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Respostas agudas e crônicas da pressão arterial após 

exercícios aeróbicos e resistidos: uma breve 

revisão dos estudos de autores brasileiros

Respuestas agudas y crónicas de presión arterial después de ejercicios

aeróbicos y de resistencia: una breve revisión de autores brasileños

 

*Pós-graduação UNIMINAS – Uberlândia, MG

Faculdade Atenas Paracatu, MG

(Brasil)

Joyce Buiate Lopes Maria*

Alexandre Gonçalves**

profalexandre09@gmail.com

 

 

 

Resumo

          Atualmente, a pressão arterial é estudada em relação a respostas agudas, respostas crônicas, exercícios aeróbios e exercícios resistidos, porém separadamente. Este estudo teve como objetivo, analisar, através de uma revisão de literatura, as respostas aguda e crônica da pressão arterial nos exercícios aeróbios e resistidos. Foram utilizados bancos de dados SCIELO, GOOGLE ACADEMICO, PUBMED e periódicos especializados e somente incluído na pesquisa trabalhos realizados por autores brasileiros. Os resultados demonstraram que em relação aos efeitos agudos, aparentemente, exercícios aeróbios de intensidade variada e intensidade contínua não apresentam diferença significativa em relação à hipotensão após o exercício. Quanto ao exercício resistido as respostas agudas têm relação diretamente proporcional à intensidade do esforço, tempo de tensão da musculatura e massa muscular exercitada. Já em relação aos efeitos crônico a maioria da literatura pesquisada se pautou em programas de exercícios aeróbios os quais demonstraram eficiência para controle a longo prazo da PA. Quanto aos exercícios resistidos não foi possível analisar tal efeito devido a escassez de estudos com este método de treinamento. Assim, vemos ser necessários mais estudos nesta linha de pesquisa.

          Unitermos: Pressão arterial. Exercício aeróbio. Exercício resistido

 

Abstract

          Currently, blood pressure is studied in relation to acute responses, chronic responses, aerobic exercises and resistance exercises, but separately. This study aimed to examine, through a literature review, acute and chronic responses of blood pressure in aerobic and resistance exercises. We used the databases SciELO, Google Scholar, PubMed and specialist periodicals. We only included in the research studies carried out by Brazilian authors. The results showed that for acute effects, apparently, aerobic exercises of varying intensity and intensity continuous don´t have significant difference in relation to hypotension after exercise. The acute responses of resistance exercise have relation directly proportional to the intensity of effort, time of tension in muscles and muscle mass exercised. In relation to the chronic effects, the most literature is based on programs of aerobic exercises which demonstrated effectiveness in the long time control of the PA. As to resistance exercise was not possible to analyze such effect due to lack of studies with this method of training. Thus, we still needed more research in this line of research.

          Keywords:  Blood pressure. Aerobic exercise. Resistance exercise

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009

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1.     Introdução

    A pressão arterial (PA) pode ser definida como a pressão exercida pelo fluxo sanguíneo contra as paredes das artérias. De acordo com Nieman (1999), a pressão arterial sistólica (PAS) é a força que o sangue exerce nas paredes das artérias no momento em que o coração bombeia o sangue. Já a pressão arterial diastólica (PAD) é observada no momento em que o músculo cardíaco relaxa, sendo esta inferior à primeira.

    Distúrbio da pressão arterial é destacado como um dos principais fatores de risco para ataque cardíaco. (JORNAL DA SAÚDE, 2002).

    Segundo Pollock (1993) alguns dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento da hipertensão podem ser decorrentes de alterações renais ou glândulas adrenais. Por outro lado, para Reis, Cople (1999), a alimentação, com altos teores de gordura, bebidas alcoólicas, sal e cigarros são elementos contribuintes para o desenvolvimento da hipertensão.

    Avançando na compreensão sobre as possíveis causas da hipertensão a predisposição genética vem sendo alvo dos estudos mais recentes. Fatores genéticos são responsáveis por uma grande parcela de casos referentes a distúrbios na pressão hemodinâmica, o que fica evidente devido à maior incidência de hipertensão em famílias de hipertensos, pois a tendência hereditária costuma aparecer em aproximadamente 75% dos pacientes. (COTRAN et. al., 2000).

    A hipertensão arterial entre os gêmeos univitelinos apresenta uma prevalência de 50% e nos bivitelinos de 23%. A discrepância de 50% nos gêmeos univitelinos sugere que o mecanismo genético constitucional pode não ser o único responsável pelo desenvolvimento da hipertensão, sendo que os fatores ambientais podem contribuir significativamente. (BALLONE, 2005).

    Segundo Siqueira et.al.(2004) a hipertensão arterial pode ser modificado pela atividade física levando a uma diminuição e melhor controle dos níveis tensionais de estresse, redução de colesterol, glicose e da massa corporal, quando realizado em conjunto com dieta hipocalórica.

    Os exercícios físicos possuem efeitos fisiológicos que podem ser classificados em agudos imediatos, agudos tardios e crônicos. Os efeitos agudos imediatos são os que acontecem nos períodos peri e pós-imediato do exercício físico, como aumento da freqüência cardíaca, da ventilação pulmonar e sudorese. Já os efeitos agudos tardios ocorrem após 24 ou 48 horas que se seguem a uma sessão de exercício e podem ser observadas na discreta redução dos níveis tensionais, especialmente nos hipertensos, na expansão do volume plasmático, na melhora da função endotelial e aumento da sensibilidade insulínica na musculatura esquelética. Os efeitos crônicos resultam da exposição freqüente e regular às sessões de exercícios e representam aspectos morfofuncionais que diferenciam um indivíduo fisicamente treinado de outro sedentário, como a bradicardia relativa de repouso, a hipertrofia muscular, a hipertrofia fisiológica do ventrículo esquerdo e o aumento do consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo) (I CONSENSO NACIONAL DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR, 1997; ARAÚJO, 2001; RONDON, 2003)

    Segundo Forjaz, Tinucci (2000) exercícios aeróbios provocam aumento dos níveis pressóricos sistólicos e manutenção dos diastólicos. Já exercícios resistidos provocam elevações mais acentuadas dos dois valores da PA. Além disso, após a execução de uma sessão de exercício podemos observar queda pressórica importante e prolongada. Assim, verifica-se que a utilização dos valores pressóricos obtidos durante e após o exercício precisa ser vista com cuidado, levando-se em conta as limitações metodológicas das técnicas utilizadas para aferir a pressão arterial nessas situações.

    É observada uma carência de estudos que comparam os diferentes métodos de aferição da pressão arterial, em diversas situações de contração muscular, principalmente nos exercícios localizados, de contra-resistência ou ginásticos. Por exemplo, o início da aferição deve ocorrer antes do término do número de repetições instituídas, assim como deveriam ser levados em consideração o número de séries, tipo do exercício, respiração, adaptação do manguito ao local em que será aplicado e destreza da pessoa que irá aferir (POLITO E Farinatti, 2003).

    Assim, o presente artigo teve como objetivo, uma breve revisão bibliográfica sobre os efeitos agudos e crônicos dos exercícios aeróbios e resistidos sobre a PA, focando estudos de autores brasileiros presentes em bancos de dados SCIELO, GOOGLE ACADÊMICO, PUBMED e periódicos especializados.

2.     Efeito agudo do exercício aeróbio versus resistido sobre a PA

    Cunha et al.(2006) analisaram onze hipertensos controlados por medicamentos entre 50 e 60 anos de idade que realizaram exercício de intensidade variada (EIV) e exercício de intensidade constante (EIC). A PA foi aferida no repouso, a cada 5 minutos durante o exercício e aos 5, 10, 15, 30, 45, 60, 90 e 120 minutos após o término destes. Os valores mais baixos da PAS foram observados entre o quinto e o sexagésimo minuto de recuperação do exercício e comparados aos valores pré exercício apresentaram uma queda de até 18 mmHg para o EIV e 19 mmHG para o EIC. Houve queda na PAD após o EIC aos 5, 10, 15 e 30 minutos da recuperação com uma diminuição de até 9 mmHg nos 30 minutos. A maior queda da PA média aconteceu aos 30 minutos pós exercício, 13 mmHg. De acordo com os autores nenhuma diferença foi observada entre os tratamentos para valores da PA durante o período de recuperação do exercício e por isso concluem que o EIV não potencializa o efeito de hipotensão após o exercício quando comparado com o EIC.

    Miranda, Simão, Lemos, Dantas, Baptista, Novaes (2005) analisaram 14 indivíduos entre homens e mulheres com idade entre 19 e 27 anos com experiência de no mínimo seis meses em exercícios resistidos. Os voluntários realizaram dez repetições a 65% 1RM nos exercícios supino reto deitado e supino reto sentado. De acordo com os resultados obtidos não houve diferença significativa da resposta aguda da PA em ambos os exercícios.

    Em outro estudo, foi feito um teste com 20 hipertensos, com idade de 61 ± 12; 70,2 ± 14,4kg; 160,0 ± 6,2cm, de ambos os gêneros (16 homens e quatro mulheres), ativos em um programa de exercícios físicos supervisionados, sem experiência com treino de força. O teste consistiu em 10 repetições máximas (10 RM) nos exercícios supino reto, leg press, remada em pé no puxador baixo e rosca tríceps no puxador alto. Realizaram aleatoriamente uma (SER1) ou três (SER3) séries de até 10 repetições dos exercícios propostos, com intervalo de dois minutos entre as séries e os exercícios e, a manobra de Valsalva foi desencorajada. A PA foi aferida antes dos exercícios e no término de cada sessão. Após a aferição, os indivíduos foram levados para um local em que permaneceram sentados por 60 minutos para registro da PA, que ocorreu em intervalos de 10 minutos. Nos 60 minutos de descanso houve, após SER1, uma redução dos valores de PAS apenas no minuto 40, e não foram encontradas reduções para PAD. Já após SER3, observou-se uma consistente queda de PAS pós-exercício que persistiu por até 60 minutos. Para PAD, foram encontradas reduções apenas nos minutos 30 e 50 pós-exercício. Concluíram que por até 60 minutos após o exercício, um treinamento de força pode promover reduções nos níveis pressóricos, principalmente para PAS, em indivíduos hipertensos controlados por medicação e parece ser necessário um volume maior de treinamento para que esse efeito ocorra (MEDIANO, PARAVIDINO, SIMÃO, PONTES, POLITO, 2005).

    Santos, Correa, Aguiar, Gonçalves, Lopes (2008) avaliaram dois protocolos de treinamento resistido (série fracionada versus série contínua) em oito voluntários do gênero masculino e praticantes de algum tipo de exercício com peso. Os resultados demonstraram maior queda da PA após método de séries contínuas quando comparada à queda após método de série fracionada. Assim, pode-se inferir que, devido a maior queda da PA após o método de série contínua, o seu pico foi maior durante a execução do exercício neste método. Assim, os autores concluíram que o método de série fracionada proporciona maior segurança cardiovascular quando comparado ao método contínuo no que diz respeito às alterações agudas da PA que se deve ao menor tempo de tensão aplicado sobre a musculatura.

    Lizardo, Modesto, Campbell, Simões (2007) compararam os efeitos hipotensores de sessões de exercícios em esteira ergométrica e cicloergômetro e verificaram a influência da intensidade dessas sessões sobre a hipotensão pós-exercício (HPE). Dez indivíduos normotensos do gênero masculino (idade 24,9 ± 3,9 anos; massa corporal 78,3 ± 9,2 kg; estatura 176,9 ± 4,9 cm) executaram quatro sessões de exercícios em dias distintos: dois testes em cicloergômetro e corrida em esteira ergométrica até a exaustão, voluntária, e duas sessões de exercício contínuo (20 minutos.) em cicloergômetro e esteira à 85% da freqüência cardíaca máxima (FCM). A PAS e PAD foram mensuradas em repouso antes do exercício e ao findar dos exercícios e durante 90 minutos de recuperação. Em relação aos valores de repouso pré-exercício, após as sessões de exercício e contínuo em esteira a PAS se apresentou significativamente reduzida aos 45 e 90 minutos, enquanto a PAD se apresentou diminuída durante todo o período de recuperação. Após as sessões de exercício contínuo em cicloergômetro, observou-se HPE de PAS aos 90 minutos de recuperação, enquanto que HPE de PAD foi observada aos 90 minutos de recuperação apenas após sessão contínua submáxima. Os autores concluíram que o exercício realizado na esteira foi mais eficaz em comparação ao exercício em cicloergômetro para induzir HPE e que as intensidades do exercício aplicadas no estudo parecem não exercer influência na HPE realizado em esteira e em cicloergômetro.

    Em estudos com indivíduos normotensos (FORJAZ et al. 1998a; FORJAZ, CARDOSO JUNIOR, REZK, SANTAELLA & TINUCCI, no prelo; FORJAZ, RAMIRES,TINUCCI, ORTEGA, SALOMÃO, IGNÊS, WAJCHENBERG,NEGRÃO & MION JUNIOR, 1999; FORJAZ, SANTAELLA, REZENDE, BARRETTO & NEGRÃO, 1998b; FORJAZ, TINUCCI, ORTEGA, SANTAELLA, MION JUNIOR & NEGRÃO, 2000b, SANTAELLA, 2003) foi observado que a execução de uma única sessão de 45 minutos de exercício em cicloergômetro em 50% do VO2 máximo reduz a PAS/PAD em torno de -7/-4 mmHg. Essa redução persiste por um período prolongado pós-exercício, pois a média da PA nas 24 horas pós-exercício estava diminuída.

    Porém, na população normotensa idosa foi observado que uma sessão de exercício análoga não gera redução da pressão arterial ao término de sua execução. (RONDON, ALVES, BRAGA, TEIXEIRA, BARRETTO, KRIEGER & NEGRÃO, 2002).

    Por outro lado, Lizardo e Simões (2005) investigaram os efeitos de diferentes sessões de exercícios resistidos sobre a HPE. Onze indivíduos normotensos treinados realizaram 4 sessões de exercícios resistidos em dias distintos: 

  1. 2 séries de 30 repetições a 30% de 1 RM e pausa de 1 minuto entre as séries; 

  2. 2 séries de 8 repetições a 80% de 1 RM e pausa de 2 minutos; 

  3. 4 séries de exercícios para membros superiores, sendo 30 repetições a 30% de 1 RM e 1 minuto de pausa; 

  4. 4 séries de exercícios para membros inferiores com 30 repetições a 30% de 1 RM e 1 minuto de pausa. 

    Os exercícios realizados foram: Supino reto, leg press, desenvolvimento, mesa extensora e flexora, adução-ombros, flexão plantar, puxador, abdução-quadril e rosca direta (30% 1 RM e 80% 1 RM); supino reto, desenvolvimento, adução-ombros, puxador e rosca direta (MS); leg press, mesa extensora e flexora, flexão plantar e abdução-quadril (MI). A PAS, PAD, PAM e FC foram mensuradas em repouso, ao findar os exercícios e durante 120 minutos pós-exercício. Chegaram aos resultados: HPE de PAS foi notada após todas as sessões, enquanto HPE de PAD e PAM foi observada somente após as sessões de 30% 1 RM e 80% 1 RM. Valores de PAD e PAM foram maiores nos minutos 50 e 70 após sessão de MS quando comparados à sessão de MI. Concluíram que o volume, intensidade e massa muscular envolvida em conjunto ou não com a proximidade dos músculos exercitados em relação ao coração (MS vs MI) podem influenciar a HPE resistido.

    Tomasi, Simão e Polito (2008) compararam a PA durante 60 minutos após uma sessão de exercício aeróbio e uma sessão de exercício de força. Dez homens cumpriram, em dias distintos, 40 minutos de exercício aeróbio com 60% da FCM e três séries de 12 repetições com 60% de 1RM em 10 exercícios de força. A pressão arterial foi aferida em repouso e durante 60 minutos após as sessões. Os resultados não mostraram alterações para a PA após os exercícios de força. Em todas as aferições realizadas após o exercício aeróbio a PAS permaneceu significativamente mais reduzida em relação aos valores de repouso. A PAD apenas foi mais reduzida em relação ao repouso na aferição realizada minuto 20 após a atividade aeróbia. Concluíram que somente o exercício aeróbio influenciou o comportamento da PAS após a atividade.

    Por fim, estudos têm sido convergentes em relatarem que em hipertensos, tanto jovens quanto idosos a queda pressórica é mais evidente quando comparados aos normotensos. (RONDON et al., 2002, SANTAELLA, 2003).

3.     Efeito crônico do exercício resistido versus aeróbio sobre a PA

    Finkelstein, Bgeginski, Tartaruga, Alberton, Kruel (2006) utilizaram uma amostra de sete mulheres grávidas, sedentárias a três meses, com idade entre 26 e 34 anos. Elas iniciaram um treinamento de hidroginástica entre a 11ª e 13ª semana de gestação até a 38ª com uma freqüência semanal de dois a três sessões. A PA foi aferida desde a primeira aula até a última e calculado a PA média. Os dados foram divididos em três períodos: final do 1º trimestre (entre a 11ª e 13ª semana), final do 2º trimestre (entre a 25ª e 27ª semana) e final do 3º trimestre (entre a 36ª e 38ª semana). A intensidade dos exercícios foi mensurada através da escala de percepção subjetiva de Borg entre 13 e 14. Ao final das mensurações concluíram que as gestantes que praticam hidroginástica apresentaram a FC e PA constante ao longo dos três trimestres de gravidez o que evidenciou um indício de efeito crônico do treinamento no meio líquido para este tipo de população.

    Monteiro, Rolim, Squinca, Silva, Ticianeli, Amaral (2007) analisaram 50 pacientes com hipertensão leve submetidos a treinamento físico de longa duração. No início de cada sessão composta pelos exercícios de caminhada com intensidade entre 40 a 60% do consumo máximo de oxigênio e exercícios de alongamento três vezes por semana, a PA era aferida. O exercício aeróbico diminuiu aproximadamente 8 mmHg da PAS e 3 mmHg da PAD e PA média e foi observado que os efeitos do exercício foram mais significativos nos pacientes cuja PA estava mais alta no início do treinamento.

    Segundo Wilmore e Costill (2003) durante certo tempo de prática de exercícios físicos, o corpo sofre algumas adaptações cardiovasculares e respiratórias com o objetivo de atender as demandas dos músculos ativos e à medida que os exercícios e as adaptações são repetidos, acontecem modificações musculares oferecendo melhor desempenho do organismo, são eles os processos fisiológicos e metabólicos que tornam ótima a distribuição de oxigênio pelos tecidos que estão em atividade. Assim como relata Negrão, Rondon, Kuniyosh, Lima (2001) os mecanismos que guiam a queda da PA pós-treinamento físico estão relacionados aos fatores neurais, humorais e hemodinânicos.

    Pinto et al. (2003) estudaram pacientes hipertensos em dois grupos, durante nove meses de um programa de treinamento extramuros (fora do ambiente controlado, por exemplo, hospital, clube). O primeiro grupo realizou caminhada a 60 – 85% da FCM estimada por idade e exercícios de flexibilidade durante 30 minutos e três vezes por semana. O segundo grupo realizou um programa de exercícios comunitários, aeróbico, a 74 – 85% da FCM, com duração de 60 minutos e três vexes por semana e exercícios de flexibilidade e força muscular. Os resultados demonstraram o segundo grupo mais eficiente e as repercussões sobre a PA mostraram-se menos consistentes.

    Segundo Maior (2005) a maioria dos estudos fundamentam-se em indivíduos normotensos, o que não é uma proposta fidedigna. É muito precária a confirmação de um efeito hipotensivo crônico pelo treinamento de força em indivíduos hipertensos, já que grande parte dos estudos desempenha a mensuração da PA minutos ou poucas horas após a sessão de treinamento, assim, podem-se observar ou não o efeito hipotensivo agudo.

    Farinatti, Oliveira, Pinto, Monteiro, Francischetti (2004) observaram durante quatro meses a influência de um programa domiciliar, não supervisionado, de exercícios sobre a PA e aptidão física de hipertensos. Um grupo de 26 homens e 52 mulheres realizou os testes enquanto 9 homens e 7 mulheres compunham o grupo controle. O grupo experimental realizou atividades aeróbias, 60 – 80% FCM pela idade, 30 minutos de caminhada no mínimo 3 vezes por semana e exercícios de flexibilidade. A cada 2 meses eram realizadas reavaliações de: PA repouso; massa corporal; relação cintura-quadril (RCQ); percentual de gordura (%G); somatório de dobras cutâneas (SOMD) e relação central e periférica de dobras (P/C); flexibilidade de tronco (FX); relação entre freqüência cardíaca e carga de trabalho durante teste submáximo em ciclo-ergômetro (FC/W), traduzida pela inclinação da curva de regressão entre ambas (a). O grupo experimental apresentou alterações significativas para a massa corporal (-3,7 kg), RCQ (-0,03), SOMD (-12 mm), %G (-4,4%), FX (+2,3 cm), FC/W (-0,02) e PA (-6 e -9 mmHg para PAS e PAD respectivamente). O grupo controle conteve pequenas alterações na massa corporal (+1,3 Kg) e %G (+1,7%). Assim, os autores concluíram que programas domiciliares não supervisionados de exercícios, podem apresentar efeito positivo sobre a PA e aptidão física de hipertensos.

    Terra, Mota, Rabelo, Bezerra, Lima, Ribeiro, Dias, Silva (2008) verificaram os efeitos do treinamento resistido progressivo sobre a pressão arterial de repouso (PAR), FC e o DP em idosas hipertensas controladas. Vinte e seis idosas hipertensas controladas compunham o grupo controle e vinte idosas sedentárias, controladas com medicação anti-hipertensiva, realizaram durante 12 semanas o treinamento resistido progressivo. Houve redução significativa nos valores de repouso da PAS, PAM e do DP após o treinamento resistido progressivo. Não foram encontradas reduções significativas na PAD e na FC de repouso após o treinamento resistido progressivo em ambos os grupos. A intensidade da queda no grupo que treinou foi de 10,5 mmHg, 6,2 mmHg e 2.218,6 mmHg x bpm para a PAS, PAM e o DP, respectivamente. Assim, concluíram que, após as 12 semanas, o treinamento resistido progressivo reduziu a PAS, PAM e o DP de repouso de idosas hipertensas, controladas com medicação anti-hipertensiva.

4.     Considerações finais

    De acordo com os estudos levantados observa-se que a maioria dos autores brasileiros levantados tem a maioria de suas pesquisas focadas na influência do exercício aeróbio sobre a PA. Quanto aos exercícios resistidos a maioria dos estudos analisou respostas agudas deixando uma lacuna quanto as respostas crônicas.

    Assim, os resultados demonstraram que em relação aos efeitos agudos, aparentemente, exercícios aeróbios de intensidade variada e intensidade contínua não apresentam diferença significativa em relação à hipotensão após o exercício

    Quanto ao exercício resistido, apesar das dificuldades e limitações para aferição da PA durante os mesmos, os estudos têm convergência ao concluírem que as respostas agudas têm relação diretamente proporcional à intensidade do esforço, tempo de tensão da musculatura e massa muscular exercitada.

    Já em relação aos efeitos crônico a maioria da literatura pesquisada se pautou em programas de exercícios aeróbios os quais, é consenso entre os autores, que este método de treinamento é eficiente para controle, a longo prazo, da PA.

    Por outro lado, em nossa revisão não foi possível verificar de maneira eficiente o efeito crônico dos exercícios resistidos devido a escassez de estudos. Tal fato aponta para a necessidade de desenvolvimento de novos estudos nesta linha de pesquisa.

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