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Estudo comparativo das habilidades motoras fundamentais 

de crianças praticantes de desportos de diferentes modalidades 

e crianças somente inseridas em um programa de Educação 

Física curricular da rede pública e privada

Estudio comparativo de las habilidades motoras fundamentales de niños practicantes de deportes de diferentes 

modalidades y niños incluidos solamente en un programa de Educación Física curricular de la red pública y privada

 

*Mestre em Ciência da Motricidade Humana
**Físico, Engenheiro Eletricista e de Telecomunicações

Mestre em Ciência da Motricidade Humana

***Professor de Educação Física, (Ph.D). Pós-doutoramento em Neurociência

Coordenador do Laboratório de Neuromotricidade

da Universidade Castelo Branco-RJ

(Brasil)

Diogo Burgos Saar*
Carlos Magno Monteiro da Silva**

carlos.magno.silva@uol.com.br

Vernon Furtado da Silva***

vernonfurtado2005@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          O principal objetivo desse estudo foi o de verificar e comparar o nível atual de desenvolvimento das Habilidades Motoras Fundamentais, e buscar possíveis diferenças nos resultados, provavelmente, oriundos da diferença de oportunidade à prática. O presente estudo observou as técnicas da estatística descritiva e inferencial para comparação das médias, visando identificar diferenças entre as mesmas, tendo o teste ANOVA One-Way e TUKEY como base para estas análises. Os resultados apontaram diferenças significativas entre os grupos, sugerindo que a oportunidade à prática, um bom desempenho motor só é possível àqueles que acumulam consideráveis experiências de conhecimento e domínio sobre seu corpo, sobre o meio em que está inserido e suas relações desse corpo com o mesmo.

          Unitermos: Habilidades motoras. Aprendizagem motora. Educação Física

 

Resumen

          El principal objetivo de este estudio fue analizar y comparar el nivel actual de desarrollo de las habilidades motoras fundamentales, y buscar las posibles diferencias en los resultados que probablemente provienen de la diferencia de oportunidades para practicar. El presente estudio consideró las técnicas de estadística descriptiva e inferencial para comparar los medios, identificar las diferencias entre los que tomaron la prueba de ANOVA One-Way e TUKEY como base para estas pruebas. Los resultados mostraron diferencias significativas entre los grupos, lo que sugiere que la posibilidad de la práctica, un buen desempeño motor es posible solamente para quienes acumulan experiencia y conocimiento del campo con su propio cuerpo en el medio ambiente en el que se inserta y sus relaciones con este organismo mismo.
          Palabras clave: Habilidades motoras. Aprendizaje motor. Educación Física

 

Abstract

          The main objective of this study was to examine and compare the current level of development of fundamental motor skills, and look for possible differences in the results probably come from the difference of opportunity to practice. The present study observed the techniques of descriptive and inferential statistics to compare the means, to identify differences between those taking the test One-Way ANOVA and Tukey as the basis for these tests. The results showed significant differences between groups, suggesting that the opportunity to practice, a good engine performance is possible only to those who accumulate considerable experience and knowledge of the field on his own body on the environment in which it is inserted and its relations with this body same.

          Keywords: Motor skills. Motor learning. Physical Education 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 140 - Enero de 2010

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Introdução

    Segundo Manoel (2000), as descrições clássicas, do desenvolvimento motor, publicadas nos anos trinta e quarenta foram importantes na medida em que elas identificaram os padrões que levaram a proposições de princípios básicos do desenvolvimento e trouxeram uma grande contribuição para a área ao identificarem as etapas pelas quais os indivíduos passariam em sua vida, em direção à maturidade. Essas seqüências de desenvolvimento teriam como característica básicas à universalidade e intransitividade. A seqüência é universal se todos os indivíduos passarem por ela. A intransitividade da seqüência significa que todos os indivíduos irão passar pela mesma seqüência na mesma ordem (MANOEL, 2000). Alcançar o domínio de habilidades motoras mais complexas exige tempo, daí a necessidade da vivência de todas experiências motoras proporcionadas desde o nascimento do indivíduo. Todos os movimentos anteriores a essas habilidades motoras mais complexas servirão de base para as próximas etapas (RODRIGUES, 2003).

    Habilidades Motoras Fundamentais (HMF) são atividades motoras comuns com padrões motores observáveis. Muitas habilidades utilizadas em esportes são versões avançadas das HMF. As crianças normalmente desenvolvem essas habilidades de maneira seqüencial. Os padrões motores fundamentais são um dos primeiros estágios do contínuo processo de aquisição e desenvolvimento das habilidades motoras. Crianças em idade escolar e pré-escolar crescem, se desenvolvem e aprendem através de experiências motoras. Os movimentos, de uma maneira em geral, atuam com impacto sobre o crescimento e desenvolvimento, e são cruciais para o desenvolvimento holístico do indivíduo. Por todo, ao longo da vida, o ser humano, continuamente, “aprende a se mover” e “se move para aprender”. Os primeiros anos de desenvolvimento motriz de uma criança provem a base na qual as habilidades mais especializadas e complexas usadas em jogos recreativos ou esportivos, dança, ginástica, e onde, mais forem requeridas estas habilidades especificas, estarão alicerçados. Conseqüentemente, é importante que todas as crianças em idade escolar e pré-escolar tenham acesso a um programa de movimentos efetivo e bem planejado, garantindo que seu desenvolvimento motor seja facilitado nos anos posteriores. Segundo o mesmo autor, a aquisição dessas habilidades fundamentais amadurecidas, está relacionada à idade, a natureza da tarefa, o genótipo e o fenótipo do indivíduo (GALLAHUE e OZMUN, 2005).

    O mesmo autor define os movimentos fundamentais podendo ser agrupados em três categorias: movimentos estabilizadores, movimentos manipulativos, movimentos locomotores ou a combinação desses três. Amplamente falando, um movimento estabilizador é qualquer movimento no qual algum grau de equilíbrio seja necessário. A estabilidade refere-se a qualquer movimento que tenha como objetivo obter e manter o equilíbrio em relação à força da gravidade. A categoria de movimentos locomotores seria movimentos que envolvem mudança na localização do corpo relativamente a um ponto fixo na superfície. E a categoria dos movimentos manipulativos refere-se tanto a manipulação motora rudimentar, quanto à manipulação motora refinada. A manipulação motora rudimentar envolve a aplicação de força ou a recepção de força de objetos, e a manipulação motora fina envolve o uso intrincado de músculos da mão e do punho.

    Em sua obra, Gallahue e Ozmun (2005) citam a terceira fase do desenvolvimento motor, que ocorre dos dois anos até os seis anos de idade, como a fase dos movimentos fundamentais onde o desenvolvimento motor. Representa um período no qual as crianças estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação das capacidades motoras de seu corpos. Essa fase pode ser dividida em sua seqüência de progressão ao longo dos três estágios: inicial, elementar e maduro que será o a mesmo para a maioria das crianças. O que variará será o ritmo, que depende tanto dos fatores ambientais quanto dos fatores hereditários. Esses três estágios, por estarem inseridos nas habilidades motoras fundamentais, serão abordados com mais detalhes ao longo deste estudo. O fato de uma criança atingir ou não o estágio maduro, depende basicamente do ensino e das oportunidades da prática. As crianças não progridem de forma igual no desenvolvimento de suas habilidades motoras fundamentais. As brincadeiras e as experiências instrutivas vão influenciar grandemente.

    A quarta e última fase do desenvolvimento motor na infância abordada por gallahue e Ozmun (2005), é a fase dos movimentos especializados que consiste na conseqüência de habilidades motoras fundamentais maduras, nas quais o movimento torna-se ferramenta aplicada a inúmeras atividades motoras complexas da vida diária, da recreação e dos objetivos específicos dos jogos, por exemplo.

    Em condições gerais, o estágio de transição de habilidades motoras começa por volta dos sete e oito anos de idade. Em função do interesse muito grande que demonstram suas habilidades de desempenho e pelos esportes, além da crescente sofisticação cognitiva e da interação grupal melhorada, as crianças são muito mais atraídas para a competição organizada. O esporte juvenil apresenta tanto efeitos prejudiciais quanto benéficos, os quais têm sido inteiramente discutidos ao longo dos anos. O esporte permite que os indivíduos no estágio transitório e de aplicação melhorem suas habilidades e obtenham muita atividade física rigorosa em situações competitivas. O esporte competitivo, entretanto, não deve ser considerado como a única válvula de escape de habilidades para crianças.

    Nos dias de hoje, um bom desempenho motor só é possível àqueles que acumulam consideráveis experiências de conhecimento e domínio sobre seu corpo, sobre o meio em que está inserido e suas relações desse corpo com o mesmo, ou seja, a aprendizagem motora, está sendo vista como o desenvolvimento e amadurecimento de aspectos funcionais estimulados primordialmente pelo ambiente no qual o indivíduo está inserido, no decorrer da vida até sua consolidação e assim estabelecido seu nível de desenvolvimento atual (NEIRA e MATTOS, 2004). Abalizado nesse pressuposto teórico, acredita-se que quanto mais um indivíduo seja submetido à prática, maiores serão as possibilidades de obtenção de níveis mais elevados de qualidade dos padrões motores fundamentais. Por conseguinte, para a realização do presente trabalho, tentou-se reunir o máximo de informações possíveis sobre os diversos aspectos das HMF, objetivando analisar e comparar o nível atual de desenvolvimento dessas habilidades, e buscar possíveis diferenças nos resultados, provavelmente, oriundos da diferença de oportunidade à prática.

    Diante do material teórico apresentado na parte introdutória desta pesquisa, a sua hipótese central vincula-se ao fato do repertório motor de uma criança estar relacionado a sua vivência em um ambiente mais abundante de experiências metodologicamente bem estruturadas e motivacionais, assim sendo, as crianças com mais experiências práticas possuem um maior nível de desenvolvimento das HMF.

Metodologia

    Neste estudo foram utilizadas as técnicas da estatística descritiva (para apresentação dos valores médios e seus derivados), e da estatística inferencial (para comparação das médias), uma vez que as variáveis experimentais são de características contínuas. Ambas as técnicas foram utilizadas visando identificar diferenças entre as mesmas, tendo o teste ANOVA One-Way e TUKEY como base para estas análises.

    Foram analisadas duzentos e cinqüenta crianças, de ambos os gêneros, entre sete e oito anos de idade e oriundos de escolinhas de iniciação desportiva em basquetebol, natação e tênis e instituições de ensino da rede privada e pública na Zona Norte do Rio de Janeiro. O instrumento utilizado para coleta de dados, foi o de avaliação de padrões fundamentais apresentado por Gallahue (1996).

    Essas crianças foram convidadas pelo autor mediante consentimentos dos responsáveis das mesmas e das instituições, de ambos os gêneros, entre sete e oito anos de idade e oriundos de escolinhas de iniciação desportiva em basquetebol, natação e tênis e instituições de ensino da rede privada e pública na Zona Norte do Rio de Janeiro. O parâmetro utilizado no número dos sujeitos foi de que todos atendessem as delimitações planejadas, para atender aos objetivos da pesquisa. São eles: faixa etária entre sete e oito anos de idade, ambos os gêneros, o tempo de prática de no mínimo um ano e no máximo três anos, a prática esportiva específica de duas vazes semanais, todas as crianças também inseridas em um programa de educação física escolar. O número total de crianças, presentes neste estudo, foi dividido eqüitativamente em cinco grupos, sendo denominados: Grupo 1 (crianças praticantes de educação física curricular e basquete extracurricular), Grupo 2 (crianças praticantes de educação física curricular e natação extracurricular), Grupo 3 (crianças praticantes de educação física curricular e tênis extracurricular), Grupo 4 (crianças somente praticantes de educação física curricular de uma instituição da rede privada) e Grupo 5 (crianças somente praticantes de educação física curricular de uma instituição da rede pública).

    O instrumento utilizado para coleta de dados, foi o de avaliação de padrões fundamentais apresentado por Gallahue (1996), que avalia 23 movimentos organizados em classe de análise para movimentos estabilizadores (HME), locomotores (HML) e manipulativos (HMM). A pontuação atribuída ao instrumento de análise do presente estudo foi adaptada e baseada no teste de resolução de problemas de Metcalf e Weibe (TAVARES, 2005), atribuída sob a forma de nível inicial, elementar e maduro.

Discussão dos resultados

    Os dados foram submetidos aos testes preliminares de homogeneidade das variâncias das variáveis a serem estudadas neste trabalho. Foi constatado pelo teste de Levene, que as variâncias dos tratamentos foram homogêneas, para todas as variáveis analisadas (os valores de sig< 0,05). Como se pode observar na tabela abaixo.

Tabela 1. Teste de homogeneidade e variância

  

Levene Statistic

gl1

Gl2

Sig.

HME

7,11556

4

245

1,96E-05

HML

7,98132

4

245

4,6E-06

HMM

7,839065

4

245

5,83E-06

TOTAL

5,285808

4

245

0,000424

    Em seguida, bem como apresentado na tabela 2, foram observadas as técnicas da estatística descritiva para apresentação dos valores médios e seus derivados, uma vez que as variáveis experimentais são de característica contínua.

Tabela 2. Média, Desvio Padrão, Mínimo e Máximo das variáveis analisadas (habilidades motoras estabilizadoras, locomotoras, manipulativas e total)

 

 

N

Média

Desvio Padrão

Mínimo

Máximo

HME

Basquete

50

2,06998

0,197571893

2,16

3

 

Natação

50

2,541

0,167274063

2,16

3

 

Tênis

50

2,5112

0,167948486

2,16

3

 

Escola Particular

50

2,2552

0,259192152

1,83

2,83

 

Escola Pública

50

2,0354

0,1474575

1,83

2,5

HML

Basquete

50

2,757

0,115126372

2,44

3

 

Natação

50

2,6512

0,156891227

2,33

2,88

 

Tênis

50

2,7662

0,126747217

2,44

3

 

Escola Particular

50

2,4312

0,227548066

2

2,88

 

Escola Pública

50

2,3168

0,150135177

2,11

2,77

HMM

Basquete

50

2,463

0,175374235

2

2,75

 

Natação

50

2,3458

0,249629031

187

2,75

 

Tênis

50

2,46

0,179568644

2,12

3

 

Escola Particular

50

2,2022

0,243757072

1,87

2,75

 

Escola Pública

50

2,0618

0,146199333

1,87

2,37

Total

Basquete

50

2,6376

0,157007214

2,2

2,91

 

Natação

50

2,5104

0,185185621

2,12

2,87

 

Tênis

50

2,5644

0,154406831

2,24

3

 

Escola Particular

50

2,2936

0,23888995

1,9

2,82

 

Escola Pública

50

2,1354

0,141381089

1,93

2,54

    Assumindo a aleatoriedade e independência da amostragem de cada grupo, o procedimento para análise dos resultados foi uma ANOVA One-Way, comparando as médias e visando identificar se há diferenças entre as mesmas. Seguida de um teste de comparações múltiplas de médias (TUKEY), para determinar onde diferem as médias declaradas significantes pelo F-Teste.

    Na tabela 3, está exemplificada variância total dividida em dois componentes: Entre grupos – representa a variação das médias dos quatro blocos de movimentos analisados; Dentro dos grupos – representa a variação das observações individuais em torno da média do respectivo grupo. Os valores de significância baixos indicam diferenças entre as médias dos grupos.

Tabela 3. Análise de Variância entre e dentro dos grupos

 

 

Soma dos quadrados

GL

Média Quedrada

F

Sig.

HME

Entre grupos

13,7831864

4

3,4457966

93,56141

3,51E-48

 

Dentro dos Grupos

9,023166

245

0,036829249

 

 

 

Total

22,8063524

249

 

 

 

HML

Entre grupos

8,1192104

4

2,0298026

79,13307

5,25E-43

 

Dentro dos Grupos

6,284372

245

0,025650498

 

 

 

Total

14,4035824

249

 

 

 

HMM

Entre grupos

6,0177776

4

1,5044444

36,49661

6,35E-24

 

Dentro dos Grupos

10,099264

245

0,041221486

 

 

 

Total

16,1170416

249

 

 

 

Total

Entre grupos

8,6502304

4

2,1625576

67,6461

1,7E-38

 

Dentro dos Grupos

7,83233

245

0,031968694

 

 

 

Total

16,4825604

249

 

 

 

    Devido às diferenças entre as médias terem sido declaradas significantes pelo F-Teste, há a necessidade de um teste de comparações múltiplas de médias (TUKEY), para determinar onde estão essas diferenças. As diferenças significativas entre as médias, para um nível de significância de α =0,05, estão marcadas com um asterisco(*), na tabela 4.

Tabela 4. Diferenças significativas entre as médias

Variáveis dependentes

(I) Grupos

(J) Grupos

Diferenças entre as médias (I-J)

Sig.

HME

Basquete

Natação

0,1588*

0,000461191

 

Basquete

Tênis

0,1886*

1,61E-05

 

Basquete

Escola Particular

0,4446*

4,30E-13

 

Basquete

Escola Pública

0,6644*

4,30E-13

 

Natação

Escola Particular

0,2858*

1,67E-11

 

Natação

Escola Pública

0,5056*

4,30E-13

 

Tênis

Escola Particular

0,256*

1,69E-09

 

Tênis

Escola Pública

0,4758*

4,30E-13

 

Escola Particular

Escola Pública

0,2198*

2,97E-07

HML

Basquete

Natação

0,1058*

0,009617206

 

Basquete

Escola Particular

0,3258*

4,30E-13

 

Basquete

Escola Pública

0,4402*

4,30E-13

 

Natação

Escola Particular

0,22*

5,32E-10

 

Natação

Escola Pública

0,3344*

4,30E-13

 

Tênis

Natação

0,115*

0,003631494

 

Tênis

Escola Particular

0,335*

4,30E-13

 

Tênis

Escola Pública

0,4494*

4,30E-13

 

Escola Particular

Escola Pública

0,1144*

0,003878833

HMM

Basquete

Natação

0,1172*

0,034186082

 

Basquete

Escola Particular

0,2608*

6,89E-09

 

Basquete

Escola Pública

0,4012*

4,30E-13

 

Natação

Escola Particular

0,1436*

0,00438424

 

Natação

Escola Pública

0,284*

2,53E-10

 

Tênis

Natação

0,1142*

0,042006868

 

Tênis

Escola Particular

0,2578*

1,04E-08

 

Tênis

Escola Pública

0,3982*

4,30E-13

 

Escola Particular

Escola Pública

0,1404*

0,005749097

Total

Basquete

Natação

0,1272*

0,004079335

 

Basquete

Escola Particular

0,344*

4,30E-13

 

Basquete

Escola Pública

0,5022*

4,30E-13

 

Natação

Escola Particular

0,2168*

5,01E-08

 

Natação

Escola Pública

0,375*

4,30E-13

 

Tênis

Natação

0,054*

0,556913542

 

Tênis

Escola Particular

0,2708*

7,86E-12

 

Tênis

Escola Pública

0,429*

4,30E-13

 

Escola Particular

Escola Pública

0,1582*

0,000141294

    Com base nos resultados apresentados acima, pode-se afirmar que para a população específica utilizada neste estudo, em relação as HME, os melhores resultados foram respectivamente dos grupos 1, 2, 3, 4 e 5, sendo que destes somente entre os grupos 2 e 3, não se observou diferenças significativas. Em se tratando das HML, os melhores resultados em ordem decrescente foram em primeiro os grupos 3 e 1, seguidos dos grupos 2, 4 e 5 concomitantemente, ou seja, os grupos 3 e 1 apresentam melhores resultados, mas não estatisticamente significativos. Resultado muito similar pode ser notado em relação as HMM, onde novamente os melhores resultados foram dos grupos 1 e 3, seguidos em ordem pelos grupos 2, 4 e 5. Tem-se que analisando os resultados totais das HMF, o grupo que apresentou melhores escores e média, foi o grupo 1 com uma pequena diferença para o grupo 3, acompanhados das médias dos grupos 2, 4 e 5. Para uma melhor visualização, os valores foram plotados no gráfico da figura abaixo.

Figura 1. Pontuação obtida nas Habilidades Motoras Fundamentais

Conclusão

    Um fato conclusivo marcante no presente estudo é que as crianças analisadas, apresentaram na escala média de níveis de amadurecimento motor, nível elementar. Nenhuma modalidade apresentou nível maduro. O nível elementar sugere performance básica da habilidade sem estilo próprio ou uso de variadas posições e esquemas corporais como recurso motor, embora a execução nesse nível caracterize o movimento relacionado ao uso do corpo em coordenação dos membros entre si. Esse resultado sugere que os programas desportivos e curriculares analisados, não potencializaram as habilidades motoras fundamentais necessárias e marcantes à performance das habilidades especializadas que leva à técnica desportiva dentro da hierarquia de performance motora, ou ainda corroborando a este achado conclusivo, as crianças participantes dos programas avaliados não apresentavam ao iniciar nos mesmos, condição elementar em habilidades motoras fundamentais e o programa não contemplou essa avaliação prévia para evolução no mesmo. Isto implica os achados conclusivos desse estudo que revelam que em condição de amadurecimento em desenvolvimento motor a performance foi inferior ao esperado, já que a literatura vigente aponta o ambiente estimulador direcionado a oportunidade à prática, principalmente quando em um programa metodologicamente estruturado à aprendizagem desportiva, como um dos fatores primordiais a essa evolução.

    A pratica de atividade física é parte integrante do desenvolvimento do ser humano. Por meio da educação física, dos jogos e dos esportes, cada individuo utiliza e desenvolve seu físico e sua motricidade, o que atua direta e/ou indiretamente nos aspectos motor, afetivo e cognitivo (FERNANDES e MACHADO, 2001). Nesta perspectiva, esta reflexão passará em revista alguns dos pontos que fazem a agenda de discussão na atualidade: como criar condições que assegurem uma elevada performance futura e como desenvolver essas condições sem por em causa o desenvolvimento e os valores fundamentais da saúde (motor, afetivo e cognitivo) nas crianças em desenvolvimento constante.

    Com a crescente influência dos conhecimentos de desenvolvimento e aprendizagem motora na atuação profissional, alguns autores propuseram uma abordagem desenvolvimentista para dar sustentação à prática da Educação Física. Um dos modelos mais importantes foi proposto por Gallahue (2005) no desenvolvimento curricular da Educação Física para crianças e adolescentes. Esse modelo foi orientado predominantemente pelo conhecimento sobre “o que muda” no comportamento motor ao longo do ciclo da vida. Outro modelo foi sugerido por Tani et al. (1988), orientando-se não só pelo “o que muda”, mas também “como muda”. Assim, os processos de aumento de diversificação e complexidade do comportamento, indicam como as habilidades ganham, complexidade ao longo das fases que compõe a vida.

    Como um agente que visa ir de encontro às necessidades e expectativas de um sistema que é aberto, Tani (1991) propõe que a Educação Física procure facilitar três tipos de aprendizagem: sobre o movimento, pelo movimento e do movimento. De forma especulativa, poderíamos dizer que o valor intrínseco da atividade motora fez com que o ser humano elegesse formas de atividade motora cuja execução tornou-se um fim em si mesmo: o desenvolvimento e amadurecimento da condição psicomotora da criança, sabendo da importância que o desenvolvimento psicomotor antecede o desenvolvimento cognitivo e emotivo (FONSECA, 1995).

Referências bibliográficas

  • FERNANDES, José; MACHADO, João Felipe Valle. Caracterização dos critérios de seleção utilizados para a formação de equipes esportivas: análise preliminar no contexto de esporte coletivos e individuais. São Paulo: Fitness & Performance, v1, n0, Set – Dez, 2001.

  • FONSECA, Vítor. Manual de Observação Psicomotora: significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

  • GALLAHUE, David. Developmental Physical Education for Today’s Children. Maryland: Studies in Educational Evaluation, 8, 247-252, 1996.

  • GALLAHUE, David; OZMUN, John. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte Editora, 2005.

  • MANOEL, Edson de Jesus. Desenvolvimento Motor: Padrões em Mudança, Complexidade Crescente. São Paulo: Revista Paulista de Educação Física, suplemento 3, p. 35-54, 2000.

  • MATTOS, Mauro Gomes de; NEIRA, Marcos Garcia. Educação física infantil: Contribuindo o movimento na escola. São Paulo: Phorte, 2004.

  • RODRIGUES, Maria. Manual Teórico – Prático: Educação Física Infantil. São Paulo: ícone, 2003.

  • TANI, Go. Perspectiva para a Educação Física Escolar. São Paulo: Revista Paulista de Educação Física, v5, n1/2, p. 61-9, 1991.

  • TANI, Go et al. Educação Física Escolar: Fundamentos para uma Abordagem Desenvolvimentista. São Paulo: Editora Pedagógica Universitária da Universidade de São Paulo, 1988.

  • TAVARES, Diogo Burgos Saar; MELLO, Danielli Braga; ALBINO, Fabiana. Comparative Study of the Basic Motor Abilities of Practicing Children of Sports of Different Nature. Foz do Iguaçu: Fiep Bulletin, Vol 75, p. 220-223, 2005.

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