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Introdução

    A obesidade na infância e na adolescência tem adquirido proporções epidêmicas em âmbito mundial. No Brasil, a prevalência da obesidade entre crianças está em torno de 20% nas regiões mais desenvolvidas segundo o levantamento do Programa Nacional de Orientações a Obesidade do Ministério da Saúde em 1999. Para Araújo (2008) os estudos relativos à detecção dos indicadores de risco em populações jovens são essenciais para o acompanhamento dos indivíduos que apresentam maior risco de alterações na idade adulta. Muitos estudos na população em geral identificam a obesidade, por meio do índice de massa corporal (IMC), e a distribuição central de gordura corpórea, segundo a relação cintura-quadril (RCQ) e a circunferência abdominal (CA), como fatores de risco para a mortalidade (WHO, 2000). Pretendemos realizar testes de avaliação do RCQ determinando os níveis desta relação em crianças e adolescentes matriculados em escola de futebol na cidade de Lages/SC. Segundo Bernardes e Pimenta (2003):

    “Nas faixas etárias em idade escolar, a conscientização sobre os malefícios da obesidade e o combate ao sedentarismo podem e devem ser realizados pelo profissional da área de Educação Física, que pode exercer um papel auxiliar importante no combate a obesidade infantil, através da identificação precoce de escolares obesos, durante o exercício de sua atividade laboral cotidiana, por meio do emprego de metodologias multidisciplinares adequadas de investigação do crescimento ponderal”.

    Araújo e colaboradores (2008) enfatizam que estudos em crianças e adolescentes que correlacionam outros indicadores antropométricos (pregas cutâneas, perímetro da cintura e a relação cintura/quadril) com os valores da pressão arterial são escassos. Neste sentido o mesmo estudo ainda exclama que o reconhecimento do aumento da prevalência da hipertensão arterial na população jovem e de suas possíveis complicações na vida adulta tem implicações importantes para a prevenção de doenças crônicas, em especial as cardiovasculares. Bernardes e Pimenta (2003) observam que a obesidade na infância gera conseqüências médicas, sociais, econômicas e psicológicas que, se não forem precocemente tratadas, tendem a se refletirem pela vida toda. Desta forma Wilmore (2001) sustenta que a atividade física pode ter o seu efeito mais significativo na prevenção, em vez de no tratamento do excesso de peso e da obesidade. E Nieman (1999) afirma que a obesidade é, indiscutivelmente, um dos males da vida moderna. "Pessoas obesas não só vivem menos, como também têm uma má qualidade de vida em comparação com indivíduos magros desde a infância". Entendendo esta problemática atual Bernardes e Pimenta (2003) propõe um maior incentivo e investimento na Educação Física desde a pré-escola, como forma de prevenção ao crescimento da obesidade infantil e ainda cita que:

    “...é importante que o professor de Educação Física tenha acesso a instrumentos de fácil manuseio para a avaliação dos alunos, integrado à colaboração de outros profissionais da área de saúde. Para tal, é necessário que este educador conte com um índice que revele os níveis de obesidade na escola, que pode ser o RCQ correlacionado com o colesterol, desde que validado para esta faixa etária”.

    Com este intuito e entendendo a responsabilidade dos educadores físicos no que diz respeito à prevenção de doenças ocasionadas pela obesidade infantil e em adolescentes aplicamos o teste que relaciona os índices de cintura – quadril.

Teste relação cintura – quadril

    Seguindo o protocolo de Kissebah (1994) mensuramos os índices de cintura e quadril dos alunos da referida escola de futebol. A circunferência abdominal foi considerada a menor medida de uma circunferência, no nível da cicatriz umbilical no final do movimento expiratório; e a circunferência do quadril, a maior medida de uma circunferência no nível dos quadris e nádegas, desta forma classificamos os resultados conforme determinação da WHO (2000) onde CA (Circunferência abdominal) – em centímetros; RCQ – (Relação Cintura – Quadril) circunferência abdominal dividida pela circunferência do quadril. Segundo algumas literaturas o padrão de distribuição de tecido adiposo, independente da gordura corporal total, altera os riscos para a saúde induzidos pela obesidade. Mais especificamente, relações da cintura-quadril que ultrapassam 0,80 para mulheres e 0,95 para homens, estão associadas com o maior risco de morte por coronariopatias e outras enfermidades (Heyward,2000; McArdle, 1998). Várias investigações sobre diagnóstico de obesidade e determinação de tipo de distribuição de gordura usam, de forma simultânea ou não, os índices antropométricos índice de massa corporal (IMC), relação cintura quadril (RCQ) e perímetro da cintura (Dasgupta, 1999; Booth, 2000; Dobbelsteyn, 2001; Seidell, 2001; Maffeis, 2001; Visscher, 2001). Como em adultos, as crianças podem sofrer efeitos decorrentes da síndrome plurimetabólica (tolerância à glicose diminuída, resistência à insulina, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, obesidade visceral e albuminúria) quando apresentarem distribuição de gordura do tipo abdominal (Moreno 1998).

Padronização do teste de relação cintura - quadril

    O teste foi realizado com a padronização dos alunos em alguns critérios, como uniforme padrão, composto de shorts, camiseta e meias da escola de futebol. O horário de aplicação ocorreu das 14h às 16h, todos no mesmo local e data. Para a coleta de dados antropométricos (perímetro da cintura e do quadril) foi utilizada fita métrica não distensível com intervalos de 0,1 cm e extensão de 100 cm. As medidas foram verificadas três vezes e calculada a média.

Público alvo

    Nossa amostra compreende alunos regularmente matriculados em escola de futebol de Lages/SC, com cronograma de aulas 3 (três) períodos semanais com duração de duas horas aproximadamente. Para nosso estudo relacionamos um total de 53 (alunos) praticantes da modalidade de futebol, todos do sexo masculino, compreendidos na faixa etária entre 13 e 17 anos de idade, praticantes da modalidade de futebol avaliados antes de seu primeiro treino.

Resultados

    A média de idade encontrada em nossa amostra é de 15,06 anos de idade e desvio padrão ± 1,39.

    Os resultados das avaliações da relação cintura – quadril estão expressos na tabela a seguir:

Média	Desvio Padrão
0,87	±0,09

    Levando em consideração a afirmação de Heyward, (2000) e McArdle, (1998), de que as relações da cintura-quadril que ultrapassam 0,80 para mulheres e 0,95 para homens, estão associadas com o maior risco de morte por coronariopatias e outras enfermidades, encontramos em nossa amostra 5 (cinco) indivíduos ou 9,43% da amostra com valor de RCQ superior a 0,95, portanto dentro do grupo de risco a enfermidades decorrentes da obesidade e da gordura localizada na região abdominal.

Conclusão

    Devido à existência de pouquíssimos referenciais ou estudos relacionados ao tema da RCQ em crianças e adolescentes, encontramos dificuldade de classificação de nossa amostra. Porém quando relacionamos a índices encontrados em bibliografias existentes foi preocupante descobrir quase 10% da amostra com índice elevado desta relação de cintura – quadril. Pretendemos desenvolver estudo comparativo desta amostra ou parte dela após período de pratica de treinos de futebol para determinar a importância desta atividade física na redução dos índices de RCQ.

Referências bibliográficas

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• VISSCHER, T. L., SEIDELL, J. C., MOLARIUS, A., VAN DER KUIP, D., HOFMAN, A., WITTEMAN, J. C. - A comparison of body mass index, waist-hip ratio and waist circunference as predictors of all-cause mortality among the elderly; the Rotterdam study. Int J Obes Relat Metab Disord 2001; 25:1730-5. 

• WILMORE, J. H., COSTILL, D. L. - Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2ª ed.São Paulo: Manole, 2001.

• World Health Organization. Obesity: preventing and manging the global epidemic – report of a WHO consultation on obesity. Geneva: World Health Organization; 2000.

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