Estilo de vida e lazer de bailarinos profissionais Estilo de vida y tiempo libre de bailarines profesionales Lifestyle and leisure of professional dancers |
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*Prof. de Educação Física – Graduada em Educação Física – CEFID/UDESC **Prof. De Educação Física – Mestranda da UFSC ***Prof. Doutoranda do Departamento de Educação Física - CEFID/UDESC ****Prof. de Educação Física –Especialista em Atividade Física Adaptada e Saúde – GAMA FILHO *****Prof. Doutoranda do Departamento de Educação Física - CEFID/UDESC ******Prof. Doutora do Departamento de Educação Física – CEFID/UDESC (Brasil) |
Miriam Costa Cherem* Amanda Soares** Adriana Coutinho de Azevedo Guimarães*** Sabrina Fernandes**** Zênite Machado***** Joseani Paulini Neves Simas****** |
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Resumo Analisou aspectos relacionados ao estilo de vida e hábitos de lazer de bailarinos profissionais de Florianópolis–SC. Foram utilizados dois questionários: Pentáculo do Bem-Estar (Nahas, Barros e Francalacci, 2000) e Estilo de Vida e Hábitos de Lazer dos Industriários de Santa Catarina, adaptado de Barros (1999). Amostra intencional, com média de idade de 26,5 anos. A maioria dos bailarinos possui um estilo de vida saudável, porém com um aspecto negativo que é a nutrição. Nos hábitos de lazer as atividades ativas foram as que mais se destacaram. Conclui-se que a dança exige horas de treinamento e ensaios, recebendo pouca assessoria e orientações dos profissionais de saúde, talvez devido a isso o déficit na nutrição. Unitermos: Dança. Estilo de vida. Atividade de l azer
Abstract This study analysed aspects related to the lifestyle and leisure habits of professional dancers from Florianópolis-SC. Two questionnaires were used: Well-being Pentacle (Nahas, Barros, and Francalacci, 2000), and Lifestyle and Leisure Habits of entrepreneurs of Santa Catarina, adapted from Barros (1999). Intentional sample, within the average of 26,5 years old. The majority of the dancers have a healthy lifestyle, nevertheless, carrying a negative aspect, the nutrition. In the leisure habits, the active activities were the most evident. In conclusion to that, dancing demands hours of training and rehearsals, receiving few assessment and orientation from health professionals, perhaps, due to the nutrition deficit Keywords: Dancing. Lifestyle. Leisure Activities |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 140 - Enero de 2010 |
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Introdução
O estilo de vida pode ser considerado como um comportamento individual que influência positiva ou negativamente a saúde das pessoas, segundo Nahas (2006) é ainda um conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas, e para Corbin (1994) são os padrões de comportamento ou os modos que o indivíduo tipicamente vive.
Todavia de acordo com Fiamoncini e Fiamoncini (2003) com o avanço da automação e da tecnologia, as pessoas estão trabalhando cada vez mais, esquecendo-se de si mesmas. Dispõem de menos tempo para a família e para o lazer e estão tornando-se cada vez mais estressadas. Estes quadros observados em nossa sociedade, se constatam na inatividade, no estresse, na fadiga muscular, na obesidade e conseqüente no desenvolvimento de doenças, associadas a um trabalho exaustivo, maus hábitos alimentares, fumo e ao consumo de álcool.
As evidências de que o homem contemporâneo utiliza-se cada vez menos de suas potencialidades corporais e de que o baixo nível de atividade física é fator decisivo no desenvolvimento de doenças degenerativas sustenta-se a hipótese da necessidade de se promoverem mudanças no seu estilo de vida, levando-o a incorporar a prática de atividades físicas ao seu cotidiano.
Para Guimarães, Simas e Farias (2003) a dança, como um modo de viver, pode tornar a vida diária mais saudável, e isso de maneira global, pois ela atinge todos os domínios do comportamento do ser humano: psicomotor, socioafetivo e perceptivo-cognitivo. O lazer também deve ser incorporado à rotina dos indivíduos pois o mesmo, segundo Cavallari e Zacharias (1994), é o estado de espírito em que o ser humano se encontra, na busca de diversão e prazer, realizado dentro do seu tempo livre. O lazer está tão intimamente ligado ao ser humano, ao fazer humano, com sua relação com o trabalho e vida social que ele se apresenta de diversas maneiras e formas, porém sempre com a meta de trazer benefícios para o indivíduo.
Um dos aspectos que caracteriza as pessoas como sujeitos é sua possibilidade de fazer escolhas, e essa é a característica básica do lazer. As pessoas devem fazer suas escolhas por atividades que lhes interessem e lhes dêem prazer com caráter desinteressado. Sobre as atividades de lazer, Marcellino (1983) e Cavallari e Zacharias (1994), destacam que o ideal seria que cada pessoa desenvolvesse sua ação no tempo disponível, abrangendo os cinco grupos de interesses, ou seja, exercitando o corpo, a imaginação, o raciocínio, a habilidade manual e o relacionamento social, quando, onde, com quem e de maneira livre.
Finalmente ressalta-se que esses aspectos serão abordados neste estudo a fim de investigar o perfil do estilo de vida e lazer de bailarinos profissionais de Florianópolis – SC, já que a dança muitas vezes e para muitos pesquisadores é vista essencialmente como arte e, desta forma, seus praticantes acabam não recebendo orientações adequadas que possam corrigir a tempo os hábitos inadequados o que por muitas vezes, poderia permitir evitar problemas futuros e promover melhorias em sua performance.
O ato de dançar, para os bailarinos profissionais, é o seu trabalho propriamente dito, os ensaios e aulas durante muitas horas do seu dia tornam-se uma rotina diária. Dentro do conceito de qualidade de vida encontram-se duas realidades a serem observadas, a realidade do trabalho e a realidade da vida social e familiar, incluindo o lazer. Além dos aspectos que envolvem a questão do trabalho, existem os fatores físicos e mentais relacionados ao exercício físico constante.
Decisões metodológicas
Caracterizou-se por um estudo descritivo de campo exploratório, sendo a população composta por todos os bailarinos profissionais de Florianópolis – SC. Já a amostra foi do tipo não probabilística intencional, composta por 28 bailarinos de ambos os sexos com média de idade de 26,5 anos.
Para coleta de dados foi utilizado um instrumento de pesquisa adaptado dividido em 3 partes: a) Formulário de identificação pessoal (sexo, faixa etária, grau de escolaridade e tipo de dança que realiza profissionalmente); b) Pentáculo do Bem-Estar ( Base Conceitual para Avaliação do Estilo de Vida de Indivíduos ou Grupos, adaptado por Nahas, Barros e Francalacci (2000)), o qual se divide em componentes nutricionais, atividade física, comportamento preventivo, relacionamentos e controle do stress; e c) Estilo de Vida e Hábitos de Lazer dos Industriários do Estado de Santa Catarina, adaptado de Barros (1999), composto por questões sobre a prática de atividade física intensa e moderada no lazer, prática de caminhada intensa, tempo sentado durante a semana e final de semana, dias em que assiste televisão e atividades de lazer preferidas.
O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado de Santa Catarina no dia 05/12 de 2005 e aprovado em 08/03 de 2006. Os dados foram armazenados no programa Excel versão 2006 e transportados para o pacote estatístico SPSS 15.0. A análise dos dados foi realizada através da estatística descritiva mediante cálculo de freqüência simples, percentual, média e desvio padrão e a principal dificuldade do estudo foi que nem todos os bailarinos profissionais dispuseram-se a participar do mesmo por falta total de interesse, restrição de tempo ou por viagem.
Análise e discussão
A amostra deste estudo foi composta por 28 bailarinos profissionais de ambos os sexos residentes em Florianópolis – SC, sendo 15 mulheres e 13 homens. Este equilíbrio deve-se ao fato de que a maior parte dos indivíduos consultados eram bailarinos de dança de salão, cuja modalidade pode ser definida segundo Rodrigues (1999) por ser formada sempre por casal.
A média de idade é de 26,5 anos±, porém a maior parte da amostra se encontra na faixa etária de 19 a 23 anos (10 bailarinos), sendo a idade mínima 19 e a máxima 40 anos. Corroborando com este resultado a Direção Geral do Emprego e a Formação Profissional (DGEFP, 2006), relata que a formação profissional destes bailarinos começa, normalmente muito cedo e de forma intensa, pois os mesmos necessitam adquirir as técnicas da dança e ainda priorizar a formação cultural e artística na área.
Desta forma necessitou-se averiguar a escolaridade destes bailarinos, no qual se constatou que: 2 possuem especialização, 2 estão cursando a especialização, 6 possuem o ensino superior, 11 ainda estão cursando o ensino superior, 5 possue apenas o ensino médio e 2 não terminaram o ensino médio. A formação nesta área é bastante diversificada, confere diferentes níveis de qualificação, pois a graduação em dança inclui nos seus currículos disciplinas relacionadas com as técnicas de dança, com a produção coreográfica, com a produção de espetáculos e com as práticas pedagógicas (DGEFP, 2006).
Os estilos de dança que podem interpretar são muito diversos, cada um com características próprias. Enquanto o ballet clássico se caracteriza por um conjunto de movimentos ditos estilizados e tradicionais, a dança moderna permite maior liberdade e personalização dos movimentos corporais. O folclore, as danças étnicas, o sapateado e as diversas danças de salão constituem outros exemplos dos muitos estilos de dança existentes. Por isso investigou-se como a amostra se divide em relação ao estilo de dança praticada e os resultados foram: 13 bailarinos têm a dança de salão como profissão, 8 jazz, 5 contemporâneo e 2 flamenco.
As interpretações dos bailarinos podem ser realizadas individualmente como solistas, principais, em grupo, ou num corpo de baile. Além disso, variam também consoante o tipo de espetáculo em que decorrem: bailados, programas televisivos, animação em clubes de diversão noturna, entre outros. Em alguns espetáculos, além de dançar, alguns bailarinos também cantam e representam (DGEFP, 2006).
Estilo de vida
O estilo de vida engloba 5 fatores: nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamentos e stress (NAHAS, 2006). Para cada um dos fatores analisados, apresenta-se quadros comparativos entre os gêneros.
De acordo com o quadro 1 apresenta 3 aspectos dos hábitos alimentares dos bailarinos de ambos os sexos. O primeiro aspecto analisado foi sobre o consumo de frutas e verduras. A freqüência de consumo desses alimentos é pequena pelos dois sexos, sendo que 6 bailarinas consomem sempre ou quase sempre e apenas 2 bailarinos fazem o mesmo. Com relação à ingestão de alimentos gordurosos e doces, 6 bailarinos e 7 bailarinas consomem sempre ou quase sempre estes alimentos e 7 bailarinos e 8 bailarinas tentam evitar estes alimentos. No aspecto refeições variadas 6 bailarinos e 12 bailarinas quase sempre e sempre realizam 4 ou 5 refeições por dia.
Nahas (2006) afirma que uma alimentação saudável deve observar os aspectos qualitativo e quantitativo, ou seja, a qualidade dos alimentos e a quantidade necessária de cada um dos alimentos que deve compor uma refeição, observando a necessidade calórica ao indivíduo e a SBAN (1990), Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, recomenda que para uma refeição seja considerada saudável deve ser composta por alimentos fontes dos três grandes grupos de nutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) em proporções variáveis, de acordo com a ingestão calórica total do dia, devendo-se compor em: 60% a 70% de carboidratos, 10% a 12% de proteínas e 20% a 25% de gorduras.
Desta forma a seleção de alimentos é uma parte de um sistema comportamental complexo. Experiências precoces e interação contínua com o alimento determinam as preferências alimentares, hábitos e atitudes exibidas pelos adultos. Outras influências incluem o preço, o valor do prestígio do alimento, região, geografia, pares e influências sociais, preparação e estocagem, habilidades no preparo, disponibilidade de tempo e conveniência, bem como as preferências e intolerâncias pessoais. Citam-se também os fatores afetivos, envolvendo atitudes, crenças e valores (HOLLI e CALABRESE, 1991). As qualidades sensoriais (sabor, cheiro, textura e aparência) são fortes determinantes do comportamento alimentar (MATTES e KARE, 1994).
Infelizmente são pouquíssimos os estudos que tratam sobre este assunto como o de Barreiros (2006) que afirma que os bailarinos recebem pouca assessoria dos profissionais de saúde porque a dança é vista essencialmente como arte. Desta forma, acabam não recebendo orientações adequadas que possam corrigir a tempo os hábitos inadequados o que permitiria evitar problemas futuros e promover melhorias em sua performance. O acompanhamento nutricional através de uma avaliação nutricional desse grupo alvo é importante, pois ela permite verificar as proporções corporais em um indivíduo, visando estabelecer atitudes de intervenção.
O segundo aspecto do estilo de vida trata da pratica de atividade física, força, alongamento e atividades diárias.
Conforme o quadro 2, observou-se que quase todos os bailarinos e a maior parte das bailarinas realizam alguma atividade física durante a semana, com relação a exercícios de força e alongamento muscular, 12 bailarinos e 13 bailarinas realizam sempre ou quase sempre esta rotina. Quanto ao hábito de utilizar escadas e caminhadas como transporte, 8 bailarinos e 6 bailarinas têm esta pratica por hábito.
Esta população ocupa a maior parte do seu tempo exercitando seu corpo num conjunto de movimentos codificados e classificados, pois necessita manter uma excelente forma física (mesmo não tendo nenhuma atuação prevista). Quando participam de espetáculos, o seu cotidiano é preenchido por ensaios que visam aperfeiçoar a forma como executam a coreografia e maximizar o seu desempenho individual (DGEFP, 2006). Segundo Leal (1998) a adoção da prática de trabalhos de preparação física diária proporcionará bem-estar pleno que pode ser observado logo após o início das atividades. A autora ainda evidencia a importância da atividade física para resultados atléticos ou artísticos ou para a manutenção da saúde, com prazer na realização das atividades diárias, realizando exercícios aeróbicos como toda a linha de trabalho e adequado condicionamento físico.
O grau de benefício que um programa de treinamento de força pode transferir para o desempenho de um esporte está muito relacionado ao treinamento de potência muscular, o qual, de acordo com Dantas (1999), se dá em função da velocidade de execução de movimento e da força desenvolvida pelo músculo. Vários autores citados por Bagrichevsky (2002) relatam a importância da inclusão de exercícios de alongamento para a manutenção da aptidão física e para o desenvolvimento da condição desportiva (FOX e MATHEWS, 1991; BLAIR et al., 1994; BOMPA, 1994; HAMILL, 1995; ROSENBAUM e HENNING, 1995; ALTER, 1996; SHARKEY, 1998). A freqüência do programa de desenvolvimento de flexibilidade encaixa-se no mínimo 3 vezes por semana, com média de duração de 30 a 35 min. Os exercícios de alongamento, incluindo todos os principais grupamentos musculares, antecedem e encerram todas as aulas do programa independentemente do período em que se está desenvolvendo o trabalho de preparação física (DANTAS, 2003; DANTAS, 1999; ACHOUR JR, 1999).
O terceiro aspecto mencionado nesta pesquisa diz respeito ao comportamento preventivo que abrange três quesitos: pressão arterial e colesterol, fumo e álcool e o comportamento dispensado no trânsito.
Observa-se no quadro 3, que tanto os bailarinos quanto as bailarinas possuem bons hábitos de comportamento preventivos, exceto no item pressão e colesterol porque os bailarinos não apresentam bons hábitos. Para Oliveira (2000), a hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doença coronariana e vascular cerebral. O controle inadequado dos valores pressóricos traz como conseqüência alterações nos órgãos-alvo, como cérebro, rim e coração, sendo causa principal de quadros clínicos devastadores, como infarto do miocárdio, angina instável, acidente vascular cerebral hemorrágico. Ainda segundo a Cartilha do Coração (1999), o colesterol também é um fator de risco da doença aterosclerótica, que aumenta significativamente e progressivamente quando estão acima dos valores desejáveis.
O fumo seguramente também não é um bom hábito, aparentemente reduz a ansiedade e auxilia as pessoas a se socializarem. Porém, ele é seguramente prejudicial à saúde influenciando negativamente a capacidade física. A nicotina, principal substância presente no fumo provoca um aumento na freqüência cardíaca, na freqüência respiratória e na pressão arterial (GARCIA e TEIXEIRA, 1989). Num estudo de Karpovich e Hale (1951) eles testaram 5 estudantes que fumavam 10 cigarros por dia, em uma bicicleta ergométrica, 1 minuto após terem eles fumado um cigarro, e também após 1 semana de abstinência e notaram que alguns deles apresentaram melhor desempenho físico quando não estavam fumando.
Em 1982, o American College of Sports Medicine (ACSM) firmou sua posição quanto ao uso de álcool em esportes, o relatório, afirma que a ingestão abusiva de álcool pode exercer efeito prejudicial nas habilidades psicomotoras como a regulação da temperatura corporal durante o exercício prolongado em ambientes frios, que pode diminuir a força, a resistência muscular, velocidade e resistência cardiovascular. O atleta não está imune as conseqüências potencialmente fatais do abuso crônico do álcool, tais como disfunções endócrinas, diminuição da produção de testosterona, e as alterações no metabolismo de lipídios (O’BRIEN e LYONS, 2000). Todavia um estudo sobre o estilo de vida de 1.274 finlandeses homens, ex-atletas, que usavam álcool, resultou que consumidores moderados (29,7%) de bebidas alcoólicas têm uma maior expectativa de vida, comparada aos abstêmios e aos bebedores pesados. Uma explicação plausível para essa descoberta é a diminuição do risco de doenças na artéria coronariana (FOGELHOLM et al., 1994).
Já os estudos sobre acidentes de trânsito no Brasil são escassos, as ações de prevenção e controle estão apenas iniciando e pouco se conhece a respeito do comportamento do motorista e do pedestre, das condições de segurança das vias e veículos. Em 73,1% dos casos, os principais envolvidos nestes acidentes são os homens jovens na faixa etária dos 15 aos 24 anos ( DENATRAN, 1997). Crenças relacionadas à manutenção da saúde como o hábito de não ingerir bebidas alcoólicas ao dirigir e o uso de cinto de segurança, são importantes em si mesmas como um fator que determina comportamentos de saúde. Estas não só influenciam comportamentos, mas também são importantes nas atitudes em relação à legislação, bem como nas decisões de políticas sociais e nos programas de promoção de estilo de vida saudável (DENATRAN, 1997).
No quadro 4 relacionam-se os resultados do estudo no que diz respeito ao nível de satisfação com as amizades e o cultivo de novas amizades, à participação em associações e entidades sociais e o lazer comunitário e o sentir-se útil no seu ambiente social.
Observa-se que tanto os bailarinos quanto as bailarinas estão satisfeitos com seus relacionamentos de amizade, em relação à participação social, mais bailarinos do que bailarinas sentem-se satisfeitos com sua sociabilidade. A menor proporção diz respeito a sentir útil no seu ambiente social, pois apenas 5 bailarinos e 7 bailarinas afirmam apresentar este comportamento. De acordo com Machado (2006) a sociabilidade se funde e se exerce no cotidiano, no dia-a-dia. É nessa rotina que acontece a experiência dos indivíduos que constroem sua identidade enquanto grupo e enquanto sujeitos individuais do processo de sociabilidade. A sociabilidade no nosso espaço de trabalho supõe aceitações e resistência que são na verdade expressões puras de movimento.
O último aspecto citado no estilo de vida relaciona-se ao comportamento preventivo em relação ao stress (descanso diário, calma pra discutir e equilíbrio entre as horas dedicadas ao trabalho com as horas dedicadas ao lazer).
O quadro 5, demonstra que 7 bailarinos e 10 bailarinas reservam um tempo do dia para descansar, 9 bailarinos e bailarinas sempre e quase sempre mantêm a calma ao discutir e 7 bailarinos e 11 bailarinas tem um dia-a-dia equilibrado entre lazer e ao trabalho. Segundo Nahas (2006) manter um bom comportamento em relação ao stress beneficia o estilo de vida. Já Sousa et al. (2004), em estudo sobre o nível de stress e ansiedade conclui que em bailarinos profissionais o stress aumenta em época de pré-estréia, leva-se em consideração a influência de determinados fatores incluindo, dentre outros, o medo de errar, o esquecimento da seqüência coreográfica, a presença da platéia e de críticos da área. Desta maneira, os bailarinos profissionais poderiam estar sujeitos a pressões psicológicas, que os levam ao estresse e à ansiedade.
Complementando as figuras e a discussão acima, se apresenta o pentáculo do bem-estar, pois como define Nahas (2006), este instrumento tem como objetivo fornecer um feedback gráfico sobre os 5 aspectos relacionados ao estilo de vida de um indivíduo ou grupo. Segundo o mesmo, o nível máximo de preenchimento de cada aspecto é o comportamento ideal esperado, já o não preenchimento de algum item, representa a necessidade de uma intervenção profissional adequada com o intuito de modificar comportamentos prejudiciais à saúde e qualidade de vida do indivíduo ou do grupo analisado.
As figuras a seguir, representam o pentáculo dos bailarinos profissionais dos estilos: Contemporâneo, Dança de salão, Flamenco e Jazz, respectivamente.
Hábitos de Lazer
Composto por questões sobre prática de atividade física intensa e moderada no lazer, prática de caminhada intensa, tempo sentado durante a semana e final de semana, dias que assiste televisão e atividades de lazer preferidas (ADAPTADO DE BARROS, 1999). Para cada uma das questões analisadas, apresenta-se uma figura comparativa entre os tipos de dança.
De acordo com a figura 10, conclui-se que nenhum bailarino de Contemporâneo, 2 bailarinos de Dança de Salão, 1 bailarino de Flamenco e 2 bailarinos de Jazz não realizam nenhum tipo de atividade física intensa no período de lazer. Um número de 4 bailarinos de Contemporâneo, 9 de Dança de Salão, 1 de Flamenco e 6 de Jazz realiza algum tipo de atividade.
Verifica-se na figura 11 que nenhum bailarino de Contemporâneo, 1 de Dança de Salão, 2 de Flamenco e 2 de Jazz não realizam nenhum tipo de atividade física moderada no período de lazer. Um número de 3 bailarinos de Contemporâneo, 11 de Dança de Salão, nenhum de Flamenco e 4 de Jazz realiza algum tipo de atividade.
Houve um equilíbrio entre a prática de atividades classificadas por Barros (1999) como moderadas (andar de bicicleta, nadar, jogar bocha) e como vigorosas ou fortes (jogar futebol, correr ou caminhar rápido) por parte dos bailarinos, sendo que a grande maioria pratica os dois tipos de atividades. As atividades moderadas são praticadas pelos bailarinos de 1 a 7 dias na semana com duração de 30 minutos a 4 horas e as atividades vigorosas são praticadas de 2 a 6 dias na semana com duração de 1 a 4 horas.
O lazer vem sendo considerado, na atualidade, um fator indispensável na vida das pessoas, para completar o bem-estar físico, social e mental (DUMAZEDIER, 1980). O interesse humano na busca por qualidade de vida, para Tahara e Silva (2003), tem impulsionado muitas pessoas a usufruírem da potencialidade dos exercícios físicos, sejam eles realizados em instalações esportivas convencionais ou mesmo aqueles realizados em contato direto com o meio ambiente natural. Segundo Dantas (1999) os programas de atividade física bem organizados podem suprir às diversas necessidades individuais, multiplicando as oportunidades de obter prazer e, conseqüentemente, otimizar a qualidade de vida. Para Dumazedier (1999), as atividades de lazer nas quais prevalecem os movimentos permitem a exploração de diversas práticas corporais, visando o bem-estar físico e o aprimoramento da capacidade funcional. Finalmente, quando as atividades físicas são prazerosas (esportes recreativos, jardinagem, caminhadas, entre outras formas) elas podem representar uma distração dos agentes estressantes do dia-a-dia, reduzindo seus efeitos no organismo (FIAMONCINI e FIAMONCINI, 2003).
Em relação à prática de caminhada intensa, 1 bailarino de Contemporâneo, 9 de Dança de Salão, 2 de Flamenco e 4 de Jazz não realizam tal atividade. Sendo que, somente 3 bailarinos de Contemporâneo, 4 de Dança de Salão, nenhum de Flamenco e 3 de Jazz praticam caminhadas rápidas no seu período de lazer. Lopes e Alterthum (1999) afirmam que a prática da caminhada contribui para a promoção da saúde de forma preventiva e consciente. Vêem na atividade física um importante instrumento de busca de melhor qualidade de vida.
Num estudo sobre a caminhada nos espaços públicos de lazer, De Gáspari e Schwartz (2005), mostram os benefícios desta atividade tais como o citado pela Organização Mundial da Saúde (O.M.S). Como a redução de riscos para o desenvolvimento de certas cardiopatias e a melhoria nos aspectos psicológicos. Citam também que, ao caminhar as pessoas podem encontrar outros adeptos da prática, conhecer novos lugares e, ainda, aproveitar para refletir (TERZIAN, 2002). O resultado do estudo de De Gáspari e Schwartz (2005) relatou que, para 38 sujeitos (95%), a caminhada é uma forma de lazer, sendo que dois deles (5%) não responderam.
Quando questionados a respeito do tempo sentado durante os dias da semana, observou-se que 1 bailarino de Contemporâneo afirmou passar de 1 a 3 horas por dia na posição sentada e 4 não souberam responder a pergunta. Entre os bailarinos de Dança de Salão, 7 passam de 1 a 3 horas por dia, 2 gastam de 4 a 6 horas nesta posição e 2 mais que 6 horas por dia sentado. Quanto aos bailarinos de Flamenco, 1 gasta de 1 a 3 horas por dia sentado e 1 não soube responder. Já os bailarinos de Jazz, num número de 6, passam apenas de 1 a 3 horas do seu dia sentados, 1 gasta mais de 6 horas e 1 não soube responder.
Entretanto, quando questionados em relação ao tempo sentado durante o final de semana, maioria dos bailarinos de Contemporâneo, passa de 1 a 3 horas sentados, apenas 1 gasta mais de 6 horas e 1 não soube responder a pergunta. Os bailarinos de Dança de Salão, num número de 3, gastam de 1 a 3 horas, 5 deles passam de 4 a 6 horas sentados por dia, 2 ficam mais que 6 horas e 3 não souberam responder. Entre os bailarinos de Flamenco, 1 gasta de 4 a 6 horas e 1 não soube responder. Em relação aos bailarinos de Jazz, 4 gastam de 1 a 3 horas, 1 passa mais de 6 horas e 3 não souberam responder a pergunta.
O tempo livre de lazer também pode ser usufruído como descanso como mostra o estudo de Pratt e Munshi (1994), que observaram em 8 diferentes comunidades no Estado de New York (EUA) que a alta prevalência de sedentarismo no lazer estava associada a um nível mais alto de atividade física ocupacional e de transporte e locomoção. O estudo de Nunes e Barros (2004) concluiu que ser sedentário no lazer não significa necessariamente ser sedentário fora dele e que essa pode ser uma opção exatamente devido a se adotar um estilo de vida moderadamente mais ativo fora do lazer.
Em relação aos dias que os bailarinos assistem televisão, notou-se que a televisão é assistida por 2 bailarinos de Contemporâneo numa freqüência de 7 dias na semana, 2 deles assistem de 1 a 6 vezes na semana e 1 não assiste. Quanto aos bailarinos de Dança de Salão, 7 assistem televisão de 1 a 6 vezes na semana e 6 assistem todos os dias. Entre os bailarinos de Flamenco, 1 assiste todos os dias e 1 não assiste televisão. Já os bailarinos de Jazz, 3 assistem de 1 a 6 dias, 3 não assistem e 2 assistem televisão todos os dias. O tempo dispendido por eles nesta atividade varia entre 30 minutos e 3 horas.
Atualmente, a televisão é uma das atividades mais escolhidas durante o tempo livre. Segundo Marcellino (2000), este fato contribui para a homogeneização da população, que passa a seguir os padrões de vida dos grandes centros, e também contribui para o desaparecimento de manifestações culturais autenticas, como festas, tanto lúdico-religiosas como lúdico-folclóricas.
Por outro lado, a televisão pode ser um canal positivo de informação e divulgação da dança, ou mesmo de apreciação por parte dos telespectadores. De acordo com Andrade (2000), a televisão trouxe uma maior harmonia aos espectadores da dança, sendo possível estar num ponto do planeta dilateralmente oposto daquele onde se realiza um evento sem, no entanto, perder os seus contornos e, muitas vezes, ganhando até nitidez e uma maior visão de conjunto, do que ao vivo. Permitiu, e permite ainda hoje, que milhões de pessoas que não podem estar em espaços teatrais, por diversas razões, possam tomar conhecimento do que se está fazendo e que está a fazer num local determinado.
Observa-se na figura 12, que as atividades de lazer citadas pelos bailarinos de Contemporâneo foram as atividades ao ar livre (passeios, caminhadas, camping). Entre os bailarinos de Dança de Salão, a maioria citou a atividade física. Em relação aos bailarinos de Flamenco, 1 prefere a atividade física e 1 cita as atividades culturais (teatro, cinema e musica). Os bailarinos de Jazz também preferem atividades físicas.
A atividade mais citada entre os bailarinos profissionais de todos os tipos de dança foi a prática dança, como forma de lazer, em festas, boates, bailes de dança de salão, e outros. Para Marcelinno (1996) as pessoas devem fazer suas escolhas por atividades que lhes interessem e lhes dêem prazer com caráter desinteressado e a dança, segundo Garaudy (1980), é uma das raras atividades humanas em que o homem se encontra totalmente engajado: corpo, espírito e coração; o que de certa forma motiva os bailarinos a dançarem além da sua carga horária de ensaios e aulas.
Almeida e Da Costa (1999), em seu estudo sobre “A Dança de Salão como cultura e lazer na cidade do Rio de Janeiro”, constaram nos resultados das entrevistas que os bailarinos praticam a dança durante seu tempo de lazer, pois, para eles, a Dança de Salão é uma atividade lúdica, queima calorias e melhora a postura, fortalece os músculos e desenvolve a coordenação motora e a flexibilidade.
Conclusão
Os bailarinos de ambos os sexos residentes em Florianópolis – SC, possuem um estilo de vida que os beneficia quando se considerou 4 das 5 variáveis analisadas para este aspecto.De acordo com os fatores investigados parece que tanto os bailarinos quanto as bailarinas possuem uma orientação adequada com relação a hábitos de pratica de atividade física, comportamento preventivo, relacionamentos e stress, ,contudo, não estão sendo orientados a alimentar-se de forma adequada.
A maioria dos bailarinos profissionais praticam alguma atividade física no lazer, sendo que a maior parte deles praticam tanto as atividades classificadas como moderadas quanto as vigorosas.
Sugere-se o acompanhamento de um profissional de educação física junto a equipe de profissionais da dança, pois a aplicação de um método de trabalho associado à rotina diária profissional (aulas, ensaios) deve-se basear nos princípios científicos do treinamento esportivo. Sendo que o educador físico é o profissional capacitado para realizar esta tarefa, e também para monitorar e ajustar a quantidade de ensaios e aulas, já que o excesso de trabalho predispõe os bailarinos às lesões. A adoção da prática de trabalhos de preparação físicos diários absorvidos aos hábitos dos bailarinos proporcionará bem-estar pleno que poderá ser observado logo após o início do desenvolvimento dos programas.
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digital · Año 14 · N° 140 | Buenos Aires,
Enero de 2010 |