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Fortalecimento do manguito rotador como prevenção de dor no ombro em atletas que realizam arremesso. Um estudo piloto

Fortalecimiento del manguito rotador como prevención del dolor de 

hombro en atletas que realizan lanzamientos. Un estudio piloto

Invigoration of the rotator cuff as pain prevention in the 

shoulder in athletes that accomplish throw. A pilot study

 

*Graduados do curso

**Orientador

Curso de Fisioterapia

Universidade Católica de Brasília

(Brasil)

William de Almeida Silva*

Rita Duarte Oliveira*

Profº. MSc. Allan Keyser de Souza Raimundo**

ft.williamsilva@gmail.com

 

 

 

Resumo

          As lesões nos esportes de arremesso são comuns na prática clínica; as lesões nos membros superiores giram em torno de 75% do total e a articulação do ombro é a região mais afetada. A grande incidência de lesões é acarretada por excesso de treinos e pela própria exigência do esporte. A dor é o principal sintoma manifestado pelos atletas. O objetivo deste trabalho foi verificar a incidência de dor na articulação do ombro em atletas que realizam arremesso através da aplicação de testes funcionais discriminativos do ombro antes e após um evento competitivo e realizar um trabalho de fortalecimento muscular da região do manguito rotador (M.R) como forma preventiva. Método: Foi realizado um levantamento de dados inicial para saber se as equipes participariam de eventos esportivos e quais serão suas respectivas datas. Foram utilizados dois testes funcionais discriminativos auto-aplicado, onde foi verificando a condição do ombro do atleta arremessador. O questionário desenvolvido pela University of Califórnia at Los Angeles (UCLA) *Modificado, e o teste simples do ombro *Modificado. Resultados: Observamos uma diminuição dos valores em ambos os casos, isso nos mostra que atletas pré-competição não referiam dor, após um evento competitivo passaram a relatar dor. Percebemos que a melhora da dor dos indivíduos que responderam os questionários e realizaram o trabalho de fortalecimento do M.R é significativo devido, principalmente, ao quesito dor. Conclusão: O desenvolvimento de pesquisas sobre a prevenção de dor no ombro em atletas arremessadores pode trazer bastantes benefícios não só para o mesmo, mas também para uma melhor performance da equipe durante uma determinada competição.

          Unitermos: Ombro. dor. prevenção. atleta. arremesso

 

Abstract

          The injuries in pitching games are very common in clinical practice: the injuries in superior members are just about 75 per cent of the cases of injuries, and the arm´s articulation is the most affected part. And the biggest incidence of injuries is caused by an over training and also by the sport´s requirement. The objective of this assignment is verify the incidence of pain in athlete´s arms articulation, that mades the rolling through the application of functional tests, after or before a sporting event that person gets stronger his rotator cuff area. Method: It was released a survey to get to know if the teams would like to participate in sporting events and their respective dates. We used two discriminated functional self applied tests, and in theses tests was check the condition of pitching's athlete arms. The survey was developed by University of California(UCLA) at Los Angeles. Results: We observed a decrease of the values in both cases, that in the display that athletes pré-competition didn't refer pain, after a competitive event they started to tell pain. We noticed that the improvement of the individuals' pain that you/they answered the questionnaires and they accomplished the work of invigoration of M.R is significant due, mainly, to the requirement pain. Conclusion: The development of researches about the pain prevention in the shoulder in athletes casters can bring plenty of benefits not only for the same, but also for a better performance of the team during a certain competition.

          Keywords: Shoulder. Pain. Prevention. Athletes. Throw

 

Projeto de artigo científico apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso – TCC como 

requisito parcial à conclusão do Curso de Fisioterapia na Universidade Católica de Brasília – UCB

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 140 - Enero de 2010

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Introdução

    Lesões no ombro ocorrem freqüentemente nos esportes competitivos. A incidência varia de 8 a 13% de todas as lesões atléticas(1), (2).

    As lesões nos esportes de arremesso são comuns na prática clínica; as lesões nos membros superiores giram em torno de 75% do total e a articulação do ombro é a região mais afetada(1), (3).

    Busso (2004) e Checchia & Budzyn (1991) referem que o manguito rotador (M.R) é constituído pelos tendões dos músculos subescapular, supra-espinhoso, infra-espinhoso e redondo menor. A dor é o principal sintoma manifestado pelos atletas(1). As lesões do M.R constituem a causa mais comum de dor no ombro, esse sintoma caracteriza-se por dor na face ântero-lateral do ombro, que exacerba à abdução com rotação externa (movimento de arremesso) ou interna da articulação (6).

    A grande incidência de lesões é acarretada por excesso de treinos e pela própria exigência do esporte(1). Ejnisman et al. (2001) e Hulstyn & Fadale (1997) expõem que o arremesso, que é um movimento balístico do membro superior, no qual seu centro de massa ou objeto externo é propelido para fora do centro de massa do corpo, apresenta características específicas em relação à intensidade e freqüência dos movimentos e predispõe a lesões das estruturas do ombro.

    No handebol, os atletas realizam cerca de 48.000 arremessos por temporada, com velocidade média de 130Km/h(1). O basquete é um esporte que utiliza os três tipos de arremessos; superior (arremesso), lateral (passe) e inferior (passe por baixo)(8). Os atletas muitas vezes executam gestos esportivos que excedem os padrões dos limites fisiológicos dos mecanismos estáticos e dinâmicos do ombro, podendo acarretar uma variedade de lesões decorrentes da fadiga osteomuscular e ligamentar.

    Os mecanismos de lesões no ombro do atleta ocorrem por meio atraumático e traumático(1). Os movimentos repetitivos, principalmente dos atletas arremessadores, praticantes de esportes de não-contato (beisebol, natação, tênis e voleibol), são responsáveis por grande número de lesões atraumáticas(1), (3). Traumas diretos ou indiretos ocorrem principalmente nos esportes que priorizam o contato físico(1).

    O objetivo de se compreender e documentar o impacto da dor e dos sintomas decorrentes do acometimento do ombro na funcionalidade dos pacientes, a avaliação do estado funcional se tornou uma tarefa crucial. Os instrumentos de avaliação do estado funcional podem ser genéricos (mensuram a saúde em geral) ou específicos (relacionados à patologia ou a determinada estrutura corporal); discriminativos (determinam se a condição está melhor ou pior) ou evolutivos (aferem quanto o resultado alterou)(9).

    O método habitual de se realizar uma avaliação do estado funcional consiste na utilização de questionários, quer auto-aplicados ou concebidos para entrevistas face a face, sistematizados por meio de uma série de escalas que mesuram os principais componentes da função. Estas escalas têm sido denominadas de “instrumento de avaliação funcional” (9).

    O questionário desenvolvido pela University of Califórnia at Los Angeles (UCLA) leva em consideração principalmente a dor, função, flexão ativa e força de flexão anterior(10).

    Dutton (2006) defende a utilização do teste simples de ombro. Trata-se de uma auto-avaliação padronizada da função do ombro consistindo de 12 questões de sim/não. Sua reprodutibilidade de teste e reteste alta é sensível a uma ampla variedade de distúrbios. Além disso, este teste foi considerado uma ferramenta prática para documentar a eficácia de tratamento para condições do ombro. As questões podem ser feitas na visita inicial e, depois, em visitas subseqüentes para acompanhar o progresso.

    O objetivo deste trabalho é verificar a incidência de dor na articulação do ombro em atletas que realizam arremesso através da aplicação de testes funcionais discriminativos do ombro antes e após um evento competitivo e realizar um trabalho de fortalecimento muscular da região do M.R como forma preventiva.

Método

    Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa número: 116/2008 da Universidade Católica de Brasília (UCB) foi realizado um estudo com atletas do sexo feminino das equipes de basquetebol, handebol e voleibol da Universidade Católica de Brasília (UCB).

    Trata-se de um ensaio clínico randomizado onde as atletas participaram de um sorteio de forma aleatória.

    A amostra foi composta por 32 atletas do sexo feminino sendo, 13 da equipe de basquetebol, 10 da equipe de handebol e 9 da equipe de voleibol. Os critérios de inclusão exigiam que os mesmos fossem saudáveis, participantes de campeonatos, e que assinem o termo de consentimento livre e esclarecido concordando com sua participação voluntária na pesquisa e também com uma possível publicação dos resultados preservando sua identidade e respeitando os princípios éticos em publicações cientificas. Para exclusão foram utilizados critérios como lesões recentes da articulação do ombro, com menos de 12 semanas e/ou que estejam em fase de tratamento e cirurgia na articulação do ombro realizada há menos de seis meses.

    Uma atleta da equipe de handebol foi excluída, pois a mesma lesionou-se nos treinamentos.

    Foi realizado um levantamento de dados inicial para saber se as equipes participariam de eventos esportivos e quais serão suas respectivas datas.

    A avaliação funcional das atletas foi realizada nos locais de treinamento dos mesmos (ginásios e quadras da Universidade Católica de Brasília) com consentimento da comissão técnica de cada equipe e aprovação prévia da direção do Projeto de Atividades Físicas e Desportivas (SEDESPORTE).

    Para isso foram utilizados dois testes funcionais discriminativos auto-aplicado, onde foi verificando a condição do ombro do atleta arremessador. O questionário desenvolvido pela University of Califórnia at Los Angeles (UCLA) *Modificado Figura 1, que leva em consideração principalmente a dor, função, flexão ativa e força de flexão anterior. É um método de somatório de pontos que considera resultado excelente o valor entre 34-35; bom entre 28-33; regular entre 21-27; e ruim entre 00-20. E também foi utilizado o teste simples do ombro *Modificado Figura 2, que se trata de uma auto-avaliação padronizada da função do ombro consistindo de 10 questões de sim/não. Os questionários foram aplicados em um primeiro encontro, antes de o atleta iniciar o trabalho de fortalecimento muscular do M.R e após a realização de uma determinada competição.

Sistema de pontuação da UCLA * (modificado)

Nome: ________________________________________________

Esporte praticado: ______________________________________

Função / Reação Medida

Pontos

DOR

 

Presente a todo o momento e insuportável, freqüentemente com medicação forte

1

Presente a todo o momento mas suportável, ocasionalmente com medicação forte

2

Nenhuma ou pouca em repouso, presente durante atividades leves, uso freqüente de salicilatos

4

Presente durante atividades pesadas ou somente nas atividades em particular, uso ocasional de salicilatos

6

Ocasional e leve

8

Nenhuma

10

Função

 

Incapacitado para utilizar o membro

1

Somente são possíveis atividade leves

2

Capaz de realizar o trabalho caseiro leve e a maioria das atividades do dia – a – dia

4

A maioria do trabalho caseiro, compras e dirigir são possíveis; capaz de pentear o cabelo, se vestir e despir, incluindo fechar o sutiã

6

Leve restrição somente; capaz de trabalhar acima do nível do ombro

8

Atividades normais

10

Flexão Frontal Ativa

 

150º ou mais

5

120º a 150º

4

90º a 120º

3

45º a 90º

2

30º a 45º

1

Menos de 30º

0

Força da Flexão Frontal ( Teste Muscular Manual )

 

Nível 5 ( normal )

5

Nível 4 ( bom )

4

Nível 3 ( razoável )

3

Nível 2 ( ruim )

2

Nível 1 ( contração muscular )

1

Nível 0 ( nada )

0

Satisfação do Paciente

 

Satisfeito e melhor

5

Insatisfeito e pior

0

O Sistema de pontuação da Universidade da Califórnia – Los Angeles é utilizado para a avaliação da função do ombro e satisfação do paciente. (De Ellman H, Hanker G, and Bayer M: Repair of the rotador cuff: End – result study of factors influencing reconstruction. J Bone Joint Surg 68A: 1136 – 1144, 1986). Pontuação máxima de 35 pontos.

Figura 1. Questionário desenvolvido pela University of Califórnia at Los Angeles (UCLA) *Modificado

 

Teste simples do ombro (modificado) (Lippitt et al.,1993).

1.     Seu ombro está confortável com seu braço em repouso ao lado do corpo?

( )Sim ( )Não

2.     Seu ombro permite que você durma de forma confortável?

( )Sim ( )Não

3.     Você consegue alcançar uma pequena parte das suas costas com a mão para vestir a camisa?

( )Sim ( )Não

4.     É capaz de colocar sua mão atrás da cabeça com o cotovelo reto para o lado?

( )Sim ( )Não

5.     Consegue colocar uma moeda sobre uma prateleira no nível de seu ombro sem dobrar o cotovelo?

( )Sim ( )Não

6.     Consegue levantar 0,5 Kg (um recipiente de 0,500 mL cheio) até o nível de seu ombro sem dobrar o cotovelo?

( )Sim ( )Não

7.     Consegue levantar 5 Kg (um galão cheio) até o topo de sua cabeça sem dobrar o cotovelo?

( )Sim ( )Não

8.     Consegue carregar 10 Kg ao lado do corpo com a extremidade afetada?

( )Sim ( )Não

9.     Você consegue lavar a parte posterior de seu ombro oposto com a extremidade afetada?

( )Sim ( )Não

10.     Seu ombro permite que você trabalhe em tempo integral ou pratique seu esporte atualmente?

( )Sim ( )Não

Figura 2. Teste simples do ombro *Modificado

    Após análise dos questionários pré-competição, as atletas foram divididas em dois grupos: grupo I atletas que relataram dor e grupo II atletas que não apresentaram sintomas dolorosos (Gráfico 1). Sendo que o grupo I foi subdividido, após sorteio de forma aleatória, em grupo IA, atletas que responderam os questionários e realizaram o trabalho de fortalecimento muscular do M.R e IB, atletas que somente responderam os questionários. O mesmo ocorreu com o grupo II (Tabela 1 e Gráfico 2).

Gráfico 1. Grupo I (atletas que relatam dor). Grupo II (atletas que não apresentaram sintomas dolorosos)

 

Grupo I

(Atletas que relataram dor)

Grupo IA

(Questionário + Trabalho de fortalecimento do M.R)

Grupo IB

(Questionário)

Grupo II

(atletas que não relataram dor)

Grupo IIA

(Questionário + Trabalho de fortalecimento do M.R)

Grupo IIB

(Questionário)

Tabela 1. Subdivisão dos grupos I e II. Grupo IA e IIA (atletas que responderam os questionários e realizaram 

o trabalho de fortalecimento do M.R). Grupo IB e IIB (atletas que somente responderam os questionários)

 

Gráfico 2. Numero de atletas, por esporte praticado, que responderam os questionários e realizaram 

o trabalho de fortalecimento muscular do M.R e dos que somente responderam os questionários

    Em seguida foi iniciado, para ambos os grupos, um programa de fortalecimento muscular do M.R com realização de exercícios resistidos com tubo elásticos (látex) tensão I, que é utilizado para reabilitação física. Este programa de fortalecimento muscular foi supervisionado pelos pesquisadores e teve a duração de três semanas e freqüência de três sessões por semana. As atletas que foram sorteadas para responder os questionários e realizar o trabalho de fortalecimento muscular do M.R efetuaram três séries de dez repetições cada para os movimentos de rotação interna e externa da articulação do ombro. Para isso as atletas permaneceram com o braço ao longo do corpo com o cotovelo flexionado a 90º e a resistência elástica era fixa lateralmente para rotação externa e medialmente para rotação interna.

    As atletas foram liberadas para realiza outros tipos de exercícios.

    Após as atletas terem participado do evento esportivo realizamos novamente a aplicação dos testes funcionais discriminativos para verificar se houve ou não melhora nos resultados e a eficácia do programa de fortalecimento muscular preventivo.

    O teste t pareado só pode ser usado em situações onde as diferenças entre pré e pós tratamento provêem de uma distribuição normal, de acordo com o teste de Kolmogorv-Smirnov não obtivemos essa normalidade. Para análise estatística foi utilizado o teste de “Wilcoxon Signed Rank” que consiste em um teste não paramétrico para populações dependentes, é um teste baseado em postos. O estudo admitiu um nível de significância de p < 0,05.

Resultados

    Em um primeiro momento foi realizado o teste para todos os indivíduos que responderam o questionário desenvolvido pela University of Califórnia at Los Angeles (UCLA) *Modificado, ou seja, o teste de “Wilcoxon Signed Rank” foi realizado para as 31 atletas que compuseram a amostra. (Lembrando que uma atleta da equipe de handebol foi excluída, pois a mesma lesionou-se nos treinamentos, antes da aplicação do teste pós-competição) (Tabela 2)

 

Pré

Pós

Estatística Z

p-valor

Dor

7,80 ± 2,21

8,00 ± 2,78

-0,64

0,522

Função

8,90 ± 2,24

8,96 ± 2,18

-0,45

0,655

Flexão Frontal

4,96 ± 0,17

4,96 ± 0,17

0,00

1,000

Força de Flexão

4,80 ± 0,40

4,80 ± 0,40

0,00

1,000

Satisfação

4,32 ± 1,70

4,51 ± 1,50

-1,34

0,180

Total

30,83 ± 4,87

31,2 ± 5,50

-0,61

0,540

Tabela 2. Teste de “Wilcoxon Signed Rank” para toda a amostra. Os itens dor é função tem 

pontuação de 1 a 10. Os itens flexão frontal, força de flexão e satisfação tem pontuação de 5 a 0

    Como resultado, não foi identificado nenhum p-valor que nos mostre uma significância de que houve alterações grandes o suficiente em nenhum dos grupos do questionário UCLA *Modificado.

    Depois foram realizadas análises dividindo os indivíduos segundo a dor, grupo I (atletas que relataram dor pré-competição e pós-competição, segundo verificado no questionário UCLA *modificado, onde temos n=17) e grupo II (atletas que não relataram sintomas dolorosos, onde temos n=14)

(Tabela 3 e 4).

 

Pré

Pós

Estatística Z

p-valor

Dor

6,00 ± 1,22

6,82 ± 3,24

-1,21

0,225

Função

8,00 ± 2,73

8,11 ± 2,68

-0,45

0,655

Flexão Frontal

4,94 ± 0,24

4,94 ± 0,24

0,00

1,000

Força de Flexão

4,70 ± 0,46

4,70 ± 0,46

0,00

1,000

Satisfação

3,82 ± 2,18

4,11 ± 1,96

-1,00

0,317

Total

27,4 ± 4,22

28,7 ± 6,36

-1,07

0,284

Tabela 3. Grupo I

    Dentro do grupo I, atletas que relataram dor, não obtivemos como resultado nenhum p-valor que mostre uma mudança significativa dos estados pré-competição e pós-competição.

 

Pré

Pós

Estatística Z

p-valor

Dor

10 ± 0

9,42 ± 0,93

-2,00

0,046

Função

10 ± 0

10 ± 0

0,00

1,000

Flexão Frontal

5 ± 0

5 ± 0

0,00

1,000

Força de Flexão

4,92 ± 0,26

4,92 ± 0,26

0,00

1,000

Satisfação

4,92 ± 0,26

5 ± 0

-1,00

0,317

Total

34,9 ± 0,26

34,3 ± 1,08

-2,00

0,046

Tabela 4. Grupo II

    Já na análise do grupo II, atletas que não relataram sintomas dolorosos, foram identificados mudanças significativas tanto na avaliação de dor quanto no total do questionário UCLA *Modificado. Observamos uma diminuição dos valores em ambos os casos, isso nos mostra que atletas pré-competição não referiam dor e após um evento competitivo passaram a relatar um quadro álgico.

    Vejamos agora análises observando os testes realizados dentro de cada grupo, ou seja, testes realizados no grupo IA, atletas que relataram dor e que responderam os questionários e realizaram o trabalho de fortalecimento muscular do M.R e grupo IB atletas que somente responderam os questionários e testes realizados no grupo IIA, atletas que não relataram sintomas dolorosos, e que responderam os questionários e realizaram o trabalho de fortalecimento muscular do M.R e no grupo IIB, atletas que somente responderam os questionários (Tabelas 5, 6 e 7).

 

Pré

Pós

Estatística Z

p-valor

Dor

6,5 ± 0,92

9,75 ± 0,70

-2,60

0,009

Função

9,25 ± 1,48

9,75 ± 0,70

-1,00

0,317

Flexão Frontal

5 ± 0

5 ± 0

0,00

1,000

Força de Flexão

4,62 ± 0,51

5 ± 0

-1,73

0,083

Satisfação

4,37 ± 1,76

5 ± 0

-1,00

0,317

Total

29,7 ± 2,65

34,5 ± 0,92

-2,54

0,011

Tabela 5. Grupo IA que responderam os questionários e realizaram o trabalho de fortalecimento muscular do M.R.

    Percebemos que a melhora no quadro álgico dos indivíduos que responderam os questionários e realizaram o trabalho de fortalecimento do M.R é significativa assim como o valor total devido, principalmente, a significância do quesito dor.

 

Pré

Pós

Estatística Z

p-valor

Dor

5,55 ± 1,33

4,22 ± 2,10

-1,86

0,063

Função

6,88 ± 3,17

6,66 ± 3

-1,00

0,317

Flexão Frontal

4,88 ± 0,33

4,88 ± 0,33

0,00

1,000

Força de Flexão

4,77 ± 0,44

4,44 ± 0,52

-1,34

0,180

Satisfação

3,33 ± 2,5

3,33 ± 2,5

0,00

1,000

Total

25,4 ± 4,44

23,5 ± 4,09

-1,90

0,058

Tabela 6. Grupo IB, atletas que responderam somente os questionários

    Em relação às atletas do grupo IB que somente responderam os questionários não foi observado nenhum p-valor que mostre significância.

    As atletas que estão no grupo IIA, que não relataram sintomas dolorosos e que responderam os questionários e realizaram o trabalho de fortalecimento muscular do M.R não tiveram nenhuma modificação em suas medições, logo nenhuma mudança.

 

Pré

Pós

Estatística Z

p-valor

Dor

10 ± 0

9,11 ± 1,05

-0,64

0,522

Função

10 ± 0

10 ± 0

-0,45

0,655

Flexão Frontal

5 ± 0

5 ± 0

0,00

1,000

Força de Flexão

4,88 ± 0,33

4,88 ± 0,33

0,00

1,000

Satisfação

4,88 ± 0,33

5 ± 0

-1,34

0,180

Total

34,8 ± 0,33

34 ± 1,22

-0,61

0,540

Tabela 7. Grupo IIB que responderam somente os questionários

    Em relação às atletas do grupo IIB que somente responderam os questionários não observamos nenhum p-valor significativo.

    Ao avaliar o teste simples de ombro, observou-se que as mudanças após o tratamento foram mínimas. Observa-se uma melhora em relação ao posicionamento confortável do ombro ao lado do corpo, onde 96,8% das atletas responderam sim em um momento pré-competição, quando perguntado se o ombro está confortável com seu braço em repouso ao lado do corpo. Já em um momento pós-competição 100% das atletas responderam sim. Também foi observada uma melhora para elevar 0,5kg ao nível do ombro. 96,8% das atletas responderam sim pré-competição e 100% responderam sim pós-competição (tabela 8).

    Observa-se ainda uma queda na concordância após o treinamento para elevar 5kg até o topo da cabeça, carregar 10kg ao lado do corpo e lavar a parte posterior do ombro com o membro afetado. Quando perguntado se a atleta consegue levantar 5Kg até o nível de seu ombro sem dobrar o cotovelo 67,7% responderam não em um momento pré-competição. Já em um momento pós competição 61,3% responderam não. Em um momento pré-competição 83,9% responderam que não quando perguntado se consegue carregar 10Kg ao lado do corpo com a extremidade afetada. Já em um momento pós-competição observou-se uma redução, 74,2% responderam que não. A mesma redução pode ser observada quando, em um momento pré-competição foi perguntado se a atleta consegue lavar a parte posterior de seu ombro oposto com a extremidade afetada, 96,8% responderam que não e em um momento pós-competição 93,5% responderam que não (tabela 8).

 

Pré-competição (n=31)

Pós-competição

(n=31)

Seu ombro está confortável com seu braço em repouso ao lado do corpo?

96,8%

100%

Seu ombro permite que você durma de forma confortável?

96,8%

96,8%

Você consegue alcançar uma pequena parte das suas costas com a mão para vestir a camisa?

100%

100%

É capaz de colocar sua mão atrás da cabeça com o cotovelo reto para o lado?

93,5%

93,5%

Consegue colocar uma moeda sobre uma prateleira no nível de seu ombro sem dobrar o cotovelo?

100%

100%

Consegue levantar 0,5 Kg (um recipiente de 500 ml cheio) até o nível de seu ombro sem dobrar o cotovelo?

96,8%

100%

Consegue levantar 5 Kg (um galão cheio) até o topo de sua cabeça sem dobrar o cotovelo?

67,7%

61,3%

Consegue carregar 10 Kg ao lado do corpo com a extremidade afetada?

83,9%

74,2%

Você consegue lavar a parte posterior de seu ombro oposto com a extremidade afetada?

96,8%

93,5%

Seu ombro permite que você trabalhe em tempo integral ou pratique seu esporte atualmente?

96,8%

96,8%

Tabela 8. Percentual de concordância do teste simples do ombro. Vermelho, resposta sim pré e pós-competição. Azul, resposta não pré e pós-competição.

Discussão

    A dor no ombro do atleta arremessador é o principal sintoma relatado e além de atingir jogadores profissionais ocorre também em atleta amador e recreacional(1), (12), (13). Barbieri et al. (1995) relatam que as lesões do M.R constituem a causa mais comum de dor no ombro, esse sintoma caracteriza-se por dor na face ântero-lateral do ombro, que exacerba à abdução com rotação externa (movimento de arremesso) ou interna da articulação. Reeser et al. (2006) expõem que a síndrome dolorosa do ombro representa a terceira lesão mais comum em jogadores de voleibol. Nossos achados conferem com os dados da literatura; a dor é um sintoma que está presente em atletas arremessadores.

    Os testes funcionais discriminativos auto-aplicados, como verificados na literatura pesquisada, se mostraram eficaz no que diz respeito ao impacto da dor e dos sintomas decorrentes do acometimento do ombro e na avaliação do estado funcional dos pacientes como foi verificado nos resultados obtidos. A reprodutibilidade de teste reteste do questionário teste simples do ombro esta de acordo com a literatura apesar de ter apresentado mudanças mínimas em nossos resultados.

    Kisner & Colby (2005) relatam que os elementos fundamentais do desempenho muscular são força, potência e resistência à fadiga e que quando uma ou mais dessas áreas de desempenho muscular está comprometida, podem surgir limitações funcionais e incapacidade ou aumento do risco de disfunção. Quando os déficits no desempenho muscular colocam uma pessoa em perigo de lesão ou obstruem a função, o uso de exercício resistido é uma intervenção fisioterapêutica apropriada para melhorar o uso integrado da força, da potência e do desempenho muscular durante os movimentos funcionais, de modo a reduzir o risco de lesão ou de recorrente lesão e melhorar o desempenho físico(15). Segundo Reeser et al., (2006) dentro das estratégias de prevenção de lesões no voleibol estão o ganho de força e endurance do manguito rotador e treinamento de resistência e força excêntrica para prevenção de lesões. Em relação ao desempenho muscular e das estratégias de prevenção de lesões, nossos resultados demonstraram esta de acordo com as literaturas pesquisada.

    Andreoli et al., (2003) asseguram que o trabalho preventivo é a ferramenta fundamental que deve ser utilizada num programa para os atletas do basquetebol. De acordo com os resultados obtidos em nosso estudo essa afirmação cabe não só para o basquetebol, mas também para outros esportes em que os atletas realizam o movimento de arremesso. Segundo Alloza & Ingham (2003) a prevenção das lesões na prática do handebol não é um objetivo fácil de ser realizado, e requer aprofundamento no estudo da modalidade, identificação dos fatores etiológicos das lesões para a aplicação de medidas preventivas que devem ser averiguadas após um determinado período de tempo. Além de condizer com essa declaração, nossos achados asseguram que essa afirmação também se adéqua ao voleibol e ao basquetebol.

Conclusão

    Estudos sobre prevenção de dor no ombro de atletas arremessadores são escassos na literatura.

    O desenvolvimento de pesquisas sobre a prevenção de dor no ombro em atletas arremessadores pode trazer bastantes benefícios como, a diminuição do numero de lesões desencadeadas por fadiga osteomuscular e ligamentar, não só para o mesmo, mas também para uma melhor performance da equipe durante uma determinada competição.

Referências

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