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Aterosclerose, lipoproteinas e exercício aeróbico

Aterosclerosis, lipoproteínas y ejercicio aeróbico

 

*Acadêmicas do curso de Educação Física da Universidade Estadual de Goiás – UEG

**Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual do Ceará - UECE

***Professor docente do curso de Educação Física da UEG

Coordenador do laboratório de Fisiologia do Exercício. Especialista em Fisiologia do Exercício

Mestrando em Ciências da Saúde, pela UFG

(Brasil)

Siomara Freire de Araújo

Camilla Bento de Macedo

Danielle Ribeiro

Michelly Marques*

Simoara Freire de Macedo**

Raphael Cunha***

siomarafma@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          A aterosclerose é uma doença causada por muitos fatores como hipertensão, diabetes, sedentarismo, obesidade, distúrbios lipídicos entre outros. É uma das grandes causas de morte em todo mundo estando entre as principais causas de óbitos no Brasil. O exercício aeróbico é um elemento bastante importante para o tratamento e prevenção desta patologia, uma vez que, atua diretamente nos fatores de risco que a causa. Esta é uma pesquisa de revisão bibliográfica cujo objetivo é analisar a aterosclerose e sua relação com as lipoproteínas HDL e LDL, como também, a atuação do exercício aeróbico no tratamento e prevenção da mesma. Através da verificação de algumas pesquisas observou-se que o exercício aeróbico é bastante utilizado no tratamento não farmacologia e na prevenção da aterosclerose e isso se deve as modificações lipidicas que o mesmo propicia, atuando diretamente na diminuição das lipoproteínas de baixa densidade e aumentando as lipoproteínas de alta densidade.

          Unitermos: Aterosclerose. Exercício aeróbico. Lipoproteínas

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009

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Introdução

    A aterosclerose é uma doença multifatorial sendo uma das principais causas de morte nos países desenvolvidos e em desenvolvimento (NEGRÃO E BARRETO, 2006) e isso se deve a crescente urbanização e aos maus hábitos de vida que incluem alimentação irregular, fumo, consumo exarcebado de álcool, stress e sedentarismo (SASAKI E SANTOS, 2006). Estes formam um grupo de fatores que propiciam o aparecimento da aterosclerose e que conseqüentemente esta relacionada a outras doenças como acidentes coronarianos, infarto agudo do miocárdio (IAM), doença isquêmica do coração entre outros (SASAKI E SANTOS, 2006).

    Além desses fatores, estão os distúrbios lipídicos, também, conhecido como dislipidemias, que está entre os principais causadores da doença aterosclerótica, a hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade e disfunção endotelial (RABELO, 1999) (NEGRÃO E BARRETO, 2006). As patologias cardiovasculares estão entre as principais causas de morte no Brasil, aparecendo como 30% das mortes em todas as faixas etárias (SANTOS FILHO E MARTINEZ, 2002), o que faz desta doença um preocupação de ordem pública.

    E por isso, muitos estudos já aparecem defendendo a idéia da utilização do exercício físico, principalmente o aeróbico, na prevenção e no tratamento dos fatores de risco para doenças cardiovasculares, entre elas a doença arterial coronariana (DAC) (PRADO E DANTAS, 2002), principalmente no que diz respeito às dislipidemias, uma vez que, a prática do exercício físico pode “alterar positivamente o metabolismo e a composição das lipoproteínas, reduzindo o risco do desenvolvimento da DAC” (NEGRÃO E BARETO, 2006, p. 224).

    O objetivo desta pesquisa é fazer uma revisão da literatura e periódicos que abordam a utilização do exercício aeróbico para prevenção e tratamento da aterosclerose e seus fatores de risco, como também, os seus efeitos sobre as lipoproteínas HDL e LDL.

Aterosclerose

    Nos Estados Unidos as doenças cardiovasculares, entre elas a aterosclerose, foram a causa mais freqüente de morte da atualidade, sendo a principal causa de óbitos nos anos 90 em todo o mundo (CARVALHO E SOUZA, 2001). No Brasil isso não é diferente, em São Paulo as doenças do coração foram às responsáveis por 403,1 mortes no sexo masculino e 171,9 no sexo feminino por 100 mil habitantes entre 1984 e 1987 (CARVALHO E SOUZA, 2001).

    Segundo Moreno et al (2005, p. 01) “dentre os fatores de risco associados à morte por coronariopatias, 42,7% tem sido atribuídos à arteriosclerose e 34,6% tem sido associados à inatividade física”. A aterosclerose é uma doença crônico-degenerativa caracterizada por estreitamento da artéria devido à deposição de gordura e conseqüente formação da placa de ateroma, placas lipofibróticas (SASAKI E SANTOS, 2006).

    Segundo a III Diretrizes Brasileira sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2001) define-se essa doença como um processo dinâmico, evolutivo a partir de dano endotelial de origem multifatorial, com características de reparação tecidual.

    Essas lesões endoteliais são causadas pelo tabagismo, alto consumo de álcool, obesidade, hipertensão arterial e outros fatores de risco para doença aterosclerótica. Com este dano ao endotélio moléculas de lipoproteína modificadas, freqüentemente as lipoproteínas de baixa densidade (LDL) que sofreram oxidação, são depositadas nas paredes do endotélio e formam as placas de ateroma (SANTOS e col. 2001).

Aterosclerose e lipoproteinas

    A placa aterosclerótica completamente formada é constituída por elementos celulares, componentes da matriz extracelular, núcleo lipídico rico em colesterol e capa fibrosa rica em colágeno (SPOSITO et al, 2007). A partir disso, o fluxo sanguíneo fica dificultado podendo provocar outras conseqüências como o acidente vascular cerebral e a doença isquêmica do coração (SANTOS FILHO E MARTINEZ, 2002).

    As lipoproteínas são estruturas moleculares responsáveis por diversas funções, participam da composição básica das membranas celulares, são precursores dos hormônios esteróides, da bile e de vitaminas e são também fontes de energia como é o caso dos triglicérides (NEGRÃO E BARRETO, 2006).

    A lipoproteína de baixa densidade (LDL) é a principal transportadora de colesterol para os tecidos periféricos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 1996). O acumulo dessa lipoproteína no sangue resulta em hipercolesterolemia podendo causar uma disfunção no endotélio, já que, esta tem grande afinidade pelo endotélio vascular das artérias, e iniciar, dessa forma, à formação de placa de ateroma (NEGRÃO E BARRETO, 2006). Este acúmulo pode ocorrer por um defeito no receptor de LDL diminuído, assim, o seu catabolismo pelo fígado (SANTOS e col. 2001).

    Outra lipoproteína importante no processo aterogênico é a lipoproteína de alta densidade (HDL) estas se diferem da LDL, pois transportam concentrações bem menores de colesterol e apresentam uma proporção maior de proteína, na sua estrutura, em comparação ao conteúdo lipídico (MORENO et al, 2005).

    Apesar da suas características benéficas a HDL também está relacionada com o processo aterogênico, uma vez que, diversos estudos demonstram que níveis plasmáticos reduzidos de HDL estão intimamente relacionados com a doença aterosclerótica coronariana (TAVARES et al, 2004), pois esta é responsável pelo transporte reverso do colesterol (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA), ou seja, ela retira o colesterol retido nos tecidos periféricos e leva para o fígado para ser catabolisado (SPOSITO et al, 2007).

Exercício aeróbico e aterosclerose

    Muitas pesquisas demonstram que o exercício físico pode auxiliar na prevenção do processo aterogênico contribuindo para o aumento das concentrações de HDL plasmáticos e diminuição dos níveis séricos de LDL (TAVARES et al, 2004) (LOURES-VALE, 2004). A prática de exercício aeróbico pode contribuir na prevenção dos fatores de risco para aterosclerose desde o sedentarismo, hipertensão arterial, obesidade até a hipercolesterolemia. Alguns estudos demonstram que o exercício aeróbico pode promover a diminuição do colesterol total e o aumento da lipoproteína HDL que têm antioxidantes (NEGRÃO E BARRETO, 2006) (FAGHERAZZI, DIAS, BORTOLON, 2008).

    Segundo Prado e Dantas (2002) após um programa de exercícios aeróbios com intensidade, duração e freqüência diferentes em indivíduos de idades variadas e diferentes níveis de aptidão física, observaram que poucos não tiveram mudanças significativas nos níveis tanto de HDL, colesterol quanto de LDL. Contudo, há relatos de que em geral os níveis séricos de LDL não diminuem significativamente após o exercício físico, observando-se em alguns casos apenas a redução de 8% no LDL plasmático em indivíduos treinados e reduções entre 5% e 8% em indivíduos sedentários que tinham hipercolesterolemia quando associados a uma dieta balanceada e à perda de peso (NEGRÃO E BARRETO, 2006).

    No que se refere à lipoproteína de alta densidade foi realizado um estudo em homens e mulheres sedentários com idade entre 50 e 65 anos, para avaliar a influência da intensidade do exercício aeróbico sobre os níveis de HDL, pode-se observar, que ao final de 2 anos, que o treinamento de menor intensidade e maior freqüência obtiveram resultados melhores no aumento do HDL do que o treinamento de maior intensidade e menor freqüência. O autor pode concluir que o exercício aeróbico de moderada intensidade pode ser benéfico para o aumento nas concentrações plasmático de HDL, ressaltando que a freqüência pode ser fundamental para essas alterações (KING et al, 1995 apud NEGRÃO E BARRETO, 2006).

    De acordo com o estudo realizado por Nieman et al apud Cambrie et al (2006) em 12 semanas, com exercícios aeróbicos e associação com dieta alimenta, houve a redução do colesterol, triglicérides e LDL, este só obteve diminuição em seus níveis plasmáticos com o exercício físico associado a dieta alimentar, porém os níveis de HDL não apresentaram modificações significativas, segundo o autor isto pode ter acontecido porque o exercício físico amenizou o efeito da dieta sobre o mesmo. Com base no exposto verifica-se que o exercício aeróbico é uma ferramenta no combate a aterosclerose, uma vez que, esta altera o perfil lipídico do individuo, além de prevenir os fatores de risco da mesma como confirma Sasaki e Santos (2006, p. 229) “o treinamento aeróbico é uma ótima ferramenta para modificação dos fatores de risco da aterosclerose”.

Considerações finais

    Por meio da verificação de algumas pesquisas sobre a utilização do exercício aeróbico na prevenção e até mesmo no tratamento da aterosclerose percebe-se que este vem sendo bastante utilizado, isto se deve as modificações benéficas no metabolismo lipídico que a sua prática proporciona, diminuindo as lipoproteínas de baixa densidade, causadoras do processo aterogênico, e aumentando a lipoproteína de alta densidade, promotora do transporte reverso do colesterol.

    E, além disso, o simples combate ao sedentarismo já é uma forma de prevenção a doença arterial coronariana, uma vez que, de acordo com as análises feitas o individuo fisicamente ativo possivelmente tem menos risco de desenvolver esta doença.

    Contudo, mais pesquisas devem ser realizadas para demonstrar os mecanismos dos exercícios aeróbicos no combate da aterosclerose e, assim respaldar a utilização do mesmo no tratamento dessa patologia.

Referencial teorico

  • CAMBRI, L. T. SOUZA, M. MANNRICH, G. CRUZ, R. O. GEVAERD, M. S. Perfil lipídico, dislipidemias e exercícios físicos. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. V. 8. n. 3. p. 100-106, 2006.

  • FAGHERAZZI, S. DIAS, R. L. BORTOLON, F. Impacto do exercício físico isolado e combinado com dieta sobre os níveis séricos de HDL, LDL, colesterol total e triclicerídeos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 14. n. 4, 2008.

  • LOURES-VALE, A. A. A importância da atividade física na prevenção da aterosclerose. Revista Prática Hospitalar. n. 34. 2004.

  • MORENO, J. R. et al. Treinamento resistido de oito semanas melhora a aptidão física mas não altera o perfil lipídico de indivíduos hipercolesterolêmicos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires. n. 81. 2005. http://www.efdeportes.com/efd81/lipidos.htm

  • NEGRÃO, C. E. BARRETO, A. C. P. Cardiologia do Exercício: do atleta ao cardiopata. 2° ed. Manole. Barueri – SP, 2006.

  • PRADO, E. S. DANTAS, E. H. M. Efeitos dos exercícios físicos aeróbios e de força nas lipoproteínas HDL, LDL e lipoproteína (a). Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 79. n. 4. p. 429-433. São Paulo, 2002.

  • RABELO, L. M. et al. Fatores de risco para doença aterosclerótica em estudantes de uma universidade privada em São Paulo – Brasil. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 72. n. 52. p. 569-574. 1999.

  • SANTOS FILHO, R. D. MARTINEZ, T. L. R. Fatores de risco para doença cardiovascular: velhos e novos fatores de risco, velhos problemas!. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. v. 46. n. 3. São Paulo, 2002.

  • SANTOS, R. D. et al. III Diretrizes Brasileira Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 77. 2001.

  • SASAKI, J. E. SANTOS, M. G. O papel do exercício aeróbico sobre a função endotelial e sobre os fatores de risco cardiovasculares. Revista Atualização Clinica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. n. 87. p. 227-233. 2006.

  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Consenso Brasileiro sobre Dislipidemias: Detecção – Avaliação – Tratamento. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 67, 1996.

  • SPOSITO, A. CARAMELLI, B. FONSECA, F. BERTOLAMI, M. IV DIRETRIZ BRASILEIRA SOBRE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 88. São Paulo, 2007.

  • TAVARES, R. FERNANDES, C. MAIA, T. DOURADO, R. O efeito do exercício físico e sua influencia sobre o HDL-C. Revista virtual EFArtigos. v. 2. n. 15. Natal-RN, 2004.

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