Análise do desempenho de nadadores na prova de 100 metros borboleta Análisis de la performance de nadadores en la prueba de los 100 metros mariposa |
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Mestrando – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (Portugal) |
José Luis Lima Constâncio |
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Resumo O desempenho na natação não pode ser predito somente pelos aspectos metabólicos, vários outros fatores como a técnica, a maturação e a eficiência mecânica estão envolvidos nesse processo. Objetivando analisar a influencia das variáveis: número de braçadas, comprimento de braçada e a idade no desempenho da prova de 100 metros borboleta; o presente estudo teve como amostra 20 nadadores, das categorias Júnior I, Junior II e Sênior, com idade média de 18,86 ± 2,40 do gênero masculino. A amostra foi coletada durante o II circuito júnior e sênior da Federação Aquática do Estado do Rio de Janeiro (FARJ), na prova de 100 metros borboleta. A contagem da freqüência de braçadas foi realizada por oito atletas, treinados e com domínio da avaliação em questão, onde cada um ficou responsável por uma raia. Para o procedimento estatístico foi utilizado o programa SPSS para realizar a regressão logística das variáveis e a influencia delas no desempenho da prova de 100 metros borboleta. De acordo com os resultados a idade influenciou o desempenho da prova onde os atletas mais velhos tinham a propensão de ser 21 vezes melhores que os mais novos (sig 0,05) e o número de braçadas utilizadas durante a prova influenciaram em até 13,5 vezes o desempenho da prova (sig 0,03). Ao fim do estudo pode–se concluir que a idade teve um impacto positivo na performance com nível de significância estatística de 0.05, o comprimento da braçada acima da média proporcionava uma vantagem positiva no desempenho e o número de braçadas utilizadas durante o percurso também influenciou de maneira positiva com significância estatística de 0.03. Unitermos: Natação. Eficiência mecânica. Maturação
Abstract The performance in swimming can’t be predicted only by the metabolic aspects, many other factors such as technical, growth, maturity, mechanical efficiency are involved in this process. The aim of the study is to analyze the influences of the variables: number of strokes, stroke length and age in the performance of proof 100 meters butterfly. For the sampled were used 20 males swimmers, of the categories Junior I, Junior II and Senior, with a mean age of 18.86 ± 2.40. The sample was collected during the second circuit junior and Senior of the Aquatic Federation of Rio de Janeiro (FARJ) in the 100-meter butterfly. The frequency of strokes was counted by eight athletes, trained in the assessment in question, where each was responsible for a lane. Was used the SPSS program to perform logistic regression of variables and their influence on the performance of proof 100 meters butterfly. According to the results the performance was influenced by age where the older swimmers had the propensity to be 21 times better than younger ones (sig 0.05) and the number of strokes used during the swim was influenced by up to 13.5 times the performance (sig 0.03). At the end of the study can conclude that age had a positive impact on performance with statistical significance level of 0.05, the length of the course above average provided a positive advantage in performance and number of strokes used also influenced in a positive with statistical significance of 0.03. Keywords: Swimming. Mechanical efficiency. Maturity |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 140 - Enero de 2010 |
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Introdução
Na natação o desempenho não pode ser predito somente por aspectos metabólicos, ele depende da integração da técnica e de vários outros componentes13. A interação entre o corpo e o meio líquido é de vital importância para que haja um deslocamento adequado as necessidades específicas competitivas, além de outros fatores tais como a resistência da água flutuabilidade e até mesmo o posicionamento corporal.17, 9, 15, 18, 7, 23, 24, 26, 16
Para realizar um deslocamento ótimo, o nadador deverá gerar uma força propulsiva mínima igual ao arrasto hidrodinâmico, sendo esse o opositor ao deslocamento na água23, 24, 12. O arrasto hidrodinâmico aumenta de acordo com o avanço da idade do nadador em virtude do crescimento, que conseqüentemente aumenta a sua área de contato frontal, e também pelo aumento da sua velocidade de nado ao longo dos anos24.
A melhora do desempenho motor na infância e adolescência está fortemente associada aos processos de crescimento e maturação, devendo ser considerado dessa forma os aspectos de crescimento físico, a idade cronológica e biológica2, como fatores influenciadores no processo da formação esportiva.
Nas crianças e nos adolescentes em processo de maturação, é evidente algumas alterações na composição corporal que podem contribuir positivamente com o desempenho esportivo19. Na natação, porém, essas mudanças podem alterar o arrasto hidrodinâmico e conseqüentemente os valores necessários de propulsão23, 24, 12.
Nem toda a produção da potencia metabólica (Pmet) será utilizada1 no trabalho mecânico. Em virtude deste processo, parte da Pmet é utilizada para a produção de energia térmica1,5,10. Assim, só uma fracção da Pmet é que será dispensada para a produção de potência mecânica externa (Pext).
Dado que só uma porção da Pmet é utilizada em Pext, é possível determinar a taxa de Pmet utilizada para esse mesmo fim. A eficiência mecânica (Em) é expressa pela razão entre a Pext e a Pmet21, 22:
Em = Pext . 100
Pmet
Uma característica da Em é que não é um parâmetro fortemente discriminativo do nível de desempenho dos sujeitos, não se verificando diferenças significativas na Em entre nadadores de competição e de recreio6. O nado golfinho, dentre as quatro técnicas é a que possui a menor Em11, 14.
Nas técnicas simultâneas as condições de execução impõem um ritmo e uma sequência de acções propulsivas descontínuas, levando a acelerações e desacelerações acentuadas, as quais são menos favoráveis em termos de aproveitamento energético1.
A capacidade propulsiva é de fundamental importância para o nadador e depende principalmente do desenvolvimento das capacidades técnicas e das qualidades físicas que sustentam a expressão mecânica da força23,24,12. Nesse sentido, a capacidade propulsiva é dependente da potência mecânica propulsiva (Pm), que resumidamente se dá pela interação da força de arrasto hidrodinâmico e a velocidade que o nadador é capaz de gerar para o seu deslocamento, surgindo como uma importante competência para o sucesso na modalidade1.
O objetivo do estudo é analisar a influencia das variáveis: número de braçadas, comprimento de braçada e a idade no desempenho da prova de 100 metros borboleta.
Materiais e métodos
A pesquisa foi de cunho descritivo porque observou e analisou a braçada dos atletas durante o nado. Foi uma pesquisa do tipo Ex post facto, pois trata - se de uma investigação sistemática e empírica na qual não se tem controle direto sobre as variáveis independentes, porque já ocorreram suas manifestações ou porque são intrinsecamente não manipuláveis. Neste caso são feitas inferências sobre as relações entre variáveis em observação direta, a partir da variação concomitante entre as variáveis independentes e dependentes.
O presente estudo teve como amostra 20 nadadores de diferentes clubes, das categorias Júnior I, Junior II e Sênior, com idade média de 18,86 ± 2,40 do gênero masculino, todos registrados na Federação Aquática do Estado do Rio de Janeiro (FARJ). A amostra foi coletada durante o II circuito júnior e sênior da FARJ, no clube Botafogo Futebol Clube, na prova de 100 metros borboleta, realizada em piscina longa (50 metros), no dia 12/04/2008. A contagem da freqüência de braçadas foi realizada por oito atletas, treinados e com domínio da avaliação em questão, onde cada um ficou responsável por uma raia, sendo iniciada a contagem no momento em que o atleta dá início à primeira fase de varredura para fora.
Para o procedimento estatístico foi utilizado o programa SPSS para realizar a regressão logística das variáveis estudadas e a influencia delas no desempenho da prova de 100 metros borboleta.
Resultados e discussão
Tabela 1. Influência da idade no desempenho da prova
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B |
S.E. |
Wald |
df |
Sig. |
Exp(B) |
Step 1(a) |
Catrecod |
|
|
3,744076 |
2 |
0,153809 |
|
|
Catrecod(1) |
1,609437 |
1,366260 |
1,387655 |
1 |
0,238801 |
5 |
|
Catrecod(2) |
3,044522 |
1,573591 |
3,743297 |
1 |
0,053019* |
21 |
|
Constant |
-1,098612 |
1,154700 |
0,905211 |
1 |
0,341388 |
0,33333 |
a. Variable(s) entered on step 1: Catrecod.
* Significância estatística.
A tabela 1 mostra que a idade pode influenciar no desempenho da prova onde os atletas mais velhos da categoria Sênior obtiveram 21 vezes mais propensão a serem considerados mais eficientes que os atletas das categorias Junior I, tendo o resultado um nível de significância estatística de 0.05%. O desempenho dos atletas pode ser comprometido pela sua maturação biológica que nem sempre acompanha a idade cronológica3. Os atletas mais velhos possuem uma vantagem em relação aos mais novos, pois estão mais avançados maturacionalmente. Com esse avanço na maturação eles terão um aumento do ganho de força, gerado por um incremento da produção de testosterona20. A combinação da maturação associada ao tempo de prática no esporte poderá influenciar no domínio mais apurado da técnica resultando num melhor rendimento dos atletas.
Tabela 2. Influência do comprimento da braçada no desempenho da prova
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B |
S.E. |
Wald |
df |
Sig. |
Exp(B) |
Step 1(a) |
Comprecod1(1) |
1,38629 |
1,012422 |
1,874938 |
1 |
0,170910 |
3,999999 |
|
Constant |
-3,55271E |
0,632455 |
3,15544E |
1 |
1 |
1 |
a. Variable(s) entered on step 1: Comprecod1.
A tabela 2 demonstra que um comprimento de braçada acima da média ou com um nível de correlação forte, de acordo com a Correlação de Pearson, pode influenciar no desempenho dos atletas onde os que obtiveram valores acima da média (0,73) possuíram resultados 3.99 vezes mais eficientes que os atletas que realizavam um comprimento de braçada abaixo da média. Os atletas que possuem grandes comprimentos de braçada têm resultados mais eficientes em relação aos que possuem braçada mais curtas, associada a outro fator como a velocidade de deslocamento8, 4
.Tabela 3. Influência do número de braçadas no desempenho da prova
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B |
S.E. |
Wald |
df |
Sig. |
Exp(B) |
Step 1(a) |
BRecod1(1) |
2,602689 |
1,236033 |
4,433886 |
1 |
0,035232* |
13,5 |
|
Constant |
-0,405465 |
0,645497 |
0,394564 |
1 |
0,529909 |
0,666666 |
a. Variable(s) entered on step 1: BRecod1.
* Significância estatística.
Na tabela 3 pode-se notar que os sujeitos cujos valores de braçada foram abaixo da média (46,45) possuíram uma propensão 13 vezes maior de conseguir melhores resultados durante a prova em relação aos sujeitos referencia, tendo o resultado uma significância estatística 0,03%. Esse resultado deve-se ao fato dos nadadores alcançarem movimentos mais harmoniosos entre os trabalhos realizados, ou seja, trabalho biomecânico e fisiológico1, tendo como resultando o trabalho mecânico externo, como mostra a figura de fluxo da energia desde a sua entrada num sistema vivo até a sua saída sob a forma de trabalho mecânico externo, segundo Winter25.
Figura 1. Fluxo de energia desde a entrada no sistema (potência metabólica), até a sua saída (trabalho mecânico externo)25.
Conclusão
O objetivo do estudo foi analisar a influencia das variáveis: número de braçadas, comprimento de braçada e a idade no desempenho da prova de 100 metros borboleta, e respondendo ao objetivo podemos afirmar que todas essas variáveis influenciaram positivamente no desempenho do atleta.
A idade teve um impacto positivo na performance com nível de significância estatística de 0.05 onde os nadadores da categoria sênior eram 21 vezes mais propensos a obterem melhores resultados que os atletas mais novos. O comprimento da braçada acima da média com valores de 0,73 eram classificados como uma correlação forte e proporcionava uma vantagem positiva no desempenho de 3.99 vezes maior que os atletas que possuíam valores inferiores a média apesar do valor não possuir significância estatística. O número de braçadas utilizadas durante o percurso também influenciou de maneira positiva onde valores abaixo de média de 46,45 influenciaram 13,5 vezes mais na performance com significância estatística de 0,03.
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jlconstancio@gmail.comJosé Luís Lima Constâncio - CREF n° 22.201 - G/RJ
Mestrando em Desenvolvimento Motor – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
Pós Graduado em Desenvolvimento Motor - Faculdade de Desporto da Universidade do PortoPós Graduado em Natação e Atividades Aquáticas – Universidade Gama Filho
Graduado e Licenciado em Educação Física – Universidade Estácio de Sá
Curriculum eletronico: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4136542T0
Endereço para correspondência:
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