráfico 2. Comparação entre Pressão Arterial Diastólica Pré Exercício e Pós Exercício em mulheres praticantes da aula do JUMP. (*) Diferença significativa de p ≤ 0,05.
Discussão
Ao se fazer uma análise da história com os conhecimentos e estudos relacionados à saúde que se tem hoje, é possível perceber que desde os primórdios, a Atividade Física aliada a bons costumes alimentares estavam diretamente ligadas à resistência, a qualidade de vida e a longevidade do indivíduo. Livros de História Geral descrevem um período dos impérios onde existiam as chamadas “doenças de ricos”, caracterizadas pela indisposição, fraqueza, cor pálida e pela baixa resistência. Convém ressaltar que na cultura da época a distinção feita entre ricos e pobres não se dava apenas pelo dinheiro e títulos que os ricos possuíam, mas pelos costumes que cada classe seguia, os ricos eram conhecidos também pelo alto consumo de álcool, carnes pelo baixo consumo de água e por possuírem escravos para fazerem suas atividades básicas como, tomar banho, e andar pelas ruas. Nesse período os ricos que adoravam esses costumes, viviam em média 45 anos.
O primeiro ponto de discussão deste estudo é o método que foi utilizado para a medição da pressão arterial. O método auscultatório é alvo de discussão de vários trabalhos (SAGIV et al., 1995; POLITO & FARINATTI, 2003). Assim como todo método indireto, ele está sujeito a um determinado percentual de erro em relação aos métodos diretos. No caso da técnica de ausculta cardíaca um dos fatores de erro mais evidenciados na literatura é a subestimação da PA, principalmente em exercícios intermitentes, uma vez que a PA tende a voltar rapidamente aos níveis de repouso após o término do exercício (POLITO & FARINATTI, 2003; MAC DOUGALL, 1985).
Em um estudo conduzido por Farinatti & Assis (2000) compararam as respostas cardiovasculares em exercícios resistidos (2 x 20 repetições máximas) e aeróbio contínuo (20 min, 75-80% FC reserva) em homens e mulheres saudáveis. Foi observado neste estudo que os exercícios aeróbios contínuos produziram maiores valores PAS em relação aos exercícios resistidos, enquanto que a PAD não foi diferente estatisticamente entre eles. Tal resultado vai de encontro ao do presente estudo, já que os valores referentes à PAS apresentaram uma variação muito maior se comparada à variação da PAD.
Os resultados disponíveis do comportamento da PA após exercício contra-resistência são poucos e, até certo ponto, conflitantes. Por exemplo, não foi identificada, independentemente da faixa etária, da intensidade do exercício e do estado de treinamento, redução significativa na PA após a realização de uma sessão de exercício contra-resistência por sujeitos normotensos, em monitorização de 24 h (ROLTSCH el. al. 2001 & BERMUDES et. al. 2004 apud POLITO & FARINATTI, 2006). Provavelmente, a condição clínica da amostra foi determinante nesses estudos, visto que indivíduos normotensos tendem a exibir HPE mais discreta que hipertensos, principalmente em períodos longos de acompanhamento. (RONDON, ALVES & BRAGA, et al. 2002 apud POLITO & FARINATTI, 2006).
Em outro estudo, a PA verificada após o exercício contra resitência foi mais elevada que aquela medida no repouso. (O’CONNOR et al., 2002 apud POLITO & FARINATTI, 2006).
Por outro lado, segundo Bifano & Júnior (2008), a pressão arterial, durante a atividade física aumenta com o resultado do aumento do débito cardíaco, mais especificamente, dos aumentos no volume de ejeção e na frequência cardíaca. Isso vem a corroborar os resultados do presente estudo, já que mesmo após 5 minutos de atividade física aérobica a PA ainda mantinha-se acima dos valores obtidos antes da prática da atividade física.
O’Connor et al. (1993) acompanharam por 120 min as respostas da PA de 14 universitárias após sessões de TP realizadas em três diferentes intensidades (40%; 60% e 80% de 10-RM). Os resultados mostraram elevações estatisticamente significantes para PAS após 1 min (60% de 10-RM) e após 1 e 15 min quando os indivíduos realizavam os esforços a 80% de 10-RM. Esse comportamento (aumento da PAS no minuto 1) também foi verificado por Mediano et al.(2005), bem como no presente estudo, em valores absolutos, sem significância estatística. Acredita-se que esse fenômeno possa ser explicado, em parte, pela ativação dos quimiorreceptores em resposta à presença de metabólitos gerados pela contração muscular, ainda não completamente removidos, uma vez que Williamson et al.(2003) demonstraram a participação dos quimiorreceptores nas respostas da PA, por meio da oclusão do fluxo sanguíneo, após a realização de contrações musculares voluntárias.
Com isso, temos base para corroborar os resultados do presente estudo, já que foi observado que a PAS antes do exercício foi de 109 ± 8,3 mmHg e a PAD foi de 75 ± 5 mmHg, diferentemente pós exercício, com intervalo/repouso de 5 minutos, onde a PAS foi de 135 ± 5 mmHg e a PAD foi de 78 ± 7 mmHg, ou seja, pode-se observar que as PAS e a PAD apresentaram um aumento significativo pós 5 minutos de repouso/intervalo se comparadas a PAS e a PAD aferidas pré exercício.
A conduta da PAS apresentado neste estudo corrobora os dados encontrados no estudo de Mediano (2005), que analisando o comportamento subagudo da pressão arterial em hipertensos controlados, observou que houve aumento significativo do pós exercício quando comparado ao repouso. Em relação à PAD o estudo de Duarte (2009) mostrou reduções significativas durante a aferição, contrariando o estudo de Mediano (2005), que encontrou aumentos da PAD tanto em série únicas como exercícios com três séries. Entretanto, o método auscultatório utilizado em tal estudo pode ter influenciado o resultado. Segundo Polito & Farinatti (2003) a PA tende a cair após dez segundos terminado o esforço máximo e em dois segundos após o esforço submáximo. Assim, segundo Santos et. al. (2008) como a PAD é a última a ser aferida, tal fato pode influenciar na análise do comportamento desta variável. Isso também pode servir como base para justificar o motivo da PAD não apresentar diferença significativa entre pré e pós exercício, ao contrário do que foi obtido na PAS.
Contudo, deve-se ter em mente que existem inumeras outras variáveis que podem ter ocasionado o aumento da PAS e PAD no pós exercício, tais como a monitorização, duração do exercício,
o auscultador, o esfigmomanômetro, sexo, raça, estado de treinamento, faixa etária e massa muscular.Conclusão
A prática de atividade física é benéfica e proporciona qualidade de vida e longevidade aos seus praticantes. Em nosso estudo verificamos que os resultados analisados mostraram que a PAS e PAD no pós exercício, em mulheres praticantes do JUMP, apresentaram um aumento significativo, contrariando a maioria dos estudos. Recomenda-se um estudo mais amplo e detalhado sobre o aumento da PA pós exercício físico pelas suas variáveis influentes e divergências literárias conflitantes.
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