A importância da avaliação da flexibilidade em
escolares: um estudo de caso
La importancia de la evaluación de la flexibilidad en escolares: un estudio de caso |
|||
*Mestre em Educação Física. Docente UNIP/SP **Licenciadas em Educação Física – UNIP/SP ***Doutor em Ciências da Saúde Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP) Docente: UNIFEV/SP – FAIMI/SP (Brasil) |
Ana Paula da Silva Lobo* Agatha Pereira Craveiro** Natalia Cristina do Nascimento Silva** Carlos Eduardo Lopes Verardi*** |
|
|
Resumo O trabalho em questão teve como objetivo avaliar e identificar o perfil referente ao nível de flexibilidade em escolares do ensino médio de ambos os sexos. Utilizou-se o teste de “sentar e alcançar” para mensurar a flexibilidade, os dados obtidos foram comparados com as tabelas normativas de critérios de referência sugeridos pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR). A amostra foi constituída por 130 escolares de ambos os sexos na faixa etária de 15 a 17 anos. Os resultados apresentados, mostram um baixo desempenho nos níveis de flexibilidade em ambos os sexos. Unitermos: Avaliação. Flexibilidade. Escolares |
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 140 - Enero de 2010 |
1 / 1
Introdução
A flexibilidade está ligada a todos os movimentos do dia-a-dia, sujeita a modificações conforme o envelhecimento, principalmente pelo declínio das atividades físicas (QUEIROGA, 2005). É importante para o desempenho de atividades físicas e acredita-se que está associada à prevenção de lesões musculoesquelética e dor lombar. Vários são os fatores relacionados à sua presença ou ausência: a individualidade biológica, idade, sexo, condicionamento físico e tonicidade muscular (DANTAS, 2005).
Os níveis ótimos de flexibilidade relacionados à saúde, ainda não foram estabelecidos e variam em função de idade, gênero, raça e padrão de atividade física regular (ARAÚJO, 2000). Alguns autores recomendam o inicio de treino sistematizado ideal a partir dos 11 anos de idade, mas pode e deve ser iniciado e treinado por toda a vida.
O referido trabalho justifica-se, pelo fato que a “flexibilidade” constitui-se de uma aptidão física importante para o cotidiano das pessoas em qualquer faixa etária. Observa-se que, ao envelhecer pode ocorrer alterações no padrão da flexibilidade, na maioria das vezes associada ao gradual declínio das atividades físicas e esportivas.
O objetivo deste estudo foi avaliar e identificar, o perfil referente ao nível de flexibilidade em escolares do ensino médio, de ambos os sexos. E comparar os resultados obtidos a tabelas normativas de referência, sugeridas pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR).
Material e métodos
Para a determinação da flexibilidade foi utilizado o Teste de Sentar e Alcançar, proposto pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR). O instrumento utilizado para avaliar a flexibilidade foi, uma caixa confeccionada de madeira, com 30x30 cm; uma régua de graduação de 0 a 53 cm de comprimento por 15 cm de largura; colocada no topo do cubo na região central fazendo com que a marca de 23 cm fique exatamente em linha com a face do cubo onde os alunos apoiarão os pés (GAYA; SILVA, 2007).
As orientações para a realização do teste foram propostas de acordo com Gaya e Silva (2007): os alunos descalços, sentados de frente para a base da caixa, com as pernas estendidas e unidas. Uma das mãos sobre a outra, elevam os braços na posição vertical. Inclinam o corpo à frente, e alcançam com as pontas dos dedos das mãos tão longe quanto possível sobre a régua graduada. Os joelhos não devem ser flexionados, é recomendado não utilizar movimentos de balanço (insistências). Cada aluno realizará duas tentativas. O avaliador permanece ao lado do aluno, mantendo os joelhos do mesmo em extensão. Será registrado o melhor resultado entre as duas execuções.
A pesquisa foi realizada na Escola Estadual Fabio Junqueira Franco, pertencente à Rede Estadual, localizada na cidade de Barretos/SP, Brasil. A amostra foi constituída por 130 escolares do ensino médio: na faixa etária de 15 anos (42 do sexo masculino e 47 do feminino) e na faixa etária de 16 anos (17 do sexo masculino e 24 do feminino).
Resultados e discussão
Por meio dos resultados obtidos na avaliação da flexibilidade, teve como objetivo indicar a classificação de ambos os sexos, de acordo com as tabelas provisórias proposta pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR).
Figura 1. Distribuição percentual da idade de 15 anos, de ambos os sexos, de acordo com a tabela proposta pelo PROESP-BR em relação ao teste de sentar e alcançar
A Figura 1 apresenta baixo desempenho da flexibilidade entre meninos e meninas, com idade de 15 anos. Estes tiveram a sua distribuição em percentagem, classificados nos níveis FRACO e MUITO FRACO. Observa-se que os resultados de ambos os sexos são próximos, meninos (50%) e meninas (51%). Os melhores desempenhos foram encontrados, para 28,56% dos meninos e 29,78% das meninas, classificados nos níveis BOM e MUITO BOM.
Figura 2. Distribuição percentual da idade de 16 anos, de ambos os sexos de acordo com a tabela proposta pelo PROESP-BR em relação ao teste de sentar e alcançar
Os resultados referentes à idade de 16 anos (Figura 2) descrevem, um baixo nível no desempenho da flexibilidade, especialmente para o sexo feminino. Observa-se que 50% das meninas e 35,28% dos meninos, estão classificadas entre FRACO e MUITO FRACO.
Ao analisar as Figuras 1 e 2 observa-se, um equilíbrio quanto ao baixo desempenho no nível de flexibilidade em ambos os sexos. Esse resultado torna-se preocupante, sendo que, a flexibilidade é um importante componente da aptidão física relacionada à saúde. Em especial a flexibilidade previne problemas posturais, articulares, lesões musculoesquelética, osteoporose, lombalgia e fadiga localizada. Alguns estudos evidenciam fatores de riscos que se estende, da infância ao inicio da vida adulta. Adolescentes possuem alguns dos principais fatores de riscos que são modificáveis por meio da atividade física regular (GLANER, 2005).
É oportuno destacar que os meninos (41,16%) apresentaram melhores desempenho MUITO BOM e BOM. Estes resultados divergem da literatura, de acordo com alguns autores (DANTAS, 2005; GALLAHUE; OZMUN, 2005) as meninas deveriam superar o desempenho dos meninos em flexibilidade em todas as idades. A flexibilidade das meninas é levemente superior, apresenta maior capacidade de estiramento, elasticidade da musculatura e dos tecidos conectivos. À medida que, aumenta a força nos meninos, existe uma tendência em diminuir sua flexibilidade.
Resultados semelhantes a presente pesquisa, foram apresentados nos estudos de Silva, Santos e Oliveira (2006) e Verardi et all (2007), onde o grupo das meninas, não foi mais flexível que o grupo dos meninos. Uma das hipóteses para o desempenho superior dos meninos, se deve ao fato destes serem constantemente mais ativos que as meninas em qualquer idade, o que pode proporcionar melhora na flexibilidade das articulações (GUEDES, 2001; SILVA; SANTOS; OLIVEIRA, 2006).
Acredita-se que até os 17 anos a flexibilidade pode ser recuperada e, inclusive, incrementada por programas de treinamento adequados. Após essa idade, tanto para homens quanto para mulheres, essa capacidade tende a reduzir progressivamente (BERTOLLA, 2007).
Considerações finais
Ao avaliar o nível de flexibilidade da amostra pesquisada, pôde-se concluir que, os meninos podem obter níveis de flexibilidade superiores ao das meninas. O baixo índice no desempenho do teste de sentar e alcançar, demonstra o pouco interesse pela prática de atividade física e esportiva entre os escolares da faixa etária estudada. A grande maioria das atividades físicas e esportivas ministradas pelos professores, requer um nível de flexibilidade aceitável para o desenvolvimento satisfatório destas, porém muitas vezes não são desenvolvidas com o devido destaque e orientação.
Diante deste contexto, torna-se necessário que os alunos desenvolvam a percepção da importância da flexibilidade, para uma efetiva participação durante as práticas de atividades físicas e esportivas.
Os resultados obtidos em nossa pesquisa, podem constituir-se em implicações práticas significativas, para utilização dos profissionais de Educação Física. Como a elaboração de novas propostas pedagógicas, para melhor orientar e planejar os conteúdos das aulas, em benefício da integração da flexibilidade e os demais componentes da aptidão física relacionada à saúde.
Referências
ARAÚJO, C. G. S. de. Correlação entre diferentes métodos lineares e adimensionais de avaliação da mobilidade articular. 28 Rev. Bras. Ciên. e Mov. Brasília v.8 n. 2 p. março 2000. p. 25-32.
BERTOLLA, F. et all. Efeito de um programa de treinamento utilizando o método Pilates na Flexibilidade de atletas juvenis de futsal. Rev. Bras. Med. Esporte, vol. 13 nº 4 Niterói Julho/Agosto 2007.
DANTAS, E. H.M. Alongamento e Flexionamento – 5ª edição. Rio de Janeiro. Shape.2005. p. 21-145.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos – 3 ed. – São Paulo: Phorte, 2005. P. 345-412.
GAYA, A.; SILVA, G. Manual de aplicações de medidas e testes, normas e critérios de avaliação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Escola de Educação Física; Centro de Excelência Esportiva; Projeto Esporte Brasil. Julho, 2007.
GLANER, M. F. Aptidão física relacionada à saúde de adolescentes rurais e urbanos em relação a critérios de referencia. Rev. Bras. Educ. Fís. Esp, São Paulo, v. 19, n.1, p.13-24, jan/mar 2005.
GUEDES, D. P. et all.
QUEIROGA, M. R. Testes e Medidas para Avaliação da Aptidão Física Relacionada à Saúde em Adultos. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan S.A. 2005 p.59-90.
SILVA, D. J. L.; SANTOS, J. A. R.; OLIVEIRA, B. M. P. M. A flexibilidade em adolescentes: um contributo para a avaliação global. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. Florianópolis, v. 8, n. 1, p. 72 a 79, jan./jun. 2006.
VERARDI, C. E. L. et all.
Outros artigos em Portugués
revista
digital · Año 14 · N° 140 | Buenos Aires,
Enero de 2010 |