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O perfil da potência de membros superiores, agilidade e velocidade 

de deslocamento de tenistas juvenis do sexo masculino

El perfil de la potencia de miembros superiores, agilidad y velocidad de desplazamiento de tenistas varones juveniles

 

Faculdade da Serra Gaúcha

Caxias do Sul Rio Grande do Sul

(Brasil)

Gabriel Seben de Medeiros

Lucas Maldonado

Leandro Silva Santos

Ms. Jovir Demari

gabriel_seben@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          Introdução: A potência de membros superiores, agilidade e a velocidade de deslocamento são possíveis capacidades físicas que decidem uma partida de tênis. A união destas três qualidades provoca as diferentes situações de jogo, numa expressão de força máxima. Entre as valências físicas exigidas na formação dos tenistas competitivos merece destaque a manifestação da força durante o gesto motor. Estudos recentes (Girard et alii, 2006; Kraemer et alii, 2003) apontam a importância da força motora na confecção dos programas de treinamento dos tenistas. Objetivo: Traçar valores da potência de membros superiores, agilidade e velocidade de deslocamento em tenistas juvenis do sexo masculino. Metodologia: Para a avaliação da aptidão física dos jogadores foi utilizado o protocolo de Johnson & Nelson (1979) para a mensuração da PMS, agilidade e velocidade de deslocamento. Resultados: Os valores médios encontrados para PMS dos grupos subdivididos por categorias são: 2,17 (±0,53) para a categoria até 12 anos, 3,04 (±0,44) para a categoria até 14 anos, 3,60 (±0,26) para a categoria até 16 anos e 4,63 (±0,47) para a categoria até 18 anos. Aos valores que se referem à agilidade encontramos: 21,80 (±1,44) para a categoria até 12 anos, 20,17 (±1,44) para a categoria até 14 anos, 18,24 (±1,36), para a categoria até 16 anos e 19,37 (±1,38) para a categoria até 18 anos. Os valores referentes à velocidade foram: 5,17 (±0,35) para a categoria até 12 anos, 5,42 (±0,58) para a categoria até 14 anos, 4,82 (±0,40) para a categoria até 16 anos e 4,61 (±0,36) para a categoria até 18 anos. Conclusão: Com relação a PMS dos jogadores avaliados podemos relatar que apresentaram valores crescentes em relação à hierarquia das categorias. Para os valore de agilidade dos tenistas avaliados foi encontrando um valor linear crescente até a categoria 16 anos e decrescente da categoria 18 anos para a categoria 16. A velocidade não demonstra nenhum valor de diferença significativa entre qualquer as relações de qualquer categoria (p=0,5), assim o desempenho do grupo da categoria 14 anos é diminuto em relação ao desempenho de velocidade de deslocamento do grupo pertencente à categoria 12 anos. Os demais resultados são lineares, porém as diferenças mantêm-se não significativas.

          Unitermos: Tênis. Qualidades físicas. ITN

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 140 - Enero de 2010

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I.     Introdução

    O conceito de esporte se dá através da pratica de alguma atividade que envolva jogos com regras elaborados e objetivos delimitados. Com o propósito proporcionar ao ser humano a oportunidade de expor suas habilidades e competências: cognitivas, físicas e sociais, intermediando-se com o meio e os objetos de manipulação. O tênis encontra-se dentro desta classificação, caracterizando-se como esporte, pois assume todas as características citadas.

    Dentro de um contexto histórico encontram-se diversas versões sobre a origem do tênis. Mergulhando no propósito da investigação visualizam-se referências no site oficial da confederação brasileira de tênis, como por exemplo; o Jeu de Paume, o Lawn Tennis e as origens do tênis no Brasil. Essas e outras referências são citadas em diversos artigos e nas literaturas provenientes dos cursos de capacitação da CBT e ITF.

    Tanto quando o presente, um passado muito próximo foi marcado pela passagem de grandes atletas brasileiros que fizeram história no tênis mundial: Jaime Onsins, Fernando Meligeni, Flávio Sareta, André Sá e outros que ainda escrevem as paginas da história do tênis brasileiro. Porém, o atleta que mais se destacou e corroborou em suas conquistas foi Gustavo Kuerten, jogador que causou uma evolução no tênis brasileiro. O chamado fenômeno “Guga” tornou o tênis mais accessível para o país, fato que chegou muito perto de popularizar um esporte de privilégio de classes financeiras mais elevadas. Porém, esse fenômeno apagou-se e os investimentos na modalidade tornaram-se cada vez mais diminutos abolindo nossos tenistas do topo do ranking mundial.

    Tal fato volta a preocupar treinadores, que vêem procurando melhorar esta situação com a capitação de talentos e a procura de um modelo de jogador de excelência. Hoje cientistas propõem um modelo de metodologia de treinamento. Porém, a dificuldade em encontrar sujeitos excelentes para cada modalidade tornou-se uma meta em qualquer que seja o esporte. Com referência a este padrão de observação, a objeção do PHD em treinamento desportivo, Antônio Carlos Gomes, na revista de Medicina Desportiva (fevereiro de 2008), sobre a afirmação do Russo Makarencko, diz: ‘O problema do diagnóstico e seleção de talentos nos desportos advém de vários aspectos como social, econômico, ético, pedagó­gico, etc. A orientação técnica fundamenta-se sobre os indica­dores específicos dos desportos, os quais se realizam em forma de testes normalmente oriundos das manifestações motoras específicas’.

    No mesmo artigo conclui: “O jovem não deve ser selecionado simplesmente por meio de um teste, mas por um complexo de fatores psicológi­cos, fisiológicos, morfológicos, etc., que interferem direta e indiretamente no desempenho atlético.” (Gomes, 2008). Pode-se ainda retirar outra observação muito bem elaborada sobre a realidade do atleta e do esporte brasileiro como um todo, onde é: “necessário convergir esforços político-técnico­-científicos para obter informa­ções sobre os índices motores (por normas ou critérios) em diversas regiões brasileiras” (Gomes, 2008). Pois, com a divergência de etnias brasileira, não se torna de senso comum o perfil de atletas específicos de cada modalidade, além de barreiras políticas e sociais, tornando o contexto de atletas de alto nível uma verdadeira “peneira fina”, onde verdadeiros talentos são dispensados por clubes de grande porte esportivo.

    No que se refere à estrutura antropométrica de jogadores de tênis encontramos pesquisadores que contribuíram com importantes informações sobre esse assunto: Solanellas et alii (1996), Pereira (2001) entre outros. Informações desta magnitude revelam a preocupação na ultima década em demonstrar o formato de um tenista moderno ideal, tanto fisicamente, quanto psicologicamente.

    O treino de força explosiva no tênis sofre uma correlação entre força e tempo de aplicação. Isso significa que durante a realização do gesto desportivo no tênis como, por exemplo, o saque, o treinamento objetiva uma otimização da resistência a ser vencida e a força aplicada, ou seja, a relação curva força-velocidade (Vretaros, 2002).

    Com relação à intensidade fica evidenciado que força de membros superiores é muito exigida no tênis de campo. Skorodumova (2004) reporta que a força manifesta-se predominantemente na forma de resistência de força rápida, força explosiva e força máxima no tênis.

    Sabemos que há uma interdependência entre capacidades motoras na pratica do tênis de campo. Enquanto a velocidade e a agilidade dependem da potência, o nível de potência do atleta é uma manifestação da força máxima. (Bompa, 2005).

    Desta forma entendemos que a expressão melhorada de força proporciona mais qualidade em outras capacidades físicas interligadas. A velocidade é uma expressão quantitativa da interação que um objeto exerce sobre a propriedade tempo e cabe a este conceito que a velocidade é expressa pelo corpo humano como uma capacidade de mover-se velozmente. Grande parte dos movimentos realizados pelo corpo humano são estabelecidos pela capacidade da contração do tecido muscular, portanto a capacidade de mover-se velozmente é diretamente dependente da velocidade de contração de um músculo, (Forteza, 2004), pois “enquanto a agilidade é uma expressão da força máxima com a coordenação neuromuscular” (Dantas, 2001).

    Outro fato que corrobora com a importância da potência no tênis de campo é a seguinte expressão: afirmações concluem que: “a potência muscular é um manifestação da força sobre a unidade tempo.” (Bompa, 2002). Pois, sendo o tênis um esporte de manifestação temporal sobre um objeto, expressando sobre esse objeto uma manifestação de força máxima, subentende que a potência de membros superiores se faz imprescindível pelo fato de não só o jogador devolver a bola para o outro lado da rede, mas também fazê-lo com a maior qualidade possível.

    Este esporte se faz e classifica-se como uma modalidade de altos níveis de uso de força (Hageman, 1988), mas também pela qualidade de deslocamento até o objeto de rebatida (bola), portanto as qualidades motoras: agilidade e velocidade de deslocamento tornam-se variáveis de qualificação deste atleta, sendo a complexidade destas valências e a coordenação das mesmas torna a o tênis um esporte altamente seletivo, no que se diz razão às capacidades físicas. Sendo, a capacidade mais altamente requisitada em alguns desportos é a combinação de velocidade, potência e coordenação (Bompa, 2002).

    O ser humano se difere de outros seres vivos e inclusive de outros seres de sua própria espécie através de suas características individuais. Incontáveis estudiosos encontraram formas de organizar e classificar esses seres e em especial o ser humano, que possui diversas características que o qualifica: assim como atletas, sedentários, idosos, jovens, negros etc. Um atleta é classificado por sua modalidade que pratica e qualificado através das exigências que este esporte faz como exigências, portanto a qualidades físicas de um tenista tem uma característica própria, formando um perfil deste atleta moldado por suas experiências.

    Assim como a força pode ser avaliada de diversas formas, segundo Chamorro et. Alli (2006) a velocidade e outras qualidades físicas podem ser determinadas de diferentes formas também. Porém, qual a qualidade que o tenista juvenil apresenta e se essas qualidades apresentam-se dentro do esperado pela literatura, isso poderá trazer sucesso a este atleta nesta modalidade? Desta forma, o seguinte estudo levanta a questão: Qual é o perfil da potência de membros superiores, agilidade e velocidade de deslocamento de tenistas juvenis do sexo masculino?

1.1.     Problema

    A formulação do estudo levanta o seguinte problema de pesquisa: Qual é o perfil da potência de membros superiores, agilidade e velocidade de deslocamento de tenistas juvenis do sexo masculino?

1.2.     Objetivo geral

    Traçar valores da potência de membros superiores, agilidade e velocidade de deslocamento em tenistas juvenis do sexo masculino.

1.3.     Objetivos específicos

  • Apontar as diferenças de potência de membros superiores, agilidade e velocidade de deslocamento entre as categorias.

  • Correlacionar a potência de membros superiores agilidade e velocidade de deslocamento nas categorias.

  • Apontar diferenças dos valores antropométricos entre as categorias.

1.4.     Justificativa

    Após e durante as conquistas de Gustavo Kuerten (1997 a 2004), houve uma popularização no tênis brasileiro. Este acontecimento conhecido como fenômeno “Guga” causou um aumento na quantidade de jogadores brasileiros. Com o declínio de sucesso deste jogador e a inexistência de um atleta com parâmetros semelhantes a conquistas, este esporte voltou a elitizar-se e toda a popularização feita pela campanha de Gustavo Kuerten perdeu força, a ponto de considerarmos que a modalidade encontra-se em crise estrutural. Com esta cena acontecendo, somada aos escândalos na confederação brasileira de tênis (fato que contribuiu com a saída da equipe da elite da Copa Davis), a quantidade de tenistas diminuiu e a qualidade da performance não melhorou, assim como a tecnologia e cientificismo deste esporte.

    Fomentando parâmetros passados, não houve melhoras na qualidade cientifica da pesquisa do tênis de campo. Devido a esta escassez de artigos científicos na área desta modalidade, surge o interesse em levantar e discutir dados preditos sobre qualidades físicas e antropométricas de tenistas juvenis.

    Contribuindo para o mapeamento de um tenista juvenil de excelência acredita-se ser útil à capitação de novos talentos, pois se torna interessante a modalidade a antecipação do reconhecimento do jovem talento.

1.5.     Delimitações do estudo

    Tenistas masculinos juvenis, com idade entre 11 a 17 anos.

II.     Metodologia

2.1.     Caracterização de pesquisa, tratamento e análise de dados

    O tratamento estatístico dos dados recorreu através de estatística descritiva, obtendo-se valores de média e desvio-padrão. Para a comparação das varáveis entre as categorias, foi utilizada a análise através de ANOVA (p<0,05).

2.2.     Caracterização da amostra

    A amostragem contou com a presença de 24 indivíduos (4 tenistas categoria 12 tenistas anos; 12 tenistas da categoria 14 anos; 6 tenistas da categoria 16 anos e 3 tenistas pertencentes à categoria 18 anos), jogadores de tênis, que apresentam as seguintes características (tabela 1).

Idade

14,33 (±1,49)

PMS

3,30 (±0,90)

Agilidade

19,59 (±1,72)

Velocidade

4,91 (±0,43)

Peso

57,60 (±13,89)

Estatura

167,75 (±11,02)

G%

16,94 (±8,22)

Massa Magra

24,38 (±8,20)

ITN

7,88 (±2,12)

Tabela 1. Valores médios da amostra

2.3.     Instrumentos de coleta de dados e procedimentos de coleta

    A pré-avaliação iniciou no mês de julho de 2008, onde antecedeu um pedido de conscedência ao Clube e em seguida as autorizações emitidas aos pais e responsáveis. Os testes com data marcada estenderam-se por uma semana e todos os dias contaram bom clima e ambiente externo com pouca ou nenhuma obstrução climática. Os procedimentos seguiam a seguinte seqüência: antropometria, ITN e em outra data na mesma semana os testes de aptidão física.

    Com o objetivo de medir a força explosiva dos membros superiores e cintura escapular, usou-se o protocolo de Johnson & Nelson (1979), utilizando uma bola de medicinal de 3 kg, cadeira, fita adesiva, corda e trena.

    O teste foi feito da seguinte forma: na posição assentada em uma cadeira, o testado segura a bola de medicinal com as duas mãos contra o peito e logo abaixo do queixo, com os cotovelos o mais próximo do tronco. A movimentação do tronco ou mesmo a flexão do quadril não será permitida, pois a ação que será avaliada será apenas a movimentação dos membros superiores. As três tentativas devem ser realizadas uma após a outra; a distância deve ser medida entre os pés dianteiros da cadeira e o primeiro de contato da bola ao solo. Um avaliador visualizará a movimentação do avaliado na cadeira e outro avaliador deve aferir o contato da bola com o solo.

    Com a meta de medir a velocidade máxima de deslocamento, utilizou-se o protocolo de Johnson & Nelson (1979), usando dois cronômetros, o espaço de corrida superior a 40 metros (pelo fator da frenagem) e duas Fitas para determinar a saída e chegada. O cronômetro é acionado ao “já” e travado quando o corpo do avaliado passar a linha de chegada. O avaliado não deve encontrar-se me movimento quando for dada a saída.

    Com o objetivo de medir a agilidade geral do corpo movendo, usou-se o teste de agilidade do ITN. O avaliado inicia o teste na posição em pé, atrás da linha de partida, (figura em anexo). Ao ser dado o comando “já”, ele desloca-se em direção bola “A”, retornando à base de saída. Repete-se esta função às bolas “B”, “C”, “D”, “E”, o termino do teste se conclui com a chegada do avaliado à base. Este teste é utilizado junto á bateria de testes técnicos proposto pela ITF (international tenis federation).

    Para caracterizar a amostra, medidas antropométricas de estatura (cm) e peso corporal (kg) foram obtidas através de um estadiômetro e uma balança digital. Para a estimativa da composição corporal foi realizada utilizando-se como referência as equações desenvolvidas por Lohman (1986) e Pires Neto & Petroski (1993), aplicando os valores de densidade na equação de cálculo do percentual de gordura de acordo com a equação de SIRI (1961).

    O ITN (international tennis number) é um teste validado pela ITF (internacional tennis federation) que tem o propósito de avaliar o nível do tenista, incluindo o mesmo em uma tabela que hierarquiza o jogador desde o ITN 10 (nível iniciante), até o ITN 1 (nível avançado). O protocolo de avaliação deste teste descrito no site oficial da ITF e preconiza avaliar a capacidade do jogador de controlar a direção e profundidade dos golpes básicos do esporte, além de avaliar a capacidade motricional do tenista através de um teste de agilidade. A soma das pontuações dá ao avaliado um escalonamento de capacidade e a tabela de avaliação pode ser encontrada nos anexos deste estudo.

III.     Resultados e discução

    A avaliação dos sujeitos pode demonstrar os seguintes valores referentes à PMS, agilidade e velocidade de deslocamento (tabela 2), a fim de traçar o perfil de tenistas juvenis do sexo masculino.

Categoria

Idade

PMS

Agilidade

Velocidade

12

11,56 (±0,58)

2,17 (±0,53)

21,80 (±1,44)

5,17 (±0,35)

14

13,92 (±0,29)

3,04 (±0,44)

20,17 (±1,44)

5,42 (±0,58)

16

15,17 (±0,41)

3,60 (±0,26)

18,24 (±1,36)

4,82 (±0,40)

18

17 (±0)

4,63 (±0,47)

19,37 (±1,38)

4,61 (±0,36)

Tabela 2. Valores médios dos grupos subdivididos em categorias

    O que se diz em relação a PMS dos jogadores avaliados podemos relatar que apresentaram valores crescentes em relação à hierarquia das categorias (gráfico 1). Concluímos que a potência de membros superiores representou-se crescente e acompanha o escalonamento das idades, tal fato configura a posição de Malina (2002): “O desempenho no arremesso dos meninos aumenta acentuada e linearmente com a idade, sem nenhuma indicação aparente de um estirão adolescente”. A PMS dos jogadores avaliados projeta uma hipótese esperada pelo estudo.

    Segundo os dados proferidos pela pesquisa encontra-se uma clara evidência do desenvolvimento da PMS nestes atletas de acordo com a idade cronológica e desempenho natural alcançado por atletas comuns desta modalidade. Dentro da visão competitiva é possível fazer uma análise do visível aumento das qualidades físicas de acordo com a elevação das categorias, onde os atletas mais velhos são mais qualificados que atletas mais jovens, assim com a evidente necessidade da PMS no desempenho motor dos golpes deste esporte.

Gráfico 1. Explanação dos valores da PMS sobre as categorias

    O estudo deteve-se também a avaliar a representação da agilidade de tenistas, encontrando um valor linear crescente até a categoria 16 anos e decrescente da categoria 16 anos para a categoria 18, apesar de não conferirem diferenças significativas nas avaliações de agilidade, apresentam uma diferença significativa no peso total, na estatura e na massa magra. Segundo Gaya (2007), os valores da agilidade são lineares e crescentes com relação à idade de indivíduos do sexo masculino. Pode-se dizer que este valor diminuto da categoria 18 anos em relação à categoria 16 anos não era uma hipótese esperada. Na literatura a agilidade é um conjunto de capacidades aceleração-desaceleração, sendo: “O sucesso da rápida desaceleração-aceleração, depende fortemente da força desses músculos em contrair com potência, tanto excêntrica como concentricamente, de tal forma que uma ação rápida e ágil é realizada.” (Bompa, 2005).

    Como não foi possível avaliar a força de membros inferiores, não se torna possível a conclusão precisa desta inferência entre essas duas categorias, porém o evidente avanço das proporções antropométricas encontradas em atletas mais velhos pode ser uma explicação para esse diminuto número encontrado em uma categoria superior, o que tornaria os atletas, mas pesados e conseqüentemente menos ágeis, pois como demonstrado na tabela 5 há diferença significativa nos termos estatura e massa magra. Outra hipótese segue a da PMS, onde se faz real a possibilidade de que o programa de treinamento físico destes atletas negligenciar o desenvolvimento e melhoramento desta qualidade em especial, onde já está determinado a importância de tal qualidade dentro do jogo de tênis, já que, segundo Monte (2007): “o tênis é um esporte que requer uma característica física muito peculiar, pois é uma modalidade de golpes rápidos, potentes e deslocamentos rápidos.”

    Apesar de não apresentarem diferença significativa entre os valores das categorias 16 e 18 é de comum entendimento que atletas juvenis mais velhos superem atletas mais jovens, sendo fato não ocorrido nesta pesquisa. Esse fato pode ser um evidente acontecimento da especialização precoce onde atletas muito jovens são tratados como atletas semi-profissionais acarretando em diminuição dos sistemas físicos futuros, onde a intenção de resultados em curto prazo reflete em uma perda de desempenho futuro.

Gráfico 2. Explanação dos valores da agilidade sobre as categorias

    Contudo, a velocidade não demonstra nenhum valor de diferença significativa entre as relações de qualquer categoria (p=0,5), assim com demonstrado na tabela 3. O desempenho do grupo da categoria 14 anos é diminuto em relação ao desempenho de velocidade de deslocamento do grupo pertencente à categoria 12 anos. Os demais resultados são lineares, apesar de não demonstrar diferenças significativas (tabela 3).

Gráfico 3. Explanação dos valores da velocidade de deslocamento sobre as categorias

    As diferenças dos valores das valências físicas entre as categorias são observados na tabela 3.

Grupos

PMS

Agilidade

Velocidade

 

F calc.

F tab.

F calc.

F tab.

F calc.

F tab.

18 x 12

36,34

7,71

4,46

7,71

0,08

5,59

18 x 14

12,16

4,67

0,16

4,67

2,17

4,67

18 x 16

13,08

5,59

2,15

5,59

3,66

7,71

16 x 12

31,13

5,59

20,13

5,59

3,69

5,59

16 x 14

4,27

4,49

4,62

4,49

2,62

4,49

14 x 12

3,57

4,67

3,88

4,67

0,26

4,67

Tabela 3. As diferenças dos valores das valências físicas entre as categorias

    Observando os dados da tabela 3, analisamos a cerca dos resultados obtidos nos testes físicos sobre a Potência de Membros Superiores: a categoria 18 quando comparada as demais categorias apresenta diferença significativa, o fato apenas não se corrobora na diferença entre a categoria 16 e 14 anos. Há uma diminuição decrescente na diferença entre os grupos, sendo que a diferença encurta-se juntamente com a proximidade da hierarquia das categorias.

    Tomando o mesmo foco em relação à agilidade observamos que há diferença significativa entre os grupos da categoria 16 anos quando comparado as categorias 12 e 14 anos, sendo que a diferença entre as categorias 16 e 14 anos é menor quando comparada a categoria 12 anos.

    Na valência velocidade de deslocamento não foi encontrado qualquer diferença significativa entre qualquer grupo relacionado.

    Os valores encontrados das correlações entre Potência de Membros Superiores, Agilidade e Velocidade de deslocamento são demonstrados na tabela 4.

Categoria

Valência

Correlações

12

PMS x Agilidade

-0,99

PMS x Velocidade

-0,87

Agilidade x Velocidade

0,94

14

PMS x Agilidade

-0,64

PMS x Velocidade

-0,74

Agilidade x Velocidade

0,66

16

PMS x Agilidade

-0,62

PMS x Velocidade

-0,10

Agilidade x Velocidade

0,28

18

PMS x Agilidade

0,91

PMS x Velocidade

0,75

Agilidade x Velocidade

0,41

Tabela 4. Correlações entre PMS, Agilidade e velocidade de deslocamento (subdivididas em categorias)

    A agilidade é uma valência física ligada à velocidade e em particular às suas diversas características como velocidade de deslocamento, a velocidade de reação e a velocidade de decisão (Monte, 2007). Tal fato corrobora-se nas presentes correlações com força maior nas categorias 12 e 14, mas com menos força nas categorias 16 e 18. As correlações menos relevantes encontram-se nas relações feitas entre velocidade de deslocamento e agilidade, fato que se revela em todas as categorias.

    As analises feitas por Nunes & Pazin (2006) indicam uma correlação significativa (r=0,78) entre a idade e a força explosiva de membros inferiores nos tenistas infanto-juvenis. No presente estudo podemos observar uma correlação também significativa (r=0,75) entre a idade e os valores da PMS dos avaliados.

    As diferenças dos valores antropométricos entre as categorias são demonstrados na tabela 5.

Grupos

Peso

Estatura

G%

Massa Magra

   

F calc.

F tab.

F calc.

F tab.

F calc.

F tab.

F calc.

F tab.

18 x 12

1,59

5,59

513,18

5,59

0,10

5,59

0,76

5,59

18 x 14

7,19

4,67

591,59

4,84

0,46

4,67

1,96

4,67

18 x 16

7,81

7,71

236,84

7,71

0,07

7,71

325,10

7,71

16 x 12

7,66

5,59

19,83

5,59

0,70

5,59

10,79

5,59

16 x 14

0,97

4,49

0,92

4,49

0,22

4,49

1,10

4,49

14 x 12

13,66

4,67

10,97

4,67

1,60

4,67

2,08

4,67

Tabela 5. As diferenças dos valores antropométricos entre as categorias

    Há uma diferença muito expressiva na diferença do peso entre as categorias 14 e 12, na estatura da categoria 18 comparada as demais categorias e na massa magra entre as categoria 18 e 16.

    A preocupação em delimitar um grupo de alto escalão para a participação do estudo tornou-se constante durante a pré-avaliação dos dados. Assim como a caracterização da amostra revela que os atletas não alcançam os níveis de jogadores de ponta (através do INT), pois um atleta não presente na pesquisa, com o nível de jogador de ponta (5° colocação no ranking juvenil brasileiro) foi avaliado com o ITN e atingiu o patamar 4 enquanto os jogadores presentes nesta pesquisa atingiram uma média de 7,88 (±2,12), o que pode ter uma influencia sobre os dados avaliados.

IV.     Conclusão

    Com os seguintes dados percebeu-se que o perfil de potencia de membros superiores nestes atletas foi crescente até a categoria 18 anos, o que leva a perceber que com a diferença significativa entre os valores houve uma evidencia de que o pico de força explosiva nestes tenistas se deu por volta dos dezoito anos, igualmente encontrado na literatura (Rowland, 2008). Já nos outros aspectos avaliados, mostrou-se que não há diferença significativa nos valores encontrados.

    Os valores encontrados em relação a potencia de membros superiores seguem a expectativa inicial de que o pico de força em meninos se dá ao fim da puberdade e inicio da fase adulta. Já os valores encontrados de agilidade e velocidade sugerem uma evidencia de que não há a existência de um programa de treinamento especializado para o desenvolvimento destas qualidades na rotina dos atletas estudados. A outra hipótese que pode explicar a disparidade nos valores encontrados seria a baixa exigência destas valências físicas dentro da modalidade do tênis juvenil, assim como é exigido no tênis profissional ou mesmo no tênis adulto amador, portanto mesmo que esteja havendo uma negligência dentro do treinamento ou mesmo a não existência de um programa completo de desenvolvimento de qualidades físicas, acredita-se que os atletas avaliados não se encaixam dentro dos padrões esperados de atletas desta modalidade. Neste caso se faz importante a investigação mais aprofundada dentro da programação e rotina de treino destes atletas, assim como a correlação das qualidades físicas destes atletas vinculado ao sucesso na carreira esportiva.

    A formação do atleta juvenil brasileiro muitas vezes é feita de forma antagônica, sendo que o jovem tenista não trabalha algumas fases do desenvolvimento e transpassa etapas, pelo propósito de vitórias imediatas. Balbinot (2003) cita: “Os jovens tenistas brasileiros são submetidos a um treinamento técnico especializado precoce” o que privilegia o desenvolvimento de algumas qualidades físicas em detrimento de outras desrespeitando a idade cronológica do atleta em si. Os valores relacionados a velocidade e a agilidade de membros inferiores encontrados nesta pesquisa mostraram que não houve diferenças matemáticas entre os atletas de diferentes categorias demonstrando a diminuta importância dada a essas qualidades físicas imprescindíveis ao atleta, assim como uma evidencia de inapropriada relevância cronológica no desenvolvimento dos atletas pesquisados .

    O tênis se faz um esporte de habilidades abertas, sendo em alguns momentos, como o saque, uma habilidade fechada, desta forma, podemos afirmar que toda a modalidade que depende de uma tática de envolta em habilidades abertas dependente de um capacidade psicomotora bem desenvolvida, portanto as valências avaliadas neste estudo sugerem que as mesmas podem não ter uma forte correlação com os resultados bem sucedidos das partidas, podendo, no caso destes atletas, a inteligência tática superar as capacidades físicas em níveis de importância dentro do cronograma de treinamento.

    Estudos futuros podem determinar melhor as correlações entre psicomotricidade, desempenho físico e sucesso na carreira esportiva, assim como um estudo mais aprofundado sobre a qualidade de um programa de treinamento físico, investigando primeiramente se há um programa de treinamento físico e ou, se há adequação em relação à idade cronológica do atleta e se esse treinamento traz um benefício direto no resultado e no desempenho do mesmo. Girard et al. (2006) e Kraemer et al. (2003) apontam a importância da força motora na confecção dos programas de treinamento dos tenistas, Balbinot (2005) apresenta a importância do treinamento técnico coerente respeitando a idade cronológica do atleta, portanto tais particularidades devem afetar o desempenho qualitativo do atleta juvenil.

    Contudo, com tais dados conclui-se que a potencia de membros superiores foi para essa população de tenistas a qualidade mais relevante diante dos testes, as demais qualidades apresentaram-se menos imponentes diante dos testes, pois não apresentaram diferenças significativas entre os grupos e não seguiram valores corroborados pela literatura. Porém, a investigação sobre a rotina de treino destes atletas, o planejamento estratégico da carreira e a importância destas qualidades físicas diante as categorias disputadas pelos mesmos atletas são questões importantes para elucidar os fatos discutidos aqui neste estudo.

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