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Inclusão de movimentos básicos da ginástica 

rítmica nas aulas de Educação Física escolar

Inclusión de movimientos básicos de la gimnasia rítmica en las clases de Educación Física escolar

 

*Licenciada em Educação Física

Universidade Presbiteriana Mackenzie

**Mestre em Educação Física –USP

Docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Vivian Corona Machado*

Raul Alves Ferreira Filho**

raulfilho@mackenzie.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          A Ginástica Rítmica (GR) é uma modalidade esportiva que desenvolve a coordenação motora, a percepção corporal, a lateralidade, a consciência corporal de movimentos físicos e estéticos e contribui para o desenvolvimento e aprimoramento do esquema corporal. Esta pesquisa verificou a possibilidade da aprendizagem de movimentos / exercícios básicos, específicos da GR, introduzidos durante as aulas de educação física escolar buscando a sua utilização na grade curricular objetivando melhor aprimoramento na formação integral da criança, especialmente no que se refere ao acervo motor.

          Unitermos: Ginástica Rítmica. Educação Física Escolar. Aprendizagem

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010

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1.     Introdução

    A Ginástica Rítmica (GR) vem sendo valorizada significativamente no Brasil, pois utiliza a arte do movimento, do ritmo, da música, da criatividade e a capacidade física do praticante.

    A GR tornou-se uma modalidade olímpica a partir das Olimpíadas de Los Angeles em 1984 com a competição individual. A competição de conjunto, considerada uma das mais expressivas e bela da modalidade foi introduzida nas Olimpíadas de Atlanta em 1996, sendo considerada um sucesso de público a cada Olimpíada ou Mundial.

    O órgão máximo que regulamenta a GR e demais manifestações ginásticas oficiais em todo o mundo é a Federação Internacional de Ginástica (FIG) (MOLINARI, 2007).

    A competição de GR é exclusivamente feminina de acordo com as normas oficiais da FIG, porém, extraoficialmente, na década de 70 inicou-se a prática masculina no Japão, muito utilizada na abertura de eventos como forma de demonstração permanecendo sem caráter oficial até a presente data.

    A GR consiste na execução de movimentos corporais definidos como elementos de técnicas corporais com vários níveis de dificuldade, realizados junto ao manejo de um aparelho sincronizado com a música. Os aparelhos utilizados são: fita, bola, arco, corda e massa.

    A prática da GR desenvolve a coordenação motora, a percepção corporal, a lateralidade, a consciência corporal de movimentos físicos e estéticos e contribui para o desenvolvimento e aprimoramento do esquema corporal. Por isso, sua inclusão na grade curricular da Educação Física escolar, provavelmente, poderá proporcionar grande contribuição na formação integral da criança, especialmente no que se refere à ampliação do acervo motor.

    A Ginástica pode ser uma ferramenta didática para os docentes trabalharem na formação física dos alunos, pois desenvolve formas e funções corporais e ações motoras (DALLO, 2007).

    Corroborando DALLO (2007), NUNOMURA e TSUKAMOTO (2009, pág. 15) afirmam que:

    “A atividade ginástica pode envolver a ajuda mútua na realização da habilidade e na elaboração da composição coreográfica, a cooperação para deslocar e organizar os equipamentos, o compartilhamento de materiais, a autoavaliação e a avaliação dos outros, a demonstração de capacidades e habilidades, a expressão de sentimentos e emoções e o exercício da criatividade.”

    Além de ser um diferencial nas aulas, é uma ferramenta que pode ser utilizada pelo professor para proporcionar às crianças além das atividades de uma aula de educação física normal, o desenvolvimento de conteúdos específicos da GR, o que acarretará em um aprimoramento na capacitação do professor e um enriquecimento na qualidade motora da criança.

1.1.     Objetivo do estudo

    Este estudo teve como objetivo verificar a possibilidade da aprendizagem de movimentos / exercícios básicos, específicos da GR, vivenciados durante as aulas de educação física escolar para crianças na faixa etária de oito anos de idade que tiveram contato com a modalidade a partir da realização desta pesquisa.

1.2.     Importância do problema

    Segundo a literatura, a aprendizagem de movimentos básicos, específicos de uma modalidade dinâmica como a GR pode contribuir para o desempenho corporal e para o desenvolvimento motor de crianças bem como ampliar o grau de flexibilidade. (TOLEDO, 2009; MOLINARI, 2007). Embora a prática da GR seja importante para a criança, não são todas as escolas que oferecem a modalidade, ou seja, o acesso é restrito e a maioria das crianças que só têm contato com a GR pela televisão fica impressionada com os movimentos que as ginastas realizam e provavelmente, embora sintam admiração naquele momento, não se imaginam capazes de realizar alguns daqueles movimentos/exercícios tão expressivos. Essa pesquisa procurou verificar a possibilidade de proporcionar às crianças que nunca ouviram falar dessa modalidade, a oportunidade de vivenciá-la durante as aulas de educação física e, dessa forma, ampliar a sua bagagem motora.

1.3.     Delimitação

    O estudo restringiu-se a verificar a possibilidade da inclusão de exercícios específicos da Ginástica Rítmica dentro do programa de Educação Física Escolar, como forma de contribuição do desenvolvimento motor, de crianças do sexo feminino, na faixa etária de oito anos de idade que nunca tiveram contato com a modalidade.

1.4.     Hipótese ou questão

    A GR como parte das aulas de educação física escolar, poderia promover um maior desenvolvimento de lateralidade, flexibilidade, consciência corporal, agilidade e coordenação motora?

    Conteúdos da GR, se acrescentados à aula de educação física poderia contribuir no desenvolvimento, aprimoramento e melhoria das categorias motoras (estabilização, locomoção e manipulação) e desenvolvimento do corpo em sua totalidade, fundamentado no aprimoramento dos movimentos naturais do ser humano, no aperfeiçoamento de suas capacidades psicomotoras, no desenvolvimento das qualidades físicas e do ritmo, podendo ser considerada como uma forma de trabalho físico, artístico e expressivo segundo as observações de MOLINARI, (2007)?

    Qual a capacitação que o profissional de Educação Física necessita para ter condições de desenvolver exercícios de GR durante suas aulas?

2.     Revisão de literatura

2.1.     Ginástica Rítmica

    A Ginástica Rítmica (GR) é uma modalidade esportiva efetuada tanto com mãos livres, como com aparelhos bola, corda, fita, massa e arco (Figura 1). É a junção do corpo com o aparelho.

Figura 1. Aparelhos da Ginástica Ritmica

Fonte: Gaio, 2007, pág. 106

    A GR é uma modalidade feminina, que encanta pelo fato de aliar a arte, potencial do movimento expressivo do corpo, com a técnica da utilização ou não de aparelhos a ela característicos, somados à interpretação de uma música. “A GR caracteriza-se por substituir os movimentos mecânicos pelos orgânicos, os métricos pelos rítmicos e os de força pelos dinâmicos. A leveza, o ritmo, a fluência e a dinâmica trouxeram amplas possibilidades de desenvolver a agilidade, a flexibilidade, a graça e a beleza dos movimentos”. (MOLINARI, 2007, pág. 1).

    Segundo COLLAÇO et alli (2004), ao se implantar a GR, seja em colégio, clube ou qualquer outro lugar, é muito importante, desde o começo da aprendizagem, colocar o aparelho nas aulas, pois motivam as crianças, evitando a monotonia, o desinteresse e o desanimo.

    CAÇOLA (2007) afirma que se deve iniciar a GR com o trabalho de mãos livres e somente quando os exercícios corporais são executados corretamente com a técnica adequada é que se inicia o trabalho de manuseio de materiais.

    A faixa etária mais apropriada para se iniciar a prática da GR é com 6 anos de idade, pois estarão no estágio maduro da maior parte das habilidades motoras fundamentais. Porém nessa faixa etária as crianças estão em uma fase de atenção inclusiva, na qual as inúmeras informações se dispersam, impossibilitando de separar as informações relevantes das irrelevantes. Elas são desatentas. (CAÇOLA e LADEWING, 2005).

    A interação entre corpo e aparelho levanta a hipótese da prática como um todo, método global, obter melhor resultado na aprendizagem, do que a prática em partes ou método analítico, pois é altamente motivador para os aprendizes, sendo fundamental no início do processo de ensino e aprendizagem (CAÇOLA, 2007).

    Foi realizada uma pesquisa na qual comprova-se que a prática como um todo, aprendendo o movimento todo de uma vez (método global), se obtém um ótimo resultado de retenção, pois os alunos aprendem o movimento sem separá-los em partes. No entanto, a prática em partes (método analítico) é tradicionalmente muito utilizada, o que não significa que não devemos utilizar outros métodos que tragam melhores resultados (CAÇOLA e LADEWING, 2007).

    MOLINARI (2007) afirma que um dos papéis da GR é ajudar no desenvolvimento, aprimoramento e melhoria das categorias motoras (estabilização, locomoção e manipulação). Ela desenvolve o corpo em sua totalidade. É fundamentada no aprimoramento dos movimentos naturais do ser humano, no aperfeiçoamento de suas capacidades psicomotoras, no desenvolvimento das qualidades físicas e do ritmo, podendo também ser considerada como uma forma de trabalho físico, artístico e expressivo.

 

Fonte: Gaio, 2007, pág. 135,138

2.2.     Desenvolvimento motor

    De acordo com SANTOS et alli, (2007) Uma das características mais intrigantes do desenvolvimento humano, em geral, e motor, em particular, é que o desenvolvimento é marcado por ampla similaridade (universalidade) no comportamento motor da população e diversidade (variabilidade intra e inter–individual) na seqüência do desenvolvimento. A capacidade de movimentar-se das crianças é essencial para que ela possa interagir apropriadamente com meio ambiente em que vive.

    O desenvolvimento motor na infância caracteriza-se pela aquisição de um amplo espectro de habilidades motoras, que possibilita a criança um amplo domínio do seu corpo em diferentes posturas (estáticas e dinâmicas), locomover-se pelo meio ambiente de varias formas (andar, correr, saltar, etc.) e manipular objetos e instrumentos diversos (receber uma bola, arremessar uma pedra, chutar, escrever, etc.). Essas habilidades básicas são requeridas para a condução de rotinas diárias em imediatas na 1° e 2° infância, como traz profundas implicações para o sucesso com que habilidades específicas são adquiridas posteriormente. (SANTOS et alli, 2007).

    Para GALLAHUE E OZMUN (2001, pág.437) “durante a faixa etária de 07 a 10 anos de idade, as habilidades perceptivas tornam-se crescentes e refinadas. O aparato sensório – motor está trabalhando constantemente em harmonia, de modo que no final desse período, a criança possa desempenhar numerosas habilidades sofisticadas. Durante essa fase, a criança esta no período transitório, no qual começa a combinar e aplicar habilidades motoras fundamentais ao desempenho de habilidades especializadas no esporte ou em ambientes recreacionais. São aplicações de padrões de movimentos fundamentais, de algum modo, em formas mais especificas e mais complexas. Ou seja, a criança trabalha para “desenvolver a idéia” de como desempenhar a habilidade esportiva”.

2.3.     Flexibilidade e Ginástica Rítmica

    Tendo em vista que a flexibilidade é uma das principais capacidades físicas exigida na prática da GR, normalmente durante os treinos, destina-se uma determinada quantidade de aulas para aquisição desta capacidade.

    FARIAS JUNIOR E BARROS (2007) afirmam que a flexibilidade é a resultante da capacidade de elasticidade demonstrada pelos músculos e tecidos conectivos, combinados à mobilidade articular, com isso, a manutenção de uma boa elasticidade do tecido muscular e cognitivo poderá garantir a manutenção de níveis desejados de flexibilidade. Percebe-se então uma relação entre flexibilidade e estilo de vida ativo, no qual depende da amplitude dos movimentos realizados nas atividades. Para que as atividades tenham influência positiva, as articulações devem ser solicitadas acima da amplitude do movimento habitual.

    LANARO FILHO e BOHME (2001) comparando os resultados de um estudo no qual comprara atletas de Ginástica Artística (GA) com atletas de GR, analisando os valores de flexão de ombros, flexão de quadril e extensão de quadril, perceberam que a flexibilidade das meninas da GR aponta valores mais elevados nas medidas das articulações em relação a valores encontrados para a modalidade. Os elevados níveis de flexibilidade devem-se ao fato das ginastas utilizarem angulações extremas em movimentos complexos, utilizados para satisfazer as exigências dessa modalidade esportiva. Na GR, o desenvolvimento da flexibilidade facilita a execução dos movimentos, pois proporciona uma amplitude cada vez maior na execução de exercícios, o que é extremamente valorizado em apresentações e principalmente em competições oficiais.

    LUZ et alli (2003), realizaram um estudo no qual analisaram comparativamente as estruturas antropométricas e a perfomace motora das atletas de GR infantis de elite e sub – elite do Estado do Rio Grande do Sul. Foi comprovado que o grupo de elite estava menos ágil e menos veloz que o grupo de sub – elite. Isso pode ter ocorrido devido a uma má distribuição do treinamento das capacidades físicas, já que os testes demonstravam um excelente nível de flexibilidade das ginastas de elite. Essas ginastas são muito flexíveis, porém faltam – lhes agilidade e velocidade que possibilite a execução de uma coreografia com um nível melhor.

2.4.     Ginástica Rítmica e o desenvolvimento motor

    A GR torna-se importante para a vida do ser humano, pois, proporciona ao corpo um envolvimento com o espaço, tempo, ritmo, objeto, pessoas, provocando um envolvimento afetivo – social, ou seja, faz com que tenha uma socialização entre as crianças e adolescentes que praticam a modalidade. Um dos objetivos dessa modalidade é desenvolver e aperfeiçoar nas crianças as habilidades que estimulem a formação global. Ela visa o desenvolvimento neuromuscular de modo que o individuo possa desenvolver sua “mentalidade rítmica”, a criação de um ritmo musical em coordenação com o movimento e sua relação com o espaço.

    Na GR a leveza, o ritmo, a fluência e a dinâmica trouxeram amplas possibilidades de se desenvolver a agilidade, a flexibilidade, a graça e a beleza do movimento. (DOMINGUES & SANTOS, 2006).

    Para ALONSO (2004) apud CAÇOLA (2007), a GR é uma modalidade esportiva privilegiada, que por possuir habilidades motoras bem próximas da cultura corporal encontrada em brincadeiras e nos jogos infantis, favorece desde os cinco anos de idade a possibilidade de vivências motoras na GR sem que estejamos iniciando precocemente na habilidade. Na opinião do AUTOR, criança a partir dos 6, 7 anos de idade, começa a perceber que a corda não só serve para pular e que a bola vai além do chute a gol. Ela percebe que seu corpo é amplo e capaz de diversas habilidades, que talvez, nem elas mesmas saibam.

    GAIO (1996) apud CAÇOLA (2007, pág. 13) desmistifica a modalidade buscando uma prática da GR mais próxima da nossa realidade de vida, que oferece aos indivíduos possibilidades de vencerem seus próprios limites corporais, imbuídos de prazer, em um ambiente de liberdade e criatividade. Esta proposta é baseada em princípios específicos, sendo estes:

  1. Os movimentos corporais são criados, construídos a partir dos movimentos naturais utilizados para suprir as necessidades diárias de locomoção;

  2. Os aparelhos oficiais são utilizados, porém, sem normas de tamanho, peso, cor específica, nem tão pouco, movimentos obrigatórios fundamentais são necessários. Esses movimentos devem ser executados de maneira espontânea e criativa;

  3. A criação de novos aparelhos que proporcionem manejo por parte das crianças, com incentivo e orientação do professor;

  4. Proporcionar oportunidades à criança, de identificar diferentes formas de “colocar” o corpo no solo, produzindo assim os conhecidos movimentos acrobáticos e pré-acrobáticos;

  5. A GR popular tem como particularidade a “não” descaracterização da própria modalidade, porém tem como objetivo permitir que o lúdico apodere-se das atividades propostas.

  6. O ritmo deve ser constantemente explorado e cultivado em atividades motoras diversas.

    Com ênfase na proposta pedagógica, PEREIRA (2003) apud CAÇOLA (2007) desenvolveu sugestões de atividades para crianças de 7 a 10 anos de idade, enfatizando a GR como conteúdo do desenvolvimento da criança, através dos movimentos livres e jogos educativos, baseados em situações da GR, com a finalidade de expressão e prática das atividades propostas. Aplicando essa proposta, a autora verificou que as crianças obtiveram resultados melhores em termos das variáveis motoras, concluindo que a proposta tem grande possibilidade de ser aplicada em diversas situações, e que possui uma abordagem significante para o desenvolvimento da criança.

    O fato das crianças elaborarem coreografias, e/ou trabalhar improvisação através de propostas dadas pelo professor faz com que, além do aspecto físico, o aluno desenvolva também o aspecto cognitivo.

    Segundo DOMINGUES e SANTOS (2006) os aparelhos têm um papel muito importante para o desenvolvimento psicomotor. Desenvolvem a lateralidade, a percepção espacial, dinamismo, criatividade e expressão corporal por intermédio dos movimentos, além de segurança e confiabilidade em

    O andar, correr, saltar, saltitar, girar, equilibrar, executar elementos pré – acrobáticos, lançar e recuperar, são habilidades exigidas na GR, com isso, ela pode ser mais um meio para as crianças aprimorarem essas habilidades, pois muitas delas são utilizadas no nosso dia a dia.

2.5.     A Ginástica Rítmica e o profissional de Educação Física

    O curso de formação de professores de Educação Física (EF) inicia-se no Brasil em 1910 com a Escola de Educação Física da Força Pública do Estado de São Paulo, e em 1925 com a Escola para a Preparação de Monitores da Liga Esporte da Marinha (Costa,1994 apud Massa, 2002). Ambos eram cursos militares.

    O ingresso da EF no Ensino Superior teve como uma educação que tinha o corpo e os benefícios obtidos para a saúde como objeto. (Massa, 2002).

    FREIRE em Educação Física tem como responsabilidade prestar serviço a sociedade, mas cabe ao curso de graduação “compreender um saber profissional sobre sua área de intervenção, que lhe permita tomar as decisões mais adequadas em seu trabalho, capacitando-o para transformar o ambiente”.

    De acordo com MASSA (2002 p.32), A Educação Física por meio da transdisciplinaridade dá um tratamento para as atividades motoras do individuo. “Com as subdisciplinas como a fisiologia do exercício, aprendizagem motora, psicologia do esporte, sociologia do esporte, entre outras, caracterizam a disciplina acadêmica da Educação Física”.

    O profissional de Educação Física se divide em e Licenciado e Bacharel, no qual o Licenciado volta-se para a educação escolarizada, considerando a relação professor / aluno, e o Bacharel não atuará na Educação escolar, e sim na relação profissional / cliente. açvide em Bacharel e Licenciado, no qual o Bacharel na, biologia, entre outras, caracterizam a EF O que se espera de um Profissional de Educação física segundo Mariz de Oliveira (1993) apud Massa (2002) p.36, é “que ambos estejam aptos e cientes de suas responsabilidades profissionais, para disseminar e aplicar conhecimentos teóricos e práticos sobre a Motricidade Humana, que permita ao ser humano: aperfeiçoar suas possibilidades e potencialidades para mover-se de forma específica ou genérica, harmoniosa ou eficaz, e capacitar-se para, em relação à sociedade, adaptar-se, interagir e transformá-la, sempre na busca de uma melhor qualidade de vida”.

    Na Educação Física Escolar, o aluno deve aprender as habilidades básicas e específicas. Contudo, sabemos que não é muito comum, exercícios de GR serem trabalhados durante as aulas de educação física. Para isso, caberá ao professor de Educação Física incluir ou não movimentos de GR para ajudar a desenvolver e ampliar o acervo motor das crianças.

    Na formação de um docente, é ideal uma boa condição física e formação rítmica. Deve-se focalizar o manejo rítmico de toda a estrutura do movimento e suas mudanças particulares (DALLO, 2007).

    CAÇOLA (2007) diz que na iniciação dos esportes dentro da Educação física, cabe ao professor estimular a motivação da prática desportiva. Ele deve incorporar o conhecimento teórico e a apresentação prática na estimulação do aluno a executar a atividade física de forma com que haja um desenvolvimento global dentro do esporte, ou seja, eliminando das aulas a execução de gestos e técnicas de forma mecânica. Com isso, serão formandos praticantes críticos e alunos que conheçam todas as possibilidades de variação de jogo. Afirma também que na GR, deve-se privilegiar um trabalho corporal simultâneo e com mais de um aparelho durante as aulas, não esperando o domínio de um único aparelho para ensinar o outro. Logo, não esta se ensinando a GR com a simples imitação de gestos mecânicos do professor, e sim ajudando os alunos a compreenderem a execução do movimento e favorecer a criação dos movimentos da GR a partir da cultura corporal infantil.

3.     Metodologia

    Esta pesquisa foi desenvolvida com o suporte da pesquisa qualitativa.

    Segundo Thomas e Nelson (2002, pág. 323), “As pesquisas qualitativas envolvem a observação intensiva e de longo tempo num ambiente natural, o registro preciso e detalhado do que acontece no ambiente, a interpretação e análise de dados utilizando descrições e narrativas. Elas podem ser etnográfica, naturalista, interpretativa, fenomenológica, pesquisa-participante e pesquisa-ação”.

3.1.     Descrição do método

    No estudo foram analisadas vinte e duas meninas e dois meninos de 08 anos de idade, que não praticavam Ginástica Rítmica. Estudam em um colégio público, situado na cidade de Cotia-SP, que não oferece essa modalidade no currículo escolar, e durante 2 meses praticaram as aulas de GR. Foi analisada a aprendizagem dos movimentos básicos, específicos da GR, como os saltos, saltitos e os giros. No começo da aprendizagem foi utilizado o método global, e depois utilizamos o método analítico.

    No primeiro dia de aula, elas tiveram que fazer os exercícios básicos (saltos, saltitos, equilíbrios e giros) e foi realizada uma filmagem. No ultimo dia de aula elas fizeram os mesmos exercícios da primeira aula e novamente a aula foi filmada.

    Foram utilizados dois aparelhos (bola e arco) que a escola tinha disponível. As crianças aprenderam movimentos como: Salto enjambée ou espacato (Figura 2) com a bola nas mãos e lançar ao final do salto; equilibrar com a bola nas mãos (figura 3) (arabesque – uma perna de apoio e a outra estendida atrás, ambas estendidas); passar por dentro do arco e equilibrar com ele nas mãos (equilíbrio arabesque); Exercícios com mãos livres como saltar (saltos: tesoura e jeté), girar com os dois pés e equilíbrio arabesque.

Figura 2. Salto Enjambée ou espacate

Figura 3. Equilíbrio arabesque

1arabesque

Fonte: Gaio, 2007, pág. 111

3.2.     População e amostra

    Foram analisadas vinte e duas meninas e dois meninos de oito anos de idade, que nunca praticaram GR e que estudam em um colégio público situado na Cidade de Cotia no qual essa modalidade não é oferecida dentro da escola.

3.3.     Instrumentação

    Foi utilizado para a pesquisa, uma câmera digital Sony, 24 bolas e 15 arcos. As bolas e os arcos não são os oficiais da GR, são menores. Foi utilizado o que a escola tinha disponível e que fosse compatível com a idade das crianças.

3.4     Coleta de dados

    Os dados foram coletados com base em filmagens, foi feita uma comparação dos movimentos (saltos, saltitos, giros e figuras ou movimentos/exercícios da GR) que realizaram no primeiro e no ultimo dia de aula.

3.5.     Tratamento dos dados

    Utilizando o método experimental, foi feita uma comparação dos movimentos básicos da GR selecionados. Os resultados serão apresentados em gráficos

4.     Resultados

    No primeiro dia de aula, todos os alunos participaram (38 alunos), tanto os meninos como as meninas, por ser uma aula diferenciada (Gráfico 1). Já no segundo dia até o último dia, somente dois meninos continuaram e todas as meninas (vinte e duas meninas).Constatou-se que houve uma evolução significativa nos movimentos propostos, inclusive na flexibilidade que não era o objetivo deste estudo.

Gráfico 1. Frequência dos alunos durante as aulas

    Como o desenvolvimento da flexibilidade facilita na execução dos movimentos, pois proporciona uma amplitude cada vez maior na execução dos exercícios, no inicio de todas as aulas, como aquecimento, trabalhamos o alongamento (Figura 4) para que as alunas ampliassem cada vez mais a flexibilidade alongando até o seu máximo, ou seja, até o limite individual de cada aluna.

Figura 4. Alongamento

   

Fonte: a pesquisadora

    Iniciava as aulas com o método global, depois corrigia-se os movimentos com o método analítico. Muitas alunas faziam os movimentos com facilidade, sem precisar fracionar o exercício para aprender, e sim apenas aperfeiçoar. Algumas demonstraram maior aptidão e talento para a atividade, por isso, apresentaram mais facilidade em realizar os saltos, saltitos, giros, equilíbrio e manusear os aparelhos propostos.

    Houve maior motivação com a utilização dos aparelhos (arco e bola) durante as aulas. O aparelho arco (Figura 5) teve maior resultado do que com a bola (Figura 6), porque eles não têm o costume de trabalhar o arco, e já a bola sempre está sempre presente nas aulas, por uma questão cultural do futebol no Brasil, eles pegavam a bola e queriam quicar, chutar, tornando a aula mais difícil de ser aplicada.

Figura 5. Alunos com o arco

  

Fonte: a pesquisadora

 

Figura 6. Aluna com a bola

Fonte: a pesquisadora

    As aulas eram ministradas no pátio da escola, pois não possuía quadra. Com isso, a maioria das aulas sofria com a interferência do barulho em volta, impossibilitando de acrescentar música, que seria o ideal para desenvolver o ritmo junto aos movimentos da GR. Mas, para executarem os movimentos ao mesmo tempo, fizemos uma contagem do um ao oito, assim elas sincronizavam e melhoravam o ritmo, o que não ocorria no início das aulas.

    Além do aspecto físico, procuramos trabalhar o cognitivo durante as aulas, deixando-as livres para criar movimentos, montar séries, usando a própria criatividade.

    Comparando os vídeos com a vivência durante as aulas, percebemos uma grande evolução em relação ao desenvolvimento da coordenação motora, da lateralidade, a percepção corporal e a consciência corporal dos movimentos. Houve uma melhora significativa no equilíbrio e na estabilização da maioria das alunas. Com a utilização dos aparelhos arco e bola, percebeu-se uma evolução no manuseio e na coordenação dos movimentos junto ao aparelho (Gráfico 2). A maioria não sabia realizar saltos, saltitos, giros e manuseio de aparelhos, pois nunca tinham vivenciado algo parecido antes, mas ao longo desses dois meses elas conseguiram aprender e algumas se identificaram profundamente com a GR, que optaram por iniciar a prática regular da modalidade no ginásio municipal da cidade.

Gráfico 2. Exercícios propostos e percentual de assimilação

5.     Discussão

    O trabalho com modalidades gímnicas, por exemplo, a GR para Nista-Picollo (1999) faz com que a criança vivencie novas experiências motoras e sensações diferentes do seu cotidiano, permitindo a ela um ambiente rico em estímulos para sua exploração motora e criatividade.

    Corroborando com nossa pesquisa, Nista-Picollo (1999) deixa claro que os materiais a serem utilizados podem ser improvisados ou adaptados, pois o importante é proporcionar vivências diferenciadas às crianças, favorecendo-as na ampliação do acervo motor e despertando o interesse para a prática de determinada modalidade esportiva.

    Na mesma linha da nossa pesquisa, Schiavon (2003) ressalta que a falta de conhecimento faz com que a maioria dos profissionais de Educação Física não visualize as possibilidades de execução de elementos da GA ou da GR, permanecendo uma imagem de leigos a respeito das possibilidades de ensino dessas modalidades.

    GAIO (2007) com sua proposta de ginástica rítmica popular proporcionou através de atividades, condições para que as crianças vivenciassem: a Consciência Corporal, promovendo a formação do “eu” diante do mundo e a descoberta de suas possibilidades de expressão; a Estruturação da Noção Espacial, ou seja, a maneira como ela se localiza no espaço que circunda e como se situam as coisas, uma em relação às outras; a Estruturação da Noção Temporal, que é a maneira como se situa no tempo, seu tempo de ação individual e coletiva, diante do meio ambiente; e a Vida de relação, que consiste na socialização. A autora afirma que se considerar a GR como movimentos fundamentais combinados, devemos iniciar um trabalho de habilidades motoras específicas nessa modalidade a partir dos sete anos de idade. E considerando que, em nosso país não temos uma divulgação dessa modalidade nos canais de televisão, nem em revistas e jornais e que a base dos programas esportivos dos grandes canais brasileiros é o futebol, cabe aos profissionais de Educação Física o compromisso de ampliar a cultura corporal de movimentos, ou seja, ensinar conteúdos da Educação Física inclusive ensinar GR. Devemos ser criativos, mostrar as possibilidades de movimentos para as crianças e assim, estimular a curiosidade das mesmas.

6.     Conclusão

    Para o profissional de Educação Física desenvolver conteúdos da GR em suas aulas, não precisa necessariamente ser um ginasta ou ex-ginasta, mas precisa dominar o assunto. Existem cursos técnicos de iniciação em GR na Liga Nacional de Ginástica Rítmica e na Federação Paulista de Ginástica (FPG), que proporcionam aos profissionais interessados o conhecimento de todos os movimentos básicos da GR, assim eles podem ministrar suas aulas com base nas informações técnicas adquiridas nesses cursos e em livros da modalidade.

    Ao proporcionar uma vivência motora diferenciada, somando-se a isto a utilização de aparelhos e equipamentos inéditos o profissional de Educação Física estará enriquecendo o acervo motor e ampliando a cultura esportiva da criança, que poderá se identificar com uma modalidade como a GR, por exemplo, e vir a praticá-la regularmente, obtendo além dos benefícios motores, os sociais e aqueles relacionados à saúde.

    Com base neste trabalho e como pesquisadora, não poderia deixar de registrar que o empenho em proporcionar uma experiência diferenciada é plenamente recompensado ao observar o brilho nos olhos curiosos e nos sorrisos de satisfação das crianças. O que sem dúvida, deveria servir de motivação para que propostas similares venham a ser realizadas e contribuam para enriquecer as aulas de educação física, seja com a GR ou outra modalidade esportiva.

Bibliografia

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revista digital · Año 14 · N° 141 | Buenos Aires, Febrero de 2010  
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