efdeportes.com

Utilização de ambiente educacional informatizado como ferramenta

de apoio interdisciplinar em escolas das regiões rurais do Brasil

Utilización de un ambiente educativo informatizado como herramienta

de apoyo interdisciplinar en escuelas de regiones rurales de Brasil

 

*Licenciado em Física - UniMSB/RJ

Engenheiro Eletricista e de Telecomunicações - UniverCidade/RJ

Especialista em Informática Aplicada a Educação - UCB/RJ

Mestre em Ciência da Motricidade Humana - UCB/RJ

**Técnólogo em Redes de Computadores - UniCarioca/RJ

Especialista em Informática Aplicada a Educação - FSJ/RJ

*** Professora de Educação Infantil - IESK/RJ

Licenciada em Física - UniMSB/RJ

Carlos Magno Monteiro da Silva*

Alexandre Magno Monteiro da Silva**

Renata de Santana Magalhães***

carlos.magno.silva@uol.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Este trabalho tem como objetivo apresentar as alternativas para a utilização do computador nas escolas localizadas em regiões rurais, por meio de novas ferramentas tecnológicas para fins pedagógicos, visando contribuir para um maior desenvolvimento do potencial dos alunos dos ensinos Infantil, Fundamental e Médio. A seleção das fontes de pesquisa foi baseada em publicações de autores de reconhecida importância no meio acadêmico e em artigos veiculados em periódicos indexados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Os resultados indicam que a utilização da Tecnologia da Informação, de modo geral, facilita a aprendizagem dos alunos e propicia o desenvolvimento cognitivo dos mesmos. Como recurso pedagógico o computador permite reduzir as dificuldades de aprendizagem por meio do aumento da atenção, concentração e memorização dos discentes.

          Unitermos: Informática educativa. Interdisciplinaridade. Tecnologia educacional

 

Resumen

          Este documento tiene como objetivo presentar las alternativas para el uso de las computadoras en las escuelas de zonas rurales, a través de nuevas herramientas tecnológicas para la educación, con el objetivo de contribuir al desarrollo del potencial de los estudiantes de la escuela Inicial, Básica y Media. La selección de las fuentes de la investigación se basó en publicaciones de autores de gran importancia en el mundo académico y en los artículos publicados en revistas indexadas por la Coordinación de Perfeccionamiento de la Enseñanza Superior (CAPES) Brasileña. Los resultados indican que el uso de Tecnologías de la Información, en general, facilita el aprendizaje de los alumnos y proporciona el desarrollo cognitivo de ellos. Como herramienta pedagógica la computadora puede reducir las dificultades de aprendizaje a través de la mayor atención, la concentración y la retención de los estudiantes.

          Palabras clave: Informática educativa. Interdisciplinariedad. Tecnología educativa

 

Abstract

          This work wants to present the alternatives to use the computer at schools in rural áreas using new tools for educational objectives in order to contribute for a better development of students’ potential in children’s education, primary and secondary education. These researches sources were based in publications of authors of recognized importance in the academic area and in articles propagated in periodic by the Coordination of Improvement on Superior Level Staff (CAPES). The results indicate that The Information Tecnology can facilitate and improve the students learning and their cognitive development. Giving then more attention and using the computer as an educational resort allow reducing learning dificult, improving the students concentration and memorization.

          Keywords: Educative informatic. Interdisciplinary studies. Educational technology

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010

1 / 1

Introdução

    Este trabalho tem como finalidade discutir o uso da Informática Educativa como material de apoio, visando tornar a aprendizagem mais eficiente e de qualidade para o desenvolvimento de atividades pedagógicas de escolas do ensino Infantil, Fundamental e Médio localizadas em áreas consideradas rurais.

    Até o inicio da década de 90, quando a escola ainda era considerada tradicional, ou seja, não provia de outras técnicas para a formação do aluno, o ensino desprovia-se do auxílio de tecnologia, pois a evolução tecnológica caminhava de forma lenta e não acreditava-se que esta poderia vir a acrescentar algo de importante para o desenvolvimento do aluno.

    Conseqüência natural da continuidade do ensino dito “tradicional”, a falta de inovação no processo ensino-aprendizagem, em suas várias formas, é um problema cada vez mais sério para a educação moderna, tanto pelos reflexos sobre o desempenho intelectual e cognitivo do aluno em sala de aula, quanto pela decorrente evasão escolar conseqüente de um ambiente sem maiores motivadores.

    Somos produto da escola do silêncio, na qual não há interação entre o aluno e o professor. Este é visto pelo aluno como o detentor do saber, aquele o qual deverá transmiti-lo todo o conhecimento.  O ensino-aprendizagem se torna ainda mais inadequado devido à quantidade de conteúdos a serem transmitidos e o excesso de alunos por classe.

    No entanto o aperfeiçoamento da didática construtivista e da tecnologia da informação as quais hoje temos acesso reduziu significativamente as dificuldades encontradas por docentes para introduzir a Informática Educativa como prática pedagógica.

    O desgaste cognitivo, particularmente, pode levar o aluno ao déficit de atenção e conseqüentemente, ao declínio do rendimento escolar. A dispersão da atenção fatalmente resulta na não compreensão e interesse pelo conteúdo proposto, no comprometimento da qualidade de trabalho do aluno e não participação em atividades propostas em sala de aula a qual também compromete a relação interpessoal do aluno com os demais.

    Visando minimizar as indesejáveis influências da falta de atividades em computadores sobre o desempenho escolar e o raciocínio critico do aluno, devem ser elaboradas estratégias que permitam ao professor tornar suas aulas mais atrativas e assim manter os alunos alheio a estes entraves. Neste sentido, surgem os seguintes questionamentos: quais são os benefícios do ambiente computacional em uma sala de aula no meio rural, onde os alunos possuem pouco ou nenhum contato com tecnologia computacional? Em que medida a interdisciplinaridade contribui para o processo de aprendizagem neste sentido? Como se pode organizar um laboratório de Informática Educativa que atenda as necessidades didáticas dos professores e facilite o processo ensino-aprendizagem em locais onde o computador é novidade?

    As escolas, principalmente as localizadas em comunidades com baixo nível de desenvolvimento tecnológico, ainda não possuem uma doutrina de introdução de novas tecnologias voltada para o aperfeiçoamento da aprendizagem, o que faz crescer em importância iniciativas neste sentido, tornando este estudo altamente relevante para a otimização do desempenho escolar dos alunos em sala de aula.

    Desta forma, faz-se necessário mudar os paradigmas pedagógicos a cerca da metodologia utilizada para o ensino das matérias e aos conteúdos lecionados, já que os mesmos apresentam-se ineficazes mediante a notória falta de interesse por parte do corpo discente em conseqüência de um ambiente escolar ultrapassado, que não faz parte da sua realidade no campo e principalmente sem maiores fatores motivadores ao aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem.

    Os professores, ao se qualificarem e fazerem uso dos computadores como ferramentas na sala de aula, não devem apenas se limitar a executar e "assistir" as tarefas ligadas às atividades de TI (Tecnologia da Informação), devem sim trabalhar de forma conjunta para a concepção e condução dessas atividades de forma a torná-las atrativas para os alunos.

    No mundo das comunicações e da informática estão surgindo diferentes formas de pensar e conviver. A relação existente entre os homens e tudo a sua volta depende das mudanças constantes de dispositivos eletrônicos, virtuais e computacionais de todos os tipos. Cada vez mais avançada, a Informática atua em campos cada vez mais amplos, incluindo neles: a escrita, a leitura, a visão e a aprendizagem.

    Segundo JONASSEN1 (1996), a aprendizagem com tecnologia classifica-se em:

    Learning From (aprender a partir da tecnologia) - A tecnologia apresenta o conhecimento como se ele fosse apresentado pelo próprio professor e o papel do aluno é receber esse conhecimento.

    Learning About (aprender acerca da tecnologia) - A própria tecnologia é objeto de aprendizagem;

    Learning By (aprender por meio da tecnologia) - O aluno adquire o conhecimento ensinando o computador através de programação;

    Learning With (aprender com a tecnologia) - O aluno absorve o conhecimento utilizando as tecnologias como ferramentas que devem apóiá-lo nos processos cognitivos. A questão mais importante aqui não é a tecnologia por si só, mas a maneira com que “vemos” essa mesma tecnologia, usando-a sobretudo, como estratégia cognitiva de aprendizagem.

Discussão

    A atual tecnologia vem possibilitando novas formas de ler, escrever, pensar e agir. O simples uso de um aplicativo para edição de textos provoca no indivíduo uma forma diferente de pensar, visto que o mesmo pode registrar suas idéias de forma bem diferentemente daquela do texto escrito a mão, conseqüência da diferença da interpretação e leitura.

    A denominação "seres-humanos-com-mídias" traz o conceito de seres humanos formados por técnicas, as quais tendem a alongar ou transformar o modo de raciocinar dos mesmos. É válido ressaltar, que concomitantemente a este processo, esses mesmos seres humanos modificam constantemente as técnicas a serem aplicadas.

    Um exemplo prático do benefício do laboratório de informática é o de um colégio localizado no interior de Minas Gerais, área predominantemente rural em que os alunos apresentavam sérios problemas de aprendizado. Nesta escola, um aluno que se mostrava, ocasionalmente, desleixo ao escrever, obteve significativa melhora no seu desempenho por meio do uso do computador implantado através de um convênio entre prefeitura e uma grande empresa de telecomunicações, que fornecia acesso a Internet via-satélite a locais de difícil acesso onde outras tecnologias não estavam disponíveis.

    Através deste estudo, foi visto também que existe uma forte relação entre o desenvolvimento motor e a utilização de computadores. O desenvolvimento motor está associado, principalmente, ao manuseio do mouse, no qual o aluno precisa, na medida do possível, coordenar o movimento das mãos com o movimento do ponteiro do cursor na tela onde está sendo desenvolvida a atividade.

    Ao utilizarmos o computador como um recurso pedagógico torna-se possível eliminar ou reduzir as dificuldades de aprendizagem ou distúrbios, quer sejam: falta de atenção, falta de concentração, dificuldade de concentração, dificuldade de memorização, agressividade ou hiperatividade.

    Por meio dos recursos proporcionados pelo computador, trabalha-se de forma mais fácil a percepção visual, espacial e temporal, coordenação viso-manual, raciocínio lógico matemático, linguagem e expressão oral, leitura de imagem, alfabetização, etc.

    A ação da Informática aplicada à Educação tem como principais características além da óbvia interatividade, seu dinamismo e capacidade de estimular principalmente os mais jovens, proporcionando uma construção do saber bem próxima do que os pedagogos consideram “construtivismo ideal”.

    A interdisciplinaridade é uma das principais idéias no trabalho com Informática Educativa nos colégios que utilizam o computador como recurso de aprendizagem. Entretanto há dois problemas que agravam o ensino do pensar. O primeiro consiste no fato de que a maioria das escolas, ao organizar seus currículos em torno de disciplinas, deixam-nas completamente independentes, como se não houvesse interação entre elas. O segundo refere-se ao método de ensino, que ocorre apenas por meio da exposição oral dos conteúdos e do uso exclusivo do livro didático.

    Considera-se necessário implantar os conhecimentos visando  inseri-los na vida do aluno, por exemplo, fazendo-os refletir sobre como utilizar tais conhecimentos na resolução de problemas e situações concretas, existentes na sua realidade no campo ou fazenda.

    A interdisciplinaridade traria uma nova perspectiva a este cenário, visto que a mesma possibilita o diálogo entre os mais diversos saberes. Essa é, sem dúvida, uma visão mais “globalizante”, através da qual busca-se uma nova abordagem do ensino. Entretanto, o valor intrínseco de cada disciplina declara não haver interdisciplinaridade sem a disciplinaridade. Além disso, remete-nos a reflexão sobre a importância de considerarmos a articulação das atividades a serem realizadas com objetivos, conteúdos e estratégias da formação de professor no projeto pedagógico da escola. Afinal, precisamos contar com a presença de profissionais competentes e cidadãos atuando nas escolas.

    A educação deve ir além do saber “conteúdista”, restrito ao conhecimento de cada disciplina, o qual se mostra muito distante da realidade vivida pelo educando nessas áreas. A função maior da escola é formar cidadãos críticos e conscientes de seus deveres e direitos. Entretanto, é necessário que os educadores consigam articular seus conhecimentos a fim de obter um todo bem organizado, dotado de significação mais ampla.

    O esquema de ensino baseado em disciplinas, aparentemente independentes, prejudica o entendimento do aluno, pois este não consegue perceber a relação existente entre elas. Assim, o aluno as entende como realidades separadas, não assimilando seu conteúdo como uma única realidade.

    Em suma, a idéia de interdisciplinaridade é fundir as práticas como um trabalho integrado de forma que cada um contribua com sua experiência de forma a somar e não compartimentalizar o saber que, desta forma, torna-se comum.

    A seguir serão apresentadas algumas sugestões do uso da informática educativa para as principais disciplinas:

Quadro 1. Atividades com Informática em sala de aula para o Ensino Infantil

Recursos da Informática Educativa

Ciclo: Ensino Infantil

Desenhos livres no MS Paint trabalhando cores e formas.

Utilização de jogos educativos voltados para a devida faixa etária.

Fonte: O Autor.

 

Quadro 2. Atividades com Informática em sala de aula para o Ensino Fundamental I.

Disciplina

Recursos da Informática Educativa

Ciclo: Ensino Fundamental I - 1ª a 4ª

Português

Pesquisar na Internet sobre alguma famosa peça teatral, indicando seu (s) autor (es), atores e data em que foi escrita assim como criticas vinculadas nos principais meios de comunicação escrita; Reproduzir o texto teatral no MS Word sobre a concepção e visão dos alunos; Ao término os alunos podem fazer os convites para a peça e até mesmo apresentá-la.

História

Pesquisar na Internet sobre a diversidade cultural no Brasil e suas origens; Construir um jornal no MS Word sobre os principais resultados obtidos na pesquisa.

Matemática

Utilizar planilha eletrônica como ferramenta para calcular média e porcentagens, possibilitando assim fazer uma melhor escolha de preço de produtos que costumam comprar em supermercado e shoppings; Construa um gráfico comparando os dados identificando o menor e maior preço.

Geografia

Trabalho com escala: Confecção de uma planta baixa com escala no MS Paint de um ambiente do cotidiano do aluno, como por exemplo, as dependências da escola.

Ciências

Pesquisar na Internet sobre o destino de pilhas e baterias nas principais cidades do país; Utilizar planilha eletrônica para gerar um gráfico indicando quais das cidades pesquisadas mais contamina o meio ambiente com esse tipo de lixo tecnológico; Confecção de jornais ou cartazes divulgando o impacto causado pelas pilhas e baterias no solo e nos lençóis freáticos.

Fonte: O Autor.

 

Quadro 3. Atividades com Informática em sala de aula para o Ensino Fundamental II.

Disciplina

Recursos da Informática Educativa

Ciclo: Ensino Fundamental II - 5ª a 9ª

Português

Produção de textos, manuais, cartazes, slogans utilizando o MS Word ou algum outro editor de texto similar como, por exemplo, o Open Office.

História

Mural da história, jornal ou revista; Entrevistas com os familiares e descobrir sua origem. Comente um pouco sobre a cultura desse povo e como seus antepassados chegaram ao Brasil. Analisar o seu sobrenome e pesquisar se ele tem brasão. Usar a Internet para fazer esta pesquisa. Reproduzir o desenho do brasão utilizando o Paint, copiar e colar no PowerPoint.

Matemática

Produção de gráficos; Montar classificados com as profissões oferecidas nos bairros próximos à residência do aluno e o grau de escolaridade exigido, pode fazer um gráfico ou expressar o percentual entre chance com escolaridade.

Geografia

Confecção de mapas no MS Paint, Print Artist ou editor de imagens equivalente mostrando a fome, dengue, violência, desenvolvimento urbano, as regiões onde o mundo do trabalho mudou, as regiões de nossa cidade, estado, país e a relação entre as oportunidades de trabalho e o grau de escolaridade exigido; confecção de jornais ou cartazes mostrando o trabalho pesquisado; troca de informações com alunos de outras regiões do país;

Ciências

Construir um texto no MS Word, mostrando as necessidades de conscientização em relação à preservação do meio ambiente; fazer uma pesquisa sobre a reciclagem do lixo e desenvolver uma planilha com gráfico de porcentagem mostrando o tempo de decomposição de cada objeto; troca de informações com outras escolas através de correio eletrônico.

Artes

Produção de novas formas de artes com o uso do computador, O professor (a) pode distribuir desenhos de obra de arte e os alunos tentarão reproduzir a pintura, usando as ferramentas do MS Paint. Pesquisar na Internet sobre alguns pintores e suas obras. Deixar que os alunos escolham os quadros que mais gostaram e criar uma galeria de artes para uma revista, ao término criar uma apresentação no PowerPoint.

Educação Física

Pesquisar na Internet sobre as modalidades esportivas, atletas famosos, troca de correspondência com fãs do esporte, e/ou atleta famoso. Ao término criar uma apresentação no PowerPoint e apresentá-la para as turmas de Educação Física.

Fonte: Adaptado de Santos, 2003.

 

Quadro 4. Atividades com Informática em sala de aula para o Ensino Médio.

Disciplina

Recursos da Informática Educativa

Ciclo: Ensino Médio

Português

Literatura

Construir uma história no MS Word; pode-se dividir a turma em grupos e cada um deles escrever um capitulo.

Matemática

Pesquisar na Internet sobre a média salarial em empresas no Brasil e em países de Primeiro Mundo; gerar uma tabela com gráfico no MS Excel indicando em porcentagem quais paises possuem a melhor média salarial.

Química

Pesquisar na Internet produtos que se usa no cotidiano, pesquisar as funções orgânicas neles apresentados e apresentar em forma de tabela o produto e a principal função orgânica que o compõe.

Física

Pede-se para que o aluno calcule a distância entre sua casa e a escola e o tempo que gasta para a realização do percurso. Tais dados serão tomados como base para calcular a velocidade em que caminha, utilizando a equação de velocidade (V= E/T) através dos recursos de fórmulas do MS Excel.

Geografia

Pesquisar na Internet sobre a desigualdade de acesso aos bens e serviços públicos e privados no Brasil; Utilizar MS Excel para gerar um gráfico indicando quais dos estados brasileiros tem o maior número de instituições de ensino, de saúde e espaços de lazer e cultura.

Biologia

Pesquisar na Internet a respeito do surgimento e da evolução dos seres vivos na Terra; produzir uma apresentação no PowerPoint como se fosse uma linha do tempo representando os eventos mais importantes de cada intervalo.

Fonte: O Autor.

    Preocupar-se em organizar o laboratório de informática de forma prática e eficiente contribui para o desenvolvimento de projetos educacionais, pois, os usuários passam muito tempo em frente ao microcomputador, necessitando de um espaço de trabalho com dimensões adequadas, sob pena inclusive de contraírem LER - Lesões por Esforços Repetitivos.

    Daí a necessidade de verificarmos o período máximo de uso do computador em um laboratório. Considera-se desaconselhável exceder o período de 50 minutos; bem como, manusear o mouse ou digitar textos por mais de 20 minutos. Estas são medidas que visam evitar a síndrome do túnel carpal, isto é, a tendinite. Assim como, o cansaço e a indisciplina.

    Algumas preocupações com relação a mobiliário, climatização, iluminação, rede elétrica e cabeamento de dados devem ser consideradas para que os alunos usufruam de uma sala de informática bem estruturada que permita desenvolver uma aula com conforto.

    Quanto à iluminação, pode-se optar pela natural ou artificial. Na iluminação natural é aconselhável a existência de janelas, sendo que, neste caso deve-se utilizar persianas ou cortinas do tipo “corta-luz”, porque a incidência direta de sol pode causar contraste excessivo nas telas dos micros e, conseqüentemente, cansaço visual, queda de rendimento e produtividade no trabalho.

    No caso de utilização de iluminação artificial, aconselha-se o uso de lâmpadas fluorescentes preferencialmente dotadas de interruptores independentes, pois desta forma o professor tem um maior controle das luzes, podendo, por exemplo, desligar parcialmente as luzes próximas ao quadro branco, evitando assim reflexos que dificultam a visualização dos alunos.

    Outra alternativa é a utilização de luminárias, entretanto, é importante colocá-las a uma certa distância do teto para obter uma uniformidade de luminosidade no ambiente. Aconselha-se, também, pintar as paredes com cores pastéis e o teto de branco, a fim de evitar ofuscamento de luz.

    A existência de estabilizadores é indispensável para garantir aos equipamentos proteção contra surtos de energia*, principalmente em áreas rurais onde o uso de geradores é muito comum. Se a tensão se elevar acima de 127 volts, há um problema na rede elétrica, e o estabilizador de energia ajuda a evitar que esse problema danifique o computador.

    A estrutura do cabeamento lógico é importante para evitar panes e problemas com a comunicação da rede do laboratório, portanto devem ser tomados cuidados na hora da estruturação, pode-se optar por piso elevado em todo o ambiente ou pela utilização de canaletas plásticas ou eletrodutos metálicos, sendo que, para este último faz-se necessário o aterramento dos eletrodutos a fim de diminuir a intensidade das interferências de emissões de rádio e campos eletromagnéticos gerados pela rede de eletricidade e aparelhos elétricos.

    É importante ressaltar a importância da existência de uma divisão física entre rede elétrica e lógica, ou seja, não se deve compartilhar o mesmo duto para ambos, visto que, a interferência eletromagnética gerada pelos cabos elétricos é uma das maiores causas de perturbações geradas nas transmissões de dados em redes de computadores.

    A utilização de pisos elevados é mais indicada para laboratórios de informática, pois dessa forma os fios de telefonia, energia e dados não causam transtornos ou mesmo acidentes com professores e alunos.

    O dimensionamento ideal de um laboratório de informática é aquele onde cada microcomputador ocupe um espaço entre 2m² e 2,5m², com espaçamento mínimo de 1m entre as máquinas. Observamos que na prática esta distância permite um espaço adequado para a operação da máquina, minimizando possíveis desconfortos anatômicos e “esbarrões” com o aluno que utiliza a máquina ao lado.

    A adoção de um quadro de laminado melanínico branco, também conhecido simplesmente como “quadro branco" ou “White Board” é preferível ao do quadro tradicional de giz visto que o pó de giz pode penetrar nos orifícios de ventilação dos computadores, trazendo prejuízos e danos. Outra consideração que devemos fazer para evitar a utilização de giz é o fato de que normalmente salas de informática são climatizadas e portanto o pó de giz em suspensão pode causar danos aos sistemas respiratórios dos alunos e inclusive aos próprios aparelhos de ar-condicionado.

    Quanto aos sistemas de climatização também cabe aqui recomendar que a temperatura ambiente deve ser de cerca de 25º.C, que pode ser obtida com um ou vários aparelhos de Ar-condicionado (todavia, este pode ser dispensado caso a temperatura ambiente não seja muito superior a este valor nos momentos de utilização dos laboratórios, como no caso de algumas regiões rurais localizadas no Sul do Brasil). Os aparelhos devem ser preferivelmente do tipo Spliter (por possuir menor nível de ruído) ou na falta deste, por aparelhos de janela com compressor rotativo. A umidade também poderá ser controlada.

    O correto dimensionamento deste quesito deve ser realizado por profissional qualificado levando em consideração a carga térmica do ambiente (número de alunos, número de computadores, exposição a luz solar e etc.)

    Os pontos de distribuição de energia elétrica devem ser adequados para utilização de computadores e demais equipamentos de informática que necessitam aterramento real (as conhecidas tomadas de três pinos). Estas tomadas e suas respectivas linhas não devem ser compartilhadas com outros tipos de equipamentos, devendo possuir circuito próprio para evitar possíveis interferências elétricas, descargas ou outros que podem danificar os computadores e seus periféricos. A utilização de estabilizadores é sempre recomendada. No-breaks podem ser utilizados opcionalmente.

    Considerando que os cabos elétricos e lógicos (cabos de monitor, impressora, rede, teclado, mouse e etc.) ficam geralmente na parte traseira do equipamento, necessita ser deixado um espaço adequado quando houver trânsito de pessoas.

    Deve ser observada também a presença de falhas na alvenaria como infiltrações e umidade pois estas podem colocar em risco não só os equipamentos como também os ocupantes do laboratório (riscos alérgicos, de choque elétrico, de queda e etc.).

    Por último, cada escola pode dispor os equipamentos de modo a atender seus objetivos, os quais constam no projeto pedagógico. Entretanto, tendo em vista a preocupação de descrever uma situação de laboratório típico, conforme podemos ver na foto abaixo os computadores devem, se possível, ser dispostos de forma a contornar a parede, permitindo assim que os professores visualizem todas as telas e transitem livremente pela sala.

Ilustração 1. Disposição dos computadores no laboratório

Fonte: O Autor.

Conclusão

    O momento de inserção do computador em sala de aula nos meios rurais é muito importante e não se deve forçar o docente a uma aceitação imediata dos benefícios do mesmo como recurso pedagógico, pois se corre o risco de reforçar a idéia equivocada de que o computador poderá substituí-lo no papel de transmissor de conhecimentos.

    A utilização da tecnologia em sala de aula, tomando os devidos cuidados quanto à elaboração de atividades e adequação do ambiente em que ocorrerá o processo ensino-aprendizagem, pode trazer uma nova alternativa para se alterar positivamente o desempenho de alunos que apresentam algumas modalidades de DPA tais como: falta de atenção, falta ou dificuldade concentração, dificuldade de memorização, agressividade e hiperatividade.

    Concluindo, ressalta-se que o uso da Informática Educativa em Ambiente Escolar colabora para a melhora do processo de ensino-aprendizagem, tornando-o uma experiência agradável, criativa, desafiante, moderna e até mesmo lúdica na qual o educando é estimulado a construir seu próprio conhecimento em um ambiente interdisciplinar.

Nota

  1. JONASSEN, D. Using Mindtools to Develop Critical Thinking and Foster Collaboration in Schools. Columbus, 1996.

Referências

  • BASTOS, B. Colégio Santo Inácio. Entrevista concedida em 03 de março. 2007.

  • BORBA, M. C.; PENTEADO, M. G. Informática e Educação Matemática – coleção tendências em Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

  • DOMINGUES, C. A. Aula Ministrada na Pós-Graduação Lato Sensu em Informática na Educação da Faculdade São José. Rio de janeiro, 2006.

  • FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. São Paulo: Loyola, 1993.

  • FRÓES, J. R. M. Educação e Informática: A Relação Homem/Máquina e a Questão da Cognição. Disponível em: http://www.proinfo.gov.br/biblioteca/textos/txt. Acesso em: 20 de julho de 2007.

  • GALLO, S. Educação e Interdisciplinaridade; Impulso. vol. 7. n. 16. Piracicaba: Unimep, 1994, p. 157-163.

  • HEINECK, D. T. A Interdisciplinaridade no processo ensino-aprendizagem. Disponível em: http://www.unescnet.br/pedagogia/direito9.htm. 2002. Acesso em: 20 de julho de 2007.

  • Internet & Cia - Informática na Escola. Disponível em: Http://www.educarede.org.br/educa/internet_e_cia/informatica.cfm?id_inf_Escola. Acesso em: 24 de maio. 2007.

  • JONASSEN, D. Using Mindtools to Develop Critical Thinking and Foster Collaborationin Schools. Columbus, 1996.

  • LÉVY, P. As Tecnologias da Inteligência. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1994.

  • LIBÂNEO, J.C. Adeus Professor, Adeus Professora ? Novas Exigências Educacionais e Profissão Docente. Ed. Cortez, 1998. São Paulo, SP.

  • MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação a Distância. Programa Nacional de Informática na Educação. CARTILHA: Recomendações para a Montagem de Laboratório de Informática nas Escolas. Disponível em: http://www.cted.see.rj.gov.br/nterj/escolas/me000353.pdf_. Acesso em: 14 maio de 2007.

  • PENTEADO, M.; BORBA, M. C. A Informática em ação - Formação de professores , pesquisa e extensão. Cidade: Olho d`Água, 2000, p 29

  • RODRIGUES, M. G. V.; MADEIRA, J. F. C.; SANTOS, L. E. P.; DOMINGUES, C. A. Metodologia da pesquisa: elaboração de projetos, trabalhos acadêmicos e dissertações em ciências militares. 3. ed. Rio de Janeiro: EsAO, 2006.

  • SANTOS. A - Disponível em: http://www.angeladossantos.blogger.com.br/ Acesso em: 31 de agosto de 2003.

  • Weiss, A.M.L.; Cruz, M.L.R.M. A informática e os Problemas Escolares de Aprendizagem. 2. ed. DP&A,1999. Rio de Janeiro, RJ.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/

revista digital · Año 14 · N° 141 | Buenos Aires, Febrero de 2010  
© 1997-2010 Derechos reservados