Prevalência de consumo de bebida alcoolica em atletas da 1ª divisão do futebol amador da liga uberlandense de futebol da cidade de Uberlândia, MG Predominio de consumo de bebida alcohólica en jugadores de la primera división del fútbol amateur de la liga uberlandesa de fútbol de la ciudad de Uberlandia, MG |
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*Centro Universitário do Triângulo/Uberlândia/MG **Faculdade Atenas/ Paracatu-MG (Brasil) |
Harley Furlanetto Vilela* Julio César de Lima* Alexandre Gonçalves** |
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Resumo O consumo de bebida alcoólica é sempre um assunto atual porque desde os tempos mais antigos até a sociedade moderna o álcool causa diversas reações como doenças, violência, problemas de relacionamento e até de transito. Contudo informações e estudos da prevalência de bebida alcoólica por jogadores de futebol amador são escassos e quase inexistentes. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência do consumo de bebidas alcoólicas pelos atletas do futebol amador da 1ª divisão da LUF (Liga Uberlandense de Futebol) que disputam a segunda fase do campeonato 2007. Para o desenvolvimento deste estudo os atletas responderam um questionário sobre histórico familiar de doença causada pelo consumo de bebida alcoólica, hábitos de vida, etilismo e a pratica da atividade física. Assim os resultados obtidos mostraram uma grande prevalência de consumo de bebida alcoólica (45%), além de apontar que 21% dos atletas apresentavam na família alguma patologia causada pelo consumo de bebida alcoólica. Também foi observado que 24% dos atletas consomem bebida alcoólica nas 24h que antecedem o jogo e 37% consome este tipo de bebida nas horas depois da partida. Desta forma, concluiu-se que existe uma alta prevalência (45%) de ingestão de bebida alcoólica, antes e/ou após os jogos, por parte dos jogadores que disputam a segunda fase do campeonato de futebol amador de Uberlândia. Unitermos: Etilismo. Futebol. Atletas amadores |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009 |
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1. Introdução
Nos dias de hoje o consumo de bebida alcoólica é muito comum em diversos meios e nas mais variadas faixas etárias. Em meio às preocupações e problemas trazidos pela sociedade moderna o álcool é massificado pelos veículos de informações, passando assim, por todas as classes sociais. Ressalta-se que o consumo do álcool não é recente, pois desde os tempos mais remotos, ele já era consumido pelo ser humano tanto em forma de medicamento como no combate à angústia, à depressão e às preocupações do dia-a-dia. Atualmente, o álcool é a droga lícita mais consumida no mundo, sendo ingerida em eventos sociais, inclusive esportivos e conseqüentemente por atletas. (SANTOS e TINUCCI, 2004).
O álcool é uma substancia psicoativa e produz alterações no sistema nervoso central, podendo causar mudanças no comportamento do usuário, de acordo com a dose, rapidez e a freqüência com que é ingerido, com o peso e estado de ânimo, com o limiar de aceitação do organismo, dentre outros. Pelo seu efeito prazeroso, o usuário pode se sentir tentado a ingestão e assim, ser levado à dependência. Após ser ingerido, o álcool atinge rapidamente a circulação sanguínea e é levado pelo sangue a várias partes do corpo, entre elas o sistema nervoso central. Sob este sistema provoca redução da coordenação motora e reflexos do indivíduo, mesmo quando ingerido em pequenas doses, causando estado de euforia e desinibição. Várias doenças são causadas pelo uso freqüente do álcool, como doenças neurais, mentais, musculares, hepática, gástricas, pancreáticas e até mesmo o câncer. O álcool também é responsável por uma série de problemas sociais, como acidentes de transito, homicídios, suicídios, atos de violência e problemas de relacionamento. (MINISTÈRIO DA SAUDE, 2001).
O´Brien; Lyons (2000) afirmam que foi desenvolvido um trabalho baseado nos adultos norte-americanos não atletas e segundo eles 90% da população usa algum tipo de bebida alcoólica.
Já o consumo de álcool por atletas sempre foi um assunto muito discutido nos bastidores do esporte. Sabe-se que hoje diversos atletas considerados de elite e/ ou amadores, ingerem álcool freqüentemente, tanto em períodos de treinamento quanto em de competição. Porém, segundo O’ Brien (1993) a maioria dos atletas, que competem ou não, deixa de ingerir bebidas alcoólicas no dia do evento esportivo ou competição.
Um dos grandes problemas causados pela ingestão de bebida alcoólica por atletas pode ser níveis aumentados de desidratação durante a prática de atividade física. Segundo Aoki (2002), a perda de água e o aumento da temperatura tem efeitos fisiológicos diferentes. O efeito fisiológico da perda de água depende de onde esta água está vindo. Em atletas de endurance, a principal fonte de água para a sudorese é a proveniente do plasma. Esta redução do volume plasmático é extremamente prejudicial para o desempenho por diminuir o aporte de sangue, oxigênio e nutrientes para o músculo, impor um maior esforço ao coração, aumentar a taxa de glicogenólise e conseqüentemente a acidose, dentre fatores. A perda de 2% do peso corporal, causado pela desidratação, induzida pelo estresse do calor é capaz de promover queda do rendimento físico e psicológico. Assim no caso de jogadores de futebol que podem perder três litros ou mais de suor durante uma partida a desidratação causada pelo consumo de álcool pode limitar o desempenho do jogador.
Pesquisa do Colégio Americano de Medicina Esportiva evidenciou efeitos maléficos do uso agudo da ingestão do álcool, verificando que esta substancia exerce um efeito nocivo à saúde em ampla variedade de habilidades psicomotoras, redução da força, potencia e endurance muscular localizada, velocidade e endurance cardiovascular. Também o consumo de álcool pode promover alterações no fígado, coração, cérebro, os quais estão relacionados com incapacidade e morte. (SANTOS e TINUCCI, 2004).
Nattiv; Puffer (1991), afirmam que pessoas envolvidas com atletas devem estar sempre atentas a comportamentos estranhos que porventura venham a surgir, possivelmente estresses ou por causa de outras variáveis psicosociais, genéticos ou ocasionais. Daí poder interpretar as variáveis ocasionais como aquelas que refletem na performance durante o jogo.
Assim no intuito de suprir parte das necessidades de informações a respeito do consumo de bebida alcoólica em meio ao futebol amador, este estudo teve como objetivo analisar a prevalência do consumo de álcool em atletas do futebol amador da 1ª divisão da LUF ano 2007 que disputam a segunda fase do campeonato. Esperamos ao final deste estudo propiciar aos dirigentes e técnicos das equipes subsídios para desenvolvimento de programas direcionados a maior conscientização.
2. Casuística
2.1. População e amostra
A população do presente estudo foi composta por aproximadamente 160 atletas que disputaram a 2ª fase da 1ª divisão do campeonato de futebol amador da cidade de Uberlândia/MG no ano 2007. A amostra foi composta de forma aleatória por 40 jogadores, com idade entre 18 e 37 anos correspondendo a 25% da população.
2.2. Procedimentos metodológicos
Primeiramente foi obtida uma autorização dos técnicos das equipes para a realização dos procedimentos de coleta de dados com os atletas de suas respectivas equipes. Os atletas maiores de dezoito anos assinaram um termo de consentimento livre esclarecido, através do qual foram informados de todos os procedimentos a serem realizados, assim como os objetivos de tal estudo. Feito isto, os atletas das equipes selecionadas foram submetidos aos procedimentos de coleta de dados.
2.2.1. Aplicação de questionário
O período de aplicação dos questionários, a fim de coletar os dados, ocorreu após aprovação dos técnicos das equipes participantes. Assim, durante o período de concentração dos atletas antes da partida, os pesquisadores se apresentaram aos atletas e solicitaram quinze minutos para esclarecimento do objetivo da pesquisa, leitura do termo de consentimento livre e esclarecido. Feito isto foi realizado a aplicação do questionário.
Tal questionário foi composto pelas seguintes perguntas:
Possui alguém na família com doença causada pelo consumo de bebida alcoólica?;
Consome bebida alcoólica?;
Consome bebida alcoólica durante as 24 horas que antecedem o jogo?;
Consome bebida alcoólica após o jogo?
As respostas foram obtidas de maneira direta. O atleta marcou SIM ou NÃO como únicas alternativas.
Os dados coletados por meio dos questionários foram processados pelo programa Microsoft Office Excel – versão 2003, e expressos em gráficos para melhor visualização e interpretação dos resultados. A prevalência foi calculada utilizando-se da seguinte fórmula: quantidade de respostas positivas multiplicadas por 100% dividido pelo número total de sujeitos avaliados.
3. Resultados
O gráfico do histórico familiar de patologias associadas ao consumo de bebida alcoólica (figura 1) apresenta que 79% dos entrevistados não possuem histórico familiar de patologias associadas ao consumo de bebidas alcoólicas e que 21% afirmaram que há casos na família de patologias causadas pelo consumo de bebida alcoólica.
A figura 2 representa um percentual de 45% dos entrevistados sendo consumidores de bebida alcoólica e 55% afirmaram que não consomem bebida alcoólica.
Na figura 3 tem-se a prevalência do consumo de bebida alcoólica durante as 24 horas que antecedem uma partida. 76% dos atletas entrevistados negaram o consumo de bebida alcoólica 24h antes da partida e 24% afirmaram consumir bebida alcoólica 24 horas antes das partidas.
Por fim ao verificar figura 4 nota-se que 37% dos entrevistados consomem bebida alcoólica após as partidas e que apenas 63% não consomem.
4. Discusão
O presente estudo teve como objetivo avaliar a prevalência do consumo de bebidas alcoólicas pelos atletas do futebol amador da 1ª divisão da LUF que disputam a segunda fase do campeonato 2007.
Quando analisado a prevalência de casos na família de patologias causadas pelo consumo de bebida alcoólica observou-se uma correspondência de 21%. Isto pode ser um fator determinante para a alta prevalência do consumo desta substância pelos próprios jogadores, pois, 45% deles afirmaram consumir bebida alcoólica. Assim, acreditamos que estes indivíduos são influenciados pelo meio que vivem.
Na análise sobre o consumo de bebida alcoólica 24 horas antes da partida e após os jogos observou-se a prevalência de 24% e 37% respectivamente. Tal fato é contrário ao estudo de O’ Brien (1993) o qual relata que a maioria dos atletas, que competem ou não, deixa de ingerir bebidas alcoólicas no dia do evento esportivo ou competição. Tal diferença de resultado, provavelmente, se deve ao fato de que a população analisada em nosso estudo se trata de atletas amadores e o autor supracitado analisou hábitos de atletas profissionais.
A ingestão de algum tipo de bebida alcoólica no futebol amador ocorre como forma de relaxar e de aproveitar seus momentos de lazer, descanso e confraternização. A ingestão de cerveja, por exemplo, é uma celebração com os amigos, a qual, no entanto, faz com que o organismo perca mais água do que normalmente perderia durante o jogo. Se levar em conta que a intensidade da prática da atividade física que os entrevistados exercem é notável segundo Weineck, (2005), o risco de complicações cardíacas e musculares pela perda acelerada de água do organismo.
Tal fato de ser destacado uma vez que, em estudo anterior com a mesma população realizado por Furlanetto Júnior, Gonçalves (2007) foi observado que 22,5% destes atletas apresentam associação de três ou mais fatores de risco cardiovascular, o que aumenta o risco de ataques cardíacos agudos caso estes atletas estejam com níveis de intoxicação aguda pelo etanol.
No entanto, no presente estudo foi observado que mais atletas (37%) consomem bebida alcoólica após o jogo do que antes do mesmo (24%). Assim, vemos ser este índice alto devido aos males que o álcool pode causar ao organismo do atleta quando ingerido após o esforço físico. Entre estes males podemos destacar a inibição do ciclo de cori do fígado, o qual possui um papel fundamental na remoção do lactato sanguíneo e controle da glicemia sanguínea. Assim, ao inibir tal processo o atleta mantém níveis de acidose aumentados e hipoglicemia por períodos mais prolongados. Tal fato pode levar desde danos musculares até quadros mais graves de coma por acidose, dependendo do estado nutricional do atleta. Tal fato vai no sentido contrário das recomendações feitas por Guerra, Soares e Burini (2001) os quais ressaltam que a hidratação e suprimento glicídico são os principais ergogênicos nutricionais para os futebolistas.
É importante destacar que uma limitação de nosso estudo foi a falta de dados referente a qual prevalência de atletas que fazem uso de bebidas alcoólicas em ambos os momentos. Acreditamos que tal prevalência exista uma vez que, ao somarmos os 37% que consomem depois com os 24% que ingerem antes teríamos uma prevalência de 61% de atletas consumindo álcool contra os 45% encontrados no estudo. Assim, podemos inferir que vários atletas responderam sim no questionário para ingestão antes e também para ingestão depois. Portanto, isto é motivo de maior preocupação ainda. Outra limitação foi o fato do questionário ter sido aplicado na presença do técnico alguns jogadores podem ter se sentidos coagidos em responder positivamente quanto a ingestão de bebida alcoólica, o que nos faz pensar que a prevalência de ingestão de tal substância pode ser maior ainda do que a encontrada.
Esperamos ao final deste estudo preencher um pouco a lacuna existente na literatura brasileira sobre dados relacionados a atletas amadores e propiciar aos profissionais e atletas do futebol amador maior subsidio para desenvolvimento de programas direcionados a maior conscientização dos efeitos maléficos do álcool sobre o organismo do atleta.
5. Conclusão
De acordo com a metodologia adotada e os resultados obtidos podemos concluir que existe uma alta prevalência (45%) de ingestão de bebida alcoólica, antes e/ou após os jogos, por parte dos jogadores que disputam a segunda fase do campeonato de futebol amador de Uberlândia.
Referências
AOKI, M. S. Fisiologia, treinamento e nutrição aplicados ao futebol. Jundiaí: Fontoura, 2002.
FURLANETTO JÚNIOR, R., GONÇALVES, A. Prevalência de fatores de risco cardiovasculares em atletas de futebol amador da cidade de Uberlândia. Trabalho de conclusão de curso. UNITRI, 2007.
GUERRA, I, SOARES, E,A, BURINI, R. C. Aspectos nutricionais do futebol de competição. Revista Brasileira Medicina do Esporte. v. 7, n. 6, 2001.
McARDLE, W. D., KATCH, F. I. & KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 5a ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2003.
NATTIV,A.;PUFFER,J. C. Lifestyles and health risks of collegiate athletes. The Journal of Family Practice. v. 33, n.6, p: 585-590, 1991.
O’ BRIEN, C. P.; LYONS, F. Alcohol and the athlete. Sports Medicine, n.5, v.29, p: 295-300, 2000.
O’ BRIEN, C.P. Alcohol and sport: impact of social drinking on recreational and competitive sports performance. Sports Medicine. n. 2, v. 15, p: 71-77, 1993.
SANTANA, V.S: ALMEIDA, F.N. Alcoolismo e consumo de álcool: resumo de achados epidemiológicos.
SANTOS, M.B,P, TINUCCI, T. O consumo de álcool e o esporte: uma visão geral em atletas universitário. Revista Mackenzie de Educação Fisica e Esportes. n.3, v.3, p:27-43, 2004.
WEINECK, J. Biologia do esporte. 2a ed. Barueri: Manole, 2005.
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