Expressão Corporal: uma análise das contribuições das linguagens artísticas no contexto escolar |
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*Graduada em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria/RS (UFSM) Especializanda em Educação Física Escolar pela Universidade Federal de Santa Maria/RS (UFSM)
**Graduada Licenciatura Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria |
Ana Paula Fernandes Bragança* Mara Rubia Antunes** (Brasil) |
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Resumo Tomando como referência os pressupostos de ensino da Educação Física Escolar apontados nas Diretrizes, o trabalho com o eixo temático Expressão Corporal relaciona-se com o desenvolvimento das competências instrumental, social e comunicativa, por meio de estratégias de ensino que tomem como ponto de partida e de chegada o mundo cotidiano e o contexto cultural, no qual professores e alunos constroem sentidos e significados para as diferentes manifestações corporais. A presente pesquisa justifica-se pelo fato de existir uma necessidade, através de futuras análises que serão realizadas nas escolas com professores, em proporcionar aos alunos, através do eixo Expressão Corporal, novas formas de desenvolver os mesmos sem que tenham que executar uma técnica ou padrões de movimentos. Unitermos: Expressão Corporal. Educação Física. Escola |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 140 - Enero de 2010 |
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Introdução
As expressões corporais, segundo Fensterseifer (2001), que se conformaram, na modernidade, a uma concepção dicotômica que vê apenas um corpo destituído de historicidade, reduzido à sua dimensão anátomo-fisiológica, vêm sendo arduamente questionadas pela vertente fenomenológica da produção de conhecimento na área de Educação Física.
Por outro lado, estudos atuais vêm alertando para o fato de que as repercussões desta crítica a uma racionalidade técnico-instrumental, que converte as intenções motoras do homem “natural e biológico” em movimentos objetivos, cientificamente estudados, redundou numa ênfase exagerada à “redescoberta do corpo”, às práticas corporais alternativas, às emoções, dentre outras, que abrem um espaço para um discurso compensatório, o qual tenta jogar o corpo para a pura subjetividade.
Tais perspectivas, no entanto, terminam ignorando que a sensibilidade humana é também mediada pela cultura e enquanto tal é histórica, não podendo ser compreendida nem apenas por meio do estudo dos aspectos anatômicos dos movimentos, numa proposição racionalista, nem superdimensionando o pólo oposto, numa visão espontaneísta. (Fensterseifer, 2001).
Neste sentido, tomando como referência os pressupostos de ensino da Educação Física Escolar apontados nas Diretrizes, o trabalho com o eixo temático Expressão Corporal relaciona-se com o desenvolvimento das competências instrumental, social e comunicativa, por meio de estratégias de ensino que tomem como ponto de partida e de chegada o mundo cotidiano e o contexto cultural, no qual professores e alunos constroem sentidos e significados para as diferentes manifestações corporais.
Como parte do Conteúdo da Educação Física, este saber na escola tem ficado basicamente restrito a uma ou no máximo duas breves aulas, quando muito é trabalhado. Os professores parecem não saber como lidar ou aplicar na prática o que estudaram na teoria.
Partindo destas análises surge uma problemática: Como o professor poderia trabalhar este eixo temático na escola?
Em relação aos professores de Educação Física, conforme os currículos de suas formações iniciais acadêmicas e pesquisas desenvolvidas nesta área são aptos a trabalhar tal conteúdo do componente curricular referido. Supõe-se que eles estejam com dificuldades no que concerne ao domínio dos elementos específicos, bem como na sistematização de ensino.
Objetivos
Analisar aulas de Educação Física na escola com intuito de verificar se há ou não a presença do eixo temático Expressão Corporal, bem como suas contribuições no contexto dos alunos.
Metodologia e caracterização da pesquisa
Para investigarmos a aplicabilidade ou não do eixo temático Expressão Corporal na escola, a presente pesquisa em andamento, se caracteriza por ser Qualitativo, o que para Minayo (1993) responde a questões muito particulares, pois se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado.
A pesquisa será baseada em análises sobre as aulas e atuações dos profissionais da área da Educação Física, bem como de seus conhecimentos sobre o eixo temático Expressão Corporal.
A Expressão Corporal
A Expressão Corporal segundo Berge (1981) é uma atitude, que engloba muitas ainda não definidas, estas procuram afirmar-se, ou seja, tornar estes gestos, movimentos em palavras, respostas, frases, que o corpo consegue transmitir e fazer-se entender por aqueles que estão ao seu redor. Poderá ser em dança, caminhar, gestos que levem a identificação de palavras.
É uma expressão, uma palavra, um termo que engloba muitas atividades indefinidas, que procuram com o passar de sua plenitude concretizar-se. Tomar forma de algo, deixar transparecer, aproximar-se e definir-se como algo que será compreendido e assimilado por aqueles que estão neste meio.
Para o autor, a Expressão Corporal é o processo de expressão onde cada indivíduo busca sua maneira de demonstrar e de manifestar suas tristezas, alegrias, conhecimentos, dúvidas, razões e emoções. Para tanto, o ser humano utiliza o seu corpo, como instrumento, para tais manifestações, vivenciando e interagindo.
Estas formas de expressão são individuais e inerentes de cada um, não podendo ser imitadas, quer dizer que cada indivíduo tem uma forma de demonstrar suas atitudes e que estas adquirem forma própria. Estas atitudes são únicas e bem marcantes, podendo o indivíduo ser reconhecido apenas pelo simples caminhar ou pelo gesto executado.
Segundo Berge (1981) a expressão sozinha não diz nada, mas quando vem acompanhada de movimentos torna-se uma palavra composta de muito sentimento e idealismo. Mostramos que somos a natureza viva de muita plenitude de atitudes que ficam guardadas em nosso corpo que qualquer pessoa poderá verificar a magnitude e grandeza de seus significados.
Por isso, se torna importante a aplicação deste trabalho com a população que envolve as crianças e jovens no ambiente escolar, no sentindo de valorizar os mesmos e seus movimentos próprios, bem como seus significados que devem ser analisados, compreendidos e assimilados por eles mesmos e pelo professor.
Papel do professor de Educação Física na Escola
Ao ingressar na escola a criança já traz consigo um conhecimento amplo a respeito de seu corpo, mas muitas vezes não o foi despertado. O professor deverá saber aproveitar esses conhecimentos e a partir deles, promover novos conhecimentos mais complexos.
Para a autora Verderi (1998), que escreve sobre Dança e conteúdos paralelos como é o caso da Expressão Corporal, as aulas do professor deverão ter um papel fundamental enquanto atividade pedagógica e despertar no alunado uma relação concreta sujeito-mundo. Deverá propiciar atividades geradoras de ação e compreensão, favorecendo a estimulação para ação e decisão no desenrolar das mesmas, e também reflexão sobre os resultados de suas ações, para assim, poder modificá-las defronte a algumas dificuldades que possam aparecer e através dessas mesmas atividades, reforçar a auto-estima, a auto-imagem, a auto-confiança e o auto-conceito.
Ainda a autora ressalta que não devemos nos preocupar com a quantidade de atividades que iremos oferecer para os alunos, mas sim, qualidade, adequação e, principalmente uma participação espontânea, que acima de tudo proporcione prazer, para não cairmos num processo instrucional mecanicista.
Verderi (1998) diz então que é necessário desenvolver atividades que estejam voltadas para uma seqüência pedagógica que inicie do simples para o complexo, do concreto para o abstrato, do espontâneo para o específico, das atividades de menor duração para as de longa duração e de um ritmo de atividades inicialmente lento, progredindo para o rápido. Possibilitar ao aluno desempenho individual para que se exija sua auto reflexão frente às atividades e participação em duplas, trios e grupos maiores para favorecer um enriquecimento de experiências corporais. Também atividades que envolvam emoções, sentimentos e identificação de sua imagem pessoal; atividades que exijam do aluno agir, reagir e interagir com seu grupo e com outros grupos.
Considerações finais
De acordo com Santos (2005), uma nova visão de Educação Física requer multi e interdisciplinaridade, na tentativa de juntar os pedaços de um homem fragmentado, buscando a superação de uma concepção de ser humano essencialmente biológico, para ser concebido segundo uma visão mais holística, onde se considera os processos históricos, de ordem social, cultural, política, econômica, ambiental e tecnológica.
Para tanto, é preciso que o professor esteja sempre atento ao contexto em que seu aluno está inserido para tornar as aulas atrativas e produtivas. A pesquisa, em andamento, buscará uma análise das práticas pedagógicas dos professores de Educação Física, bem como da presença do eixo temático abordado, como pressuposto para futuras pesquisas, mais aprofundadas sobre a problemática.
Referências
BERGE, Y. Viver o seu corpo: por uma pedagogia do movimento. São Paulo: Martins Fontes, 1981
FENSTERSEIFER, P.E. A Educação Física na crise da modernidade. Ijuí: Editora Unijuí, 2001.
MINAYO, M.C.S. O Desafio do Conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 2ª.Ed., São Paulo: Hucitec/ Abrasco, 1993.
SANTOS, J.F.S. Educação Física, saúde e qualidade de vida: uma busca por novos caminhos. Disponível em http://www.evirt.com.br/artigos/severo02.htm. Acesso em 23/12/2009.
VERDERI, É. FEFISO/ACM. Artigo publicado. A Dança aplicada na escola. Editora: Sprint. RJ. 1998. Disponível em http://www.cdof.com.br/danca5.htm . Acesso em 23/12/2009.
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