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A importância da fisioterapia no tratamento da fibromialgia

Importancia de la fisioterapia en el tratamiento de la fibromialgia

 

Graduada em Fisioterapia pela Universidade Estadual do Norte do Paraná,

Centro de Ciências da Saúde, Jacarezinho, Paraná

(Brasil)

Laís Campos de Oliveira

laispiraju@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          A fibromialgia é uma síndrome desconhecida, que se caracteriza por dor musculoesquelética em diversas regiões do corpo, sendo comum em mulheres de 40 a 55 anos de idade. Dos 18 pontos gatilho, quando o paciente refere durante o exame de palpação dor em 11 deles, é diagnosticada a fibromialgia. O tratamento fisioterápico é indispensável para a melhora dos sintomas e dentre aqueles existentes, o paciente deverá escolher aquele ao qual mais se adapta. Alguns dos tratamentos existentes são: alongamentos, fortalecimentos, eletrotermoterapia, ioga, hidroterapia, acupuntura, dentre outros. Tornam-se necessárias mais pesquisas que investiguem os benefícios de tratamentos fisioterapêuticos para esta síndrome e que outras técnicas que possam beneficiar os pacientes sejam investigadas.

          Unitermos: Fibromialgia. Fisioterapia. Tratamento

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010

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    A fibromialgia é uma síndrome de caráter e etiologia desconhecida, caracterizada por dor musculoesquelética que afeta varias áreas do corpo, sendo mais comum em mulheres do que em homens, surgindo mais freqüentemente entre os 40 e 55 anos de idade (SANTOS et al, 2006).

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde, atualmente, estima-se que sofram de Fibromialgia entre 2 a 8% da população adulta. Alguns estudos demonstram que certos sintomas como dores musculares generalizadas e pontos dolorosos específicos estão presentes em pessoas com a síndrome e que não são comuns em pessoas sadias e com outros tipos de doenças reumáticas (WEIDEBACH, 2002).

    É considerada uma síndrome, a fibromialgia, porque abrange um conjunto de sinais e sintomas que podem ocorrer simultaneamente em diferentes doenças. Todavia é frequentemente confundida e pouco entendida já que vários dos seus sintomas podem ser encontrados em outras doenças (KNOPLIC, 2006).

    O nome Fibromialgia significa dores nos músculos e tecidos conectivos fibrosos (ligamentos e tendões), afeta principalmente músculos e seus locais de inserção nos ossos. Embora se manifeste como uma doença articular, não é inflamatória (artrite) e não causa deformidades nas articulações (MARQUES et al., 2006).

    Diferentes fatores, isolados ou combinados podem causar a Fibromialgia, como por exemplo, alguns tipos de estresses como doenças, traumas emocionais ou físicos, mudanças hormonais, podem gerar dores ou fadiga generalizadas que não melhoram com o descanso (KNOPLIC, 2006).

    A queixa principal é relacionada com as dores musculares, porém existem várias outras queixas como, fadiga e distúrbio no sono, mudanças no humor, dormência em vários locais no corpo, cefaléias, mioclonias, apnéias, dentre outras (KNOPLIC, 2006).

    A Fibromialgia não apresenta alterações laboratoriais, assim, seu diagnóstico depende principalmente das queixas ou sensações que o paciente relata. Tem sido definida através de estudos que estabeleceram regras para o seu diagnóstico (MARQUES et al., 2006).

    As áreas doloridas na Síndrome da Fibromialgia são similares em localização às áreas de outros tipos comuns de dores ósseas e musculares como cotovelo de tenista ou bursite trocanteriana. Os pontos tendem a estar presentes em ambos os lados e em diferentes locais (KNOPLIC, 2006).

    Os locais dolorosos são, occipital (inserção do músculo occipital), Cervical baixa (face anterior no espaço intertransverso de C5-C7), Trapézio (ponto médio da borda superior), Segunda costela (junção da segunda costocondral), Supra espinhoso (acima da borda medial da espinha da escápula), Epicôndilo lateral (a 2 cm do epicôndilo), Glúteos (quadrante lateral e superior das nádegas), Trocanter maior (posterior à proeminência trocantérica), Joelho (região medial próxima à linha do joelho), os pacientes relatam dor em 11 dos 18 pontos dos locais acima citados (PRANDO; ROGATTO, 2006). A figura 1 mostra estes pontos.

Figura 1. Pontos gatilhos da fibromialgia.

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    O tratamento da fibromialgia é, comumente, sintomático por causa da ausência de entendimento da sua etiologia e fisiopatologia. Diversas modalidades têm sido sugeridas desde exercícios na água, programas de alongamento, fortalecimento e condicionamento aeróbio em solo, terapias alternativas, técnicas de relaxamento, calor superficial, calor profundo, tração vertebral, massagem, dentre outros (NOGUEIRA; CARDOSO, 2005).

    De acordo com Knoplic (2006) os dois grandes objetivos da Fisioterapia no tratamento da Fibromialgia, são: Exercitar os músculos doloridos com exercícios de alongamento; Melhorar as condições cardiovasculares com exercícios aeróbicos (caminhar, andar de bicicleta, nadar e hidroginástica).

    Podem ser estabelecidos programas de exercícios que promovam sensação de bem estar, aumentado à resistência e diminuindo a dor. É necessário primeiramente realizar uma avaliação antes de iniciar um programa de treinamento físico. Sugerem-se exercícios regulares em dias alternados, aumentando gradualmente as atividades até atingir boa aptidão física (KNOPLIC, 2006).

    Segundo Marques et al (2002) os exercícios físicos são considerados benéficos, porém Silva e Lage (2006) mostram que a predisposição ao sedentarismo e a apresentação de baixos níveis de condicionamento físico, tornam sofrível o início dessa atividade, fazendo esses pacientes relatem aumento das dores e da fadiga. Deste modo a Ioga pode ser uma atividade física alternativa em alguns casos.

    Além da Ioga outro tratamento que vem crescendo e sendo recomendado para pacientes com fibromialgia, devido a seus benefícios proporcionados pela imersão desses na água aquecida, é a fisioterapia aquática (GIMENES; SANTOS; SILVA, 2006).

    A massagem também é um tratamento fisioterápico que pode auxiliar na diminuição da dor em pacientes com fibromialgia, por mecanismos variados, na qual se inclui relaxação muscular, oxigenação, remoção de escórias musculares, aumento na flexibilidade muscular e melhora da circulação sanguínea. Os diversos tipos de massagens são definidos pelo próprio nome, como: amassamento, vibração, deslizamento, fricção, percussão, entre outros (PELLEGRINO; WAYLONIS; SOMMER, 1989).

    As massagens também podem ser realizadas pelo próprio paciente (automassagens) sendo mais uma opção para alívio da dor, na qual os pacientes com fibromialgia trabalham relaxando de seus próprios músculos. Essa técnica de aprendizagem rápida e procedimentos simples podem ser feitos também por um conjugue ou outra pessoa treinada por um terapeuta (PELLEGRINO; WAYLONIS; SOMMER, 1989).

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o uso da acupuntura para vários tipos de patologias, como, por exemplo, enxaquecas, problemas gastrintestinais, alergias e dores diversas. Além disso, vários estudos têm demonstrado que a acupuntura apresenta uma influência profunda sobre os problemas emocionais e mentais, sendo recomendável à combinação dessa técnica com outras psicoterápicas, sendo benéfica ao tratamento da fibromialgia (VECTORE, 2005).

    Apesar dos benefícios dos exercícios aeróbios serem bem mais expressíveis, o fortalecimento e o alongamento também obtiveram efeitos terapêuticos, porém, em menor proporção. Um exemplo para esta observação, é que os treinos aeróbios provocam mudanças neuroendócrinas que são importantes para a melhora do humor, ou seja, aumentam a estimulação de serotonina e norepinefrina; Sendo que com o alongamento o mesmo não ocorre (VALIM, 2006).

    Segundo Prando e Rogatto (2006) durante a prática dos exercícios aeróbios de intensidade moderada, o quadro da síndrome fibromiálgica, baseado nos sintomas, sensações e tender points, tende a apresentar influências negativas. Contudo, após a realização destas atividades aeróbias, nos 30 minutos subseqüentes, os níveis de sintomas, sensações e tender points, retornaram aos níveis iniciais ou até mesmo apresentaram-se inferiores aos valores de base.

    Diferente do condicionamento físico, que visa ganhar força e resistência, o alongamento muscular visa recuperar progressivamente o comprometimento dos músculos, com redução da tensão e aumento da flexibilidade, permitindo ao indivíduo realizar movimentos mais coordenados e eficientes. Além da conscientização corporal, que permite melhorar a rigidez, fazendo com que o indivíduo passe a rever suas atividades da vida diária e a considerar o corpo como um todo (MARQUES; MENDONÇA; COSSERMELLI, 1994).

    A hidrocinesioterapia é outra técnica que tem efeitos benéficos no tratamento da fibromialgia, geralmente o tratamento é praticado em água aquecida entre 32º e 34ºC. Dentre os principais efeitos terapêuticos da água estão à promoção do relaxamento muscular pela redução da tensão, diminuição dos espasmos, e o aumento da tolerância do indivíduo ao exercício e o nível de resistência física, melhorando o condicionamento geral; pois à medida que o condicionamento melhora, as intensidades dos sintomas, como dores após esforço e fraqueza muscular, diminuem (SALVADOR; SILVA; ZIRBES, 2005).

    De acordo com Ferreira (2007) o tratamento osteopático é um poderoso aliado no tratamento da fibromialgia no que se refere ao tempo reduzido do tratamento e a melhora na qualidade de vida dos pacientes, pois, essa terapia tem uma visão holística de tratamento, abordando a maioria das queixas correlacionadas a fibromialgia como a dor, cefaléia, cólon irritável, rigidez matinal, disfunções somáticas e somato-emocionais. Tendo como resultados a diminuição do limiar de dor, melhora dos níveis de conforto e componentes afetivos associados a doenças crônicas, e assim, aumentando as habilidades funcionais dos pacientes tratados.

    É importante se ter uma ampla visão da importância do tratamento fisioterápico em pacientes portadores de fibromialgia, pois esta atua na melhora do quadro cardiorrespiratório, de força muscular, álgico e no quadro global do paciente. A partir dessas constatações, fica clara a posição de que os pacientes que sofram de fibromialgia devem realizar fisioterapia habitualmente ao longo de sua vida (GOBI; CARVALHO, 2004).

    Conclui-se que há a necessidade de maior número de pesquisas científicas dedicadas à busca de orientações sobre a fibromialgia, a importância da fisioterapia no tratamento desta síndrome e as técnicas mais indicadas para o tratamento desta patologia ainda desconhecida. Deste modo outras técnicas que visem à melhora de pacientes com esta patologia poderão ser investigadas, contribuindo com a escolha do melhor método a ser utilizado em cada caso.

Referências bibliográficas

  • FERREIRA, C. S. Eficácia da Manipulação Osteopática em pacientes com Fibromialgia: Um estudo piloto. Monografia (Graduação em Fisioterapia) Centro de especialidades Iria Diniz; Contagem - MG, 2007.

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  • GOBI, G.; CARVALHO, F. Importância da intervenção fisioterapeutica em pacientes portadores de fibromialgia: estudo de caso. Revista Uni América. v.20, n.1, 2004.

  • KNOPLICH, J. Fibromialgia: dor e fadiga. São Paulo: Editora Robe, 2006.

  • MARQUES, A. P; MENDONÇA, L. L. F; COSSERMELLI, W. Alongamento muscular em pacientes com fibromialgia a partir de um trabalho de reeducação postural global (RPG). Revista Brasileira de Reumatologia. v.34, n.5, p.232-234, 1994.

  • MARQUES, A. P.; SANTOS, A. M. B.; ASSUMPÇÃO, A.; MATSUTANI, L. A.; LAGE, L. V.; PEREIRA, C. A. B. Validação da Versão Brasileira do Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ). Revista Brasileira de Reumatologia. v.46, n.1, p.24-31, 2006.

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  • PRANDO, M. A.; ROGATTO, G. P. Influência de uma sessão de exercício em esteira sobre a sintomatologia e a intensidade dolorosa de portadores de fibromialgia. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, v.10, n.94, 2006. http://www.efdeportes.com/efd94/fibromia.htm

  • SALVADOR, J. P.; SILVA, Q. S.; ZIRBES, M. C. G. M. Hidrocinesioterapia no tratamento de mulheres com fibromialgia: estudo de caso. Revista Fisioterapia e Pesquisa. v.12, n.1, p.27-36, 2005.

  • SANTOS, A. M. B.; ASSUMPÇÃO, A.; MATSUTANI, L. A.; PEREIRA, C. A. B.; LAGE, L. V.; MARQUES, A. P. Depressão e qualidade de vida em pacientes com fibromialgia. Revista Brasileira de Fisioterapia. v.10, n.3, p.317-324, 2006.

  • SILVA, G. D.; LAGE, L. V. Ioga e Fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia. v.46, n.1, p.37-39, 2006.

  • VALIM, V. Benefícios dos Exercícios Físicos na Fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia. v.46, n.1, p.49-55, 2006.

  • VECTORE, C. Psicologia e acupuntura: primeiras aproximações. Revista de Psicologia da Ciência. v.25, n.2, p.266-285, 2005.

  • WEIDEBACH, W. F. S. Fibromialgia: Evidências de um Substrato Neurofisiológico. Revista da Associação Médica Brasileira. v.48, n.4, p.291-291, 2002.

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