efdeportes.com

Ressignificando vivências sociais na 

corporeidade: um estudo etnográfico

 

*Acadêmica do curso de Educação Física da Unoesc Campus Xanxerê

**Acadêmica do curso de Artes Visuais da Unoesc Campus Xanxerê

***Docente do curso de Educação Física da Unoesc Campus Xanxerê

(Brasil)

Camila Vogel* | Marcia Brunetto*

Sabrina Cara* | Silvana Bonavigo*

Silvia Baggio**

Patricia Carlesso Marcelino Siqueira***

patriciasiqueira@wavetec.com.br

 

 

 

Resumo

          Este estudo desenvolvido durante a disciplina de Ritmo e Expressão do Movimento Humano teve como finalidade voltar à reflexão acerca da corporeidade e as interfaces com o curso de Educação Física. A metodologia utilizada foi uma pesquisa exploratória de caráter etnográfico definidas seguindo-se as premissas de André (2004). Tendo como sujeitos da pesquisa 05 alunos do curso de Educação Física. As informações coletadas durante a disciplina foram compreendidas segundo o método fenomenológico proposto por Giorgi (1985) e Comiotto (1992. Registra-se nesse artigo a influência do social no pessoal como um fator determinante na própria percepção corporal. No mesmo sentido, busca-se a reflexão na Educação Física acerca de poder torná-la uma linguagem viva, permeando assim todo o seu conjunto de atividades. Assim a corporeidade e a Educação Física ampliam as significâncias de sua prática educativa a partir da (des) construção do indivíduo,estabelecendo relações e percepções de indivíduos cada vez mais comprometidos com seu “eu”, com a sociedade e com a educação que proclama e almeja enquanto futuro educador.

          Unitermos: Educação Física. Vivências. Corporeidade humana

 

Resumen
          Este estudio se desarrolló durante el curso de Ritmo y Expresión del Movimiento Humano objetivo era volver a la comprensión del cuerpo y las interfaces del curso de Educación Física. La metodología utilizada fue un estudio exploratorio etnográfico definido seguido por los locales de André (2004). Los sujetos fueron 05 estudiantes de investigación de la Educación Física. La información recopilada en el curso se incluye de acuerdo con el método fenomenológico propuesto por Giorgi (1985) y Comiotto (1992. Ingreso en este artículo la influencia del personal social como factor determinante en su conocimiento del cuerpo propio. Del mismo modo, buscamos pensando en la educación física pueden hacer que una lengua viva, lo que impregna toda la lista de actividades. Así, la educación corporales y ampliar el significado de su práctica educativa de la construcción (de) del individuo. El establecimiento de relaciones y las percepciones de los individuos cada vez más comprometidos con su auto, la sociedad y la educación que afirma y pretende que el futuro educador.

          Palabras clave: Educación Física. Vivências. Corporeidad humana

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009

1 / 1

Introdução

    Com a construção social decorrente do processo histórico da humanidade, o homem passou por etapas evolutivas onde as relações sócias começaram a ser necessárias para as pessoas.

    Nesse contexto podemos observar que a cultura define e influência os indivíduos atuando principalmente na educação corporal de cada um. O papel da educação física contemporânea é o de (re) descobrir a vivência plena da corporeidade humana através do movimento e das vivencias corporais.

    Baseado nesses aspectos, nosso estudo teve como finalidade, identificar as implicações e compreender os significados da linguagem corporal junto a um grupo de acadêmicos do ensino superior. O objetivo foi ampliar a reflexão que permeia a educação estética e a linguagem corporal como elementos fundamentais no processo educativo enfatizado na proposta pedagógica, que privilegiou uma nova cultura de movimento, juntamente com a possibilidade da (re) descoberta da corporeidade nos educandos, a partir das percepções, dos sentimentos, da afetividade e dos desejos provocados pelas vivências do corpo em movimento e da cultura permeada por ela.

A amostra do estudo

    O presente estudo teve por objetivo se realizar uma pesquisa exploratória de caráter etnográfico a partir das falas expressas durante o grupo na disciplina de ritmo e expressão do movimento humano, do curso de Educação Física da UNOESC XANXERÊ - SC.

    A amostra foi composta por 5 (cinco) acadêmicos do curso de Educação Física, do sexo masculino com idades entre 18 e 25 anos.O estudo seguiu as premissas do comitê de ética e pesquisa da instituição e da CNS196/96.

    Para manter o anonimato, cada participante do grupo escolheu um codinome, por cores, sendo caracterizado abaixo:

  • Lilás: Acadêmico do curso de Educação Física – 19 anos

  • Amarelo: Acadêmico do curso de Educação Física – 20 anos

  • Preto: Acadêmico do curso de Educação Física – 23 anos

  • Vermelho: Acadêmico do curso de Educação Física - 22 anos

  • Azul: Acadêmico do curso de Educação Física – 18 anos

Caracterizando o estudo

    O presente artigo caracterizou-se por ser uma pesquisa exploratória de caráter etnográfico definidas seguindo- se as premissas de André (2004).As informações coletadas durante a disciplina foram compreendidas segundo o método fenomenológico proposto por Giorgi (1985):

O Sentido do todo

    Esta etapa se caracteriza pela leitura das entrevistas concedidas para a compreensão de sua linguagem até alcançar a compreensão do todo.

As unidades de significado

    Consiste na redução fenomenológica. As unidades emergirão da análise e da percepção das releituras e são numeradas em ordem crescente conforme o número de cada entrevista.

Transformação das unidades significativas em linguagem psicoeducativa

    Captar as mensagens, estas são interpretadas e se expressa o fenômeno explicitado pelos sujeitos por meio da linguagem psicoeducativa.

Síntese das estruturas de significado

    Nesta etapa procuramos intuir as essências expressas pelas falas, considerando-as como a criação de algo novo, as quais fusionam as percepções dos entrevistados e do pesquisador, dando ao texto um conteúdo diferente, identificando os aspectos realmente significativos, segundo uma visão totalizadora.

Dimensões fenomenológicas proposta por Comiotto (1992)

    Nesta etapa se buscou encontrar as dimensões mais significativas do fenômeno, que vão aflorando ao longo do trabalho , dando origem às essências do estudo:

O Curso de Educação Física: novas perspectivas corporais

    O curso de Educação Física ficou bastante evidenciado nas falas dos acadêmicos. Assim, conseguem adotar diferentes percepções acerca das implicações do curso, enquanto importância dos atos educacionais e relacionando assim com as próprias expressões corporais:

    “O curso de Educação Física esta me ajudando pra “caramba”, pois eu estou conhecendo como o meu corpo funciona e como ele reage nas situações do dia-a-dia”. (Vermelho).

    “Estou mudando o pensamento, pois achava que o curso era só jogar, e hoje vejo que é muito mais se auto compreender para poder compreender um pouco dos outros”. (Azul)

    De acordo com Gonçalves (1999, p. 135):

    “A Educação Física como atos educacionais relacionam-se diretamente à corporeidade e ao movimento do ser humano. Implica, portanto, uma atenção intencional sobre o homem como ser corpóreo e matriz, abrangendo as formas de atividade física, como a ginástica, o jogo, a dança e o desporto”.

    Também de acordo a Menestrina (2005, p. 35), a educação corporal:

    “A educação corporal, hoje, caracteriza-se como uma pratica socioeducativa intimamente ligada ao contexto do homem moderno, que inclui no seu grande domínio todos os mimetismos sociais, como praticas físico desportivas, formas de aprendizagem gestual.”

    A forma de o homem conhecer-se também passa por estes parâmetros. A educação física faz parte de seus contextos também como desportistas: “(...) Sou bem coordenado, pois o esporte me ensinou isso, assim sempre me dei bem na educação física” (Amarelo). “A educação física auxilia nessa educação, pois trabalha movimentos e a flexibilidade...” (Lilás)

A questão da Corporeidade

    A corporeidade vem se constituindo num dos mais interessantes temas de reflexão na área de educação, em especial da Educação Física.

    Para vermos o corpo sob a ótica da corporeidade, significa o olharmos nosso próprio desenvolvimento. O que representa compreendê-lo como um sistema social, político, psicológico, emocional, etc. Assim, de acordo com Daolio (2006, p. 31):

    “Podemos até afirmar que a natureza do homem é ser um ser cultural (...) De fato, os movimentos realizados pelo corpo humano são desenvolvidos e determinados em função de uma cultura. Desde que nasce, ...é submetida a um conjunto de regras, valores e normas sociais que vão influenciando seu comportamento”.

    Podemos perceber isso através da fala de Lilás: “Referente à educação corporal, desde o momento em que nascemos até o momento em que deixamos de existir, ela estará sendo mudada”.

    O corpo de cada individuo do mesmo grupo cultural revela, não somente sua singularidade pessoal, mas também tudo aquilo que caracteriza esse grupo como uma unidade. Cada corpo expressa a história acumulada de uma sociedade que nele marca seus valores, suas leis, suas crenças, e sentimentos, que estão na base da vida social.” Gonçalves (1999, pág. 13 a 14).

    Assim, o movimento estabelece a corporeidade. Através do corpo a significação do movimento se dá sentimentos e vivências corporais. Principalmente na subjetividade de suas manifestações. Na forma de ressignificação dos seus sentimentos.

A percepção sobre o próprio corpo

    A corporeidade implica a inserção de um corpo humano num mundo significativo, a relação dialética do corpo consegue mesmo, com outros corpos expressivos e com os objetos do seu mundo. Pensar o lugar do corpo na educação em geral, e na escola em particular, é inicialmente compreender que o corpo não é o instrumento das práticas educativas, portanto as produções humanas são possíveis pelo fato de sermos corpo. Nosso corpo traz marcas sociais e históricas, dessa forma, questões culturais, de gênero e sociais podem ser lidas nele.

    “Bem, estou muito satisfeito com minha imagem, fui muito bem educado em casa e na escola, sempre fiz o que gostava e gosto de fazer. Sou o que sou e gosto do que sou. Sempre estou pronto a mudanças, buscando e querendo melhorar para mim.” (Preto)

    Fica constatado aqui que e estética também influencia diretamente na percepção pessoal e na corporeidade de cada um:

    O homem não quer ficar mais bonito, ele pretende ser mais competitivo, aparentando maior energia. Como se fosse uma necessidade de posicionamento social ou ate mesmo dentro de um mercado de trabalho. “Meu trabalho requer do meu corpo por isso preciso estar bem comigo e com meu corpo”. (Vermelho)

    A fala da autora esteticamente também pode ser enquadrada nas seguintes falas: (Amarelo) comenta: “Não tenho problema com meu corpo, não sinto vergonha em nada e me sinto bem em ser homem. Hoje meu corpo é bem desenvolvido, sou magro, alto...” Sou um cara vaidoso, que gosta de si mesmo (Lilás).

    Gostamos e pensamos que sempre fazemos as coisas que queremos, porém o homem está ligado a relações de condicionamentos sociais, psicológicos e biológicos; sem que muitas vezes perceba isso. O corpo constitui-se então num resumo daquilo que vivenciamos através do tempo (Gaiarsa, p. 132).

Considerações finais

    A influência do social no pessoal é um fator existencial determinante. Por trás dele está o inconformismo e a revolta das pessoas, dos grupos, das classes que, quando conseguem acordos e entendimentos com o poder que controla toda a sociedade, promovem a sua evolução.

    Biologicamente a vida humana começa no ato da concepção. Nela são definidas algumas “marcas registradas” do individuo: cada um é marcado, pelo que é a mãe e o pai; que por sua vez são marcados pelo próprio trajeto que a humanidade traçou e destinou aos dois, enquanto seres culturais e produtos de uma evolução biológica, histórica e humana.

    Assim como nossas emoções e ações são inseparáveis da imagem do corpo, as emoções e ações dos outros são impressões de seu pelos impulsos que se transformam em expressões ou reações.

    Com isso percebemos que o fenômeno da corporeidade se faz presente em todo o nosso ser: em nossa casa, no trabalho, no lazer, evidenciando nossa forma de perceber o mundo e vivenciando em nossa totalidade.

    Desta forma, dar atenção aos sentidos e auxiliar o seu refinamento, seja como base na quantidade enorme de estímulos e maravilhas dispostas pelo mundo ao nosso redor, seja através dos signos estéticos que a arte nos prove, tocando a nossa sensibilidade, constitui uma missão fundamental, para o educador.

Referências

  • ANDRE, M. E. D. de. Etnografia da prática escolar. 11. Ed. , Campinas: Papirus, 2004.

  • COMIOTTO, M. Adultos médios: sentimentos e trajetória de vida. Tese (Doutorado em Educação) - UFRGS, Porto Alegre, 1992.

  • DAOLIO, Jocimar. Educação Física e cultura corpoconsciencia. Santo André,1998.

  • GAIARSA, J. A. A estátua e a bailarina. 3. Ed. São Paulo: Ícone, 1995.

  • GIORGI, A. Phenomenology and psychological research. Pittsburg: Duqueme University, Press, 1985.

  • GONÇALVES, Maria Augusta Salin. Sentir, pensar, agir - corporeidade e educação. São Paulo: Editora Papirus, 2005.

  • MENESTRINA, Eloi. Educação Física e Saúde. Ijuí – RS: Editora Unijuí, 2005.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/

revista digital · Año 14 · N° 139 | Buenos Aires, Diciembre de 2009  
© 1997-2009 Derechos reservados