Avaliação das capacidades físicas do time de handebol da Universidade Federal de Mato Grosso do SulEvaluación de las capacidades físicas del equipo de balonmano de la Universidad de Mato Grosso do Sul |
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*Discentes do curso de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul **Docente do curso de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Brasil) |
André Esperidião da Silva* | Lauriane Ribeiro de Almeida* Luiz Rodrigues da Silva Junior* | Mariana Lima Rodrigues* Naiady dos Santos Martins* | Philipe Rocha de Camargo* Rogério Xavier* | Brunno Elias Ferreira** |
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Resumo O Handebol é um esporte que exige dos atletas bom desenvolvimento das capacidades físicas, como: resistência anaeróbia, velocidade, força e flexibilidade. Com o crescimento da equipe de handebol da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), surgiu o interesse de avaliar o nível das capacidades físicas desses atletas. Para isso, foram aplicados o flexiteste para aferir o nivel de flexibilidade, flexão de braços e puxada de barra para identificar o nível de força explosiva dos membros superiores e o teste de impulsão horizontal para os membros inferiores, assim como o teste de Tanaka para a resistência anaeróbia e Shunttle Run para o teste de agilidade e velocidade. A partir destes, obtiveram-se resultados em que os alas sobressaem sobre as demais posições, coincidindo um IMC mais próximo do ideal. Pressupomos então que o IMC está diretamente relacionado ao desempenho dos atletas nos testes aplicados. Sugere-se então, trabalhos relacionados à busca de um IMC ideal, assim como o trabalho sobre a deficiência que apresentaram nos testes. Unitermos: força. Treinamento. Avaliação física. Avaliação funcional |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010 |
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Introdução
O Handebol é um dos esportes mais antigos de que se tem notícia. Surgiu na Alemanha com o professor Karl Schelenz, no ano de 1919. Na sua fase inicial era disputado em campos (40x20m), assim como no futebol, as equipes também eram formadas por 11 jogadores e após as regras serem reformuladas conquistou espaço em vários países, como Áustria e Suíça. A primeira partida internacional de handebol foi ralizada no ano de 1925, entre as equipes da Alemanha e da Áustria, com vitória da Alemanha.
O handebol foi introduzido como esporte olímpico no ano de 1934, tendo entregue a sua primeira medalha de ouro à seleção da alemanha na Olímpiada de Berlim em 1936. Em 1946, os suecos oficializaram seu handebol de salão para apenas 7 jogadores por equipe, denominando-se a Federação Internacional de Handebol (F.I.H). Atualmente o handebol é praticado em 183 países. No Brasil chegou após a I Guerra Mundial com a imigração alemã, onde até a década de 60 sua prática ficou restrita a cidade de São Paulo, sendo difundida mais tarde para as demais regiões do país. Embora seja praticado por milhares de pessoas, a equipe brasileira ainda não conseguiu ganhar medalha olímpica, nem título mundial no handebol.
Considerando o quadro atual da modalidade, o handebol, assim como os demais esportes coletivos, é caracterizado principalmente pelo esporte de rendimento. Porém deve-se ter cuidado, pois nas escolas, clubes e associações que promovem o esporte, o que se observa é o treinamento altamente profissional, com vistas a performance, levando a consequência como desarmonias no desenvolvimento, acompanhadas de um abandono precoce do esporte antes mesmo de se ter chegado ao alto nível de rendimento, fenômeno este conhecido por “Drop out” (Kroger; Roth, 2002).
No ano de 2008 iciciou-se a equipe de handebol masculino da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/Campo Grande, tendo como marco de sua estruturação a participação nos Jogos Universitarios Brasileiros (JUB’s) na cidade de Maceió – AL. Como se sabe, os JUB’s são a organização de um evento do conjunto de esportes praticados por estudantes universitários no Brasil e são organizados pela Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU). Também servem como classificatórios para os Jogos Universitários Sul-Americanos e para os Jogos Universitários Mundiais - a Universíada (CBDU, 2009). Desde então, a equipe vem participando de vários campeonatos, assim como, realizando treinamentos periódicos visando o aprimoramento das capacidades técnico-táticas dos atletas.
Todos os jogadores de handebol devem ter um bom condicionamento físico e por isso devem desenvolver algumas das capacidades físicas de resistência aeróbia, anaeróbia, flexibilidade; todos os jogadores, independentemente de posição, necessitam de coordenação e ritmo, que são valências a serem aperfeiçoados com o treinamento técnico. (TUBINO; MOREIRA, 2003).
Considerando o fato de haver na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/Campo Grande uma equipe de handebol que participou dos JUB’s 2008 e que vem participando de campeonatos na cidade de Campo Grande, surgiu o interesse em avaliar o nível das capacidades físicas dos atletas, também pelo fato de a equipe ter sido formada recentemente e não haverem registros de tais testes aplicados aos atletas. Por meio destes resultados buscaremos traçar um perfil sobre o nível das capacidades físicas dos atletas da equipe da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/Campo Grande.
Este estudo tem como objetivo geral avaliar o nível das capacidades físicas desses atletas relacionadas ao handebol, com aplicação de testes de aptidão física específicos para a modalidade. E como objetivos específicos comparar as qualidades físicas entre os atletas das diferentes posições, traçando um perfil que possa auxiliar o treinamento da equipe, fornecendo ao treinador informações sobre o desempenho físico dos seus atletas levando-o ao aprimoramento dos treinos visando à elevação do nível das qualidades técnico-táticas da equipe por meio da observação dos resultados destes.
Metodologia
Esta é uma pesquisa de levantamento e de cunho transversal, na qual foram estudados 15 atletas do sexo masculino do time de handebol da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, entre 20 e 31 anos, que frequentam os treinos regularmente há pelo menos três meses. Segundo Dantas “[...] o fato de se contar, permanentemente, com uma equipe condicionada diminuirá o risco de lesões e melhorará a performance do time” (1998, p.292).
Tomando como referência os testes propostos por Dantas (1998) para avaliação das qualidades físicas do time de handebol, foram realizados os seguintes testes: flexibilidade, força explosiva, resistência muscular, resistência anaeróbia e teste de agilidade e velocidade.
Para aferir a força explosiva dos atletas foram utilizados testes de resistência muscular (flexão de braço e puxada de barra) para os membros superiores e o teste de impulsão horizontal para os membros inferiores. Para o teste de resistência anaeróbica foi utilizado o Teste de Tanaka ou corrida de 40 segundos. Conforme a descrição de Gobbi et al (2005), e adaptado de forma a anotar o tempo percorrido pelo atleta nos 40 metros iniciais, que representa o tamanho da quadra de handebol.
Utilizou-se o teste de Shuttle run, segundo descrição de Gobbi et al (2005) para o teste de agilidade e velocidade. Os testes foram aplicados pelos autores desta pesquisa e realizados no ginásio de esportes de uma escola da cidade, em agosto de 2009, exceto os testes de resistência anaeróbia e puxada de barra que foram realizados no estádio Pedro Pedrossian (Morenão).
Os resultados obtidos foram distribuídos em banco de dados no software Excel, e submetidos ao teste ANOVA (Análise de variância one way).
Foi utilizado o Índice de Massa Corpórea (IMC) para avaliação do estado nutricional dos atletas, tendo em vista a praticidade e a acessibilidade ao mesmo. “Para adultos com idade superior a 20 anos, este indicador é calculado pela divisão do peso (massa corporal em quilogramas) dividido pelo quadrado da altura (em metros)” (KAZAPI, p. 41, 2004). Para a classificação do estado nutricional utilizaremos os pontos de corte propostos por Kazapi (2004) com adaptações: baixo peso = IMC<18,5; eutrófico = IMC entre 18,5 e 24,9; sobrepeso = IMC entre 25 e 29,9; obeso = IMC > 30.
Para avaliação do atleta foi montada uma ficha individual contendo o nome, número, idade, altura, peso, IMC, posicionamento e todos os resultados obtidos por este, de maneira a ficarem claros para o treinador da equipe os pontos em que deverá concentrar os treinamentos de cada atleta, servindo de referência para avaliações posteriores.
Resultados e discussão
A partir dos 15 atletas estudados, elaborou-se a tabela 1 na qual podemos verificar os resultados obtidos com os testes.
Tabela 1. Distribuição da média dos resultados dos testes (n = 15)
Avaliações |
n |
Média |
Desvio-padrão |
Idade* |
15 |
23.07 |
3.13 |
Índice de massa corpórea |
15 |
25.70 |
4.91 |
Shutlle run** |
15 |
18,735 |
1,203 |
Flexão de braços |
13 |
26.4 |
14.6 |
Puxada de barra |
5 |
7.2 |
3.4 |
Salto horizontal*** |
15 |
173.5 |
19.7 |
Flexiteste |
15 |
6.7 |
0.9 |
Resistência anaeróbia 40m** |
5 |
6,948 |
0,274 |
Resistência anaeróbia 40s**** |
5 |
271 |
15.17 |
*Valor em anos; **Valor em segundos; ***Valor em centímetros; ****Valor em metros.
Não foi realizada a discussão dos dados nos testes de puxada de barra e resistência anaeróbica 40m e 40s, já que a amostra foi insuficiente.
O teste de ANOVA qualificou a amostra relativa a posição dos goleiros como insuficiente, por esse motivo não será realizada a discussão da mesma.
Tabela 2. Classificação dos testes segundo a média aritmética relacionada às posições (n = 15)
Posição/Teste |
Shutlle Run |
Flexão de Braço |
Flexiteste |
Salto horizontal |
Ala |
Bom |
Excelente |
Média |
Bom |
Armador |
Médio |
Abaixo da média |
Média |
Regular |
Pivô |
Regular |
Abaixo da média |
Média |
Regular |
Goleiro |
Regular |
Acima da média |
Média |
Regular |
Com base na tabela acima podemos observar a variação com relação às posições e testes aplicados. Analisando o Teste Shutlle Run utilizando o teste ANOVA verificou-se que não há significância (p>0,05) entre as posições com relação aos resultados do teste, sendo assim elaboramos uma classificação para distinguir as capacidades dos sujeitos com relação ao teste aplicado. Desta forma, percebemos que os alas se sobressaem aos demais jogadores de outras posições.
Com relação ao teste de flexão de braço, tendo como base o teste ANOVA, verificou-se que não há significância entre as posições (p=0.6). Segundo a classificação proposta por Pollock (1993, apud MONTEIRO, 2001), os alas tiveram resultado excelente enquanto que os armadores e os pivôs tiveram resultados abaixo da média e o goleiro acima da média.
Com relação ao Flexiteste, verificou-se que não há diferença significante entre as posições. Com base na classificação adaptada, proposta por Monteiro e Farinati (apud DELGADO, 2004), observou-se que todas as posições classificam-se como média.
O mesmo comportamento estatístico foi encontrado no teste de Salto Horizontal (p=0327). Para a disposição dos resultados confeccionou-se uma escala classificatória que apresenta os alas como bom e os demais (armadores, pivôs e goleiro) como regulares.
Tabela 3. Classificação do IMC segundo a média das posições
Posição |
IMC* mínimo |
IMC Máximo. |
Média |
Classificação |
Ala |
20,20 |
26,45 |
22,74 |
Eutrófico |
Armador |
21,97 |
27,15 |
24,68 |
Eutrófico |
Pivô |
27,10 |
40,81 |
32,87 |
Obeso |
Goleiro |
23,15 |
23,15 |
23,15 |
Eutrófico |
*Índice de massa corpórea em m/kg2.
A partir da análise dos pontos de corte adaptados, proposta por Kazapi (2004), observou-se que a média do IMC dos pivôs os classificam como obesos enquanto que as demais posições foram classificadas como eutróficos.
Submetidos ao teste ANOVA as diferenças foram significantes (p<0,01),
Figura 1. Média do Índice de massa corpórea entre as posições
Legendas das posições: 1. Ala; 2. Armador; 3-Pivô.
Quando comparado as médias de IMC entre alas e armadores, observamos que não há uma grande variação, ao contrário quando comparados com os pivôs.
Conclusão
A partir da análise das médias, os alas apresentaram desempenho superior nos testes, com exceção do flexiteste em que foram equivalentes aos demais, já os armadores apresentaram os mesmos resultados dos pivôs, exceto no teste de Shutlle Run, no qual estão mais bem classificados.
Correlacionado o desempenho nos testes e o valor obtido pelas médias do IMC, pressupõe-se que o IMC tenha sido fator preponderante, indicando que quanto mais distante do valor ideal, menor foi o desempenho alcançado nos testes. Contraposto o flexiteste, no qual os resultados foram semelhantes em todas as posições independente do valor do IMC.
Analisando os resultados obtidos e a relação direta entre IMC e desempenho nos testes, verifica-se a necessidade de trabalhar a manutenção e a perda de peso corporal, bem como a resistência muscular localizada (força de braços), força explosiva (pernas) e melhoria no que diz respeito à velocidade e agilidade.
Referências
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DO DESPORTO UNIVERSITÁRIO. Regulamento Geral dos JUBS 2009.
DANTAS EHM. A prática da preparação física. 4º Ed. Rio de Janeiro: Shape, 1998.
DELGADO LA. Avaliação Neuromotora. São Luiz 2004. Retirado de: http://www.scribd.com/doc/6990878/Avaliacao-Fisica-06-Neuromotora Acessado em 26 de Julho de 2009.
FARINATTI PTV. Flexibilidade e esporte: uma revisão da literatura. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, v. 14, nº 1 – jan/jun, 2000.
GOBBI S; VILLAR R; ZAGO AS. Educação física no ensino superior: bases teórico-práticas do condicionamento físico. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
KAZAPI RG. Análise da utilização de técnicas de reconhecimento de padrões na antropometria. Dissertação de mestrado da UFSC. Florianópolis, 2004.
KRÖGER C; ROTH K. Escola da Bola: um ABC para iniciantes nos jogos esportivos- coletivos. São Paulo – SP: Phorte, 2002.
MONTEIRO WD. Manual para avaliação e prescrição de condicionamento físico. v.3 Rio de Janeiro: Sprint, 2001.
TUBINO MJG; MOREIRA SB. Metodologia Cientifica do Treinamento Desportivo. 13, ed. - Rio de Janeiro: Shape. 2003.
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