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Hidroginástica para deficientes visuais: um relato de experiência

 

*Licenciados em Educação Física na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Pós graduando em Educação Especial (UEFS) e em Educação Física Escolar (FINOM)

Membro do Núcleo de Educação Física e Esporte Adaptado da UEFS

** Licenciado em Educação Física na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Pós graduando em Educação Física Escolar (FINOM)

Membro do Núcleo de Educação Física e Esporte Adaptado da UEFS

*** Licenciando em Educação Física na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Membro do Núcleo de Educação Física e Esporte Adaptado da UEFS

Osni Oliveira Noberto da Silva*

osni_edfisica@yahoo.com.br

Roberney Nunes Saturnino**

neyjosy@yahoo.com.br

Thiago Oliveira Santos***

thiago86_santos@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O trabalho relata uma experiência pedagógica de intervenção para promoção da saúde em um projeto do Núcleo de Educação Física e Esporte Adaptado vinculado a Universidade Estadual de Feira de Santana. Foi proposto e planejado um projeto de extensão intitulado “Hidroginástica para Deficientes visuais” para oferecer lazer e socialização para um grupo de alunos deficientes visuais. Do ponto de vista teórico e metodológico, a experiência permitiu observar os limites e potencialidades de ações para com o trato com deficientes visuais.

          Unitermos: Intervenção. Deficiência. Educação Física adaptada

 

Abstract

          The paper describes a teaching experience of intervention for health promotion in a project of the Center for Sport and Physical Education Adapted linked to State University of Feira de Santana. It was proposed and planned an extension project entitled "Water aerobics for Deficient visual" to provide recreation and socialization for a group of blind students. From the standpoint of theory and methodology, the experience allowed us to observe the limits and possibilities of actions to deal with the visually impaired.

          Keywords: Intervention. Disability. Adapted Physical education

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009

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Introdução

    O contexto no qual a experiência aqui relatada trata-se de uma experiência pedagógica de intervenção para promoção da saúde em um projeto de extensão no Núcleo de Educação Física e Esporte Adaptado, ao qual é vinculado a Universidade Estadual de Feira de Santana. Este projeto intitulado “Hidroginástica para Deficientes visuais” foi proposto e planejado para oferecer lazer e um meio de socialização, como uma ajuda na melhora da qualidade de vida para um grupo de alunos deficientes visuais da cidade de Feira de Santana, BA. No grupo participam ativamente 8 deficientes entre 20 e 68 anos de idade sendo sete do sexo masculino e uma do sexo feminino. Os encontros são agendados semanalmente, nas segundas e quintas pela manhã.

    A seguir será apresentado o projeto de extensão apresentado a Pró – Reitoria de Extensão da Universidade Estadual de Feira de Santana, ao qual foi premiado com duas bolsas de extensão no ano de 2007.

  • Titulo: Hidroginástica para deficientes visuais

  • Público alvo: Alunos com deficiência visual total ou parcial do núcleo de educação física especial e adaptada.

Justificativa

    O projeto surgiu inicialmente como requisito da disciplina de Prática Curricular IV, no semestre de 2006.2. Na busca de um tema para o projeto, alguns integrantes do grupo, por já fazerem parte do NEFEA (Núcleo de Educação Física e Esporte Adaptado) ministrando oficinas de natação, perceberam que os deficientes visuais participavam do núcleo mais pela questão do lazer e socialização do que pela atividade física sistematizada. Essa proposta de intervenção unindo a aula de hidroginástica e o deficiente visual tornou este projeto de intervenção pioneiro na nossa Universidade.

    Por isso, a hidroginástica foi escolhida, pois os integrantes do grupo além de já trabalharem com exercícios no meio líquido também já tinham o desejo de ministrar uma oficina de hidroginástica, que se harmonize à inclusão social e o lazer aos praticantes, pois segundo Di Masi (2000), “a piscina nos proporciona um ambiente agradável para a prática de exercícios”.

Objetivos

Geral

  • Realizar atividades de hidroginástica para portadores de deficiência visual total ou parcial da comunidade universitária e da comunidade “extra muros” da UEFS.

  • E, além disso, criar mais um espaço para a vivência e socialização do conhecimento científico para os acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação Física da UEFS, através das atividades de extensão do Projeto de hidroginástica para deficientes visuais.

Específicos

  • Constituir mais um projeto de extensão universitária no NEFEA/UEFS.

  • Proporcionar vivências no meio líquido baseado na integração social.

  • Proporcionar atividades de lazer e relaxamento para os indivíduos.

  • Oportunizar, através da hidroginástica, a melhoria da auto-estima.

  • Oportunizar a experiência docente dos integrantes do grupo.

  • Engajar os alunos do curso de Licenciatura em Educação Física da UEFS no trato com os conhecimentos necessários para o ensino da hidroginástica.

Metodologia de trabalho

    O projeto de extensão atende a comunidade universitária (alunos, funcionários e professores) e a comunidade “extra muros” da UEFS. As aulas terão como prioridade à prática no meio líquido, sendo que a aula é ministrada por um monitor e dois auxiliares ocorrendo sempre, a cada aula, um rodízio destas funções entre os membros do grupo.

    Aula é dividida em três momentos: Alongamento geral, baseado no método passivo (DANTAS, 1999), dentro ou fora da piscina; exercícios no meio líquido, respeitando a deficiência e a individualidade biológica dos indivíduos, e por último a fase de relaxamento por alongamento passivo.

    São utilizados implementos para auxiliar no desenvolvimento das aulas, tais como: Pranchas de isopor, espaguete de piscina, halteres aquáticos, aparelho de som, cd’s etc. Estes implementos, além da piscina, são parte do patrimônio da UEFS.

Avaliação

    O processo avaliativo é dividido em três momentos: Uma triagem inicial, com um questionário a ser entregue ao público – alvo, uma avaliação continua realizada pelos monitores, uma triagem final para comparação dos dados. Este questionário, utilizado semestralmente, avalia os depoimentos dos indivíduos a respeito da sensação de bem – estar e satisfação na prática da hidroginástica, sendo que na avaliação os monitores estarão ouvindo, trocando idéias e conhecimentos com os participantes.

Fundamentação teórica

    A hidroginástica é uma das atividades que mais crescem no cenário mundial (Di Mais, 2000). Apesar de sua fundamentação ser recente, estudos arqueológicos já relatam que desde a pré – história o homem utilizava o meio aquático como forma de obter sua subsistência, higiene e lazer. Há 5 mil anos na Índia e no século I no Império Romano já existiam piscinas térmicas.

    Porém, a hidroginástica como conhecemos hoje surgiu na Alemanha na década de 60 com a criação de um programa de exercícios dentro d’água para “atender inicialmente um grupo de pessoas com mais idade, que precisava praticar uma atividade física segura,(...) e que lhes proporcionasse bem estar físico e mental”. (Bonachela, 1994), sendo que ela é uma atividade física que deixa as articulações menos suscetíveis ao atrito, eliminando assim o risco de lesões (Figueiredo, 1999).

    No Brasil a hidroginástica aparece pela primeira vez à quase 30 anos e se populariza nos clubes, academias, spas, etc..., apresenta-se sobre vários programas denominados como hidroaeróbica, hidropower, aquanástica, hidrofitness, hidroesporte, fitness aquático etc...

    As principais vantagens da hidroginástica são: Aquecimento simultâneo das diversas articulações e músculos durante os exercícios, o que auxilia o tratamento de problemas articulares; Melhora da execução de exercícios sem sobrecarregar as articulações de base e eixo do movimento, porque o corpo é menos denso do que a água, sendo que a força de flutuação faz com que o corpo ganhe estabilidade e equilíbrio (Mcardle, 2003); Facilidade em aumentar gradativamente a amplitude articular; Fortalecimento dos músculos articulares sem riscos (quando aplicado corretamente); Performance global, qualquer movimento que será feito na água terá que ter resistência na ida e na volta é uma sobrecarga natural; Massageamento dos músculos, a ondulação da água contra o tecido muscular cria o efeito de uma massagem recuperativa que geralmente se prolonga por horas após a saída da piscina.

Considerações acerca da deficiência visual

    Segundo Hall (1986), a visão é um sentido de grande importância o que vai além da simples apreensão de informações, tendo um fundamental papel integrando todos os tipos de relações formadas através da visão com o meio social. Diante disso, Santos (2004) explica que a perda parcial ou total da visão compromete as relações pessoais, pois fogem do padrão que a sociedade estabeleceu como normal. Contudo, trata-se de um indivíduo como os outros, com aparelho psicológico igual, porém que representa o mundo de forma diferente e, portanto sua vida é ajustada a partir da informação sensorial de que dispõe (OCHAITA; ROSA, 1988).

    A prática de atividades físicas e esportivas sejam elas jogos, atividades aquáticas ou basquete em cadeira de rodas podem contribuir muito para a melhora na qualidade de vida dos praticantes, pois segundo Freitas (2000) ocorre principalmente uma melhora da auto-estima, capacidade de iniciativa, motivação, relaxamento, socialização, maior tolerância à frustração entre outros.

Considerações finais

    A observação nos tem possibilitado acompanhar avanços referentes ao repertório motor, ao desenvolvimento psicológico, cognitivo e uma melhora na socialização e afetividade dos sujeitos envolvidos. A crescente demanda na participação de pessoas deficientes neste projeto de extensão apenas confirma sua importância, fugindo apenas de uma oficina de extensão, ampliando no sentido de complementar as disciplinas ministradas no curso de Educação Física da UEFS e agindo como um amplo campo de desenvolvimento de atividades na área de pesquisa das atividades físicas, como promoção de autonomia e cidadania e investigação de estudos na área da educação física e esporte adaptado visando elucidar as práticas e os processos de inclusão das pessoas com deficiência.

Referências

  • BONACHELA, Vicente, Manual Básico de Hidroginástica, Rio de Janeiro, Sprint, 1994.

  • DANTAS, Estélio, Alongamento e Flexionamento, Rio de Janeiro, Sprint, 5ª ed, 1999.

  • DI MASI, Fabrizio, Hidro: Propriedades físicas e aspectos psicológicos, Rio de Janeiro, Sprint, 2000.

  • FIGUEIREDO, Suely Aparecida S. Hidroginástica, Rio de Janeiro, Sprint, 2ª ed, 1999.

  • FREITAS, Patrícia Silvestre de; Educação Física e esportes para pessoas deficientes, coletânea; UFU, Uberlândia; 2000; 148 pág.

  • HALL, Edward T. A dimensão oculta. Lisboa, Portugal: Relógio D’Água Editores, 1986.

  • MCARDLE, William D. KATCH, Frank, KATCH, Victor, Fisiologia do exercício: Energia, nutrição e desempenho humano, 5ª edição, Rio de Janeiro, Guanabra Koogan, 2003.

  • MINAYO Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo, Hucitec, 2004.

  • OCHAITA, E. ; ROSA, A. El niño ciego: percepción y desarrollo psicológico, en Alumnos con necesidades educativas especiales. Madrid: Popular, MEC, 1988.

  • SANTOS, Admilson. Representação social de esporte sob a ótica de grupos de pessoas cegas. 2003. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2004.

  • SANTOS, Lúcio Rogério Gomes dos, Hidrofitness, Rio de Janeiro, Sprint, 1998.

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