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Relação entre alterações posturais, amplitudes de movimento

e atividade profissional de cozinheiras e auxiliares de cozinha

Relación entre alteraciones posturales, amplitudes de movimiento y actividad profesional de cocineras y auxiliares de cocina

 

*Graduada em Educação Física pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.

**Doutora em Ciências do Movimento Humano pela

Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, da ESEF/UFRGS

Professora do curso de Fisioterapia da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – ESEF/UFRGS.

***Graduado em Educação Física pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.

****Mestre do Programa de Pós-Graduação em

Ciências do Movimento Humano, da ESEF/UFRGS

Janete Christianus*

Cláudia Tarragô Candotti**

Matias Noll***

Ana Maria Steffens Pressi****

claudia.candotti@ufrgs.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Os objetivos deste estudo foram verificar: (1) se as alterações posturais de cozinheiras e auxiliares de cozinha são decorrentes de assimetrias musculares e (2) se estas alterações posturais podem ser decorrentes do tipo de atividade profissional. A amostra foi constituída por 33 funcionários, cozinheiras e auxiliares de cozinha de ambos os sexos do Restaurante Universitário da UNISINOS. Foram realizadas duas avaliações: Avaliação Postural Estática, em um posturógrafo, observando desvios posturais, ântero-posteriores e látero-laterais, e Avaliação Goniométrica, sendo verificado a presença de limitações na amplitude de movimento, inferindo a existência de encurtamento musculares. Foi utilizado o programa SPSS 15.0 para a realização dos seguintes testes: (1) análise de variança two-way com medidas repetidas, para verificar as diferenças existentes entre as funções e os sexos e (2) teste t para amostras independentes comparando as médias das avaliações posturais e goniométricas. O nível de significância adotado foi 0,05. Os resultados demonstram que: (1) os homens apresentaram em média, amplitude de movimento maior que as mulheres, (2) as mulheres apresentam maior ocorrência de hiper-lordose e escoliose enquanto que os homens apresentaram maior incidência de cifo-lordose e (3) não existe relação entre as funções exercidas com as alterações posturais (p=0,370).

          Unitermos: Goniometria. Alteração postural. Postura e trabalho

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 141 - Febrero de 2010

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Introdução

    A postura do ser humano passou por uma série de transformações, iniciadas a milhares de anos, saindo de uma posição quadrúpede para uma postura ereta, adotada no momento em que os membros superiores deixaram de ser utilizados para a locomoção para serem usados na busca de alimentos. (BLACK, 1993). Incorporadas à espécie e à coluna vertebral, essas alterações anatômicas, sofrem, constantemente, novas modificações devido a fatores como idade, hábitos, tipo de trabalho e outros (KNOPLICH, 1985).

    A literatura aponta duas correntes distintas para definir a postura corporal. Uma do ponto de vista mecânico, ou seja, a postura padrão “ideal”, onde há um alinhamento vertical em que os diferentes segmentos corporais (cabeça, tronco e pelve) estão equilibrados uns sobre os outros e alinhados em relação ao fio de prumo. Podem ser citados como partidários desta visão, autores como Bowen (1953) e Kendall, McCreary & Provance (1995). Já Lapierre (1982), Denys-Struyf (1995) fazem referência a postura corporal como uma questão individual, estando relacionada ao comportamento do indivíduo, não se prendendo ao fio de prumo. Para estes autores não há uma postura ideal, considerando a maneira de ser como influenciadora dos gestos. Mello (1986), após pesquisa de vários autores, definiu que não existe uma postura normal, mas sim diversas posturas normais, cada uma de acordo com as características do seu portador. O autor sugere ainda que deve se evitar a expressão “postura normal” e empregar a denominação “boa postura”, sempre que houver, segundo Hullemann (in Mello, 1986 p.38), “harmonia entre as características do corpo e o estado emocional, dentro de uma postura ereta e tônica”.

    Autores como Caillet (1988) e Kendall, McCreary & Provance (1995) e Scott (1996) relacionam a postura aos hábitos e concordam que o homem adquire hábitos muito próprios ao longo do seu desenvolvimento.

    A postura, tanto estática, como dinâmica, nas atividades de vida diárias (AVDs) e na prática de esportes e atividade física, tem uma função extremamente relevante na harmonia entre corpo e mente, proporcionando saúde e bem-estar geral ao indivíduo.

    Uma ‘boa postura’ nas AVDs mantém o esforço total, tanto articular como muscular, em seu mínimo, distribuindo-o para as estruturas mais aptas a suportá-lo, ocorrendo um menor dispêndio de energia para um mesmo movimento. A ‘má postura’ tem efeito contrário, aumentando o estresse total, distribuindo-o para estruturas menos capazes de suportá-lo, gerando um maior desgaste articular e fadigando a musculatura agonista (VICKERY & MOFFAT, 2002).

    Conforme Candotti (1993, p.19) “O termo boa postura indica manutenção do alinhamento das partes do corpo com o mínimo gasto de energia, sendo, acima de tudo, uma questão individual”. A postura adequada varia de uma pessoa para a outra, dependendo da estrutura óssea e muscular, pois o homem é um ser biologicamente diferentes, não existindo assim uma única postura ‘correta’ para todas as pessoas.

    Todos os tipos de boa postura caracterizam-se principalmente por um aspecto essencial: o alinhamento correto da coluna vertebral. Uma coluna vertebral bem-alinhada passa pelo centro do corpo, desde a parte de trás da cabeça ate o cóccix. Lateralmente, a coluna vertebral apresenta três curvaturas naturais, com o pescoço formando na parte superior uma delicada curva em C com abertura voltada para trás, a parte superior das costas uma curvatura delicada em C, com abertura voltada para a frente, e a parte lombar, outra curva delicada em C com abertura voltada para trás. E, termos gerais, considera-se má postura qualquer uma que não mantenha essa posição. (VICKERY & MOFFAT, 2002).

    Segundo Verderi (2005, p.2) “a melhor postura a ser adotada por um individuo é aquela que preenche todas as necessidades mecânicas do seu corpo e também possibilita ao indivíduo manter uma posição ereta com o mínimo esforço muscular”. Portanto, não estando o corpo alinhado, numa posição confortável, não mantendo as curvaturas naturais da coluna vertebral em todas as AVDs, assumi-se uma posição de má postura, propiciando muitos desequilíbrios posturais.

    Caso o indivíduo permaneça por muito tempo numa posição inadequada, seu corpo estará sendo submetido a uma sobrecarga mecânica e ela ocasionará síndromes dolorosas devido a alterações dos padrões músculo-esqueléticos. Com o passar dos meses, ou anos, essa síndrome dolorosa, ocasionada pelo acúmulo contínuo de sobrecarga poderá tornar-se um problema estrutural, ou seja, um desvio postural, o que requer um tratamento mais complexo e delicado. Segundo Pinto (2001, p.1) a má postura dificulta os movimentos, pois os músculos sofrem tensão e a circulação ocorre lentamente devido “à compressão dos vasos sanguíneos pelas fibras musculares, comprimindo também as vértebras umas sobre as outras, acentuando-se as curvaturas dorsais e lombares”.

    Seguindo esta linha, Black (1993), afirma que a evolução de cada ser humano, desde a fase embrionária até a vida adulta, passa por várias fases distintas e é influenciada por um grande número de fatores, desde genéticos, psicológicos e fisiológicos, até experiências fisico-motoras, que podem contribuir negativamente para a posição final da postura do indivíduo.

    Determinadas posições, quando mantidas por um período longo de tempo, podem provocar modificações posturais, desse modo, acredita-se que posições características de algumas profissões são capazes de provocar alterações da postura corporal. Com o advento da industrialização e evolução dos meios de transporte e da tecnologia disponível atualmente, foram surgindo as “doenças da civilização moderna”, intimamente relacionadas com as atitudes e atividades corporais, aparentemente mais cômodas. De todas as atividades da vida diária, as profissionais, provavelmente, sejam as principais responsáveis por problemas na coluna vertebral e na musculatura cérvico-dorso-lombar, por exigirem horas e horas de concentração e movimentos limitados, extremamente danosos ao corpo (BLACK, 1993).

    Nenhuma das teorias existentes até hoje, sobre qual a postura mais adequada, está isenta de críticas, sendo necessário levar em consideração a influência de múltiplos fatores intervenientes da postura e, quanto mais específicas forem as definições de postura, como postura estática, postura dinâmica, entre outras, as baterias de testes e exames devem também ser mais específicos (GERALDES, 1993; RIO, 1998). Acredita-se que a utilização de avaliações postural e goniométrica possa contribuir na elaboração de diagnósticos posturais, uma vez que muitas podem ser as causas que envolvem a má postura. A associação entre os resultados destas duas avaliações podem fornecer informações sobre a existência ou não de desvios posturais, servindo também como subsídio para confirmar algumas das causas que possam estar favorecendo estes desvios, como por exemplo, encurtamentos musculares.

    Na atualidade, um dos maiores problemas que hoje são enfrentados pelos países em desenvolvimento e que contribui consideravelmente para limitar a vida ativa das pessoas, com certeza, são os ‘males da coluna’, tornando os adultos, na maioria dos casos, precocemente incapacitados para muitas atividades da vida diária (DELOROSO, 1999).

    Os problemas posturais são atualmente uma preocupação universal, pois é grande o número de incapacitados para o trabalho, casos de aposentadorias precoces nos Estados Unidos da América, bem como, dias de trabalho perdidos por ano na Suécia.(SANTOS, 1998). Aproximadamente oitenta por cento da população mundial tem ou tiveram um problema de dor relacionado com a coluna (KNOPLICH, 1982). Estes problemas acontecem, em sua maior parte, pelas posturas incorretas adotadas no dia-a-dia, durante muitas semanas e meses; posições inadequadas no trabalho, nas tarefas de casa, na sala de aula, sendo a maioria por desconhecimento da postura correta nas AVDs, e os malefícios da posição em que a coluna vertebral não esteja alinhada e mantendo as suas curvaturas naturais.

    As dores na coluna vertebral, lombares, ciáticas e cervicais, disseminam-se de uma forma quase epidêmica, atingindo grande parte da população mundial. Segundo Black (1993, p.21) “as dores podem tornar-se agudas, crônicas e insuportáveis, a ponto de levar o paciente a um estado de imobilidade física quase total e a um desespero perfeitamente compreensível”. No Brasil, setenta por cento dos pacientes que buscam atendimento médico em clínicas ortopédicas reclamam das dores na coluna, e entre 8 e 10 pessoas as terão em alguma época da vida (BLACK, 1993).

    Este estudo tem como objetivo verificar as prováveis causas das alterações posturais relacionadas com a atividade profissional, mais especificamente, verificar: (1) se as alterações posturais de cozinheiras e auxiliares de cozinha são decorrentes de assimetrias musculares e (2) se estas alterações posturais podem ser decorrentes do tipo de atividade profissional. As hipóteses deste estudo foram: (H1) as possíveis alterações posturais que os cozinheiros e auxiliares de cozinha apresentam são decorrentes de assimetrias musculares, entre os lados direito e esquerdo do corpo e (H2) as posturas adotadas pelos cozinheiros e auxiliares de cozinha, durante a realização de suas tarefas, favorecem as alterações posturais.

Materiais e métodos

Amostra

    A amostra foi intencional e constituída de 33 funcionários da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), distribuídos em três grupos: (1) sete cozinheiras (2) vinte e um auxiliares de cozinha do sexo feminino e (3) cinco auxiliares de cozinha do sexo masculino. A carga horária diária de todos os grupos era de 8 horas, totalizando 44 horas semanais. Todos os funcionários participaram voluntariamente deste estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade.

Procedimentos

    Foram realizadas duas avaliações: (1) Avaliação Postural Estática, em um posturógrafo, observando desvios posturais como hiper-lordose, hiper-cifose, escoliose. Os dados foram coletados através da observação dos pontos anatômicos dos funcionários e comparados com os pontos anatômicos de referência da postura citados por Kendall, McCreary & Provance (1995), tanto na vista posterior quanto na lateral e (2) Avaliação Goniométrica, onde foi verificada a presença de limitações na amplitude de movimento, inferindo a existência de encurtamentos musculares. Nesta avaliação foi utilizado um goniômetro de acrílico, o qual foi adaptado, colocando-se uma régua de 50 centímetros e dois níveis em cada extremidades. Os funcionários foram informados com antecedência sobre os procedimentos e trajes para a realização das avaliações, datas, locais e objetivos do estudo. Todas as avaliações foram realizadas por dois avaliadores, sendo sempre os mesmos em todas as avaliações e os resultados foram preenchidos nas fichas de avaliação individual. Após o posicionamento do funcionário, pelos avaliadores, eram localizados, através do método de palpação, os pontos anatômicos de referência, posicionando o goniômetro nos mesmos, e nivelando suas hastes junto ao osso imediatamente distal, a articulação avaliada, sendo a articulação avaliada estabilizada por um dos avaliadores para evitar possíveis deslocamentos durante a realização do movimento.

Tratamento estatístico

    Foi utilizado o programa SPSS 15.0 para a realização dos seguintes testes: (1) análise de variança two-way com medidas repetidas, para verificar as diferenças existentes entre as funções e os sexos e (2) teste t para amostras independentes comparando as médias das avaliações posturais e goniométricas. O nível de significância adotado foi 0,05.

Resultados e discussão

    Os resultados deste estudo demonstraram que as amplitudes de movimento (ADM) dos lados direito e esquerdo foram iguais para todos os indivíduos, sinalizando a existência de simetria muscular, assim como revelaram que os homens apresentam maior ADM que as mulheres, como pode ser observado na Tabela I.

    Estes resultados, quando submetidos ao tratamento estatístico, mostraram que não houve diferença significativa nas ADM dos lados direito e esquerdo do corpo, indicando a existência de simetria muscular. Portanto, rejeita-se a hipótese experimental (H1) desse estudo, de que as alterações posturais dos três grupos estudados fosse causadas por encurtamento muscular unilateral.

    Mello (1986) afirma que os fatores que influenciam a postura ainda são inexplicáveis e em vista disto, difíceis de detectar, sendo diversos e difíceis de precisar qual o mais atuante, por estarem interligados. Entretanto, é de consenso que os corpos tendem a se acomodar as posições e posturas que o homem costuma assumir, bem como às atividades desempenhadas diariamente, devido a formação de hábitos (SCOTT,1996). Entretanto, este resultado deve ser visto com cautela, uma vez que a avaliação goniométrica é bastante subjetiva, dependendo muito da habilidade do avaliador. Sugere-se para uma confirmação mais segura, a aplicação de outros métodos de avaliação além da goniometria. Bientfait (1995) cita que os desvios posturais possuem inúmeras causas, desde fatores psicológicos a encurtamentos musculares. E, em razão disto, se faz necessário os mais variados testes para um diagnóstico mais seguro, bem como a associação dos resultados dos diversos testes.

    A comparação dos resultados da avaliação postural, entre os sexos, mostrou que entre os homens houve maior incidência da postura de cifo-lordose, enquanto que para as mulheres o maior percentual foi para as posturas de escoliose e hiper-lordose. Como não houveram diferenças significativas que indicassem encurtamentos musculares, não pode-se verificar a origem destes desvios posturais.

    Black (1993), afirma que atividades profissionais leves ou pesadas exercem pressão de forma diferenciada no corpo, principalmente sobre a coluna vertebral. Portanto, considerando que a realização de tarefas dos três grupos era diferenciada para ambos os sexos, onde os homens se ocupavam de tarefas mais pesadas, como carregar pesos, etc., do que as mulheres, provavelmente a pressão exercida sobre a coluna ocorresse em local diferente, o que acarretou em diferentes tipos de desvios posturais. Couto (1998) afirma que o tempo para a instalação de lesões ou desvios posturais esta relacionado com a intensidade dos fatores biomecânicos e com a potencialização entre os mesmos, onde uma tarefa que exija maior esforço acelera o desenvolvimento das lesões. Desse modo, supõe-se que os desvios posturais observados nos três grupos estudados estejam relacionados aos fatores biomecânicos das tarefas realizadas pelos mesmos.

    Os resultados da avaliação postural, quando comparadas as funções, mostraram maior incidência de posturas de escoliose para as cozinheiras que para os auxiliares de cozinha (Figura 1). Assume-se que estas alterações posturais observadas, tanto em cozinheiras como auxiliares de cozinha, estão diretamente relacionadas a atividade profissional, uma vez que os desvios tenderam a um tipo específico, como observados nas avaliações posturais. Entretanto, salienta-se que estes resultados devem ser vistos com cautela, uma vez que a amostra foi composta por limitado número de cozinheiras.

Figura 1. Ocorrência de tipos posturais, segundo a classificação de Kendall et al. (1995), observados nos funcionários quando comparados entre as funções de trabalho

    Aceita-se, portanto, a hipótese experimental (H2) deste estudo, de que as posturas adotadas no ambiente de trabalho favorecem alterações posturais, uma vez que foi observada a existência de desvios posturais nos indivíduos dos três grupos estudados, decorrentes provavelmente da adoção de uma má postura durante a realização das tarefas rotineiras.

    Caillet (1988) defende que a postura é em alto grau um hábito, e que repetições de atitudes imperfeitas resultam em função cinética imperfeita, tornando-se padrões posturais imperfeitos, que repetidos, tornam-se enraigados. Couto (1998) entende a postura incorreta como um dos fatores de lesões do aparelho locomotor e Rio (1998) acredita que a adoção de posturas menos ergonômicas causam grande aumento na carga músculo-esquelética dorsal, principalmente do disco intervertebral.

    Os resultados das avaliações goniométricas, quando comparadas às funções de cozinheiro e auxiliar de cozinha, mostraram que não houve diferença significativa (p=0,370) entre as mesmas. Este resultado sugere que ambas as funções envolviam os mesmos afazeres e, portanto, que os indivíduos dos três grupos utilizavam posturas corporais semelhantes.

    Acredita-se que existia influência da atividade profissional nos desvios posturais, e que isto se deve ao sistema de trabalho vivido atualmente, que impõe a necessidade de se estar por longos períodos de tempo em uma mesma posição e realizando os mesmos movimentos. Couto (1998) afirma que as novas técnicas de gerenciamento preconizam a sobrecarga dos trabalhadores, promovendo a quebra do equilíbrio entre o que o trabalho exige e o que o trabalhador é capaz de produzir. Léo et al. (1999) acreditam que os distúrbios relacionados ao trabalho sejam decorrentes da combinação de vários fatores, sendo a permanência do trabalhador no local de trabalho, apontado como um dos disparadores primários para o surgimento das lesões e das posturas inadequadas.

    Portanto, acredita-se que as posturas corporais, quando mantidas fora de um alinhamento ideal geram desvios posturais que, se não corrigidos, tornam-se hábitos, e muitas vezes difíceis de reverter. Desse modo, pensa-se que a adoção de bons hábitos posturais, ou atitudes que levam a reeducação postural e ainda a implantação de programas de ginástica laboral pelas empresas, juntamente com a reestruturação ergonômica dos postos de trabalho são de grande importância para a melhora da qualidade de vida dos indivíduos.

Conclusão

    Os resultados deste estudo sugerem que não existe relação entre as alterações posturais e assimetrias musculares. Sugerem ainda que existe relação entre a função exercida (cozinheiras e auxiliares de cozinha) com a ocorrência de alterações posturais.

    Estes resultados devem ser entendidos como evidências preliminares e analisados com cautela, pois além da amostra ter sido composta por um número diferente de indivíduos por função, também deve-se considerar o fato das avaliações serem subjetivas.

    Considera-se necessária a realização de um novo estudo, que utilize métodos e protocolos mais específicos e objetivos que permitam dados mais consistentes, como por exemplo, avaliação dinamométrica e Raio X, para verificar a relação existente entre a força muscular, a ocorrência de alterações posturais e sua associação com a função exercida no trabalho.

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