A utilização do scout no basquetebol. Revisão Utilización del scout en el baloncesto. Revisión The use of the scout in the basketball. Revision |
|||
Centro de Ciências da Saúde e do Esporte CEFID/UDESC (Brasil) |
Pablo Antônio Bertasso de Araujo Esp. Juan Marcelo Simões Cáceres Ms. Anderson Ulbrich Ms. Fernanda Guidarini Monte |
|
|
Resumo O scout é utilizado mundialmente no basquetebol para detectar variações que ocorrem durante o jogo. Desta forma o presente estudo tem como principal objetivo descrever a importância da utilização do scout durante os jogos de basquetebol, bem como fazer considerações sobre sua aplicabilidade. A revisão dos artigos limitou-se ao período de 1983 a 2009. Por meio do scout o treinador pode avaliar o jogador em sua totalidade, identificando quais dos fundamentos precisam ser mais trabalhados e desenvolvidos. A análise de vários parâmetros que fazem parte de uma partida de basquetebol possibilita aos técnicos estabelecerem estratégias adequadas de treinamento para melhora do desempenho individual e coletivo.Unitermos: Scout. Basquete. Treinamento Abstract Scout is used in the basketball to detect variations that occur during the game. The objective of the research was to describe the importance of scout during the basketball games. The revision of articles limited it the period: 1983 to 2009. By means of scout the coach can identify which the indicators more need to be worked and to be developed. The analysis of scout possible the coach to establish adequate strategies of training with objective of improvement of the performance. Keywords : Scout. Basketball. Training |
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 140 - Enero de 2010 |
1 / 1
Considerações iniciais
A necessidade de registro e das análises das ações individuais técnico–tática foi apresentada pela primeira vez em 1936, onde foi proposto que em cada jogo se deveria fixar a quantidade de passes e outros fundamentos, bem como a efetividade dessas técnicas na evolução das ações de ataque e defesa. A forma de registro mais difundida recebeu o nome de scout (Gokik, 1996).
O scout é utilizado mundialmente no basquetebol para detectar variações que ocorrem durante o jogo. A identificação dos fatores que levam a equipe à vitória ou derrota, assim como as principais características, pontos positivos e negativos dos jogadores tem fornecido informações preciosas que podem influenciar no resultado final da partida (Sampaio 2000, Janeira 2001, De Rose Jr. & Gaspar 2001, Brown 1983).
Por meio do scout o treinador pode avaliar o jogador em sua totalidade, identificando quais dos fundamentos precisam ser mais trabalhados e desenvolvidos. A análise de vários parâmetros que fazem parte de uma partida de basquetebol possibilita aos técnicos estabelecerem estratégias adequadas de treinamento para melhora do desempenho individual e coletivo (De Rose Jr, 2002).
Tendo em vista as possibilidades que o instrumento oferece, o presente estudo tem como principal objetivo descrever a importância da utilização do scout durante os jogos de basquetebol para obtenção de informações visando a melhoria dos resultados individuais e da equipe.
Metodologia
A revisão dos artigos limitou-se ao período de 1983 a 2009. As palavras-chave utilizadas para a busca dos artigos foram os seguintes termos: scout, basquetebol, treinamento. As publicações foram obtidas nos bancos de dados LILACS, SCIELO, PUBMED e BIREME. Dentre as publicações, foram selecionados artigos que incluíssem revisões bibliográficas ou pesquisas experimentais.
A importância da utilização do scout no basquetebol
Segundo De Rose Jr. et al (2004), o esporte praticado no seu mais alto nível de excelência exige um conhecimento cada vez maior de todos os aspectos que envolvem essa prática.
Lamas et al (2005), afirmam que a quantidade de informações geradas em um jogo é muito maior do que a capacidade de armazenamento das mesmas por qualquer observador. Por isto é fundamental que se analisem criteriosamente todos os aspectos desse jogo para que as informações possam ser organizadas e melhor utilizadas por técnicos e atletas.
Conforme De Rose Junior et al (2004), a estatística de jogo fornece informações relevantes e objetivas, que servem como uma base para avaliar o desempenho. Os indicadores de jogo observados e analisados são: assistência; bloqueios; recuperação de posse de bola; rebote de ataque; rebote de defesa; bolas perdidas; faltas cometidas (individuais e coletivas); lance livre (certo e errado), arremessos de dois pontos (certo e errado); arremessos de três pontos (certo e errado). As anotações deverão ser feitas pelo scoutista. Os dados obtidos deverão ser transcritos em fichas individuais e do conjunto para posterior análise dos resultados. Durante o jogo o scout deve estar sempre pronto e imediato para o técnico e o scoutista deve alertar o técnico sobre aspectos que possam ser úteis (Daiuto 1983; Rossini Jr. 1994). Durante o intervalo o scoutista deve alertar ao técnico sobre algumas informações que passaram despercebidas. Depois do jogo a análise detalhada do scout deve ser feita, a fim de tirar do mesmo todas as lições possíveis, qualquer que tenha sido o resultado.
Um dos objetivos desse tipo de observação é dar aos técnicos e atletas informações sobre o jogo de maneira que sejam identificadas qualidades e deficiências e que os desempenhos subseqüentes possam ser melhorados (De Rose Junior et al 2002, Sampaio 1999).
De acordo com Pinto (2000), por meio do estudo do jogo pretende-se acrescentar à intuição dos treinadores, quanto à tomada de decisões, algum conhecimento objetivo, que somado ao conhecimento da experiência adquirida, lhe permita efetuar escolhas com mais sucesso. A avaliação pode não só identificar o potencial dos jogadores, mas também permitir destacar os indicadores de desempenho que merecem uma saliência especial na planificação do treino.
Segundo Bompa (2002), o planejamento do treinamento é um processo metodológico e cientifico que auxilia o atleta a atingir alto nível de treinamento e desempenho. É a ferramenta mais importante que um treinador possui a fim de conduzir um programa de treinamento bem organizado, eliminando a abordagem aleatória e sem objetivo, ainda usada em alguns desportos. Conforme Weineck (2003), para a execução de um treinamento, não somente os “princípios” de um treinamento são importantes, este planejamento também é feito a partir de informações obtidas.
Conforme De Rose Jr. et al (2004), o scout deve também ser utilizado como referência para o direcionamento dos treinamentos, pois mostra onde a equipe foi eficiente ou não.
Segundo Tubino (2003), a exigência de avaliações, no processo de treinamento, é o referencial que dá condições para os possíveis “feedbacks” a serem introduzidos. O “feedback” é um reajustamento constante dos programas aos novos problemas e necessidades verificadas.
O processo de treinamento do basquetebol vem exigindo certo grau de especificidade, necessário a especialização e melhora do desempenho. Os profissionais do esporte buscam, incessantemente, aprofundar seus conhecimentos sobre as características e as exigências específicas de cada modalidade, visando, desta forma, maximizar o desempenho dos atletas (Nunes et al, 2009).
Conforme Bompa (2002), a especialização para uma modalidade esportiva leva a modificações anatômicas e fisiológicas, que se relacionam às necessidades deste desporto. A especialização representa o principal elemento exigido para se obter sucesso em um desporto.
Segundo Tubino (2003), em termos de preparação esportiva cientifica, não devem existir classes heterogêneas, mas sim pequenos grupos homogêneos com características e índices quase semelhantes. As investigações têm mostrado que o treinamento altamente especializado e individual favorece as grandes performances desportivas.
A identificação por meio da utilização do scout dos pontos fortes e pontos fracos de um atleta facilitarão muitíssimo a individualização do treinamento desportivo. Os pontos fortes deverão ser cada vez mais potencializados para que possa haver um melhor aproveitamento deles durante o desempenho, enquanto que os pontos fracos deverão ser corrigidos, melhorados, ou então neutralizados por esquematização tática. De acordo com Dias Neto (2007), os principais indicadores estatísticos são: percentual de arremesso de dois pontos, o percentual geral de arremesso, os lances livres convertidos, o número de faltas sofridas e o numero de assistências.
Considerações finais
A presente revisão de literatura demonstra que o scout é um relevante instrumento de apoio ao processo de tomada de decisão dos treinadores. Auxilia tanto na identificação de falhas táticas ou técnicas possibilitando ao técnico criar estratégias de melhoria no desempenho da equipe durante a partida; quanto no direcionamento do treinamento.
Referências
BOMPA, T. O. (2002) Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 4. ed. São Paulo: Phorte.
BROWN, F. (1983) Caderno técnico - Didático basquetebol. Brasília: Secretária de Educação Física e Desporto.
DAIUTO, M. (1983) Basquetebol: metodologia de ensino. 2. ed. São Paulo.
DE ROSE Jr (2004). Statistical analysis of basketball performance indicators according to home/away games and winning and losing teams. Journal of Human Movement Studies 47: 327-336.
GODIK, M. A. (1996). Futebol: preparação dos futebolistas de alto nível. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sport.
JANEIRA, A. (2000) Funcionalidade e estrutura de exigências em basquetebol. In: TAVARES, F; JANEIRA, M. A; GRAÇA, A; PINTO, D; BRANDÃO, E. Tendências actuais da investigação em basquetebol.Seminário de estudos universitários. p. 45-49.
LAMAS, L.; NEGRETTI, L.; DE ROSE JUNIOR, D. (2005) A análise da tática ofensiva no basquetebol. In: DE ROSE JUNIOR, D.; TRICOLI, V. Basquetebol: uma visão integrada entre ciência e prática. Barueri: Manole, cap.8.
NUNES, JA; AOKI, MS; ALTIMARI, LR; PETROSKI, EL; ROSE JÚNIOR, D; MONTAGNER, PC. (2009) Parâmetros antropométricos e indicadores de desempenho em atletas da seleção brasileira feminina de basquetebol. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum, 11(1):67-72.
PINTO, D. (2000) Concepções dos treinadores acerca da hierarquia dos indicadores da performance em basquetebol. In: TAVARES, F; JANEIRA, M.A; GRAÇA, A; PINTO, D; BRANDÃO, E. Tendências actuais da investigação em basquetebol.Seminário de estudos universitários.. p. 203-211.
ROSE JUNIOR, D; GASPAR, AB; SINISCALCHI, M. (2002). Análise estatística do desempenho técnico coletivo no basquetebol. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, v.8, n. 49, jun. http://www.efdeportes.com/efd49/estatis.htm
______. (2003) Campeonato Mundial de Basquetebol Masculino: história em números. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital Buenos Aires, v.9, n. 67. dez. http://www.efdeportes.com/efd67/basquete.htm
_______; GASPAR, AB (2001). Campeonato Paulista Feminino: análise estatística do 1º turno.
_______; TAVARES, AC; GITTI, V (2004). Perfil técnico de jogadores brasileiros de basquetebol: relação entre os indicadores de jogo e posições específicas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.18, n. 4, p. 377-384, out/dez..
ROSSINI JUNIOR, D. (1994) Basquete: organização do treinamento. Matão: Dan Basquete.
______. (1995) Basquete: manual da organização. Matão: Dan Basquete.
SAMPAIO, AJ; JANEIRA, M (2001). Uma caminhada metodológica na rota das estatísticas e da análise do jogo de basquetebol. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, v.7, n. 39. http://www.efdeportes.com/efd39/estad.htm
______. (1999) Análise do jogo em basquetebol: da pré – história ao data mining. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, v.4, n. 15. http://www.efdeportes.com/efd15/datam.htm
TUBINO, M. J. G; MOREIRA, S. B. (2003) Metodologia Científica do treinamento desportivo. 13. ed. Rio de Janeiro: Shape.
WEINECK, J (2003). Treinamento Ideal: instruções técnicas sobre o desempenho fisiológico, incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil. 1. ed. Barueri: Manole.
WANG YT, CHEN SH, LIMROONGREUNGRAT W, CHANGE LS (2005).
Outros artigos em Portugués
revista
digital · Año 14 · N° 140 | Buenos Aires,
Enero de 2010 |