Estado nutricional de crianças atendidas pelo projeto Associação Evangélica Beneficente de Assistência Social, AEBAS Estado nutricional de los niños atendidos por el proyecto AEBAS State nutricional of children taken care of for project AEBAS |
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*Educador (a) físico. Mestre em Ciências do Movimento Humano – UDESC. **Fisioterapeuta. Mestre em Ciências do Movimento Humano – UDESC. ***Doutoranda Universidade do Estado de Santa Catarina *****Doutoranda Universidade Federal do Estado de Santa Catarina ******Bolsistas Laboratório de Biomecânica CEFID/UDESC (Brasil) |
Valdeci José Guth* Ana Carolina Silva Sousa** Ana Claudia Vieira Martins*** Lisiane Schilling Poeta**** Diego Grasel Barbosa***** Rodrigo de Rodrigues****** |
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Resumo Objetivo: Investigar o estado nutricional de crianças atendidas pelo projeto AEBAS (Associação Evangélica Beneficente de Assistência Social). Metodologia: Participaram do estudo 58 crianças com idades entre 2 e 6 anos sendo 32 do sexo masculino e 26 do sexo feminino. Para avaliar o estado nutricional utilizou-se o programa informático de Avaliação do Estado Nutricional em Pediatria (PED). Resultados: Os meninos apresentaram índice menor de peso e maior estatura em relação às meninas. Ao observar o estado nutricional, notou-se que 65,5% das crianças eram eutrofica, sendo que dentre os agravos, as maiores freqüências foram a de desnutrido pregresso (13,79%), seguido pelo sobrepeso (10,34%). A freqüência de desnutrido atual foi de 6,9%, e de obesidade de 3,45%. Em relação ao gênero, o grupo feminino apresentou índices maiores de eutrofica (69,2%), sobrepeso (11,5%) e obesidade (7,7%) quando comparado ao masculino com eutrofia (62,5%) e sobrepeso (9,4). Conclusões: Esses resultados justificam a necessidade de atenção especial às crianças durante seu processo de desenvolvimento. Desta forma, pressupõe-se que programas sociais bem planejados e organizados possam atingir resultados satisfatórios auxiliando beneficamente no crescimento e desenvolvimento infantil. Unitermos: Estado nutricional. Crianças. Crescimento
Abstract Objectives: To investigate the nutritional state of children taken care for project of AEBAS (Associação Evangélica Beneficente de Assistência Social). Methodology: 58 children in the age between 2 and 6 years being 32 of masculine sex and 26 of the feminine sex had participated of the study. To evaluate the nutritional state the information program of Evaluation of the Nutritional State was used in Pediatric (PED). Results: The boys had presented lesser index of weight in relation to the girls, however, the boys had demonstrated bigger values of stature. When observing the nutritional state, was noticed that 65.5% of the evaluated children had presented eutrofia, being that amongst the gravies, the biggest frequencies of had been unfed former (13.79%), followed for the overweight (10.34%). The unfed frequency of current was of 6,9%, and obesities of 3,45%. In relation to the sort, the feminine group presented bigger indices of eutrofia/normality (69.2%), overweight (11.5%) and obesities (7.7%) when compared with the masculine with eutrofia (62.5%) and overweight (9,4). Conclusions: These results justify the necessity of special attention to the children during its process of development. In such a way, one estimate that planned and well organized social programs can reach beneficially resulted satisfactory assisting in the growth and infantile development. Keywords: Nutritional state. Children. Growth
Associação Evangélica Beneficente de Assistência Social – AEBAS. É uma organização não governamental (ONG) fundada em 1955 e que atua em três áreas - saúde, educação e assistência social. Seu atendimento, aproximadamente 515 crianças, se dá em comunidades carentes da Grande Florianópolis |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 140 - Enero de 2010 |
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Introdução
O estado nutricional expressa a condição das necessidades fisiológicas por nutrientes alcançada pelo individuo. O crescimento da criança está diretamente relacionado com sua condição de nutrição e saúde. O equilíbrio entre ingestão e necessidade de nutrientes é influenciado pelo comportamento alimentar, por fatores econômicos, culturais, emocionais e pelo estado de saúde.
De acordo com Yunes e Marcondes (1975), a monitorização deste crescimento é de grande utilidade para análise do efeito de programas que interferem nas condições existentes, visando à promoção da saúde de uma população de determinada região. Baker (1997) também destaca que crianças com déficit no crescimento apresentam maior probabilidade de desenvolver obesidade, diabetes não-insulino-dependente e doença cardiovascular.
Alguns estudos (SILVA et al. 2002; CAVALCANTE, 2006; ROTENBER & VARGAS, 2004) afirmam que, embora de natureza multifatorial, os hábitos alimentares inadequados estão entre os fatores determinantes que mais repercutem desfavoravelmente sobre o estado nutricional das crianças, particularmente nas áreas econômica e socialmente mais desfavorecidas. De acordo com Castro et al. (2005), as carências nutricionais, em especial a desnutrição energético-protéica, a anemia e a deficiência de vitamina “A” representam um dos principais problemas de saúde infantil. Os mesmos autores realizaram um estudo referente ao estado nutricional em 89 pré-escolares em Minas Gerais e encontraram estado nutricional satisfatório e a prevalência de anemia relativamente baixa (11,2%). Segundo os autores, apesar de alguns fatores bio-sócio-econômicos apresentarem-se favoráveis ao estado nutricional e à baixa prevalência de anemia, observa-se, entretanto, que a insuficiente renda per capita e a dieta deficiente poderão levar esse grupo de pré-escolares, no futuro, a um pior estado de saúde.
Monteiro (1992) ao observar o estado nutricional das crianças brasileiras revelou que a prevalência da desnutrição crônica atinge 15,4% das crianças menores de cinco anos, observando, ainda, que a distribuição regional da desnutrição não era homogênea, sendo significativamente maior nos estados do Norte urbano e Nordeste.
A importância da avaliação nutricional decorre da influência decisiva que o estado nutricional exerce sobre os riscos de morbimortalidade e sobre o crescimento e desenvolvimento infantil (MONTEIRO et al. 1995). O método ideal para avaliar o estado nutricional deve ser confiável, de baixo custo, de fácil execução e não invasivo, mas a literatura ainda mostra-se controversa em relação ao melhor método a ser utilizado para estes fins (BISTRIAN, 1980). Portanto, a antropometria tem sido reconhecida como um instrumento eficaz em estudos de Epidemiologia Nutricional em todo o mundo (MARINS et al. 1995).
Diante do exposto, a presente pesquisa tem como objetivo investigar o estado nutricional das crianças atendidas pelo projeto AEBAS, para verificação das prevalências de desnutrição, eutrofia e sobrepeso.
Metodologia
A partir da aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado de Santa Catarina (processo n° 67/2007), e assinatura do termo de consentimento pelos pais ou responsáveis e após reunião técnica explicativa do estudo e sobre os procedimentos da coleta dos dados com a direção das escolas, iniciou-se a coleta de dados.
A pesquisa descritiva diagnóstica realizada no núcleo do projeto AEBAS no bairro Estreito na cidade de Florianópolis/SC. Participaram do estudo 58 crianças com idades entre 2 e 6 anos, sendo 32 do sexo masculino e 26 do sexo feminino. O grupo de estudo foi escolhido de maneira intencional não probabilístico, pois participaram da pesquisa apenas as crianças que estavam presentes na instituição no período das avaliações e dentro da faixa etária determinada no estudo. Como critério de inclusão as crianças deveriam fazer parte do projeto a pelo menos 6 meses.
As crianças do projeto AEBAS participam de oficinas temáticas em tempo integral (07:30 hs ás 17:30 hs). Neste núcleo as crianças estão alocadas nas salas, por agrupamento, ou seja, faixas etárias diferenciadas e privilegiando os vínculos afetivos no grupo. Todas as crianças possuem um acompanhamento alimentar por meio de um programa nutricional, e essas crianças possuem uma alimentação diária balanceada que é composta por 4 refeições diárias (café da manhã, almoço, primeiro lanche da tarde e segundo lanche da tarde).
Foram mensuradas no estudo as variáveis antropométricas, estatura e massa corporal. A massa corporal foi medida seguindo padronização do Programa Biológico Internacional (TANNER et al. 1969) em balança médica (Filizola), com precisão até 100g, com as crianças descalças e usando o mínimo possível de roupas. Antes de cada sessão de coleta de dados a balança foi calibrada. A estatura foi medida por um estadiômetro de marca Ceca, com precisão até décimos de centímetro com a criança em apnéia respiratória, em posição ortostática, com os pés juntos, com as mãos nos quadris e com a cabeça mantida no plano de Frankfurt. Todas as medidas foram feitas na creche durante horário de atendimento pelo mesmo investigador. As avaliações foram realizadas entre os meses de setembro e novembro de 2006, no horário normal do atendimento, porém de modo que não fosse após os horários de almoço e/ou lanches.
Os resultados para obtenção do estado nutricional foram processados no programa informático de Avaliação do Estado Nutricional em Pediatria (PED). Este programa avalia o estado nutricional dos indivíduos dividindo-os nas seguintes categorias: Grande Obeso quando o peso encontrado for ≥ a 140% do peso esperado para sua altura, Obeso quando o peso encontrado for ≥ a 120% e < a 140% em relação à altura, Sobrepeso é considerado quando o peso encontrado corresponde a >110% e< 120% do peso esperado para sua altura. Eutrófico quando o percentual de peso estiver entre 90% e 110% do peso esperado para sua altura e Desnutrido quando o percentual de peso for < 90% do peso para sua altura e sexo. Os quadros de desnutrição são classificados em Desnutrido Atual quando o déficit encontrado for somente de peso, ou seja, percentual de peso < que 90% do peso esperado para sua altura e altura > que 95% do esperado para sua idade e sexo; Desnutrido Pregresso quando o déficit encontrado for somente de altura, ou seja, o percentual de peso for > que 90% do peso esperado para sua altura e altura < 95% do esperado para a idade e sexo, e Desnutrido Crônico quando o déficit encontrado for de peso e altura, ou seja, percentual de peso < que 90% do esperado para sua altura e altura < 95% do esperado para sua idade e sexo.
Para obtenção dos dados estatísticos foi utilizado o programa SPSS for Windows 14.0, utilizando-se a estatística descritiva mediante análise de freqüências simples e percentuais.
Apresentação e discussão dos resultados
A Tabela 1 a seguir apresenta os resultados referentes ao perfil antropométrico do grupo de estudo de uma forma geral e dividida por gênero:
Tabela 1. Perfil antropométrico do grupo
Variáveis |
Grupo de Estudo |
Masculino |
Feminino |
Média de Idade ± *Dp (anos) |
4,05 ± 1,30 |
4,22 ± 1,21 |
3,85 ± 1,40 |
Média de Massa ± *Dp (kg) |
17,53 ± 3,23 |
17,27 ± 2,91 |
17,91 ± 3,61 |
Média de Estatura ± *Dp (cm) |
103,97 ± 9,65 |
103,54 ± 10,24 |
103,27 ± 9,04 |
Total |
58 |
32 |
26 |
*Dp (desvio padrão)
Ao analisar o perfil antropométrico do grupo (tabela 1) pode-se observar que, apesar de pouca diferença entre os gêneros nas variáveis antropométricas, os meninos apresentaram índice menor de massa em relação às meninas, porém, os meninos demonstraram valores de estatura maiores.
Ao observar o estado nutricional do grupo de estudo (Gráfico 1) notou-se que 65,5% das crianças avaliadas apresentaram eutrofia, sendo que dentre os agravos, as maiores freqüências foram a de desnutrido pregresso (13,79%), ou seja, baixo peso em relação à altura, seguido pelo sobrepeso (10,34%). A freqüência de desnutrido atual foi de 6,9%, e de obesidade de 3,45%. O grupo de estudo não apresentou nenhum indivíduo classificado como desnutrido crônico, desnutrido e grande obeso.
Gráfico 1. Valores de freqüência referentes ao estado nutricional do grupo
Em um estudo realizado pela POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) em parceria com o Ministério da Saúde, onde foram visitadas pelo IBGE 48.470 famílias em todos os Estados brasileiros, no segundo semestre de 2002 e no primeiro semestre de 2003, para avaliar hábitos de consumo do brasileiro, encontrou-se que no Brasil, a incidência de casos de desnutrição entre crianças menores de 10 anos é maior nas áreas rurais da região Norte (14,5% para menores de 5 anos e 12% para crianças entre 5 e 9 anos). Após estas regiões, as maiores prevalências de desnutrição entre menores de 5 anos são vistas no Norte urbano (9,9%), no Nordeste rural (8,7%) e no Nordeste urbano (7,7%). Os menores índices de desnutrição foram observados entre as crianças menores de 5 anos de áreas urbanas ou rurais das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde cerca de 22,18% os garotos nascidos nas famílias com o menor renda Per Capita que têm déficit de altura, enquanto 28,2% daqueles nascidos nas famílias com o maior rendimento estão com excesso de peso. Estes dados apresentados pelo IBGE demonstram que regiões com renda Per Capita inferior apresentam quadros desfavoráveis de estado nutricional, quando comparado a regiões com rendas superiores. Os dados do IBGE apresentam-se semelhantes aos encontrados em nosso estudo, onde o estado de desnutrição foi superior ao de obesidade, devido provavelmente à baixa renda apresentada pelo nosso grupo estudado. Estudo realizado por Leone et al (2009), em que segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam uma prevalência menor de magreza (desnutrição) e baixa estatura entre cinco e sete anos e, ao mesmo tempo, uma elevação importante da prevalência de obesidade entre três e sete anos de idade.
Já estudos realizados por Taddei (2000), onde o autor comparou os inquéritos antropométrico brasileiros realizados em 1989 e em 1996 (índice peso para altura) com crianças menores de cinco anos de idade, observou-se uma queda do sobrepeso na população infantil residente em áreas urbanas da Região Sul de 8,6% em 1989 para 4,1% em 1996. Os dados desse autor demonstraram-se semelhantes aos encontrados em nosso estudo onde também se observou um menor percentual de crianças obesas (13,79) quando comparadas às desnutridas (20,69%).
Corso et al. (2003) avaliaram o estado nutricional de 3806 crianças menores de seis anos de idade de diferentes classes sociais, residentes no município de Florianópolis/SC e encontraram prevalência de eutrofia em 91,3%. Porém, dentre os agravos, tal estudo encontrou maior freqüência de sobrepeso (6,8%), enquanto que 1,9% da amostra apenas apresentou desnutrição. O resultado dentre os agravos discordam dos encontrados em nosso estudo, pois a situação que apresentou maior freqüência foi desnutrido (20,69%) quando comparado a situação de sobrepeso (13,79). Essa discordância pode estar atrelada às características do grupo avaliado, pois em nosso estudo analisaram-se somente crianças de baixa condição sócio-econômica.
Ao analisarmos os dados dividindo o grupo de estudo por gênero masculino (Tabela 2) e feminino (Tabela 3), o grupo feminino apresentou índices maiores de eutrofia, sobrepeso e obesidade quando comparado ao masculino. Portanto, as meninas do presente estudo apresentaram um grau de obesidade maior do que os meninos.
Tabela 2. Valores de freqüência referentes ao estado nutricional do grupo masculino
Estado Nutricional |
Freqüência absoluta |
Freqüência (%) |
Desnutrido Pregresso |
6 |
18,8 |
Desnutrido Atual |
3 |
9,4 |
Eutrófico |
20 |
62,5 |
Sobrepeso |
3 |
9,4 |
Obeso |
0 |
0 |
TOTAL |
32 |
100 |
Tabela 3. Valores de freqüência referentes ao estado nutricional do grupo feminino
Estado Nutricional |
Freqüência absoluta |
Freqüência (%) |
Desnutrido Pregresso |
2 |
7,7 |
Desnutrido Atual |
1 |
3,8 |
Eutrófico |
18 |
69,2 |
Sobrepeso |
3 |
11,5 |
Obeso |
2 |
7,7 |
Total |
26 |
100 |
Entretanto, nossos resultados não estão de acordo com o estudo de Corso et al. (2003) onde os autores encontraram que o estado eutrófico foi maior nos meninos (45,9%) do que nas meninas (45,4%). Porém, nesse mesmo estudo os autores observaram que a desnutrição e o sobrepeso foram maiores nas meninas em relação aos meninos, com índices respectivos de 1,1% e 0,76% para desnutrição e de 3,5% e 3,3% de sobrepeso. Já em nosso estudo, as meninas também apresentaram um índice maior de sobrepeso (19,20%) que os meninos (9,4%), mas quanto ao índice de desnutrição, os meninos demonstraram valores maiores (28,2%) do que as meninas (19,2%).
Com relação à prevalência de desnutrição, os resultados deste estudo são inferiores aos relatados por Lima (2002), que encontrou prevalências de desnutrição, pelo índice peso/idade, de 31,0% e 22,1% e pelo índice de estatura/idade 27,6% e 8,6%, nas faixas etárias de 12-24 e 24-36 meses de idade, respectivamente, ao avaliar a evolução do estado nutricional de crianças menores de 5 anos de Viçosa/MG. Já Barreto (2007) em estudo sobre a prevalência do excesso de peso e sobrepeso em pré-escolares na cidade de Natal em que encontrou uma prevalência alta, principalmente nas escolas privadas, demonstrando a necessidade de implantação de programas de prevenção e intervenção, a partir da educação infantil.
Os menores índices de desnutrição e obesidade apresentados no presente estudo quando comparados aos dados da literatura pode ser conseqüência do acompanhamento que as crianças do projeto AEBAS recebem, desde a questão educacional, higiênica, saúde até a questão alimentar. Na questão alimentar essas crianças possuem acompanhamento de nutricionistas, e durante o dia possuem uma alimentação diária balanceada que é composta por 4 refeições. No entanto, a questão que se levanta é se o atendimento nessas instituições pode propiciar cuidados de saúde para as crianças provenientes de população de baixa condição sócio-econômica. Assim, o benefício que um acompanhamento de forma adequada por meio de programas sociais traz ao desenvolvimento de crianças é ressaltado por Silva et al. (2000), onde em estudo transversal no Município de Embu/SP, os autores compararam crianças atendidas em creches com aquelas não-atendidas pertencentes à mesma comunidade e verificaram que a creche é fator de proteção para o estado nutricional e, após um determinado período, traz benefícios e melhoras para esses indivíduos.
Conclusões
Os dados apresentados nesse estudo demonstram que a maioria das crianças avaliadas encontrou-se dentro de um padrão de desenvolvimento considerado satisfatório com relação ao seu estado nutricional (65,52%), mesmo sendo crianças provenientes de uma classe social desfavorecida (renda mensal em torno de 1 salário mínimo). Ao observar os resultados dividindo o grupo por gênero, verificou-se que as meninas apresentaram uma tendência maior à obesidade enquanto os meninos demonstraram um quadro maior de desnutrição, porém, esses valores encontraram-se abaixo dos apresentados pela literatura para esta faixa etária.
Portanto, esses resultados justificam a necessidade de atenção especial às crianças durante o seu processo de desenvolvimento. Desta forma, pressupõe-se que programas sociais bem planejados e organizados possam atingir resultados satisfatórios auxiliando beneficamente no crescimento e desenvolvimento bio-psicosocial infantil.
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