Escalada na Educação Física Escolar. Orientação adequada para a prática segura |
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Formado em Gestão de Clubes e Eventos Esportivos – UNINOVE Formando em Licenciatura em Educação Física – UNINONE Professor de Escalada e Esportes Radicais desde 1999 Sócio-Proprietário da Escola Cantareira Adventure Team de Esportes de Aventura www.cat.tur.br |
José Ricardo Auricchio (Brasil) |
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Resumo Este estudo vem mostrar a importância de uma boa formação profissional do Professor de Educação Física a fim de especializar-se no esporte da escalada para que possa em suas aulas passar uma orientação adequada aos alunos para uma prática segura. Abordamos o que são os esportes radicais e como eles chegaram até as aulas de educação física nas escolas e também a escalada esportiva desde sua origem e a formação do Professor de Educação Física nos dias atuais. Unitermos: Escalada. Educação Física. Prática segura |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009 |
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Introdução
Nas últimas duas décadas é crescente o número de praticantes dos chamados “esportes radicais” onde se enquadram as atividades exercidas em centros urbanos como o skate, o parkour, o patins e a escalada esportiva indoor como também os praticados na natureza como o surf, o mountain bike, o trekking, o mergulho,o paraquedismo e algumas modalidades de escalada como a esportiva, a tradicional entre outras.
Já é possível encontrarmos atividades de aventura como escalada, arvorismo, rapel e tirolesa em buffets infantis e clubes colocando cada vez mais cedo o contato destas atividades com as crianças e adolescentes em idade escolar.
Marinho (2005 apud PEREIRA, 2007), comenta o uso de atividades de aventura em ambientes artificiais, para expressar um conceito sobre aquelas atividades na natureza que migraram para os centros urbanos. Mas segundo a autora, “Os ambientes artificiais surgem na tentativa de eliminar os riscos e os perigos existentes nessa prática; entretanto, ao eliminá-los, não eliminam o sentido da aventura intrínseco à atividade”. Dessa forma a colocação do professor com relação a proposta de montar uma parede de boulder que é mais baixa e oferece menos riscos não irá tirar a emoção da atividade, deverá sim facilitar o acesso a prática.
Sabemos ainda que muitos profissionais não têm habilitação para ministrar tais aulas pois a introdução dos esportes radicais nos cursos de educação física no Brasil datam do final da década de 90 e mesmo hoje não são todos os cursos onde esta disciplina está presente, tendo então que o professor buscar formação técnica para ministrar tais aulas de forma a garantir a correta montagem dos equipamentos e a segurança dos alunos quanto praticantes de escalada.
A partir disso este estudo vem mostrar a inserção da modalidade esportiva escalada nas aulas de educação física e quais benefícios físicos e sociais poderão trazer para as crianças e adolescentes praticantes de forma regular.
O objetivo central deste trabalho é mostrar como foi inserida a modalidade esportiva escalada em uma escola na cidade de São Paulo desde a concepção, a montagem da parede de escalada e os benefícios para os alunos.
Esporte radical e de aventura
Esporte de aventura também conhecido como esporte radical, são termos usados para designar esportes com um alto grau de risco físico, dado às condições extremas de altura, velocidade ou outras variantes em que são praticados.
Para que um esporte radical seja bem sucedido, é preciso levar em conta o que é preciso, pois há varias coisas que são necessárias , um exemplo é o condicionamente físico, o estado mental, e a alimentação, esses são os fatores mais importantes.
A definição de esporte de aventura surgiu depois de várias trocas devido a discussões de marketing. O termo surgiu no final dos anos 80 e início dos anos 90, quando foi usado para designar esporte de adultos como o skydiving, surf, alpinismo, montanhismo, pára-quedismo, hang gliding e bungee jumping, treeking e mountain bike que antes eram esportes praticados por um pequeno grupo de pessoas, passou a se tornar populares em pouco tempo.
O termo ganhou popularidade com o advento dos X Games, uma coleção de eventos radicais feito especialmente para a televisão. Os anunciantes rapidamente começaram a divulgar o evento para a população geral, como conseqüência, os competidores e organizadores que desses esportes começaram a ganhar patrocínio para continuar no esporte. O alto profissionalismo dos esporte de aventura e da cultura envolvida nisso, dava “espaço” para a invenção de paródias sobre o tema, como o Extreme ironing (Passando roupas ao extremo), Urban housework (Trabalho de casa urbano), Extreme croquet (Croquete extremo) e House gymnastics (Ginástica caseira).
Uma característica de atividades semelhantes na visão de muitas pessoas é que alegado a capacidade de causar a aceleração da adrenalina nos participantes. De qualquer forma, a visão médica é que a pressa ou altura associadas com uma atividade não é responsável para que a adrenalina lance hormônios responsáveis pelo medo, mas sim pelo aumento dos níveis de dopamina, endorfina e serotonina por causa do alto nível de esforço psíquico. Além disto, um estudo recente sugere que haja uma ligação para a adrenalina e a “verdade” dos esportes radicais. O estudo define “verdade” dos esportes radicais como um lazer ou atividade recreativa muito agradável, mas se tiver uma má administração poderão gerar acidentes e até a morte do praticante. Esta definição é designada para separar anúncio comercial que exagera na descrição dos fatos e "aumenta" a verdade da atividade realizada. Outra característica das atividades rotuladas é que elas tendem serem de preferência individuais do que esportes de equipe. Os esportes radicais podem incluir ambas atividades competitivas e não-competitivas.
Muitos participantes quase não sabem de todas as atividades que os esportes radicais compreendem. O mais apaixonado purista, o rótulo dos praticantes dos esportes radicais, não combina com a realidade, porque eles não competem para ganhar “qualquer coisa”. De forma mais grave, os esportes radicais são freqüentemente rotulados como culpados por estereotipar os participantes desta atividade como estúpidos, impulsivos, e às vezes suicida.
Alguns dos esportes já existem há décadas e são proponentes de gerações de momento, algumas dão origem a personalidades bem conhecidas. A escalada tem gerado nomes reconhecidos publicamente como o Edmund Hillary, Chris Bonington, Wolfgang Gullich e mais recentemente Joe Simpson. Outro exemplo, de esporte radical que originalmente foi inventado séculos atrás foi o surf e o bungee jump, ambos criados pelos nativos havainos como forma de “teste” entre os homens da aldeia.
O ser ou não radical pode ainda variar de pessoa para pessoa dependendo do
nível de conhecimento e aptidão física mas todos sempre tem a ver com o risco
que se corre em tal evento.
Pudemos observar que uma simples escalada no brinquedo “trepa-trepa” ou uma
pequena trilha na mata dentro de uma praça podem ser conseideradas como “radical”
para crianças do ensino infantil de uma escola visitada na região na Zona
Norte de São Paulo.
Já para o ensino fundamental II e médio de uma escola na Zona Leste de São Paulo, escalar uma parede de escalada de 5m de altura foi considerado “radical” por alguns alunos e sem graça por outros.
Histórico da escalada esportiva
A história da escalada esportiva começou em um rigoroso inverno ucraniano. Foi nos anos 70 que um ucraniano teve a idéia de durante a fase mais fria do ano pendurar pedras em sua parede para que pudesse treinar. A idéia foi tão boa que logo todos os outros escaladores locais copiaram a idéia. Surgia aí a escalada esportiva.
Em 1985, na Itália, foi realizado o primeiro campeonato mundial. Que teve como obstáculo uma parede natural. Em 1987, pela primeira vez um campeonato foi realizado em uma parede artificial.
A copa do mundo de Escalada Esportiva foi criada em 1990. E, dois anos mais tarde, na Olimpíada de Barcelona, finalmente veio a consagração do esporte, quando foi praticado como demonstração.
No Brasil o esporte começou a ser praticado no final da década de 80. O grande divisor de águas no país foi a realização, em 1989, do I Campeonato Sul Americano de escalada Esportiva, em Curitiba. A partir daí novos atletas e patrocinadores passaram a apoiar e a praticar o esporte.
O que é a Escalada Esportiva?
A escalada esportiva é uma prática que utiliza as técnicas e movimentos de montanhismo e que tem como objetivo exigir o máximo de força e concentração do atleta. A técnica, a coragem, a adrenalina, juntamente com a força, são os fatores fazem da Escalada um esporte apaixonante.
Para quem pensa que o esporte se resume a "homens-aranha" que ficam escalando grandes arranha-céus pelo mundo, está enganado. A escalada é muito mais importante que isso e quem pratica quer antes de tudo desenvolver uma atividade que irá livrá-los do stress do dia-a-dia.
O atleta da escalada deve encontrar diferentes soluções para ultrapassar os obstáculos, não importando se está em uma cadeia de famosas montanhas européias ou na parede de uma academia.
Um dos principais atrativos da escalada é o fato de ela poder ser praticada em qualquer cidade, bastando para isso uma parede em qualquer academia. Hoje já é muito difundida a prática da Escalada nos grandes centros.
Escalada esportiva em estruturas artificiais (indoor)
A escalada indoor surgiu no final da década de 1970, na Rússia pela necessidade dos escaladores locais de treinarem durante o rigoroso inverno, que os impossibilitava de sair para as montanhas. Desde então passaram a fixar agarras de madeira e pedra em paredes para completar seu treinamento. Essa forma de treino logo se espalhou pela Europa devido ao clima tão frio quanto o russo e já em 1984, na Bardonechia, Itália, foi realizado o primeiro campeonato de escalada indoor, (RESENDE JUNIOR, 1999; BERTUZZI, 2005) criando um marco divisório e polêmico entre a escalada tradicional de montanhas com seus riscos e privações próprias de expedições em lugares inóspitos que delimitavam esse esporte como “perigoso e mortal”, (KRAKAUER, 1997), e a nova modalidade extremamente atlética, onde o grande feito se dava em alturas não superiores a 20 metros com movimentos de equilíbrio e força que apenas os mais hábeis poderiam alcançar, aproximando-os muito mais de ginastas do que de alpinistas, como são chamados os montanhistas que escalavam os Alpes, o que Ferrer (2002) chama de “esportivização do montanhismo”.
Escalada em muros artificiais sofreu um "boom" nos últimos 10 anos e continua sendo a modalidade mais crescente. No Brasil estamos entrando agora neste boom. Fácil acesso, baixo custo dos equipamentos e o trabalho físico e mental parecem ser o veneno.
Antigamente montanhistas e escaladores de rocha se voltavam para estruturas artificiais como treinamento. Hoje a grande maioria das pessoas inicia em muros e depois, eventualmente, começam a se interessar por paredes rochosas, ou grandes montanhas geladas.
Muitos escaladores constroem pequenos muros de treinamento em suas casas, onde fazem mega sessões de treinamento procurando desenvolver principalmente o aspecto de força pura e resistência. Relativamente, ainda temos poucos muros de escalada no Brasil, mas preparem-se para a invasão...
Escalada Esportiva de Competição
As primeiras competições de escalada aconteceram na Ucrânia, na década de 60. Eram competições de velocidade realizadas em paredes rochosas naturais. Outros países também realizaram competições em rocha, mas lentamente, com o advento dos muros artificiais, as competições passaram a acontecer em ginásios ou praças públicas.
Competições têm suas particularidades e não necessariamente um bom escalador esportivo será um bom escalador de competição. Hoje existem atletas que treinam exclusivamente para competir. Existe uma Copa do Mundo, semelhante ao que acontece no esqui, e possivelmente escalada esportiva se tornará um esporte olímpico.
Boulder
Vencer certas seqüências de movimentos difíceis, sobre blocos baixos e sem a utilização de cordas de proteção, chamamos de bouldering.
Muito disseminado entre os escaladores modernos, fazer boulder pode ser muito divertido e desafiador, atingindo os maiores graus de dificuldade possíveis.
Às vezes se usa colchões para proteção, ou apenas um “spot”, ou seja, um parceiro que se posiciona adequadamente e que tem a função de “ajeitar” uma possível queda de forma a fazer o escalador cair de pé, minimizando as chances de contusão.
Por tratar-se de movimentos fortes e seqüências curtas; bouldering desenvolve muita explosão muscular e força bruta. Campeonatos de boulder são a sensação do momento ao redor do mundo, e aqui no Brasil estamos apenas começando.
Escalada como esporte
Poucos esportes demandam tantas habilidades como a escalada.
Fatores Envolvidos:
Aptidões físicas: força, resistência, flexibilidade, etc.
Aspectos psicológicos: concentração, motivação, medo, etc.
Coordenação e técnica: habilidades de coordenação e técnica
Aspectos Táticos: experiência, táticas de escalada, planejamento, etc.
Aspectos Externos: clima, proteção, equipamentos, tipo de rocha, etc.
Aspectos particulares: saúde, tempo disponível para escalar, acesso a ginásios e a rocha, etc.
A performance em escalada é representada pela combinação dos diversos fatores envolvidos e não a soma dos mesmos.
A melhor execução de qualquer movimento em escalada é a que requer o menor esforço
Técnicas da escalada
A escalada como outros esportes têm uma série de técnicas para o melhor aproveitamento do tempo e maior segurança dedicado ao praticar.
Usando os pés
O mais importante na escalada é um bom trabalho de pés e pernas, que ajudarão a movimentar-se com mais eficiência e menos esforço durante a sua escalada.
Pegadas de Mão
Pega Fechada
Em pegas fechadas seus dedos são contraídos ao limite em torno da segunda junta. A primeira junta pode ficar aberta ou fechada.
Pega Aberta
Em pegas abertas os dedos se contraem na segunda junta num ângulo de noventa graus ou mais. O dedão é usado como apoio em cristais ou irregularidades.
Pega Estendida
Em pegas estendidas a segunda junta é contraída muito pouca, a contração através da primeira junta faz o contato.
Monodedos e Bidedos
Deve-se tomar cuidado com monodedos e bidedos para não machucar os tendões.
Pega em Pinça
Neste tipo de pega o dedão normalmente pinça em oposição aos outros dedos, mas também se pode pinçar ao lado da agarra, noventa graus ou assim da direção onde estão puxando os dedos.
Esportes radicais na escola
Podemos observar nos PCN’S (Parâmetro Curricular Nacional ) de Educação Física do Terceiro e Quarto Ciclos, onde fazem duas citações sobre os Esportes radicais a parte de Conceitos e Procedimentos sobre esportes , jogos, lutas e ginástica:
“Aspectos socioculturais do surgimento dos esportes radicais, alternativos ou não convencionais no contexto da sociedade atual.”
“Vivência de esportes radicais, alternativos ou não convencionais (skate, surf, mergulho, alpinismo, ciclismo, etc.).
Na fase da adolescência, os estudantes estão voltados para assuntos que lhes proporcionam prazer, que possam experimentar as novidades, arriscar a transgredir regras. Com isso, a escola que promove uma prática educativa ligada aos interesses dos alunos ganha, tanto na qualidade do trabalho desenvolvido como na permanência desses na escola.
Propor aulas diretamente ligadas aos esportes radicais é uma forma de atrair o interesse do grupo. Mesmo que os alunos não tenham um material próprio, a escola pode fornecer para o uso coletivo, em revezamento. Os skates e patins também podem causar maior motivação nos estudantes, além de ser uma ótima oportunidade de se trabalhar regras de conduta, comportamento e respeito ao próximo. Aulas técnicas de como praticar esse esporte irão criar um clima de descontração, promovendo reeducação psicomotora, desenvolvimento de habilidades, aumento da concentração, dentre outros. As experiências, as novidades, poderão ser relatadas e discutidas em sala de aula, em todas as disciplinas, como: produção de textos, cálculos das velocidades atingidas, estudos dos graus, saltos, manobras, altura dos saltos, posturas corporais, adrenalina, etc.
O professor que não se arrisca, não quebra a cara. Preserva-se de situações difíceis. Prefere a manutenção de suas velhas fórmulas que garantiram bons resultados ao longo de toda a sua carreira. Desse modo, evita as quedas da prancha e os arranhões na areia. Muito bem, mas nem sempre as ondas que iremos pegar terão as mesmas características. Se não houver ousadia, também não existirão chances de chegar ao pódio, de obter vitórias espetaculares. Se o educador não buscar novas alternativas para o seu trabalho em sala de aula, seu estilo “careta” pode condená-lo a rejeição por parte dos alunos e das próprias instituições escolares.
Finalidades e objetivos da Educação Fisica na escola
A educação física escolar tem como um de seus objetivos promover a socialização e interação entre seus alunos, para isto deve se associar ao esporte que é uma ótima ferramenta para alcançar este objetivo.
O grande questionamento que se faz a respeito do esporte na escola é que ele muitas vezes é utilizado como o único meio possível e interessante para a realização das aulas.
O objetivo da educação física escolar consiste no estímulo a atividade criativa do aluno. Por isso as aulas de educação física na escola devem basear-se no atendimento aos diversos aspectos naturais da vida ao ar livres e na liberdade de movimentos, e para isto várias atividades devem ser propostas e não só o esporte.
A educação física escolar consiste no desenvolvimento orgânico e funcional da criança, procurando, através de atividades físicas, melhorar os fatores de coordenação e execução de movimentos.
É incontestável que qualquer disciplina deva ensinar o aluno a viver em sociedade. Por isso, as ações pedagógicas devem ser voltadas para encontrar problemas para as soluções do mundo. A escola e a Educação Física devem ser vistas como uma prática primordial para o desenvolvimento do individuo num ambiente humano, cultural e social.
Sendo assim, a Educação Física só se justifica na escola se propor realizar um projeto integrado com as demais disciplinas, almejando desenvolver a consciência sobre a experiência humana e autonomia, por meio de práticas corporais.
As aulas de Educação Física não devem exclusivamente possibilitar o desenvolvimento motor, mesmo porque, não é aceitável o fato de que somente duas aulas semanais sejam suficientes para potencializar o desenvolvimento motor. (MOREIRA, 2004)
Escalada esportiva e indoor na escola
A Escalada Esportiva é uma prática que utiliza as técnicas e movimentos de montanhismo e que tem como objetivo exigir o máximo de força e concentração da pessoa que a pratica em vias ou caminhos de curta distância, cerca de 30 metros de altura com o máximo de dificuldade técnica. A escalada indoor, realizada em paredes construídas pelo homem para imitar a natureza derivou da escalada esportiva e vem atraindo novos adeptos ao esporte (CEB, 2004 apud PEREIRA, 2007) e “devido ao risco controlado e o custo reduzido ganhou espaços em outros ambientes e com públicos variados, como é o caso da escola” (HYDER, 1999 apud PEREIRA, 2007).
Com o surgimento da escalada em muros e sua chegada no Brasil no final dos anos 80, a escalada passou a ser praticada também em locais onde a geografia não era tão privilegiada, aumentando o número de adeptos. Mas sua transmissão ainda era feita através das relações de amizade entre seus participantes com futuros escaladores, e de cursos que os clubes de montanhismo promoviam.
Os anos 90 nos trouxeram uma novidade. Surgiram os primeiros ginásios que comportavam grande número de escaladores ao mesmo tempo e muitos eventos ligados a marcas que queriam vincular seu produto aos ideais que a escalada proporciona. Os investimentos aumentaram e atraíram muita atenção de pessoas que achavam que esporte no Brasil era somente futebol, vôlei e basquete.
A escalada na escola
Ainda nos anos 90 algumas iniciativas pioneiras de escolas particulares do Rio de Janeiro e São Paulo abriram uma nova porta para a escalada no Brasil. Foram criados muros para a aprendizagem da escalada nesses colégios e alguns professores de educação física que também escalavam começaram a usar a escalada como um conteúdo das aulas e a criar atividades recreativas e de iniciação pré desportiva para as crianças e os adolescentes.
Esse componente novo trouxe diversas suspeitas com relação a segurança dos alunos, a visão que os pais teriam dessa proposta e aos benefícios que essa atividade poderia trazer na formação das crianças.
Entre as estratégias usadas pelos professores nas aulas está demonstrada a relação de ensino aprendizagem com jogos e brincadeiras, salientando o caráter lúdico da atividade, sem deixar de lado a segurança necessária para a prática e até as opções de competição. (PEREIRA,2007)
Segundo Pereira (2007) a escalada pode ser trabalhada de forma lúdica com crianças na forma de jogos e brincadeiras adaptadas a parede de escalada como: pega-pega, guerra e escaladores, roubar o rabo, jô-quei-pô, três- três , olhos vendados, siameses, resta uma, boulder com uma só mão e via numerada, além de inúmeras outras que podem ser criadas.
Inclusão da escalada na Educação Fisica Escolar
A escalada já é aceita em algumas escolas da cidade de São Paulo que inclusive adquiriram a Parede de Escalada e todo o equipamento de segurança, porém esta modalidade está junto com as aulas extra-curriculares , não fazendo parte do conteúdo das aulas de educação física.
Alguns aspectos como o não conhecimento dos professores de educação física escolar sobre as técnicas da escalada inibem o seu uso durante as aulas.
Muitos profissionais ainda acabam escondendo dos diretores que não conhecem a técnica e acabam “dando um jeitinho” durante as aulas, muitas vezes colocando em risco a segurança dos alunos.
Benefícios da escalada
Souza (2001) afirma em sua tese de doutorado que a escalada é a atividade motora que estimula a tomada de decisão e resolução de problemas e que melhor apresenta a manifestação da inteligência corporal na educação física.
A Escalada Indoor se caracteriza como atividade privilegiada, em situações problema, nas quais há uma predominante exigência motora, gerando desequilíbrios no comportamento motor e estimulando os alunos a criarem formas de solucionar problemas e estabelecer relações com experiências já realizadas;
O desenvolvimento da força também está de acordo com Bertuzzi, et.al. (2001) que através de seus estudos demonstrou a necessidade de força para se escalar, principalmente de membros superiores. A escalada da ao praticante a capacidade de gerar elevada tensão continuamente com os músculos flexores dos dedos, sendo mínimo o percentual de diferença entre os lados dominante e não dominante.
Realizar diferentes movimentos, utilizar músculos nem sempre tão exigidos, pendurar-se por apenas uma das mãos ou um dos pés detonam singulares experiências corporais, expressando uma cumplicidade do escalador com seu próprio corpo, conduzindo as vivências corporais distintas. A ludicidade por sua vez, manifesta-se diante deste entrosamento com o corpo e se estende ao espaço vivido – o muro de escalada (MARINHO, 2001).
Pereira (2007) nos dá alguns benefícios da escalada quando trabalhada de forma lúdica: desenvolvimento de velocidade, resistência, força, estratégia, habilidades motoras, trabalho em grupo, percepção, atenção, equilíbrio dinâmico e precisão de movimentos.
O papel convencional do professor de Educação Fisica
O principal objetivo do professor de educação física é auxiliar crianças nos seu desenvolvimento, sendo que mais especificamente no seu desenvolvimento motor. As atividades de movimento introduzidas no momento adequado são criticas para a formação de comportamentos importantes que servirão de base para todo um desenvolvimento posterior. (CHIVIACOWSKY, 2008).
Segundo Guimarães (2001), o responsável em desenvolver a cidadania na escola é principalmente o professor, por que este, dentro da instituição, dispõe de vários meios de reforços, estabelece um vínculo afetivo em que serve de modelo e referência para o aluno.
Fica evidente que o professor de Educação Física deve proporcionar ao aluno atividades que permitam uma movimentação constante e, ao mesmo tempo, o conhecimento do espaço que ele ocupa, ou seja, do ambiente.
Dessa forma o aproveitamento dos benefícios da Educação Física no processo ensino-aprendizagem do aluno seria, sem dúvida, muito maior do que acontece hoje nas escolas. (SILVA E ABRANCHES,2005)
Buscando relacionar a ação pedagógica do professor à sua formação profissional, Darido (1996) apud Galvão (2002) identificou dois tipos de formação: aquela tradicional, voltada à valorização da prática esportiva em detrimento de outras práticas educativas, valorização da competição e da performance, e outra mais científica, a qual enfatiza a teoria e o conhecimento científico derivado das ciências-mães.
Isso significa que, além da capacidade de ensinar conhecimentos específicos, é também papel do professor transmitir, de forma consciente ou não, valores, normas, maneiras de pensar e padrões de comportamento para se viver em sociedade. Fica claro que não se pode transmitir todos esses aspectos descartando o aspecto afetivo – a interação professor-aluno (Cunha, 1996 apud Galvão,2002).
O professor de Educação Física e a formação na escalada
O conhecimento técnico da modalidade escalada se faz muito mais importante que outras modalidades por se tratar de um esporte radical praticado por crianças e adolescentes sob a responsabilidade do Professor. Segundo Chiviacowsky (2008), sem o conhecimento técnico aliado ao conhecimento academicamente fundamentado da modalidade não poderá ser utilizado o feedback extrínseco corretamente por parte do professor, melhorando a qualidade dos movimentos executados.
Para Costa (2004) o profissional que vai trabalhar com escalada deverá realizar um curso de formação onde irá abordar conteúdos como: Situações de risco e alternativas de soluções, ética da prática da escalada, história da escalada; técnicas de evolução; equipamentos; segurança na escalada; treinamento; utilização e preservação dos ambientes naturais; geologia; ato motor dos pontos de vista psicológico, biomecânico e fisiológico, análise sócio-histórica do profissional de escalada; generalidades da pedagogia; relação pedagógica; o instrutor; a aprendizagem; e organização pedagógica da aprendizagem, ecologia e as relações com o meio ambiente; impacto das atividades esportivas no ambiente natural; geologia; e meteorologia, selecionar, organizar e ensinar os conteúdos da disciplina de tópicos especiais da prática da escalada e avaliar o ensino desempenhado.
Considerações finais
Muitos dos profissionais que hoje trabalham com escalada indoor ou rocha não têm formação acadêmica em Educação Física. Em sua maioria são pessoas com vasta experiência na área que vêem uma oportunidade de trabalho no que antes era apenas lazer.
Porém de alguns anos para cá os esportes radicais tornaram-se matéria em cursos de educação física em todo pais trazendo mais praticantes das modalidades entre elas a escalada. Estes profissionais ao ingressarem nas escolas levam o conhecimento adquirido na universidade para suas aulas, sem ter, no entanto a formação técnica necessária do esporte, a fim de levar o aluno a progredir cada vez mais tecnicamente e evitando as tantas lesões comuns nos escaladores.
Poucos profissionais buscam cursos específicos em escalada esportiva e muitos deles nem sequer sabem a origem do esporte ou já tiveram a experiência de um dia de escalada em paredes naturais, não podendo com isso levar este tipo de informação aos alunos.
Como podemos observar neste trabalho a escalada contém muitas informações e técnicas específicas, sendo de estrema importância para ministrar aulas desta modalidade o conhecimento teórico e prático de todas elas.
Tivemos a oportunidade de conversar com um professor que ministrava aulas extracurriculares de escalada, onde simplesmente colocava o equipamento no aluno e mandava que subisse segurando em qualquer “pedra” como ele chamava as agarras, sem respeitar as vias ou movimentos do esporte.
A escalada como qualquer outro esporte se praticado de maneira incorreta pode trazer danos a saúde dos alunos como traumas e lesões nas articulações dos membros inferiores e superiores, principalmente dos dedos e ombro.
Com isso podemos concluir que como nos outros esportes, ginásticas ou lutas, os profissionais que trabalham com a escalada na escola devem sim aperfeiçoar-se em cursos, palestras, congressos de educação física e encontros de escaladores a fim de adquirir a experiência necessária para se trabalhar a escalada de maneira correta com os alunos.
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