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Análise da pesquisa da Educação Física 

na temática envelhecimento humano

Análisis de la investigación en Educación Física acerca de la temática del envejecimiento humano

Analysis of research of physical education in aging

 

*Mestrando em Educação em Ciências pela Universidade Federal de Santa Maria

**Professor Doutor do Departamento de Métodos e Técnicas Desportivas

do Centro de Educação Física e Desportos da UFSM.

***Licenciada em Educação Física e Especializanda do

Programa de Pós-Graduação Especialização em Atividade Física, Desempenho Motor e Saúde

da Universidade Federal de Santa Maria.

****Licenciada em Educação Física, Especialista em Atividade Física, Desempenho Motor e Saúde

da Universidade Federal de Santa Maria

Renato Xavier Coutinho*

Marco Aurélio de Figueiredo Acosta**

Renata Nadalon Deponti***

Inês Amanda Streit***

Mirceli Barbosa Goulart****

renatocoutinho@msn.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O estudo tem o objetivo analisar a pesquisa na temática envelhecimento humano desenvolvida pela educação física no intervalo de tempo de dez anos – 1997/ 2007, abrangendo a tríade: grupos de pesquisa, teses e dissertações e artigos científicos. A investigação seguiu métodos quantitativo e qualitativo de análise, as buscas ocorreram exclusivamente no meio on-line. Verificou-se um aumento no número de trabalhos relativos ao envelhecimento humano nos três aspectos que nos propusemos a investigar, principalmente a partir do ano 2000, havendo uma eqüidade entre as abordagens fenomenológicas e empíricas o que representa a entrada de discursos de cunho social e filosófico na educação física.

          Unitermos: Envelhecimento humano. Educação Física. Produção científica

 

Abstract

          The study objective is to examine the research on ageing issues developed by physical education in the time interval of ten years - 1997 / 2007, covering the triad: research groups, theses and dissertations and scientific articles. The research followed qualitative and quantitative methods of analysis, the searches occurred in the middle exclusively online. There was an increase in work relating to ageing in all three aspects that we proposed to investigate, mainly from 2000, with equity between the phenomenological and empirical approaches which represents the entry of speeches stamp of social and philosophical in physical education.

          Keywords: Human aging. Physical Education. Scientific production

 

Agência Financiadora: Rede CEDES – Ministério dos Esportes

Auxílio: Financiamento do “Projeto Quem Sou eu? Pergunta a Educação Física no trabalho com a Terceira Idade”

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009

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1.     Introdução

    A pressão passiva exercida pelo número rapidamente crescente de idosos no Brasil, o clamor da sociedade, que começa a sentir o peso do desafio dos múltiplos problemas médicos, psicossociais e econômicos gerados pela velhice, a divulgação das deficiências dos sistemas públicos de previdência e de saúde faz com que grande parte da sociedade, antevendo para si própria um futuro de dificuldades, passe a reivindicar investimentos sociais nessa área.

    Verifica-se, assim, a emergência, cada vez mais comum, de grupos de idosos e adultos mais politizados e por isso, mais dispostos a lutar por seus direitos à cidadania, também deve ser destacada a divulgação de informações sobre as possibilidades de envelhecer com saúde e de mascarar os efeitos do envelhecimento, aumentando o potencial de consumo de bens e serviços visando o bem estar físico e psicológico.

    No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2002), na década de 1970, cerca de 4,95% da população brasileira era de idosos, percentual que pulou para 8,47% na década de 1990, havendo a expectativa de alcançar 9,2% em 2010. Segundo o último censo existem aproximadamente 15 milhões de idosos e 55% são do gênero feminino, entre os de idade acima dos 80 anos esse número aumenta para 60%. Segundo a estimativa em vinte anos serão 30 milhões.

    Para Okuma (1998), o envelhecimento é um processo biológico cujas alterações determinam mudanças estruturais no corpo e, em decorrência modificam suas funções. Contudo, o envelhecer é inerente a todo ser vivo, e no homem este processo assume dimensões biológicas, sociais e psicológicas. Acosta (2004) entende o envelhecimento como um conjunto intrincado de processos sociais, fisiológicos ambientais e amorosos, que, de variadas formas interagem.

    Devido a esses fatores houve um aumento do interesse dos profissionais da saúde, em especial da educação física, dos pesquisadores e das universidades pelos estudos do processo de envelhecimento e dos problemas que afetam a população idosa. De acordo com Goldstein (1999) essas condições fizeram com que, nos últimos anos, proliferassem no Brasil os programas e associações destinados aos idosos, como o movimento dos aposentados, os movimentos assistenciais e os sócio-culturais. Em razão da visibilidade alcançada pelos idosos nos últimos anos, e graças aos esforços de organização dos profissionais dedicados a essa área de atuação através de núcleos de estudo e pesquisa, os estudos teóricos e empíricos na área do envelhecimento evoluíram no Brasil.

    Isso demonstra que mesmo de forma esparsa, ou seja, pelo esforço de alguns grupos de indivíduos, sem haver um maior estudo sistematizado, a produção de conhecimentos sobre envelhecimento vem apresentando incrementos importantes, porém existem poucas publicações que nos trazem informações de abrangência nacional acerca das atividades desenvolvidas nas instituições de ensino e pesquisa na área da educação física.

    Portanto este trabalho tem o objetivo de fazer uma análise sobre a pesquisa na temática envelhecimento desenvolvido pela educação física no intervalo de tempo de dez anos (10) – 1997/ 2007, abrangendo a tríade: grupos de pesquisa, teses e dissertações e artigos científicos.

2.     Metodologia

    Esta investigação seguirá os métodos quantitativo e qualitativo, visto que, segundo Goldmann (1980), nenhuma das duas, porém, é boa no sentido de ser suficiente, de forma isolada, para a compreensão completa da realidade.

    A busca pelos dados da produção científica da educação física em terceira idade foi estruturada em três eixos: Grupos de Pesquisa registrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Teses e Dissertações; e Artigos publicados em Periódicos Científicos. Os três eixos da pesquisa foram investigados exclusivamente no meio on-line. Segundo Smith (1999) citado por Vanti (2002), as pesquisas no meio on-line, apresentam uma série de vantagens, quando comparadas com outros “caminhos de busca”: permitem trabalhar com grandes volumes de informação (as quais podem ser estáveis, diminuírem, aumentarem ou até mesmo desaparecerem), facilitam as tarefas de quantificação e avaliação dos fluxos de dados, em comparação com as citações científicas impressas de revistas, de instituições ou de indivíduos.

    A busca no sítio do CNPq ocorreu utilizando a palavra-chave “envelhecimento” e a área do grupo “Educação Física”. Sendo coletados dados de todos os sensos desde o ano 2000 até a base de 2007.

    Para o levantamento dos dados relativos às teses e dissertações, foi analisado o banco de teses da Capes e os sítios eletrônicos das 20 instituições de ensino superior nacionais, com cursos de mestrado ou doutorado na área da educação física, recomendados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A busca foi feita através da leitura dos títulos e pelas palavras-chave: envelhecimento e/ou idoso e/ou terceira idade e/ou velho.

    Os periódicos nacionais são classificados pelo sistema Qualis/Capes que os enquadra em relação à qualidade como A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C. O mesmo periódico, ao ser classificado em duas ou mais áreas distintas, pode receber diferentes avaliações, portanto farão parte da pesquisa os periódicos classificados a partir do estrato B2, editados no Brasil, compreendendo somente aqueles referentes à área de avaliação da educação física.

    Neste estudo foram consultados somente os periódicos classificados no site da CAPES, utilizando-se as seguintes palavras-chave: envelhecimento e/ou terceira idade e/ou idoso e/ou velho e educação física. O intervalo de tempo estabelecido para a investigação dos artigos nos periódicos restringiu-se aos últimos dez anos (10) – (1997 2007).

    Posteriormente ao encontro dos dados comuns ao envelhecimento humano foram realizadas algumas classificações referentes aos autores e a seus trabalhos, tais como: gênero dos autores, re-incidência dos mesmos, região geográfica dos periódicos, teses, dissertações e grupos de pesquisa.

3.     Resultados e discussão

3.1.     Análise da investigação nos Grupos de Pesquisa

    As buscas demonstraram um aumento substancial na quantidade de grupos de pesquisa em envelhecimento humano na Educação física no período investigado. No ano 2000 eram apenas 03 grupos de pesquisa e na base corrente já são 35 grupos (Quadro 1).

Quadro 1. Grupos de Pesquisa Registrados no CNPq

Base

Total de Grupos de Pesquisa em Envelhecimento

Total de Grupos de Pesquisa em Envelhecimento da Educação Física

2000

60

03 – 5%

2002

90

07 – 8%

2004

133

14 – 10,5%

2006

172

21 – 12,2%

2007

268

35 – 13,05%

    A distribuição dos grupos de pesquisa apresenta uma maior concentração na região sudeste com 14 grupos e sul com 11 (Figura 1), predominando as instituições públicas com 20 representantes contra 08 de instituições privadas. Prado e Sayd (2004) observando o padrão de concentração da produção científica brasileira constataram que a região sudeste contava no ano 2000 com 86 grupos de pesquisa no campo do envelhecimento humano, a região sul encontravam-se 31 dos grupos que contam com linhas de pesquisa sobre envelhecimento, a região nordeste abrigava 20 dos grupos que produzem conhecimento sobre envelhecimento, a região centro-oeste participa com 7 dos grupos que mantêm investigações sobre envelhecimento humano, não havendo registro de grupos na região norte.

Figura 1. Distribuição Regional dos Grupos de Pesquisa

    Nos 35 grupos de pesquisa da base de 2007 foram encontrados 107 pesquisadores Homens e 86 pesquisadoras, e 142 estudantes homens e 171 estudantes mulheres. Sendo 22 grupos de pesquisa liderados por homens e apenas 13 por mulheres. Os três mais antigos são: Grupo de Pesquisa Núcleo de Pesquisa em Atividade Física & Saúde – NUPAF da UFSC formado em 1991, Grupo de Pesquisa em Cineantropometria & Desempenho Humano da UFSC formado em 1996 e Grupo de Pesquisa Atividade Física no Desenvolvimento Motor e no Envelhecimento da UNESP – Rio Claro formado em 1997.

    Em um estudo anterior Prado e Sayd (2004) diagnosticaram que dos 8 grupos de pesquisa em envelhecimento da educação física apenas 1 apresentava linha de pesquisa exclusiva sobre o tema. Dos 35 grupos encontrados 29 possuem linhas de pesquisa exclusivas sobre envelhecimento, totalizando 37 linhas de pesquisa que trabalham a temática terceira idade, estando cadastrados 58 professores pesquisadores e 56 professoras pesquisadoras, nota-se uma diferença tratando-se dos estudantes onde há uma predominância de mulheres sendo elas 79 e os homens 39. Nessas linhas de pesquisa há um predomínio dos estudos que buscam os efeitos do treinamento e da atividade física sobre os perfis antropométricos, capacidade cardiorrespiratória e capacidade funcional (18 linhas), deve ser ressaltado também as pesquisas que buscam compreensão do processo de envelhecimento e a relação com o movimento humano (14 linhas). Há ainda grupos de trabalho que utilizam métodos quantitativos e qualitativos para entender os aspectos biológicos, psicológicos e sociais do processo de envelhecer (5 linhas).

    Cachioni (2003) em um estudo sobre as universidades da terceira idade do Brasil constatou que 64,7% dos educadores de idosos são mulheres contra 34,3% homens, o que para a autora não causa estranheza porque o magistério em todos os níveis é considerado como uma atividade feminina.

    Scott-long (1990) em um estudo pioneiro sobre as diferenças de gênero na ciência apontou alguns fatores que afetam no tempo de dedicação das mulheres às pesquisas científicas, tais como: cuidar de filhos pequenos, casamento e cuidados com a casa. De acordo com a autora os homens não são tão afetados por estas situações, que podem gerar preconceitos por parte da comunidade acadêmica, dificultando a relação com orientadores e outros pesquisadores.

    Velho (1998) afirma que o número crescente de matrículas de mulheres na pós-graduação não foi acompanhado por um aumento proporcional no número de títulos obtidos por elas, dado que a taxa de evasão de mulheres da pós-graduação é significativamente maior que a dos homens. Embora as diferenças de gênero tenham diminuído, isto ocorre apenas em algumas áreas do conhecimento; no campo das habilidades matemáticas de alto nível elas são tão grandes hoje quanto há três décadas. Referendando assim, a maior presença de homens como líderes de grupos de pesquisa da educação física, uma vez que a mesma se constituiu historicamente enquanto uma área de conhecimento que valoriza o empirismo, contrastando com a paridade encontrada entre os gêneros dos líderes das linhas de pesquisa em envelhecimento que têm um caráter mais fenomenológico.

    Em relação à formação dos profissionais líderes dos grupos foram encontrados 26 com formação em educação física, 2 com formação em nutrição e educação física, 1 com formação em educação física e comunicação social, 1 graduado em ciências biológicas e nutrição, 2 graduados em medicina, 1 graduado em farmácia e bioquímica, 1 em sociologia e 1 com formação em engenharia. Já titulação dos professores encontrada foi a seguinte: 25 professores com Doutorado, 6 com pós-doutorado e 4 com mestrado.

    Outra característica importante é a presença de projetos de extensão que ofereçam atividades para os idosos, neste ponto foram encontrados 11 professores que são ao mesmo tempo líderes de grupos de pesquisa e de projetos de extensão que oferecem diversos tipos de atividades voltadas para o público da terceira idade.

3.2.     Análise das investigações de Teses e Dissertações

    O banco de Teses da CAPES disponibiliza os dados até o ano de 2006, assim, buscando na área da educação física foram encontradas 2141 dissertações de mestrado e 437 teses de doutoramento no período de 1997 até 2006. Desse total, 28 dissertações e 03 teses são referentes ao tema envelhecimento. Esses trabalhos acadêmicos são oriundos de 13 instituições de ensino superior, USP (8 dissertações), UNICAMP (4 dissertações e 1 tese), UNESP Rio Claro (1 dissertação), UGF (1 dissertação e 1 tese), UFSM (3 dissertações), UFSC (2 dissertações), Universidade Castelo Branco (2 dissertações), UNIMEP (3 dissertações), UDESC (2 dissertações), UNB (1 tese), USJT (1 dissertação), UCB(1 dissertação) e UFPR (1 dissertação).

    A investigação nos sítios dos programas de mestrado e doutorado constantes da lista de cursos recomendados e reconhecidos pela CAPES, demonstrou que dos 20 cursos apenas 12 apresentaram o conteúdo de teses e dissertações disponíveis on-line, UEL (2 dissertações), USP (3 dissertações e 1 tese), UFPR (5 dissertações), UFSC (13 dissertações), UNIMEP (4 dissertações), USJT (6 dissertações), UFMG (14 dissertações), UDESC (5 dissertações), UCB (17 dissertações), UFRGS (4 dissertações), UNICAMP (14 dissertações e 3 teses) e UNESP – Rio Claro (8 dissertações), totalizando 95 dissertações e 4 teses. Prado (2006) em seu trabalho sobre dissertações e teses sobre o tema envelhecimento encontrou 891 trabalhos, sendo 39 pertencentes a área da educação física.

    Goldstein (1999) encontrou entre 232 trabalhos de teses e dissertações sobre envelhecimento, apenas 16 da educação física, com 1 na década de 80 e os outros 15 na década de 90. Marzari e Acosta (2007) encontraram 55 estudos entre teses e dissertações referentes à temática do envelhecimento produzidas em programas de pós-graduação da Educação Física, distribuídos em dez (10) universidades que disponibilizavam dados on-line (UNICAMP, UCB/DF, USJT, UFSC, UGF, UCB/RJ, USP, UFPR, UFRGS e UNESP).

    Lüdorf (2001) analisando 524 resumos de teses e dissertações defendidas na década de 90, conforme a abordagem metodológica encontrou: paradigma empírico-analítico - 296 (56,5%); paradigma fenomenológico-hermenêutico - 220 (42%) e paradigma crítico-dialético - 08 (1,5%). Tais resultados demonstram que a pesquisa em educação física tem propensão ao paradigma empírico-analítico; porém o presente estudo evidencia que nos trabalhos relacionados à área do envelhecimento há uma tendência a eqüidade entre os paradigmas.

    Em relação ao gênero dos autores foi encontrada uma predominância de mulheres (71) sobre os homens (32), não sendo refletido nos números que fazem alusão aos orientadores dos trabalhos, prevalecendo a eqüidade entre os homens e mulheres com 22 cada, sendo que 3 instituições não disponibilizaram os nomes dos orientadores dos trabalhos.

    Velho (1998) a despeito do crescimento significativo da participação feminina na academia nos últimos 20 anos comenta que é raro o país que relata uma porcentagem maior do que 25% de mulheres em seu corpo docente. Além disso, as mulheres tendem a se concentrar em disciplinas tradicionalmente “femininas”.

3.3.     Análise da investigação dos Periódicos Científicos

    Ao visitarmos o site da Capes, direcionamos nossa atenção e busca para os periódicos exclusivamente compreendidos na área de avaliação da educação física, sobretudo para aqueles que apresentam artigos referentes à temática da terceira idade. O período de tempo investigado diz respeito aos últimos dez anos de produção científica na respectiva temática (1997 – 2007).

    Moutinho e Cunha Filho (2002) compreende que a revista eletrônica permite, atualmente, uma difusão rápida e contínua dos artigos, acesso permanente, qualquer que seja o lugar onde a pessoa se encontre, e maiores possibilidades de pesquisa.

    Dentro dessa área de avaliação encontramos os seguintes resultados: trezentos e setenta e um (371) periódicos investigados.

    Do total de periódicos investigados (371), encontramos apenas cento e dezessete (117) artigos referentes à terceira idade, distribuídos entre vinte e três (23) periódicos, Ciência e Saúde Coletiva(3), Acta Ortopédica Brasileira(1), Revista Brasileira de Epidemiologia(3), Revista de Nutrição(2), Arquivos da Fundação Otorrinolaringologia(1), Acta Fisiátrica(5), Arquivos de Ciências da Saúde da Unipar(1), Nutrire(1), Revista Brasileira de Ciência e Movimento(17), Revista da Educação Física/ UEM (1), Cinergis(4), Motriz(8), Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte(4), Revista Mineira de Educação Física(5), Rbceh(14), Textos Sobre o Envelhecimento(2), Estudos Interdisciplinares sobre o envelhecimento(2), Revista Brasileira de Biomecânica(1), Revista Brasileira de Cineantropometria(30), Revista Brasileira de Medicina do Esporte(2), Revista Paulista de Educação Física(9), Revista Brasileira de Educação Física e Esporte(1), Revista Movimento - Porto Alegre(1).

    No que diz respeito à distribuição geográfica dos periódicos com trabalhos sobre a temática, encontramos os seguintes resultados:

Figura 2. Periódicos com artigos científicos na área da terceira idade

    O estado identificado com maior número de periódicos foi São Paulo, com um total de 13 (Figura 2). Pelo fato da região sudeste e sul possuírem um maior número de grupos de pesquisa no campo do envelhecimento humano, acreditamos que a concentração dos periódicos que abordam o envelhecimento em seus artigos sigam a mesma tendência, ou seja, a relação entre a quantidade de grupos de pesquisa na temática em questão, em determinado estado, é diretamente proporcional a concentração de seus periódicos e, nesse sentido, conseqüentemente maior é o número de publicações.

    Marzari e Acosta (2007) encontraram 74 artigos referentes à terceira idade e educação física, de um total de 366 artigos publicados no período de 2001 a 2006 em três revistas da educação física: Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE), Revista Paulista de educação Física (EEFEUSP) e Revista Movimento (UFRGS).

    Encontramos nos cento e dezessete (117) artigos, um total de duzentos e oitenta e cinco (285) autores.

    Quanto ao gênero dos autores dos artigos, obtivemos a ocorrência de cento e três autores (103) e cento e oitenta e duas (182) autoras. No entanto, apesar de haver um maior número de mulheres presentes nos artigos encontrados, observou-se uma maior re-incidência de homens na publicação dos mesmos – quarenta e cinco homens (45), e quarenta e uma mulheres (41).

    Em outro estudo, Velho (1998), estabelecendo relações entre a área de atuação, número de docentes, gênero dos pesquisadores e a respectiva produção científica, constatou que a área do conhecimento a qual pertence o pesquisador, é diretamente proporcional a sua produção, ou seja, atribui-se um maior crédito a determinadas áreas do conhecimento e aos seus meios de divulgação científicos (entendidas como “áreas nobres”), em comparação a outras.

    Em relação à re-incidência e a forma de publicação, Parreiras et al (2006), observam que existe uma tendência na submissão de artigos para um mesmo periódico a partir do primeiro envio e publicação, ou seja, cria-se certa “tradição” de submissão para determinada revista científica, não havendo alternância.

    Em nosso estudo, o periódico com maior número de artigos na temática investigada foi a Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, com um total de 30 artigos, situada na região sul. A segunda com maior número de trabalhos foi a Revista Brasileira de Ciência e Movimento, com um total de 17 artigos, também localizada na região centro-oeste.

    Com relação ao gênero, o periódico com maior número de homens, dentre os artigos comuns ao envelhecimento, foi a Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, com um total de 38 autores, a qual pertence à região sul. O periódico com maior número de mulheres, dentre os artigos comuns ao envelhecimento, foi também a Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano com 56 autoras.

    No que diz respeito à abordagem predominante encontrada no estudo foi a positivista; o tipo de ciência preponderante foi a ciência natural e exata; e o método de pesquisa mais utilizado foi quantitativo. Entretanto, observou-se uma tênue diferença entre os “modelos empíricos” e os “fenomenológicos”.

    Em outro estudo, Marzari e Acosta (2007) constataram nos trabalhos relacionados à terceira idade, o predomínio do paradigma positivista (p), do método quantitativo (qt) e das ciências naturais e exatas (cne).

    Faria Jr. (1992) ao interpretar as tendências de pesquisa em educação física no Brasil, de 1975 a 1984, verificou que a maioria das investigações se concentravam em aspectos biológicos e técnicos (64,54%). Os aspectos filosóficos e socioantropológicos estavam presentes em apenas 6,46% das pesquisas.

4.     Conclusão

    Verificou-se um aumento no número de trabalhos relativos ao envelhecimento humano nos três aspectos que nos propusemos a investigar – Grupos de pesquisa, Teses e Dissertações, e Artigos Científicos – principalmente a partir do ano 2000, as regiões Sudeste e Sul são os principais centros de produção do conhecimento sobre o tema em relação à área da educação física.

    Existem muitos problemas no que se refere à estrutura de divulgação do conhecimento: as bases de dados são insuficientes, a elaboração dos registros bibliográficos é superficial e arbitrária, não havendo unificação nas formas de busca e no uso de palavras-chave. Ocorrendo com freqüência a presença dos falso-positivos como obstáculos para obtenção das informações, principalmente as referentes às teses e dissertações, pois os bancos de dados existentes são insuficientes e/ou incompletos.

    Ressaltamos que ao final da checagem, alguns trabalhos podem não ter sido localizados. Algumas hipóteses podem ser consideradas: 

  1. instituições cujos acervos não estão disponíveis na internet; 

  2. instituições que contam com acervos disponíveis na internet, mas que ainda não lançaram as teses e dissertações em tela, no correspondente acervo virtual e 

  3. referências bibliográficas incompletas ou incorretas, dentre outras.

    As abordagens empíricas ainda prevalecem na educação física comparando-se com estudos anteriores, entretanto em relação à pesquisa na área do envelhecimento humano nota-se a presença de um número significativo de trabalhos de caráter fenomenológicos, fato que representa uma entrada de discursos de cunho sociais e filosóficos na área da educação física.

    Acreditamos que o processo do envelhecimento não deve ser tratado como um tema fechado em áreas específicas do conhecimento, ficando isolado dentro de determinados grupos. Portanto, ressaltamos a necessidade da criação de grupos de trabalho que façam parte de um estudo maior sobre o envelhecimento, reduzindo, assim, a distância entre a academia (grupos de estudo e trabalhos acadêmicos), os profissionais (interação, contato direto com a população) e os idosos (sujeitos para quem o trabalho é direcionado).

Referências

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