efdeportes.com

A importância da atividade física 

durante o processo de envelhecimento

La importancia de la actividad física durante el proceso de envejecimiento

 

*Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória pela Cesumar Inspirar

**Especialista em Fisioterapia em Geriatria pela Cesumar Inspirar

(Brasil)

Vanessa Schveitzer*

Renato Claudino**

vanessasc7@gmail.com

 

 

 

Resumo

          A prática de exercício físico, além de combater o sedentarismo, contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso. O objetivo deste estudo é abordar as questões referentes à prática de exercícios físicos na terceira idade e sua importância.

          Unitermos: Idoso. Atividade física. Envelhecimento

 

Abstract
         
The practice of physical exercise, and idleness, contributes significantly to the aintenance of physical fitness of the elderly. The aim of this study is to address the issues of physical exercise in old age and its importance.

          Keywords: Elderly. Physical Activity. Aging

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010

1 / 1

Aspectos fisiológicos do envelhecimento

    O envelhecimento é um processo dinâmico, progressivo e fisiológico, acompanhado por modificações morfológicas e funcionais, assim como modificações bioquímicas e psicológi­cas, resultando na diminuição da reserva funcional dos órgãos e aparelhos (SCALZO et al., 2007). O envelhecimento populacional tem ganho reco­nhecimento universal, e o Brasil ocupa hoje a sétima colocação mundial em número de idosos; espera-se que, em 2025, ocupe a sexta posição (ISHIZUKA, 2003).

    Segundo o IBGE (2006), as previsões de alterações nas pirâmides etárias do nosso país em um período de 50 anos demonstram que, em 2050, o número de idosos em idade avançada (igual ou superior a 80 anos) superará o de crianças com menos de quatro anos.

    Com o aumento da idade cronológica, as pessoas tornam-se menos ativas, já que suas capacidades físicas diminuem e, com as alterações psicológicas e sociais que acompanham a idade (sentimento de velhice, estresse e depressão) existe ainda uma diminuição maior da prática da atividade física, que conseqüentemente, facilita a aparição de doenças crônicas, que contribuem para deteriorar ainda mais o processo de envelhecimento (MATSUDO et al., 2000).

    O envelhecimento tem despertado interesse de várias áreas do conhecimento, pois a perspectiva de vida da população mundial aumentou muito nas últimas décadas. Assim, esta população passa a necessitar de políticas públicas voltadas a atender suas necessidades. Nesse sentido, cada vez mais se exige dos profissionais envolvidos. Um dos aspectos fundamentais para que o idoso tenha melhorias em sua saúde é a inclusão na sua rotina da prática da atividade física regular e bem orientada (SHEPHARD, 2003).

    Segundo Barbanti (1990), durante o envelhecimento ocorrem perdas estruturais e funcionais que estão envolvidas nesse processo que relutantemente progride com o passar do tempo. As medidas fisiológicas de desempenho em geral melhoram rapidamente durante a infância e alcançam um máximo entre o final da adolescência e os 30 anos.

    Os fatores genéticos atuam no processo de envelhecimento, pois se acredita que cada espécie de ser vivo tenha uma duração máxima de vida que seria por ele determinada, porém a confirmação deste fato torna-se difícil, uma vez que o processo de envelhecimento se dá pela associação de vários motivos além do fator genético. Em geral, as mulheres vivem mais que do os homens, apresentando uma expectativa média ao nascer de cinco a sete anos a mais. Fato este que se deve à proteção da mulher por hormônios, em especial o estrógeno, e a tendência do homem de adotar procedimentos de maior risco para a saúde e para sua sobrevivência (CARVALHO FILHO, 2000; LUSTRI; MORELI, 2004).

    As alterações que ocorrem nas proteínas com o envelhecimento são favorecidas pelo acúmulo de radicais livres no organismo. Os radicais livres são substâncias que apresentam grande capacidade de reagir com determinadas partículas que compõem as proteínas, alterando-as. As lesões provocadas pelos radicais livres compõem mecanismos que podem levar à lesão celular por conseqüência do metabolismo aeróbico. Dessa forma, a presença desses radicais determina dano oxidativo, que contribui para o envelhecimento celular e para o desencadeamento de determinadas doenças (LUSTRI; MORELI, 2004).

    O sistema imunológico é um dos mais importantes alvos no envelhecimento. O declínio da função imunológica, associado com a idade, aumenta a susceptibilidade dos idosos aos agentes infecciosos. Deficiências de vitaminas, minerais e proteínas, têm sido associadas ao enfraquecimento do sistema imunológico no idoso (TADA, 1992).

    Outro fator que contribui para o envelhecimento é a poluição nos grandes centros urbanos em conseqüência da alta concentração de monóxido de carbono. Nestas regiões observa-se um maior índice de doenças pulmonares crônicas e de suas complicações, aumentando o índice de morte por problemas respiratórios. É observável que esse fator não tem uma influência expressiva no processo de envelhecimento propriamente dito, porém como a grande maioria dos idosos apresenta maior susceptibilidade a problemas respiratórios até mesmo por questões de modificações fisiológicas, estes problemas são magnificados (LUSTRI; MORELI, 2004).

    A alimentação é fator importante para a saúde e qualidade de vida do indivíduo. Um padrão alimentar equilibrado proporciona melhor condição de saúde e contribuem diretamente na prevenção e controle das principais doenças que acometem os idosos, como constipação intestinal, excesso de peso corporal, dislipidemias, hipertensão arterial, diabetes mellitus, osteoporose, câncer e outras. Algumas alterações no processo de envelhecimento podem afetar o padrão alimentar do indivíduo, tais como a diminuição das papilas gustativas, com prejuízo do paladar; redução do olfato e da visão; diminuição da secreção salivar e gástrica; falha na mastigação pela ausência de dentes ou uso de próteses impróprias; redução da mobilidade intestinal (ASSIS, 2002).

    Observa-se que o envelhecimento biológico corresponde ao processo de senescência pelo qual não há alteração patológica associada no indivíduo. Para todos os seres vivos fora da espécie humana, o envelhecimento biológico é o único que conta, já entre os seres humanos, os fatores psicológicos e sociais têm grande importância na contribuição deste processo. O envelhecimento psicológico, na grande maioria das vezes é imposto para as pessoas, pelo fato de atingirem uma determinada idade, mesmo que o indivíduo não apresente alterações motoras, intelectuais ou reflexas.

    E por fim, o envelhecimento social, que se trata de uma questão intimamente ligada ao fator psicológico do envelhecimento humano, pelo qual, cada sociedade determina padrões de condutas específicos, impondo o seu cumprimento de acordo com as diferentes etapas cronológicas da vida. É através do envelhecimento social que surgem os preconceitos, depressões, que podem agravar o estado físico e emocional do idoso (JORDÃO NETTO, 1997). 

Atividade física e a terceira idade

    O sedentarismo combinado a outros fatores de risco contribui para a ocorrência de um conjunto de doenças crônicas, como: diabetes, osteoporose, câncer de cólon, de pulmão e de próstata e, sobretudo, doenças cardiovasculares (EYLER, 2003).

    A participação de idosos em programas de atividades físicas regulares promove melhoria das funções orgânicas e garante a manutenção da capacidade funcional e principalmente, a prevenção de doenças hipocinéticas relacionadas ao sedentarismo (NIEMAN, 1999).

    O objetivo da prática de exercícios na terceira idade é preservar ou melhorar a sua autonomia, bem como minimizar ou retardar os efeitos da idade avançada, além de aumentar a qualidade de vida dos indivíduos. Além de ser muito importante um programa de exercícios para os idosos é elevar a expectativa ajustada à qualidade de vida destes indivíduos. O ideal é que promova uma interação social, além de manter a mobilidade e autonomia deste idoso (SHEPHARD, 2003).

    Atualmente o exercício físico é aceito como agente preventivo e terapêutico de diversas enfermidades (KRINSKI et al., 2006). De acordo com Chaimowicz (1997), a prática regular de atividade física, mesmo se iniciada após os 65 anos de idade, contribui para uma maior longevidade, melhora da capacidade fisiológica, redução do número de medicamentos prescritos, benefícios psicológicos, como melhora da auto-estima, entre outros.

    A Atividade Física é uma variável freqüentemente citada na literatura como sendo de grande relevância para a saúde em geral (CHEIK et al., 2003; MATHER et al., 2002). No caso da terceira idade, há fortes evidências de que o idoso que se exercita obtém uma variedade de benefícios, inclusive menos enfermidades e aumento na capacidade de enfrentar o estresse diário (DE VITTA, 2000; MIRANDA; GODELI, 2003).

    A prática regular de exercícios físicos é uma estratégia preventiva primária, atrativa e eficaz, para manter e melhorar o estado de saúde física e psíquica em qualquer idade. Ela tem efeitos benéficos diretos e indiretos para prevenir e retardar as perdas funcionais do envelhecimento, reduzindo o risco de enfermidades e transtornos freqüentes na terceira idade (POLIDORI; MECOCCI; CHERUBINI, 2000).

    Um programa de exercícios deve promover a melhoria da capacidade física do indivíduo intervinda sobre os efeitos deletérios resultantes do processo de envelhecimento, conseguindo maximizar o contato social dos sujeitos e procurando reduzir os problemas psicológicos, como ansiedade e depressão, características desse grupo populacional (MOTTA, 2002).

    Existem vários benefícios da prática regular de exercícios físicos em idosos, entre eles estão: promove uma melhora fisiológica (controle da glicose, melhor qualidade de sono, melhoras das capacidades físicas relacionadas à saúde),  psicológica (relaxamento, redução dos níveis de ansiedade e estresse, melhora o estado de espírito, melhoras cognitivas) e social (indivíduos mais seguros, melhora a integração social e cultural, integração com a comunidade, rede social e cultural ampliadas, entre outros), além da redução ou prevenção de algumas doenças como a osteoporose e os desvios de postura (NAHAS, 2001).

    Segundo Silva (1999) a adoção de um estilo de vida não sedentário, calçado na pratica regular de atividade física, encerra a possibilidade de desenvolvimento da maior parte das doenças crônicas degenerativas, além de servir como elemento promotor de mudanças com relação a fatores de risco para inúmeras outras doenças.

    De acordo com Nahas (2001), as atividades como caminhada e dança são bastante apreciadas pelos idosos, além de ser um ótimo exercício para a melhora do sistema cardiovascular. Acrescentam-se ainda exercícios resistidos, que promovem um aumento da massa muscular e melhora o equilíbrio.

Conclusão

    O exercício físico é de fundamental importância para esta população, uma vez que possibilita a retomada da independência física, reduzindo ou retardando as chamadas doenças do envelhecimento.

Referências

  • CHAIMOWICZ, F. A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século XXI: problemas, projeções e alternativas. Revista Saúde Pública, n. 31, v. 1, p. 184-202, 1997.

  • CHEIK, N. C. et al. Efeitos do exercício físico e da atividade física na depressão e ansiedade em indivíduos idosos. Rev. Bras. Cienc. e Mov, v. 11, n. 3, p. 45-52, 2003.

  • De Vitta, A. Atividade física e bem-estar na velhice. In: Neri AL, Freire S (Orgs.). E por falar em boa velhice. Campinas: Papirus; p. 81-89, 2000.

  • EYLER, A. A. et al. The epidemiology of walking for physical activity in the United States. Med Sci Sports Exerc, v. 35, s.n, p. 1529-1536, 2003.

  • IBGE. Síntese de indicadores sociais 2006. Rio de Janeiro: IBGE, 2006.

  • ISHIZUKA, M. A. Avaliação e comparação dos fatores intrínsecos dos riscos de quedas em idosos com diferentes estados funcionais [dissertação]. Campinas: Faculdade de Educação, Programa de Pós-graduação em Gerontologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); 2003.

  • Mather, A. S. et al. Effects of exercise on depressive symptoms in older adults with poorly responsive depressive disorder. Randomized controlled trial. British Journal of Psychiatry, v. 180, s.n., p. 411-415, 2002.

  • MOTA, J. Envelhecimento e exercício – atividade física e qualidade de vida na população idosa. In: Barbanti VJ et al. Esporte e atividade física: interação entre rendimento e saúde. 1.ed. São Paulo: Manole; 2002.

  • MIRANDA, M. L. J.; GODELI, M. R. C. S. Música, atividade física e bem-estar psicológico em idosos. Rev Bras . Cienc. e Mov, v. 11, n. 4, p. 87-94, 2003.

  • NAHAS, M. V. Atividade Física e saúde. Conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 3. ed. Londrina: Midiograf, 2001.

  • SCALZO, P. L. et al. Efeito de um treinamento de equilíbrio em um grupo de mulheres idosas da comunidade: estudo piloto de uma abordagem específica, não sistematizada e breve. Acta Fisiátrica, v. 14, n. 1, p. 17-24, 2007.

  • SHEPHARD, R. J. Envelhecimento. Atividade física e saúde. Tradução: Maria Aparecida Pereira. São Paulo: Phorte, 2003.

  • SHEPARD, R. J. Exercício e envelhecimento. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 5, n. 4, p. 49-56, 2003.

  • SILVA.M.D, et al. O exercício: Exercício e qualidade de vida, Atheneu: São Paulo; p. 262, 1999.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/

revista digital · Año 14 · N° 141 | Buenos Aires, Febrero de 2010  
© 1997-2010 Derechos reservados