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Estado nutricional de escolares entre 7 e 10 anos 

da rede pública da cidade de Araguaína, TO, Brasil

Estado nutricional de escolares entre 7 y 10 años de la red pública de la ciudad de Araguaína, TO, Brasil

 

*Mestrando em Ciência da Motricidade Humana pela

Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro, RJ

**Professor da Faculdade de Ciências Humanas, Econômicas e da Saúde de Araguaína, TO

***Professor Orientador. Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro, RJ

(Brasil)

Hugo Martins Teixeira*

Rômulo Falcão Marbá**

Ricardo Figueiredo Pinto***

hugosesi@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          Esta pesquisa avaliou o estado nutricional de escolares entre 07 a 10 anos da rede pública municipal da cidade de Araguaína – To. Participaram do estudo 951 crianças (500 meninos e 451 meninas) O estado nutricional foi registrado segundo os critérios de Warterlow (1976 -1977) empregando com padrão de referencia o NCHS e utilizando – se do programa de avaliação do estado nutricional em pediatria (PED2000). Para tanto, utilizou-se da estatística descritiva, distribuição em percentis e freqüências. De acordo com as evidências encontradas no presente estudo, percebe-se que a prevalência de desnutrição (36,9%) é mais de três vezes superior que a prevalência de excesso de peso (10,4%). Quanto ao gênero, verificou-se excesso de peso mais elevado nos meninos (10,8% vs 10,1 %), maior proporção de desnutrição nas meninas (34,6% vs 39,1%) e maior adequação nutricional nos meninos (54,6 % vs 51,0%). De modo geral os dados obtidos no presente estudo apontam que os índices sobressaem para eutrofismo (52,8%) e risco nutricional (D.C, D.P e D.A, 36,9 %). A partir do exposto conclui-se que os resultados obtidos apontam a necessidade de um melhor acompanhamento nutricional. Torna-se importante ainda o planejamento de atividades contínuas relacionadas à nutrição, tais como a inclusão de um programa continuado de avaliação e orientação alimentar nas escolas, visando à aquisição de um estilo de vida mais saudável.

          Unitermos: Estado nutricional. Escolares. Rede pública

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 140 - Enero de 2010

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Introdução

    O estado nutricional é caracterizado por grande dinamismo e resulta do equilíbrio entre a ingestão de nutrientes de um lado e o gasto do organismo de outro. Envolvendo três fatores: 

  1. Composição de alimentação (qualidade e espécie dos alimentos ingeridos); 

  2. Necessidades dos organismos em energia e 

  3. Nutrientes e eficiência do aproveitamento biológico dos alimentos. Segundo Vasconcelos (1993) o estado nutricional além da dimensão biológica entende-se por o produto ou manifestação biológica do conjunto de processos que se operam sobre o corpo social, é a síntese orgânica das relações entre homens – natureza – alimento

    Entre a combinação da composição de alimentos, necessidades do organismo em energia e nutrientes e eficiência do aproveitamento biológico dos alimentos, comportam razoáveis variações de cada fator, proporcionando ao individuo um estado nutricional adequado e compatível com o pleno exercício de todas as suas funções vitais.

    Embora que essa realidade não faça parte da vida de muitos brasileiros, pois em sua grande maioria a alimentação consumida não são nutritivas, ocasionando no aumento do índice de criança desnutridas ou mesmo obesas. Fatores estes que comprometem de forma significativa no desenvolvimento adequado dessas crianças.

    Sendo a obesidade e sobrepeso considerados um importante problema de saúde pública nos países desenvolvidos, no Brasil, é descrito um aumento rápido da prevalência na idade adulta, porém dados sobre a prevalência em adolescentes são escassos, mais apresentando a necessidade de medidas educativas na promoção de hábitos de vida e alimentares mais saudáveis são necessárias principalmente entre as crianças que estão em pleno processo de formação física, e que estão mais sujeitos aos apelos publicitários. Isso pode prevenir as doenças degenerativas do adulto e suas implicações médico-sociais (Guedes, 1997).

    Para que haja um desenvolvimento equilibrado é preciso a interação de um conjunto de fatores ambientais e orgânicos, sendo que pode-se citar como fatores ambientais a ingestão de dieta normal, a atividade física e toda estimulação biopsicossociais.

    Quando uma criança não é incentivada pelos pais ou mesmo impedida de praticar certos movimentos, possui uma alimentação rica em gorduras, não tem liberdade de brincar fora de casa, devido ao alto índice de violência que existe em nosso país, com isso para serem compensados os pais tendem a oferecer atrativos dentro do lar, assim cresce a rotina de assistir televisão e ficar horas a frente de computadores, o que tende a influenciar na obesidade dessas crianças, fator este que tem aumentado gradativamente nos paises subdesenvolvidos, primeiro devido a mudanças de hábitos alimentares e segundo devido ao crescente número de vida sedentária, isso envolvendo crianças de diferentes classes sociais. A obesidade é uma condição do organismo na qual há um depósito excessivo de gordura, em geral decorrente de um desequilíbrio entre ingestão e gasto energético que, a longo prazo, pode ocasionar doenças crônicas associadas a este excesso (GOMES et. al., 2004).

    A questão da obesidade além de atrapalhar no desenvolvimento da criança, também propicia no desencadear de diversos outros fatores, como: capacidade cardiorespiratória inferior, cansaço físico mais acentuado, pouca habilidade em movimentos, maior gastos de energéticos, baixo nível de aptidão física, atraso no desempenho motor nas mais variadas habilidades motoras fundamentais de locomoção e controle de objetos, na percepção, no equilíbrio, quando há realização de atividades simples, como: corrida lateral, galopar, saltos, arremessar, chutar e outros (Guimarães, 1999).

    Outro fator que deve ser considerado é que quando uma criança possui um nível inferior de aptidão física terminam por ser excluídas de brincadeiras infantis, conduzindo-as à inatividade, o que tende a ocasionar impactos negativos no seu desenvolvimento e nas suas habilidades motoras (ibidem).

Procedimentos metodológicos

    Esta pesquisa, aprovada pelo comitê de ética em pesquisa da FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL – TO com o processo de nº 185 caracterizou-se enquanto forma de abordagem, quantitativa, enquanto objetivo, descritiva e enquanto procedimentos técnicos, bibliográfica e de campo.

    O universo do estudo foi o município de Araguaina – TO, e a população-alvo delimitada por todas as crianças na faixa etária entre 7 e 10 de idade, de ambos os sexos, matriculadas na rede pública municipal desta localidade.

    Para as avaliações foram considerados os escolares de 07 a 10 anos, com idades/anos completos, matriculados na rede publica municipal da cidade de Araguaína – To/zona urbana. As escolas onde foram colhidos os dados foram escolhidas de forma aleatória mediante sorteio, a partir da relação fornecida pela Secretaria Municipal de Educação. Todos os escolares das respectivas escolas escolhidas e que os responsáveis autorizaram a participação para a pesquisa, através do Termo de Consentimento, foram avaliados. O tamanho da amostra foi definido, atentando-se para o fato de atender o estipulado pela fórmula de população finita. Neste sentido, a amostra foi constituída de 951 escolares sendo 20,23 % da população total . Em relação à amostra percebeu-se um discreto predomínio dos meninos 52,6 % (n=500) em relação às meninas 47,4 % (n=451).

    Os dados coletados para avaliar o estado nutricional foram idade, peso e estatura, tendo-se utilizado balança eletrônica portátil da marca TECHLINE escalonada em quilos e intervalos de 100 gramas, com capacidade de até 150 kg/320 libras, e estadiômetro da marca CARDIOMED com dois metros de altura, escalonado em cm e mm.

    A análise referente ao estado nutricional dos escolares da cidade de Araguaína - TO foram apresentados segundo os critérios de Waterlow (1976), recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O estado nutricional foi calculado usando-se os dados de estatura e peso adequados para a idade cronológica, valendo-se dos padrões e critérios de referência do NCHS, utilizado o programa de Avaliação do Estado Nutricional em Pediatria (PED 2000).

    Para a análise dos dados, utilizou-se a estatística descritiva, calculando-se a distribuição de freqüência e percentil.

Resultados e discussoes

    Em relação ao estado nutricional da população em estudo, pode-se observar que os casos de desnutrição mais preocupantes, classificados como desnutrição crônica observa-se um índice próximo do esperado (2,35%) e para os casos de desnutrição pregressa, e atual índices acima do esperado 15,50% e 19,00 %, respectivamente.

    Visualiza-se melhor os dados expostos anteriormente, observando os valores atribuídos a classificação do estado nutricional, desnutrido crônico, desnutrido pregresso, desnutrido atual, eutrófico, sobrepeso, obeso e grande obeso, na tabela abaixo. Ë válido informar que para uma população normal os índices do NCHS são distribuídos da seguinte forma: desnutrido crônico, 3%; desnutrido pregresso, 7%; desnutrido atual, 15%; eutrófico, 50%; sobrepeso, 15%; obeso, 7% e grande obeso, 3%. (MARRAMARCO, 2007)

Tabela 1. Distribuição da freqüência e percentil da amostra para o estado nutricional dos escolares investigados

Estado nutricional

Frequência esperada

Frequência encontrada

Percentil esperado

Percentil encontrado

Desnutrido Crônico

28

23

3,00

2,35

Desnutrido Pregresso

67

145

7,00

15,50

Desnutrido Atual

143

180

15,00

19,00

Eutrófico

475

504

50,00

52.80

Sobrepeso

143

60

15,00

6,30

Obeso

67

35

7,00

3,65

Grande Obeso

28

4

3,00

0,40

Total

951

951

100,00

100,00

    É possível observar no gráfico a seguir uma tendência ao acompanhamento do índice percentil de eutrofismo segundo o NCHS e uma diferença abaixo dos índices propostos, para os casos de obesidade, sobrepeso e grande obesidade.

Gráfico 1. Comparação dos índices nutricionais da população total do estudo em relação com os dados internacionais (NCHS)

    Em relação aos achados quanto aos níveis nutricionais, vários estudos têm encontrado resultados distintos dependendo da região do país, como também resultados divergentes em uma mesma região. A partir desse entendimento destacamos algumas pesquisas.

    Na região sul, no município de Pinhão – PR, Moura (2005), analisando escolares de 6 a 10 anos, encontrou uma porcentagem de excesso de peso de 5,2 % e de baixo peso de 3,9 %. O estudo de Dressler (2005) ao verificar escolares entre 6 a 10 anos encontrou para risco de obesidade 2,9% e 14,3% para risco de desnutrição. Ainda na região sul, na cidade de Farroupilha Marramarco (2007) encontrou baixos índices de desnutrição e índices significativos de crianças obesas (12,3 %). Outro estudo, de Viana (2007), destacou-se grande quantidade de eutróficos (81%), baixo peso 11,6% e 4,7 % com risco de sobrepeso.

    Na região Sudeste, Cano (2005) ao avaliar 171 escolares entre 7 e 8 anos na cidade de Franca-SP encontrou para risco de obesidade 16,9% e risco para desnutrição 8,7 %. Fernandes (2006), analisando 10.822 escolares da faixa de 7 a 10 anos, da cidade de Santos - SP verificou em relação à desnutrição 3,7%, 15,7 % em relação a sobrepeso e 18,0% de obesidade, diferentemente dos dados encontrados por Pegolo e Silva (2008) o qual foram observados 10,7% de escolares com baixo peso, enquanto na situação oposta (obesidade) a proporção verificada alcançou 1,6% dos integrantes da amostra. Em um estudo na cidade de Piracicaba Tolocka et al. (2008) ao avaliarem 202 crianças, verificaram que 59% das meninas e 62% dos meninos como eutróficos, e que 23% das meninas e 25% dos meninos estavam com valores próximos da obesidade e 18% das meninas e 14% dos meninos estavam subnutridos.

    Na região nordeste o trabalho de Silva, Balaban e Motta (2005) estudando crianças e adolescentes de diferentes condições socioeconômicas da cidade do Recife, Pernambuco, encontraram em termos gerais prevalência de sobrepeso entre os pré-escolares, independente das condições socioeconômicas e a obesidade foi maior entre escolares de boas condições socioeconômicas e adolescentes de baixa condição. Já no estudo de Petroski et all (2008) ao analisar o estado nutricional em Cotijuba, Sergipe observou nos escolares 21,2% de desnutrição e 6,8 % de excesso de peso.

    Em estudos na região norte com o trabalho de Farias e Petroski (2003) na cidade de Porto Velho – RO foram encontrados 17,3% de casos de obesidade, prevalência da desnutrição pregressa 27,2% e desnutrição aguda 19,8 %, portanto com maior porcentagem de eutróficos. Krebs e Soares (2006) analisaram o perfil de crescimento e estado nutricional de escolares da rede estadual de ensino fundamental do município de Cruzeiro do Sul – AC, encontraram 52% dos escolares classificados como desnutridos, 36% classificados como dentro da normalidade e 12% de sobrepeso e obesos. Percebe-se somente uma proximidade em relação aos achados para escolares com peso elevado. Em um estudo de Zomkowski et al (2007) apresenta dados para o estado nutricional da Região Norte, tais resultados apresentam diferentes índices em comparação ao presente estudo, exceto aos índices para excesso de peso (sobrepeso, obeso e grande obeso). No estudo o índice referente à desnutrição foi 63,7% e eutrofismo (26,1%).

    Quando analisados separadamente a população avaliada em relação ao gênero conforme no gráfico a seguir, pode-se verificar os valores abaixo do indicado pelo NCHS nos escolares do sexo masculino em relação à desnutrição crônica (2,6%), sobrepeso (6,2%), obeso (4,2%) e grande obeso (0,4%), e valores acima do esperado para desnutrição pregressa (14%), desnutrição atual (18%) e eutróficos (54,6%), sendo este resultado extremamente positivo em relação ao combate a desnutrição. Em relação ao sexo feminino, observa-se valores abaixo do esperado de desnutridos crônicos (2,1%), sobrepeso (6,4%), obeso (3,1%) e grande obeso (0,4%) e acima do esperado quanto a desnutridos atuais (20%), desnutrição pregressa (17%) e eutróficos (51%), estes dados também parecem refletir nos índices dentro do limiar esperado para eutróficos. De acordo com as evidências encontradas no presente estudo, percebe-se que a prevalência de desnutrição (36,9%) é mais de três vezes superior que a prevalência de excesso de peso (10,4%). Quanto ao sexo, verificou-se excesso de peso mais elevado nos meninos (10,8% vs 10,1 %), maior proporção de desnutrição nas meninas (34,6% vs 39,1%) e maior adequação nutricional nos meninos (54,6 % vs 51,0%).

Gráfico 2. Distribuição da amostra de acordo com o gênero em comparação aos índices do NCHS

    Levando em consideração ao estudo aplicado, o baixo índice de escolares com peso elevado, em âmbito geral, deve-se provavelmente, por tratar de escolares de instituição pública, portanto, com condições sócio-econômicas menos favoráveis, possuindo baixo poder de compra, favorecendo a criação de hábitos alimentares desfavoráveis, diferentemente de escolares de condição sócio-econômica elevada. (LEÃO, 2003; GUILIANO, 2004; ROQUE, 2005)

    De modo geral os dados obtidos no presente estudo apontam que os índices sobressaem para eutrofismo (52,8%) e risco nutricional (D.C, D.P e D.A, 36,9 %). Tais resultados vêm demonstrando divergências no que tange os achados, pois os estudos têm diagnosticado obesidade infantil nas populações, como os trabalhos de Cerqueira e Oliveira (2003) e de Boccaletto (2007), Pelegrini et al (2008), Tolocka et all (2008). Estudos brasileiros revelaram que as ações básicas de saúde infantil não atingem igualmente todas as parcelas da população. A avaliação dos programas de alimentação e nutrição pela Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) demonstrou que, apesar dos objetivos ambiciosos e números expressivos, ocorre cobertura deficiente nas regiões e estratos mais pobres e entre os grupos biologicamente mais vulneráveis, além da falta de coordenação com os programas de saúde e educação.

Considerações finais

    É notável em muitas pesquisas a divulgação que o aumento da prevalência da obesidade infantil tem refletido um problema para a população brasileira, que para ser erradicado ou amenizado, deve contar com a colaboração da instituição, da escola, de profissionais das mais diversas áreas da saúde, e do apoio governamental. Para tanto, o uso de métodos de fácil aplicação favorece a dinamização das respostas e possíveis intervenções.

    O presente estudo foi útil para trazer à tona essa questão, pois os resultados obtidos contrapuseram as afirmações apontadas em diversas pesquisas nacionais, pois o resultado referente à desnutrição foi alto com baixos níveis de obesidade.

    Em relação ao estado nutricional, os resultados de eutrofia sendo a grande maioria em toda a amostra pode nos dar a idéia de uma normalidade na população. A preocupação com excesso de peso nessa faixa etária no município não é tão preocupante, porém os altos índices de desnutrição encontrados pode ser um dado a ser levado em consideração, devendo ser acompanhado e melhor avaliado, procurando chegar nas variáveis que possam estar interferindo para este resultado.

    Os resultados obtidos pelo estudo apontam a necessidade de um melhor acompanhamento nutricional. Torna-se importante ainda o planejamento de atividades contínuas relacionadas à nutrição, tais como a inclusão de um programa continuado de avaliação e orientação alimentar nas escolas, visando à aquisição de um estilo de vida mais saudável.

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