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Atividade física: mais bem-estar ao deficiente mental adulto

Actividad física: mayor bienestar para el deficiente mental adulto

 

Docente do curso de Educação Física da ULBRA Carazinho

(Brasil)

Suzana Nemecek Loss

suzana.loss@terra.com.br

 

 

 

Resumo

          Este estudo de natureza qualitativa objetivou verificar a prática da atividade física realizada pelas pessoas adultas com deficiência mental moderada e grave, considerando-a como uma das possibilidades para a socialização do ser humano. A amostra foi composta por dez pessoas adultas deficientes mentais, sendo quatro do sexo feminino e seis do sexo masculino, com idades entre 24 e 40 anos, as quais responderam o questionário acompanhados por um familiar, e de acordo com as premissas que compõem quesitos da ética em saúde e do comitê de ética e pesquisa da universidade. As questões foram relacionadas ao seu cotidiano a fim de verificarmos a qualidade e a freqüência dessa prática. Com base nas respostas dos entrevistados, percebeu-se que a atividade física é uma prática que oferece inúmeros benefícios, tanto fisiológicos como sociais a todas as pessoas. Percebeu-se que 100% dos entrevistados afirmou que não realiza atividades físicas porém, são responsáveis por alguns afazeres domésticos. Diante do exposto, considera-se de grande importância o incentivo de alguma pratica de atividade física para as pessoas com deficiência mental moderada e grave por conhecermos que o seu universo social e familiar as vezes é restrito não preocupando-se em proporcioná-lo e/ou procurar um profissional de Educação Física para sua orientação. Compreende-se também que o ser humano deve estar alerta para o fato de que a saúde bem como a longevidade devem vir acompanhadas de um melhor bem-estar, valendo-se da prática regular de atividade física também associada a uma alimentação saudável. Sendo o deficiente mental, na fase adulta, muitos fora da escola, com dificuldades para determinar certas condutas necessitam de orientação profissional e incentivo familiar a fim de combater o sedentarismo e beneficiar-se com as variadas atividades, fazendo com que os indivíduos atendidos tornem-se mais sociáveis, ativos e saudáveis.

          Unitermos: Deficiência mental. Atividade física. Saúde

 

Abstract

          This qualitative study aimed at evaluating the physical activity performed by adults with moderate mental retardation and severe, considering it as one of the possibilities for the socialization of human beings. The sample consisted of ten mentally disabled adults, four females and six males, aged between 24 and 40, which answered the questionnaire accompanied by a relative, and in accordance with the assumptions that make up questions of the ethics in health and the ethics committee and university research. The questions were related to their daily lives in order to verify the quality and frequency of this practice. Based on responses from respondents, it was noted that physical activity is a practice that offers many benefits, both physiological and social to all people. It was observed that 100% of respondents said that it has no physical activity but are responsible for some chores. In this light, it is of great importance is the encouragement of some practical physical activity for people with moderate mental retardation and serious because we know that their world social and family time is not restricted worrying to be bringing it and / or seek a professional fitness trainer for guidance. We can also understand that human beings should be alert to the fact that health and longevity should be accompanied by an improved well-being, taking advantage of regular physical activity also associated with
healthy eating. As the mentally retarded, in adulthood, many out of school, struggling to determine certain behaviors need guidance and encouragement family in order to combat the sedentary lifestyle and benefit from the varied activities, so that the individuals were make - more sociable, active and healthy.

          Keywords: Mental retardation. Physical activity. Health

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010

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Introdução

    Aconteceu, no período de 1980 a 1990 várias discussões a respeito das práticas e identidade da Educação Física Adaptada. Estes debates tem contribuído para maior afirmação no que diz respeito à pratica de atividade física pelas pessoas com deficiências e, juntamente, uma preocupação com a qualidade de vida destas pessoas.

    Para Gorgatti (Apud Tani, 1989) as pesquisas nesta área estão constituídas por duas subáreas a Pedagogia do Movimento e Adaptação do Movimento Humano, responsáveis por estudos que procuram produzir conhecimentos para desenvolvimentos de programas nesta área.

    A prática de atividade física constitui-se de recursos importantes para deficientes mentais, tanto no que se refere a sua adaptação social, como lazer e qualidade de vida em qualquer condição em que se encontrar.

    De acordo com Gimenez, 2005 a classificação da deficiência mental estaria diretamente associada às capacidades e limitações desses indivíduos considerando o grau de comprometimento que se classifica em profundo, severo, moderado e leve com critérios qualitativos e quantitativos dentro das escalas de testes de quoeficiente de inteligência, considerando, também, a esfera motora desta população.

    Dentre os domínios do comportamento podemos considerar o domínio socioafetivo mais passível de influências ambientais no trabalho com pessoas deficientes mentais. Segundo Gimenez, 2005 esta afirmação pode ser feita com base nas próprias características da deficiência mental, as quais, são acompanhadas de carências socioafetivas.

    O cotidiano de pessoas com deficiência mental em grau moderado ou grave, enquanto escolares, recebem inúmeros estímulos motores e sociais a fim de atingir os objetivos de formação integral do ser humano com mais facilidade, Soler (2005).

    Soler (2005) diz que o se humano é uno. O seu desenvolvimento acontece a todo o momento, dentro ou fora da sala de aula, cabendo ao professor identificar quais as necessidades e capacidades de cada pessoa procurando potencializar autonomia e independência.

    Soler (Apud Rosadas, 1986) argumenta que a Educação Física deve criar programas para todas as diferenças. Isto deve acontecer pela necessidade que a pessoa necessita de criar, diversificar e ampliar sua bagagem motora. “Sem um programa de atividade física cientificamente elaborado, crianças deficientes, ou não, estarão totalmente sujeitas aos problemas da civilização moderna regida pelo sedentarismo”.

    Como profissionais de Educação Física consideramos estes aspectos relevantes para a qualidade de vida das pessoas com deficiência mental moderada ou grave na sua fase adulta, principalmente quando se afastam dos ambientes escolares. Acrescenta Gaio (Apud Gentile, 2001) que promover a saúde significa efetuar mudanças sociais que favoreçam a criação de um ambiente adequado gerando alterações nos estilos de vida, enxergando na Educação Física como meio para contribuir neste processo em busca de afirmar sua inclusão na sociedade como cidadão.

    De acordo com Sassaki (2003) a inclusão social consiste em um processo bilateral, no qual as pessoas excluídas e a sociedade busquem soluções efetivas de oportunidades para todos. Argumenta Sassaki que para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada a partir do entendimento de que ela deve ser capaz de atender a necessidade de seus membros.

    Portanto, inclusão é um processo que pode contribuir para uma nova sociedade que, passando por transformações de adaptações ambientais, físicas e humanas

    Este estudo objetiva explicitar as oportunidades de inclusão social partindo da pratica de atividades físicas com deficientes mentais na fase adulta, como salienta Gaio (2004) corpos que nascem fora do padrão biológico estabelecido socialmente, nomeados como deficientes.

Caminhos percorridos

    O presente estudo tem o objetivo de verificar a prática de atividade física realizada por um grupo de dez pessoas adultas deficientes mentais, moderada e grave, como possibilidade de socialização e saúde que encontram-se fora de ambientes escolares ou institucional. Visa, também a contribuição para os profissionais no conhecimento e campo de trabalho na oferta destas atividades de forma orientada às pessoas que estão fora dos ambientes escolares.

    O estudo, de natureza qualitativa, objetivou verificar a prática da atividade física realizada pelas pessoas adultas com deficiência mental moderada e grave. Com amostra de dez pessoas adultas deficientes mentais, sendo quatro do sexo feminino e seis do sexo masculino, com idades entre 24 e 40 anos, as quais responderam o questionário acompanhados por um familiar. As questões foram relacionadas ao seu cotidiano a fim de verificarmos a qualidade e a freqüência dessa prática.

    Os dados foram compilados através de análise de conteúdos a partir das respostas dos entrevistados.

Resultados e discussão

    Quando questionados sobre o gosto pela prática da atividade física, os entrevistados responderam que sempre gostavam de participar das aulas de Educação Física, quando estavam na escola. Gostavam de jogar bola, correr, brincar de “bicho”, pular sapata, quicar a bola de basquete, dançar, chutar a gol, jogar balão, brincar com saquinho de areia, etc... Concluindo que “a gente se mexia bastante”

    Percebeu-se que todos gostavam e sentiam-se bem quando participavam as atividades propostas e programadas nas aulas de Educação Física e que, hoje, sentem saudades pois quando questionados se continuam realizando alguma atividade foram unânimes em responder que não realizam nada. As tarefas que exigem movimentos e que fazem parte da rotina dos entrevistados são tarefas da vida diária, em sua maioria, domésticas. Restringe-se a tarefas como varrer a casa, pátio, calçadas; ajudar no preparo de alimentos, limpeza da casa em geral, pôr e tirar mesa, acompanhar um familiar ao mercado para carregar as compras, etc...

    Nestas atividades, constatamos que não realizam atividade física regular e/ou orientadas, estando limitados, somente, às tarefas domésticas e acompanhados de familiar.

    Ao questionarmos se gostariam de participar de um grupo de conviver ou de praticar uma atividade física com um profissional de Educação Física todos concordando com a opinião de que seria muito bom, aprenderiam mais, “ a gente ia se mexer mais”. Ressaltaram as questões das amizades e a saudade do tempo de escola em que estavam juntos dos amigos para brincar e jogar.

Conclusão

    Com base nos resultados da pesquisa ficou evidenciado que os entrevistados, após afastarem-se dos bancos escolares, nunca mais praticaram uma atividade física. Diante do exposto, considera-se de grande importância o incentivo de alguma pratica de atividade física para as pessoas com deficiência mental moderada e grave por conhecermos que o seu universo social e familiar as vezes é restrito não preocupando-se em proporcioná-lo e/ou procurar um profissional de Educação Física para uma orientação. Compreende-se também que o ser humano deve estar alerta para o fato de que a saúde bem como a longevidade devem vir acompanhadas de um melhor bem-estar, valendo-se da prática regular de atividade física, também, associada a uma alimentação saudável. Sendo o deficiente mental, na fase adulta, muitos fora da escola, com dificuldades para determinar certas condutas necessitam de orientação profissional e incentivo familiar a fim de combater o sedentarismo e beneficiar-se com estas atividades, tornando-se mais sociáveis, ativos e saudáveis.

    O Estatuto da Pessoa com Deficiência, no Capítulo VII, contempla a responsabilidade em viabilizar e incentivas a participação das pessoas com deficiências nas em atividades desportivas formal ou não-formal como direito ao lazer e a promoção de saúde.

    Assim como, Marcellino (2002) considera as atividades de lazer, as quais podemos incluir a prática de atividade física, como desenvolvimento de potencialidades para melhorar os aspectos sociais e pessoais dos indivíduos apesar, das inúmeras barreiras, sociais, políticas, físicas e psicológicas que algumas pessoas ainda encontram para o acesso a estas atividades.

Referencias

  • Estatuto da Pessoa Deficiente. Senado Federal. Brasília. 2006.

  • GAIO, Roberta. MENEGHETTI, Rosa G. Krob. Caminhos Pedagógicos da Educação Especial. Petrópolis, RJ, Editora Vozes, 2005.

  • GORGATTI, Márcia Greguol. COSTA, Roberto Fernandes da. Atividade Física Adaptada. Barueri, SP, Manole, 2005.

  • MARCELLINO, Nelson Carvalho. Estudos do Lazer. Campinas, SP, Editora Autores Associados, 2002.

  • SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão, Construindo uma Sociedade para Todos. Rio de Janeiro, WVA, 2003.

  • SOLER, Reinaldo. Educação Física Inclusiva na Escola – em busca de uma escola plural, RJ, Editora SPRINT, 2005.

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