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A influência dos exercícios do método 

Pilates na flexibilidade de mulheres

La influencia de los ejercicios del método Pilates en la flexibilidad en mujeres

The influence of exercises Pilates’ method in women’s flexibility

 

*Professora Co-orientadora

**Professor Co-orientador

***Professor Orientador

Mestrado em Ciências da Motricidade Humana da

Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro, RJ

(Brasil)

Cristiane Monteiro Carvalho

Sebastião Claudio Batista Ferreira

Fabricio Cardoso

Dra. Maria Auxiliadora Terra Cunha*

Dr. Carlos Henrique Vasconcellos Ribeiro**

Dr. Vernon Furtado da Silva***

crismoncar@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          Atualmente, o método Pilates se apresenta como uma técnica de exercícios de baixo impacto, que a partir da execução em aparelhos específicos e/ou solo, visa o condicionamento físico e qualidade de vida. O presente estudo busca identificar a influência dos exercícios deste método de treinamento sobre a flexibilidade de mulheres. A amostra foi composta por trinta sujeitos voluntários, selecionados aleatoriamente, do gênero feminino, saudáveis, com idade mínima de vinte e cinco e máxima de sessenta e oito anos, praticantes do método, regularmente, por no mínimo seis meses. Foi dividida em três grupos de acordo com a faixa etária. As voluntárias foram submetidas a uma avaliação da flexibilidade, pós-realização da aula de Pilates, a partir do Flexiteste adaptado. Os resultados obtidos foram pontuados, tabulados e analisados estatisticamente, intra e intergrupos, através do teste t de Student, onde se verificou desempenho significativo (p ≤ ou = 0,05) intragrupos, com flexibilidade excelente, acima da média, na média e abaixo da média. E na análise intergrupos demonstrou significância apenas na flexibilidade de tronco com p= 0,05. O método Pilates mostrou-se eficaz no incremento de flexibilidade de tronco, principalmente, de mulheres idosas.

          Unitermos: Técnicas de exercício e de movimento/método. Flexibilidade. Análise e desempenho de tarefas

 

Abstract

          Currently, the Pilates’ method is presented as a technique of low-impact exercises, performed on specifics equipments and/or mat to improve the physical skill and quality of life. This study aims at identifying the influence of exercises in this training method on women’s flexibility. The sample was made up by thirty healthy female subjects from the minimum age of twenty-five to the maximum age of sixty-eight years who were voluntarily selected among those who had joined the training program for at least six months. The subjects were divided in three groups according to their age. The volunteers had their flexibility assessment through a Flexitest after having carried out a Pilates’ class. The results obtained were rated, put in a table and statistically analyzed between groups and inside each of the groups according to Student’s test t. Remarkable performance was registered inside the groups (p ≤ 0.05) with flexibility above the average. In the analysis between groups, the results were significant only in analysis of trunk with p= 0.05. The Pilates’ method has proven to be efficient as a form of training of trunk flexibility, mostly in older women.

          Keywords: Exercise and movement/method techniques. Flexibility. Analysis and development of tasks

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009

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Introdução

    Atualmente, o método Pilates se apresenta como uma técnica de exercícios globais, sem impacto, que a partir da execução em aparelhos e/ou solo, visa o condicionamento físico e qualidade de vida.

    Segundo Camarão (2004) é um método de condicionamento físico que integra o corpo e a mente, elimina as dores musculares, amplia a capacidade de executar movimentos, incrementa a força, o equilíbrio e a consciência corporal.

    Os exercícios de Pilates estão indicados para indivíduos saudáveis e, diante de disfunções e lesões, atuam, eficazmente, em programas de reabilitação (REYNEKE, 1993; LABRUSCIANO, 1996; LATEY, 2001; STANKO, 2002; MUSCOLINO, 2004; SMITH, 2004).

    Flexibilidade é uma variável cineantropométrica, componente da saúde e da forma física e com alta capacidade de treinamento (COELHO, 2000).

    Segundo estudos de Achour Júnior (2006; 2007; 2009), Guedes & Guedes (1995), Nahas (2001) encontramos que a flexibilidade interfere na execução dos gestos motores na vida diária, em modalidades esportivas e está, diretamente, relacionada à saúde, à expressividade e à consciência corporal (ARMIGER, 2000).

    Existem fatores internos e externos influenciadores da flexibilidade que podem ser visualizados no Quadro 1 abaixo:

Quadro 1. Fatores que influenciam a flexibilidade

Influências Internas

Influências Externas

Tipo de articulação

Temperatura ambiente

Resistência interna da articulação

Hora do dia

Estrutura óssea que limita o movimento

Idade

Elasticidade do tecido muscular

Sexo

Elasticidade de tendões e ligamentos

Roupa ou equipamento inadequado

Elasticidade da pele

Nível de condicionamento

Habilidade do músculo de contrair e relaxar de acordo com a intensidade do movimento

Habilidade particular em alguns movimentos

Temperatura das articulações associadas aos tecidos

Recuperação da articulação ou músculo após uma lesão

Fonte: JONHS & WRIGHT, J Appl Physiol, v.17, n.5, p. 824-828, 1962.

    A American College of Sport Medicine (ACSM, 1999) recomenda que, para a manutenção e/ou desenvolvimento da flexibilidade, os exercícios de alongamentos estáticos e dinâmicos sejam realizados duas a três vezes por semana de forma que englobem a maioria dos grupos musculares.

    A melhoria da flexibilidade tem relação direta com o aumento da produção de força dos músculos, com a agilidade, com a destreza, além de incrementar a capacidade funcional do corpo, promover qualidade do movimento e reduzir riscos de lesões (CAMPOS & NETO, 2004).

    Weineck (1989) relata que músculos não alongados e com pequena capacidade de alongamento têm menor força e maior risco de lesão.

    Para Pilates (1945) a idade do homem estava relacionada à flexibilidade da coluna.

    Uma série de estudos tem mostrado o crescente interesse na busca de evidências do método Pilates aplicado em diversos âmbitos. O presente estudo busca identificar a influência deste método de treinamento sobre a flexibilidade de mulheres.

Material e métodos

Amostra

    Os indivíduos participantes voluntários deste estudo foram selecionados aleatoriamente nos estúdios de Pilates, Rio de Janeiro - RJ, no período de maio a agosto de 2009, entre os praticantes de Pilates, como única e exclusiva modalidade de condicionamento físico, duas vezes por semana, por no mínimo seis meses. A amostra foi composta por trinta mulheres, com idade mínima de vinte e cinco anos e máxima de sessenta e oito anos, saudáveis, ou seja, livres de afecções que comprometam os sistemas articular e músculo-esquelético.

    Foram criados três grupos etários, o Adulto Jovem (AJO) que engloba indivíduos dos vinte e cinco aos trinta e nove anos de idade; o Médio Jovem (MJO) que inclui indivíduos dos quarenta aos cinqüenta e nove anos de idade e o Terceira Idade (TID) com mulheres com idade igual ou superior a sessenta anos. Cada grupo apresenta dez sujeitos.

    Todas as participantes foram informadas detalhadamente sobre os procedimentos utilizados e concordaram em participar assinando um termo de consentimento livre e esclarecido.

Descrição da aula de Pilates

    A aula teve duração média de sessenta minutos, realizada individualmente, em ambiente tranqüilo, usando-se aparelhos específicos do método: Cadillac, Lader Barrel, Reformer, Wall Unit, Wunda Chair e solo. Foram realizados exercícios globais de nível básico e intermediário.

    Cada exercício foi realizado de dez a doze repetições, de forma lenta, segundo os princípios básicos do método (respiração, centragem, concentração, fluidez, precisão) e sob a supervisão de um(a) instrutor(a).

Avaliação da flexibilidade de mulheres

    Os indivíduos foram avaliados, individualmente, pós-realização da aula de Pilates, através do Flexiteste adaptado, a partir do protocolo proposto por Farinatti & Monteiro, citado por Fernandes (1998).

    A flexibilidade articular foi avaliada de forma passiva máxima, a partir de oito movimentos, no dimídio direito do corpo, nas articulações do quadril, tronco e ombro, comparando-o seguidamente o grau de amplitude de movimento ao gabarito adaptado de avaliação descrito por Araújo & Pavel (2004). O escore zero foi considerado “pouca” flexibilidade, o 1 foi considerado “abaixo da média”, o 2 com flexibilidade “média”, o 3 flexibilidade “acima da média” e o 4 com flexibilidade “excelente”.

    Foram realizados três testes em membros inferiores (T1, T2 e T3), dois testes em tronco (T4 e T5) e três testes em membros superiores, conforme descritos no Quadro 2.

Quadro 2. Descrição dos testes utilizados para avaliação de flexibilidade de mulheres

Flexiteste

Local

T1

Flexão do quadril

T2

Extensão do quadril

T3

Abdução do quadril

T4

Flexão do tronco

T5

Flexão lateral do tronco

T6

Extensão + Adução posterior do ombro

T7

Adução posterior a partir da abdução de 180° no ombro

T8

Extensão posterior do ombro

Análise estatística

    O somatório dos valores obtidos nos testes de avaliação da flexibilidade pós-aula foram comparados intra e intergrupos através do test t de Student para amostras dependentes com nível de significância de p- valor < 0,05.

Resultados

    O desempenho das mulheres, neste estudo, segundo o gabarito adaptado, foi de flexibilidade excelente, acima da média, na média e abaixo da média. Não foram observados resultados de flexibilidade fraca em nenhum dos três grupos avaliados (AJO, MJO e TID).

    As mulheres, classificadas como grupo Adulto Jovem, apresentaram uma variação de resultados do teste de flexibilidade entre 17 e 26 pontos, a média foi de 21,7 pontos, e o coeficiente de variação ficou em 12,68%, conforme demonstra a Figura 1.

    Isto ocorreu porque quatro mulheres apresentaram um desempenho entre 53,12% e 62,5% de aproveitamento, cinco mulheres um desempenho entre 65,62% e 78,12% de aproveitamento e, apenas, uma mulher apresentou um desempenho superior a 81%.

    Estes resultados apresentam significância estatística através do teste t de Student, para uma única amostra, que revelou um p= 0.03 e um índice de coeficiência (IC) de 95% igual a 19,7324 a 23.6676.

Figura 1. Distribuição dos resultados do teste de flexibilidade do grupo Adulto Jovem (AJO)

    O grupo Médio Jovem, em relação ao Flexiteste, apresentou 40% das mulheres jovens com um resultado entre 18 e 20 pontos, 50% apresentaram um desempenho entre 21 e 25 pontos e apenas 10% apresentaram um resultado superior a 25 pontos, como pode ser observado na Figura 2. Tais resultados obtiveram significância através do teste de Fisher que revelou um p= 0,02. Vide Figura 2 abaixo.

Figura 2. Distribuição dos resultados do teste de flexibilidade do grupo Médio Jovem

    Já o grupo da Terceira Idade, nos permite observar que 20% das mulheres apresentaram um desempenho abaixo de 20 pontos, 70% apresentaram seu desempenho entre 21 e 24 pontos e apenas 10% apresentaram desempenho superior a 25 pontos, conforme pode ser visualizado na Figura 3.

Figura 3. Distribuição dos resultados do teste de flexibilidade do grupo Terceira Idade

    O grupo TID apresenta uma variação de escores com mínimo de 18 pontos e máximo de 26 pontos, tendo a mediana sido 22,5 e a média de 21,9. Apresentaram ainda um IC de variação de 11,07 e p= 0,04, o que o que caracteriza consideravelmente uma uniformidade deste grupo.

    A análise de variância entre os grupos, relacionada ao Flexiteste, não mostrou significância estatisticamente, uma vez que os grupos AJO, MJO e TID, demonstraram-se uniformes, conforme demonstra a Figura 4 abaixo.

Figura 4. Correlação dos resultados dos testes de flexibilidade entre os grupos AJO, MJO e TID

    Para se analisar o desempenho da flexibilidade intergrupos, foi feito uma correlação dos resultados do Flexiteste, de acordo com o segmento do corpo avaliado.

    Na análise da flexibilidade de membros inferiores do grupo AJO, 30% apresentaram desempenho de 7 pontos e 20% apresentaram o maior desempenho de 11 pontos. No grupo MJO, 20% apresentaram o menor desempenho de 7 pontos e 30% apresentaram desempenho de 11 pontos. No grupo TID, o menor desempenho foi de 7 pontos e o maior desempenho de 12 pontos.

    Para os testes de tronco, o grupo AJO, apresentou como menor escore 4 pontos e como maior de 6 pontos, com total de 51 pontos. No grupo MJO, 50% apresentaram o menor desempenho de 4 pontos e 10% apresentaram desempenho de 7 pontos. No grupo TID, o menor desempenho foi de 3 pontos e o maior desempenho foi de 7 pontos.

    No grupo AJO, 30% apresentaram 6 pontos e 1% apresentou 10 pontos de desempenho da flexibilidade de membros superiores. No grupo MJO, 1% apresentou o menor escore que foi de 6 pontos e 1% o maior escore que foi de 11 pontos. Já no grupo TID, 80% apresentaram desempenho entre 6 e 8 pontos, 20% apresentaram 9 pontos, com um total de 76 pontos.

    Através do teste de Kolmogorv-Smirnov, que se trata de uma prova não paramétrica, observou-se que as freqüências aferidas nos testes de tronco se diferem pela faixa etária com um p = 0,05, apresentando assim, uma diferença estatisticamente significante, ao respeitar-se a faixa etária das mulheres participantes deste estudo. Enquanto que, para os demais testes de flexibilidade de membros inferiores e superiores, não houve significância estatística.

Discussão

    Os resultados obtidos na avaliação da flexibilidade de mulheres pós-aula, foram significativos em tronco, na comparação intergrupos. As mulheres do grupo TID, apresentaram desempenho igual ou superior às mulheres de faixa etária inferior dos demais grupos.

    Kolyniak (2004) avaliou a musculatura envolvida na flexão e extensão de tronco e observou que os exercícios intermediários–avançados foram eficazes, sendo a musculatura extensora mais responsiva a estes. Houve ainda, atenuação do desequilíbrio entre flexores e extensores de coluna.

    Barbosa (2009) verificou em seu estudo, efetividade do método Pilates solo, no aumento da flexibilidade de cinco mulheres voluntárias.

    Segal (2004), Gladwell (2006), Bertolla (2007), Keyas (2008) e Trevisol (2009) também verificaram incremento da flexibilidade a partir dos exercícios do método Pilates e definiram este tipo de treinamento, como seguro e importante ferramenta na prevenção e reabilitação de lesões.

    Neste estudo observou-se que os exercícios do método Pilates, influenciam, eficazmente, o incremento de flexibilidade, principalmente, de tronco. Estes dados demonstram que tais exercícios retardam e/ou minimizam os efeitos da retrogênese.

Considerações finais

    A flexibilidade, como já foi descrita, é preponderante em diversos aspectos da motricidade humana desde a eficiência motora, expressividade e consciência corporal, à prevenção de lesões.

    A partir deste estudo, foi possível verificar que os exercícios do método Pilates influenciam de forma significativa no desenvolvimento da valência física flexibilidade, principalmente, de tronco, desde que praticado com regularidade, segundo os princípios básicos e respeitando as capacidade e as individualidades.

    A maioria dos estudos recentes pontua a eficiência e contribuições do método Pilates. Ainda assim, há uma enorme lacuna que somente será preenchida com o investimento em novos estudos.

    Faz-se necessário o desenvolvimento de mais estudos, que possibilitem embasamento científico do método Pilates e, conseqüente, aplicabilidade eficiente para se alcançar efeitos desejáveis.

Referências

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