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Desempenho de uma tarefa motora, 

frente à intervenção de aprendizagem

Rendimiento de una tarea motora, frente a la intervención de aprendizaje

 

*Formado em Educação Física

Especialista em Ciências do treinamento desportivo

*Formado em Educação Física

Mestre em Ciências do Movimento Humano

Marcelo Gonçalves Duarte*

Valdir Bairros Duarte**

duartemg83@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          A interação da aprendizagem motora com os aspectos físico-motores e o gesto específico de uma determinada tarefa caracterizam o desenvolvimento das habilidades técnicas. Aprendizagem motora são mudanças em processos internos que determinam à capacidade do individuo de produzir uma ação motora. O nível de aprendizagem motora do individuo melhora com a pratica e é, freqüentemente, inferido pela observação de níveis relativamente estáveis da performance motora da pessoa. A amostra estudada constou de adolescentes do sexo masculino, na faixa etária dos 12 aos 14 anos, da escolinha de futebol do “Projeto Criança Carente” da ULBRA Torres, da cidade de Torres/RS. Embora exista uma estreita relação entre os fatores influenciadores com o desempenho apresentado, a maioria dos sujeitos obteve um acréscimo no seu aprendizado Segundo Spitz (1975) a competência técnica de execução de uma tarefa e os fatores físicos do desempenho durante o processo de treinamento devem andar paralelos para não ocorrer uma discrepância entre o nível de condicionamento e a competência técnica, o que impedirá que o atleta atinja o seu potencial para o desempenho.

          Unitermos: Tarefa motora. Intervenção. Aprendizagem

 

Abstract

          The interaction of the motor learning with the aspects physicist-engines and the specific gesture of one determined task characterize the development of the abilities techniques. Motor learning is changes in internal processes that they determine to the capacity of the individual to produce an action motor. The level of motor learning of the individual improves with you practice and is, frequently, inferred for the comment of relatively steady levels of the motor performance of the person. The studied sample consisted of adolescents of the masculine sex, in the old band of the 12 to the 14 years, of school of soccer of the “Project Devoid Child” of the ULBRA Torres, of the city of Torres/RS. Although a narrow relation exists enters the factors influence with the presented performance, the majority of the citizens got an addition in its learning As Spitz (1975) the ability technique of execution of a task and the physical factors of the performance during the training process must walk parallel not to occur a discrepancy enter the level of conditioning and the ability technique, what it will hinder that the athlete reaches its potential for the performance.

          Keywords: Motor task. Intervention. Learning

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 140 - Enero de 2010

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Introdução

    A interação da aprendizagem motora com os aspectos físico-motores e o gesto específico de uma determinada tarefa caracteriza o desenvolvimento das habilidades técnicas. Aprendizagem motora são mudanças em processos internos que determinam à capacidade do individuo de produzir uma ação motora. O nível de aprendizagem motora do individuo melhora com a pratica e é, freqüentemente, inferido pela observação de níveis relativamente estáveis da performance motora da pessoa. Quando uma pessoa corre, caminha, lança uma bola, toca piano, chuta uma bola ou dança, esta pessoa está utilizando uma ou mais habilidades motoras (Schmidt, 2001). A aprendizagem inicial é caracterizada por tentativas do individuo de adquirir uma idéia do movimento (Gentile, 1972) ou entender o padrão básico de coordenação (Meinel, 1985). O termo habilidade é uma palavra comumente usada, que empregamos neste trabalho para designar “uma tarefa motora”, neste caso o chute direto, com uma finalidade especifica a ser atingida. Buscando melhores respostas para a aprendizagem motora, tem-se procurado diversas alternativas de estudos para melhor compreendê-la. Inúmeros trabalhos tense publicado, procurando demonstrar qual seria a forma mais adequada de ensino de habilidades motoras. Se considerarmos que apesar de os conhecimentos de aprendizagem motora não fornecerem soluções para problemas práticos, eles têm o potencial de auxiliar a encontrá-las (Magill, 1990) de alguma forma, a questão da validade ecológica permanece (TANI, 2001). Estabelece, dessa forma, um dilema, se de um lado, há um volume substancial de conhecimento que nos permite aprofundar na compreensão do fenômeno da aprendizagem motora, por outro lado, esses conhecimentos não auxiliam de forma direta e significativa, a solução de problemas encontrados no ensino de habilidades motoras (TANI, 2001).

    Tentando buscar, uma forma significativa para problemas práticos de aprendizagem, foi que Tani (1992), propôs uma linha de pesquisa chamada “Ensino-Aprendizagem” de habilidades motoras, dentro dessa idéia procurou-se integrar a teoria com a pratica. Com esta idéia concretizada, então fomos buscar realizar um estudo que integrasse esse pensamento, então realizamos um trabalho como objetivo de verificar se haveria melhor desempenho da precisão em uma tarefa motora básica do futebol (chute direto a “goleira”), após uma etapa de aprendizagem. Sabemos também que outros fatores podem vir a interferir a aquisição da habilidade como motivação, ansiedade, tipo de pratica e outros aqui não citados. Podemos aqui contribuir para que os profissionais da área do movimento possam obter uma melhoria da prática em seus específicos esportes, no caso o futebol de campo, em tempos modernos uma bola parada (chute direto a “goleira”), bem executada pode vir a decidir uma partida, portanto esse estudo vem de fornecer subsídios para que o profissional da área de movimento venha obter a sua devida colaboração para estudos nesse âmbito.

Metodologia

    A amostra estudada constou de adolescentes do sexo masculino, na faixa etária dos 12 aos 14 anos, da escolinha de futebol do “Projeto Criança Carente” da ULBRA Torres, da cidade de Torres/RS. A amostra do estudo de forma aleatória foi composta de 15 (quinze) adolescentes em idade escolar do sexo masculino, não treinados para esta atividade especifica.

Instrumentos de medida

    Para uma melhor observação da coleta de dados utilizou-se uma câmara de vídeo (Gradiente), e uma maquina fotográfica digital (Sony Cyber-Shot 3.2 Mega Pixels), a fim de que a analise dos dados fosse mais precisa. Assim podendo-se comparar, o desempenho dos alunos envolvidos nos testes motores. Uma ficha de freqüência das observações de acertos e erros dos lados direito, central e esquerdo frontais a goleira, foi utilizada para registro das pontuações efetuadas. Os dados coletados receberam um tratamento estatístico através da utilização dos métodos da matemática estatística paramétrica (média do desvio padrão e teste t).

Delineamento experimental

    Os procedimentos metodológicos utilizados para que os objetivos fossem atingidos na sua plenitude constaram das seguintes etapas:

  • Apresentação e explicação da tarefa aos sujeitos através de informações verbais e visuais;

  • Aquecimento;

  • Execução da tarefa motora (chute) de três posições de fora da área (fig. 4), aproximadamente 17 metros de distância da goleira.

  • Registro da informação através de uma ficha de observação e uma câmera filmadora.

    Cada sujeito executou a tarefa cinco vezes em cada posição (fig. 4), com uma bola de futebol normal, na posição estática, colocada à frente de uma goleira demarcada com pontuações de 1 a 4 (fig. 5), repetindo-se a mesma tarefa num período de 4 semanas (treinamento), duas vezes na semana, totalizando em média 1.800 chutes, para posteriormente submeterem-se a um pós-teste.

Figura 4. Área de chute

Figura 5. Quadrante da goleira

Resultados e discussão

Gráfico 1. Resultados das freqüências no pré e pós-teste do lado esquerdo (Zona A)

Gráfico 2. Resultados das freqüências no pré e pós-teste do centro (Zona B)

Gráfico 3. Resultados das freqüências no pré e pós-teste do lado direito (Zona C)

Os resultados da elaboração dos dados coletados e a analise comparativa destes, são apresentados nas tabelas 1, 2 e 3 com as respectivas médias e desvios padrões

    Os resultados observados mostraram que houve diferenças significativas do pré-teste para o pós-teste quando os sujeitos executavam a tarefa (chute) dos lados esquerdo (zona A) e direito (zona C) apresentando um melhor desempenho em relação ao centro (zona B), o que supõe-se que houve um aprendizado da habilidade. No decorrer do estudo houve determinadas limitações tais como a concentração, a organização do ambiente, com instrumentos como câmera fotográfica e filmadora e a força do chute diferente para cada adolescente considerando a faixa etária dos sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem, também podem ter influenciado a precisão no chute.

    Por outro lado, segundo Rubinstein (1958), é na fase de coordenação grosseira, que se caracteriza pelas primeiras experiências na execução pratica de um movimento, que ocorrem os principais fenômenos de emprego excessivo ou errôneo da força, movimentos insuficientes abrangentes e conseqüentemente a falta de precisão, o que vem de encontro a nossa constatação, neste estudo. Analisando o gráfico 3 observa-se uma discrepância acentuada na evolução do desempenho de um único sujeito, devido a se tratar de um adolescente com perna dominante esquerda, e sendo canhoto, executava a tarefa com melhor desempenho do lado direito. No entanto, houveram dois sujeitos que não revelaram progresso e três apresentaram decréscimo no desempenho da tarefa em relação ao pré e pós-teste.

    A comparação dos desempenhos dos sujeitos pelo lado esquerdo (zona A) apresentou diferença significativa de P= 0, 022 considerando-se que o nível de significância de “P” pode ser no máximo 0,05. Os sujeitos que executaram a tarefa pelo centro (zona B) não apresentaram diferenças significativas, tendo como média no pré-teste de 0,99 ± 0,51 e no pós 1,28 ± 0,45.

    Por outro lado, aqueles que atuaram com um bom desempenho pelo lado direito (zona C) apresentaram uma média significativa de 1,29 ± 0,28 constatando-se que nove sujeitos obtiveram sucesso no seu desempenho, cinco mantiveram a média e somente um sujeito obteve decréscimo na sua performance. De acordo com o gráfico 2 os resultados das freqüências no pré e pós-teste realizadas pelo centro (zona B) apresentavam nove sujeitos com evolução no seu desempenho e seis com decréscimo ou insuficiência no seu desempenho. Estaticamente os resultados mais significativos ocorreram na zona A tendo como média 1,60 ± 0,57 comparado às demais zonas. Os resultados das freqüências no pré e pós-teste apresentaram nove sujeitos com evolução na sua performance, cinco não apresentaram decréscimo ou evolução e somente um sujeito descreveu o seu desempenho.

Considerações finais

    Com base nos resultados do presente estudo e de acordo com os objetivos a que se propunha a pesquisa pode-se afirmar, de acordo com a metodologia utilizada, houve aprendizagem da tarefa motora proposta embora vários fatores pudessem influenciar a precisão no desempenho de uma tarefa motora aberta, como foi o caso do treinamento bem como a fadiga pelo excesso de chutes executados durante este período. Embora exista uma estreita relação entre os fatores influenciadores com o desempenho apresentado, a maioria dos sujeitos obteve um acréscimo no seu aprendizado Segundo Spitz (1975) a competência técnica de execução de uma tarefa e os fatores físicos do desempenho durante o processo de treinamento devem andar paralelos para não ocorrer uma discrepância entre o nível de condicionamento e a competência técnica, o que impedirá que o atleta atinja o seu potencial para o desempenho.

    Entretanto outros fatores, tais como a falta de concentração, organização do ambiente, perna dominante e outras valências físicas também influenciaram positiva ou negativamente, melhorando ou dificultando o desempenho em se tratando de adolescentes, que pela primeira vez sujeitavam-se ao estudo. Também se pode concluir que independente destes fatores, houve um aumento significativo na precisão da tarefa motora (chute) pesquisada do pré para o pós-teste nas zonas A e C lados esquerdo e direito em relação à parte frontal da goleira. Diante disto, sugere-se que outros estudos semelhantes sejam realizados com jogadores mais evoluídos ou a nível profissional afim de que possamos estimular à prática do chute a longa distância, o que raramente acontece no futebol brasileiro. Sugerimos também que estudos motores relacionados ao método utilizado Ensino-Aprendizagem venham a serem realizados com freqüência, buscando dar maior atenção a jogadores profissionais de acordo com a posição atuante na equipe, ainda que seja um trabalho longitudinal.

Referências

  • GENTILE, 1972. In: SCHMIDT, Richard A.; WRISBERG, Craig A. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

  • MAGILL, R. A. (1990). Motor leanings meaningful for physical educators. Quest, v.42, n.2, p, 126-133. In: MARIA DA GRAÇA SOUZA GUEDES (Ed.) Aprendizagem Motora: problemas e contextos, pp.129-142, Lisboa: Edições FMH. – 2001.

  • MEINEIL, 1985. In: SCHMIDT, Richard A.; WRISBERG, Craig A. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

  • RUBINSTEIN, (1958). In: WEINECK, J. Treinamento ideal. 9. ed. São Paulo: Manole, 2003.

  • SCHMIDT, R.A; WRISBERG, C.A. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

  • SPITZ, 1975. In: WEINECK, Jurgen. Treinamento Ideal. 9.ed. Sao Paulo: Manole, 2003.

  • TANI, G. Aprendizagem motora no contexto da educação física e ciências do esporte: dilemas, conflitos e desafios. In: MARIA DA GRAÇA SOUZA GUEDES (Ed.) Aprendizagem Motora: problemas e contextos, pp.129-142, Lisboa: Edições FMH. – 2001.

  • TANI, G. Contribuições da aprendizagem motora à educação física: uma análise critica. Revista Paulista de educação Física, v.6, n.2, p.9-49, 1992.

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