A utilização de filmes como recurso didático nas aulas de Educação Física Escolar El uso de películas como recurso didáctico en las clases de Educación Física Escolar |
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*Licenciado em Educação Física pela Universidade Adventista de São Paulo (UNASP-SP) **Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutorando em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Docente do Ensino Superior nas Faculdades Integradas Metropolitanas de Campinas (Metrocamp/ Veris-IBTA); UniAnchieta (Jundiaí-SP) e Universidade Adventista de São Paulo (UNASP- Campus SP) ***Bacharel, Licenciado, Mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Doutorando em Educação pela UNICAMP. Docente do Ensino Superior e Coordenador dos cursos de graduação em Educação Física na Universidade Adventista de São Paulo (UNASP- Campus SP) ****Profissional de Educação Física, graduada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) nas modalidades de Licenciatura Plena e Bacharelado em Lazer |
Diogo Petarnella* Rubens Venditti Júnior** Leonardo Tavares Martins*** Andreza Chiquetto Venditti**** (Brasil) |
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Resumo Este trabalho tem por objetivo desenvolver uma metodologia baseada em propostas aplicadas de educação física escolar com o uso de filmes e conjuntos de imagens em sala de aula, desenvolvendo também assuntos de questões éticas, consciência social, valores morais, atitudinais e humanos. Sabendo disso, utilizamos e propomos 10 (dez) filmes, já que (os filmes) fazem parte do cotidiano dos alunos, buscando diversificar a metodologia de atuação para trabalhar assuntos transversais e específicos (violência; inclusão; preconceito racial; sexualidade e superação), previstos e propostos pelo PCN e na Educação Física Escolar. Além de propor a utilização de filmes e o que fazer para enriquecer as aulas, antes e depois do filme, na Educação Física Escolar, como recursos facilitadores à proposta pedagógica e avaliativa do professor, visamos estruturar algumas propostas efetivas a partir de alguns filmes para este trabalho, como forma de exemplificar e demonstrar as possibilidades destas intervenções no contexto das aulas de Educação Física Escolar. Unitermos: Educação Física Escolar. Filmes. Recursos audiovisuais |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 139 - Diciembre de 2009 |
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Apresentação
Há hoje uma necessidade de preparar o aluno para o dia de amanhã, fazer dele um cidadão pronto para enfrentar com autonomia e poder de decisão as mais diversas situações. Uma pesquisa feita por Gomide (2000) mostra que filmes podem influenciar as atitudes de crianças e adolescentes: seus comportamentos foram influenciados em um jogo de futebol, o grupo que assistiu ao filme violento demonstrou comportamentos agressivos de forma acentuada. Já aqueles que assistiram aos filmes infantis, ou de cooperação, demonstraram um comportamento mais sereno, ou de apoio ao companheiro.
O filme pode assim influenciar de forma positiva no comportamento e temperamento, poderá também beneficiar os professores como um recurso preparatório de trabalho, pois terão de servir como mediadores nesta nova geração (BETTI, 2003).
Pretende-se preparar os professores para a mediação entre cinema/escola além de cinema/educação (BETTI, 2003), pois nem sempre estão prontos para isso, dando sugestões do uso e da prática das propostas sugestivas.
Nossa preocupação nesse artigo se encontra em desenvolver e trabalhar assuntos e temáticas diferentes dentro dos contextos das aulas de educação física escolar. Vemos nos filmes uma opção de mostrar valores aos alunos e ao mesmo tempo trabalhar e usá-los nas aulas de Educação Física Escolar, com base no PCN e na LDB. Existem milhares de filmes no mercado cinematográfico, permitindo uma variedade de títulos e temas, basta encontrar aquele que poderá auxiliar o professor em seu trabalho e no contexto no qual o grupo esteja inserido.
1. Introdução
Em diversos diálogos no ano de 2009, comentamos que há algum tempo temos separado filmes para usar em aulas. Mas sempre nos perguntávamos como poderia ser usado dentro da Educação Física Escolar e não ser uma perda de tempo. Queríamos algo que pudesse ir além da rotina, mas que não saísse da realidade. Foi quando surgiu a idéia deste trabalho, visando contextualizar valores humanos e temas transversais, sem fugir das práticas corporais em educação física escolar. Por isso, visando uma possível adequação pedagógica, segundo Betti (1997, p.11):
Nosso entendimento de educação está condicionado pela percepção de três crises no contexto educacional. Em primeiro lugar, a crise dos paradigmas de análise teórica. [...] Em segundo lugar, a crise das instituições educacionais - escola e família, especialmente, são acusadas de impotência, desatualização e despreparo face às novas condições do mercado de trabalho, dos interesses infanto-juvenis, das necessidades do mundo contemporâneo, enfim. Em terceiro lugar, a crise provocada pelo impacto das novas linguagens audiovisuais e tecnologias eletrônicas de comunicação, como a televisão, o computador, as redes de informática, etc., as quais questionam valores, objetivos e conteúdos "tradicionais" da educação.
A crise paradigmática realmente existe, mas os filmes podem ajudar a aliviar esta preocupação. O filme pode ser encarado de várias formas: entretenimento, educação e passatempo. Segundo Moran (1995a), para muitos alunos filme é sinônimo de diversão, e não chega nem perto de se considerar uma aula. Isto aponta à necessidade de o professor prestar atenção em sua postura diante dos alunos quando for utilizar um filme como recurso pedagógico. Utilizar o filme para auxiliar os alunos com planejamento pedagógico, sem perder a ligação aos objetivos da disciplina deve ser sempre pensado para a aplicação destes recursos audiovisuais.
E é o próprio professor quem muitas vezes pode fazer com que os alunos não tenham vontade de ver o filme, ou de não quererem participar das atividades propostas após o filme. O uso do filme deve ser levado tão a sério quanto qualquer outra matéria ou conteúdo trabalhado dentro ou fora da sala de aula.
De acordo com Linhares (2008), a média de uso de filmes é de cinco a dez vezes ao ano em uma sala de aula. E que professor já não se deparou com a necessidade de levar seus alunos a uma sala de vídeo? Quando necessário ao professor faltar um dia de aula, deixa um filme para que algum monitor ou inspetor da escola passe o filme.
Ou ainda mais especificamente na disciplina de Educação Física escolar, ao olhar para o céu e ver uma chuva vindo, quando o período letivo está no fim e o professor leva os alunos para assistirem filme enquanto fecha as notas, ou pior, quando não há um bom planejamento pedagógico e sem saber que conteúdo passar, leva filme para seus alunos. Como diz Moran (1995b), este é o famoso “vídeo-tapa buraco”, que pode se tornar inútil com seu uso frequente, perdendo seu foco. Acabam levando os alunos para verem algum filme, mas nem sempre sabem que tipo de filme deve ser assistido. Mas o que fazer para que não seja uma aula perdida, uma vez que muitas vezes não é dada uma continuidade ao conteúdo do filme, perdendo a oportunidade do aprendizado?
O filme não deve ser trabalhado de forma casual, como se os alunos estivessem em casa assistindo. Este recurso precisa de atenção e tratamento especial, pois pode ser uma ferramenta maravilhosa dentro do contexto escolar e da realidade sócio-cultural que nos encontramos hoje. Os alunos devem ter a consciência de que é uma aula e o quanto é necessária a participação de todos, tanto no ver o filme como na participação após o filme, dentro da atividade realizada pela turma, para que as associações e fechamentos sejam feitos e que o filme tenha correlação com os conteúdos ensinados.
Há maneiras que podemos utilizar filmes para influenciar os alunos, ajudando-os em seus relacionamentos, ou fazer deles seres críticos: introduzir no planejamento escolar o uso de filmes, já com objetivos pré-determinados com assuntos transversais e relacionando conteúdos e temas estabelecidos dentro das propostas pedagógicas em educação física escolar.
Pode-se iniciar um conteúdo, como por exemplo o basquete, com um filme no qual em seu roteiro seja apresentado o assunto principal da história do filme (como, por exemplo, o filme “Treinador Carter”). Moran (1995a; 1995b) afirma que a tecnologia por si só não garante aprendizagem. É necessária a presença de um mediador que deverá dirigir diálogos, debates e trabalhos, mantendo uma qualidade educacional no período anterior e posterior ao conjunto de imagens exibidos (BETTI, 2003). O educador dirigirá o foco do tema, desenvolvido pelo filme, aos alunos desde antes do filme até depois do mesmo.
O envolvimento do professor nos filmes permite que os alunos possam ver nele autoridade e domínio de conteúdo e informações. Além, é claro de se identificarem com o filme, se identificarão com o professor, permitindo o envolvimento com a turma e o estabelecimento de relações sociais.
Sabemos quais conteúdos escolares podemos desenvolver (esportes, jogos, lutas, dança, ginástica, circo, dentre outros), mas nem sempre sabemos o que mais podemos fazer, quais assuntos transversais tratar.
Podemos usar como exemplo o que Cury (2003) aconselha em desenvolver a criatividade, a educação da emoção, a sabedoria, melhorar a condição de tomada de decisões em situações tensas e enriquecer a socialização, na vida de cada aluno.
Os assuntos desenvolvidos desta maneira permitem preparar os jovens a fazer parte de uma sociedade, desenvolvendo neles capacidades de serem homens e mulheres pensantes e solucionadores de problemas cotidianos, já que muitas histórias (dos filmes) tratam de assuntos do cotidiano e da rotina social ativa.
Linhares (2008), após uma pesquisa em Aracaju- SE, percebe que as maiores dificuldades dos educadores no uso de imagens são: falta de espaço físico; roubo dos aparelhos; falta de assistência técnica; dentre outros (esses problemas são de estrutura física). Mas apresenta também problemas pedagógicos na dificuldade deste trabalho, que de uma forma direta ou indireta, está ligada à formação do professor e à falta de leitura sobre o uso de filmes em suas disciplinas específicas.
Isso não só fortalece o receio de abertura a novas tecnologias, como atrapalha o professor na construção de uma nova visão de educação. Ainda existem educadores/professores com formação tradicional e que não acompanharam a nova geração. Estes devem procurar novos meios de assegurar a essa nova geração a educação de uma forma dinâmica, utilizando novas possibilidades para melhorar a qualidade do ensino. Os professores que trabalham com filmes em sala de aula costumam usar sempre o mesmo desenvolvimento no período que chamaremos de pós-filme, o diálogo e debate na turma sobre o tema do filme, uma redação ou produção de texto e desenhos e colagem em cartazes (LINHARES, 2008).
Em Aracaju-SE, foi implantado o Projeto Vídeo Escola, com um material todo pronto e padronizado. Mesmo assim, Linhares (2008) observou que há dificuldades no uso de filmes para os professores desenvolverem suas aulas.
Esta é a nossa proposta: sugerir uma metodologia que permita aos professores trabalharem o uso de filmes de uma forma que não seja desvinculada do projeto pedagógico, mas também com enriquecimento moral, cultural e social. As imagens televisivas ou cinematográficas fazem parte da cultura do homem assim como a própria escrita e vêm aumentando cada vez mais com o desenvolver da tecnologia (Linhares, 2008).
Moran (1995a) afirma que a tecnologia pode ser um grande apoio ao meio pedagógico que tem como objetivo a aprendizagem da e para a vida. Ainda existem muitos profissionais que não possuem conhecimento tecnológico no uso acadêmico. Temos de utilizar estes materiais (televisão, DVD, computadores, etc.) como recursos possíveis para engrandecer as aulas tornando-as de mais qualidade e promovendo o envolvimento, trazendo os alunos para dentro do tema sugerido pelo docente em Educação Física Escolar.
A partir da década de 80, foram discutidos, na área educacional brasileira, modelos na prática da Educação Física Escolar, tendo um referencial crítico: os PCNs – PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (BRASIL, 1998, p. 25), questionando as características da Educação Física Escolar e propondo mudanças.
A Educação Física Escolar crítica, propõe um modelo de superação das questões sociais, das injustiças e da desigualdade. Portanto, deve o professor interagir em suas aulas, abordagens sociais, econômicas e políticas, superando as desigualdades sociais (BRASIL, PCN – Educação Física, 1998, p. 25).
A construção do senso crítico, deve não ser apenas para questões sociais e políticas, mas também para uma crítica em questões do corpo e da saúde. Poder entender seus limites e funcionamento corporal, podendo julgar o que é saudável ou não para si. É aqui que os filmes e recursos audiovisuais podem colaborar para melhorar os contextos da qualidade de vida e da prática corporal.
Caetano, Costa e Pires (2009, p. 02) propõem “uma reflexão para a construção de uma Educação Física que promova a constituição de um sujeito autônomo, crítico e que refute a imagem da mídia de um corpo ‘perfeito’ para que não percamos nossa própria subjetividade”. Diariamente a indústria midiática mostra valores errados sobre como o corpo deve ser: mulheres magras e homens musculosos, como meio de ganhar dinheiro e status social.
O “bullying” ainda é uma realidade nas escolas, pode estar relacionado com o que os alunos vêem na televisão, onde alguns estereótipos não são comuns e atraentes na sociedade moderna, como: pessoas altas, baixas, gordas e muito magras. No passado, homens casavam com mulheres acima do peso acreditando que lhes dariam filhos fortes, comprovando que tudo isso é uma questão de costumes sociais, regendo o que é certo e errado.
A mídia influencia de diversas formas o nosso dia-a-dia, tanto no que comemos, como no que vestimos e no que fazemos. O professor pode, por meio dos filmes, auxiliar no desenvolvimento crítico dos seus alunos, mostrando cenas onde personagens colocam suas opiniões e valores em primeiro lugar, não dando atenção a outros que tentam influenciá-los, como em cenas de uso de drogas. Mostrar aos alunos o que o doping pode causar, um exemplo é na Olimpíada de Roma em 1960, onde o dinamarquês Knut Jensen morreu numa prova de ciclismo e após a autopsia constatou-se uma grande quantidade de anfetaminas (DUARTE, 2006).
Entender o quanto as drogas são ruins para o corpo, não apenas drogas como maconha e heroína, mas também anabolizantes e estimulantes, entenderem que a prática esportiva é o melhor meio para se ter resultados físicos e qualidade de vida podem ser discutidos na educação física escolar. Betti e Zuliani (2002, p. 73-74), mencionam que os alunos devem criar um senso crítico para os valores do corpo e da prática corporal de movimento; continuam dizendo que os alunos devem estar preparados para julgar questões estéticas e técnicas, passar assuntos políticos, históricos e sociais para avaliarem a violência, o doping, os interesses políticos e econômicos no esporte. Mais uma vez, os filmes e imagens midiáticas podem ser facilitadores de conhecimento, potencializadores de informação e promotores de reflexões e senso crítico em nossos alunos e alunas.
A política e a economia influenciaram diversas vezes em eventos olímpicos, como em 1916, ano no qual a Olimpíada não foi realizada por causa da Primeira Guerra Mundial; após diversos discussões, China e Taiwan não participaram das Olimpíadas de 1952 e em 1992 a Iugoslávia passando por uma guerra civil desde 1991, não pôde participar dos Olimpíadas (DUARTE, 2006). Os alunos devem entender as influências políticas que existe no meio esportivo e isso não é assunto apenas da disciplina de História, mas também da Educação Física Escolar.
O senso crítico desenvolvido para questões sociais, políticas e esportivas, pode ser carregado por muitos anos pelos alunos. A teoria crítica nos permite usar a aproximidade da realidade do mundo dos alunos para desenvolver valores e assuntos transversais, como: ética, saúde, valores e conceitos, meio ambiente e sexualidade (BRASIL, PCN – Educação Física, 1998, p. 34-40).
A Educação Física Escolar desenvolve o senso crítico nos alunos em momentos onde podem opinar nas aulas e nos métodos e correntes aplicadas da EF, além das práticas corporais e seus objetivos, contextos e utilização da educação física para diversas finalidades extra-aprendizagem. Sendo assim, os filmes serão uma nova ferramenta de trabalho, que com o auxílio do professor, podem oferecer novas oportunidades de que os alunos sejam mais críticos e reflexivos em diversas questões da vida, analisando contextos sociais, intrapessoais e políticos.
2. Mídia e cultura corporal de movimento segundo os PCNs
Em pleno século XXI, uma das coisas que os alunos melhor fazem é lançar estilos próprios, criar costumes e culturas próprias. Suas vidas são constantemente influenciadas pela mídia, que se manifesta na própria comunicação entre os jovens e na linguagem da mídia (videoclipes, imagens produzidas por computação gráfica, desenhos e fotos associadas a textos concisos nas revistas e jornais etc.).
A mídia hoje, através de suas imagens dita aos nossos alunos que um bom jogador usa a chuteira de um determinado atleta ou um velocista usa um tênis de uma especifica marca, supondo, ou melhor, inculcando nesses espectadores que produtos usados por atletas de alto nível podem influenciar no resultado do seu rendimento na prática esportiva (BRASIL, PCN - Educação Física, 1998, p. 24).
Os alunos permanecem muitas horas diante do aparelho de televisão, que hoje rivaliza com a escola e com a família como fonte de formação de valores e atitudes. Contudo, o que a mídia propicia, num primeiro momento, é um grande mosaico sem estrutura lógica aparente, compostas de informações desconexas e em geral, descontextualizadas (BETTI e ZULIANI, 2002, p. 73).
No segundo jogo da final da Copa do Brasil (no dia 01º de julho em 2009, às 21:50, no estádio Beira Rio, Rio Grande do Sul), entre Corinthians e Internacional, houve um lance de muita discussão. Enquanto muitos programas esportivos elogiavam o zagueiro corintiano fugindo de uma briga, que era procurado por um meio campo do Internacional, outro programa exibia uma torcida que via o jogo de um barzinho gritando e vibrando com a confusão. Ao invés do espectador vibrar com os pontos negativos de um espetáculo, deveria viver o momento da festa e da alegria, não apenas de um título, mas de um bom jogo. Narradores e comentaristas diziam que a beleza do espetáculo (do jogo) valeu muito mais que o valor da entrada. Neutralizavam a beleza do jogo enaltecendo a conduta errada do jogador. Mostrando valores errados para todos os que assistiam, influenciando comportamentos e atitudes de uma geração inteira.
Também no campo da cultura corporal de movimento, a atuação da mídia é crescente e decisiva na construção de novos significados e modalidades de entretenimento e consumo, como nos jogos de vídeo game. Na capa destes jogos (esportivos), aparece a imagem dos atletas de maiores rendimentos e resultados, chamando a atenção para os jogos através de imagens, muito comum nos programas esportivos (BRASIL, PCN - Educação Física, 1998, p. 28).
As influências de consumo cada vez mais aumentam no aspecto midiático. “A sociedade como um todo vem consumindo mercadorias propagandeadas pelos meios de comunicação e imagens que a Indústria Cultural coloca como a melhor, utilizando-se de um discurso enraizado na liberdade de escolha (...)” (CAETANO, COSTA e PIRES, p. 01, 2009)
A imagem hoje do esporte é totalmente mercadológica e capitalista, reduzindo este fenômeno maravilhoso a um meio de comercializar produtos e materiais esportivos, com livros que narram a história de atletas, dos clubes, das modalidades esportivas e campeonatos. O esporte, as ginásticas, as danças e as lutas tornam-se, cada vez mais, produtos de consumo e espetáculo entretenimento (mesmo que apenas como imagens) e objetos de conhecimento e informações amplamente divulgados ao grande público, inclusive como forma de entretenimento.
Os alunos também tomam contato, às vezes precocemente, com práticas corporais e esportivas do mundo adulto. Muitas crianças são influenciadas a praticar o esporte que os pais gostam. É muito comum a escolha esportiva dos alunos serem semelhantes aos daqueles com quem eles mais passam tempo juntos.
A programação que vemos na TV hoje nem sempre é conteúdo de crescimento, seja cognitivo ou social. A mídia apresenta uma concepção prevalecente do que é esporte e do que é ser esportista, muitas vezes associada a “vencer na vida”, cultivando como valores o esforço intenso, o dinheiro, as medalhas olímpicas e recordes: o mundo é dos mais fortes! Essa visão do meio esportivo de alto rendimento e obrigação de conquistas vem também de casa, quando a criança joga pela primeira vez um campeonato ou compete num evento de natação, vemos pais próximos do local gritando pelo filho e por mais que seja só uma torcida, a criança que não é atleta, se sente na obrigação do resultado e de mostrar seu melhor.
Por outro lado, numa aparente contradição, a TV tende a chamar de “esporte” todas as atividades corporais que visam a melhoria da condição física (andar, correr, “malhar” na academia etc.), a superação de desafios (bung jumping, asa delta) ou as atividades na natureza (montanhismo, trilhas ecológicas e canoagem, etc.). É aproveitando esse momento que o professor deve sugerir ao aluno diversas outras práticas corporais que não sejam os esportes tradicionais e já de conhecimento de seus alunos. Poder-se-ia inclusive abordar as próprias práticas esportivas com fins de obter uma boa qualidade de vida e por prazer de fazê-las (BRASIL, PCN - Educação Física, 1998, p. 32).
As práticas em meio à natureza são ideais quando se quer obter um resultado além do condicionamento físico, pois a saúde mental é renovada quando estamos em meio à natureza longe das cidades e do estresse do cotidiano (LAVOURA e MACHADO, 2006, p. 146-148).
No caso do esporte, a televisão produziu uma nova modalidade — o Esporte Espetáculo — que se apóia na sofisticação de modernos recursos tecnológicos. Hoje podemos mergulhar com o nadador, ver bem próximo do tablado os movimentos de uma ginasta, ir pendurado em um capacete no automobilismo, numa rampa de skate ou no equipamento (capacete) de um pára-quedista; há câmeras em todos os lugares possíveis. Mesmo nos costumeiros jogos de futebol, vemos câmeras dentro do gol, ouvimos o que os técnicos falam com seus jogadores. E se não fossem todos esses recursos (além dos computadorizados), o público não teria essas visões se estivessem no jogo ao vivo.
O esporte hoje é sinônimo de marketing (milionário) e essa propaganda precisa ser exposta de várias maneiras. Para atrair o espectador, as emissoras inventam e criam milagres para prender a atenção e o público em suas transmissões. Expondo-nos a informações que são possíveis através da TV. Hoje, as crianças e adolescentes deixam de praticar modalidades esportivas para ficarem vendo em suas TVs (BETTI e ZULIANI, 2002, p. 73), o que não seria saudável, pois deixam de lado os jogos e brincadeiras.
Conhecendo quais fatores “midiáticos” nossos alunos estão expostos, o professor de Educação Física tem uma importante missão: em primeiro lugar, os alunos possuem muitas informações sobre a cultura corporal de movimento em geral; exigindo do professor uma atualização constante. A mídia exerce uma função genérica de conhecimento sobre essa cultura, o que pode enriquecer a sua apreciação e interpretação pelos alunos. A imagem possui uma importância intelectual nos dias de hoje e vai melhorar a cultura audiovisual cultivada pelos alunos. O professor precisa estar permanentemente atento à mídia, a fim de não perder um importante canal de diálogo e compartilhamento de interesses.
Em segundo lugar, há um evidente descompasso entre o nível técnico difundido pelo esporte-espetáculo da TV e as reais possibilidades de alunos, professores e escola atingirem-no. A realidade hoje das escolas impossibilita alunos chegarem ao alto rendimento, mesmo que para suas respectivas idade. Ainda é possível encontrar nas escolas uma diferença relevante nas escolas em questões de material de uso do professor de Educação Física Escolar.
E como atingir o nível técnico dos astros do basquete americano, ou de qualquer outra modalidade exercida profissionalmente? Não se podem ignorar a mídia e as práticas corporais que ela retrata. Esse é o universo em que as novas gerações socializam-se na cultura corporal de movimento, pois o futebol, por exemplo, não é mais só uma pelada num terreno baldio, é também videogame e espetáculo da TV. Portanto, a Educação Física deverá manter um permanente diálogo crítico com a mídia, trazendo-a para dentro da escola como um novo dado relacionado à cultura corporal de movimento.
3. O cinema nas escolas
A junção de cinema e escola de acordo com Carmo (2003, p. 72), levanta uma discussão sobre as possibilidades educacionais na mudança pedagógica do currículo escolar. Alguns autores e representantes da educação já vêm dizendo da necessidade de uma mudança pedagógica no Brasil. Carmo (2003) continua afirmando que o cinema busca a mudança de paradigmas na educação, pois devemos perceber, avaliar e entender essa mudança.
Para isso, é importante a “leitura” dos filmes antes de qualquer tipo de uso, procurando conhecer a melhor maneira do usá-los. O uso de filmes (imagem e som) modifica o processo de aprendizagem e permite diferentes abordagens pedagógicas, pois com eles podemos utilizar as diferentes linguagens como meio para produzir, expressar e comunicar idéias, interpretar e usufruir das produções culturais (BRASIL, PCN - Educação Física, 1998, p. 07).
Betti e Zuliani (2002, p. 73-74) discorrem que a Educação Física apresenta características próprias e inovadoras, que considerem a nova fase cognitiva e afetivo-social, sendo os filmes um método alternativo para esta nova “fase”, uma fase onde a Educação Física traz o filme para a escola, interpreta e explana para seus alunos espectadores.
Cinema na escola requer pensar em parâmetros de uma política audiovisual, seja na educação privada, seja na educação pública. Devemos nos motivar mais ainda a usar os filmes como um recurso em sala de aula. A linguagem audiovisual deve ser falada a todos, apresentando “a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, (...)” (BRASIL, PCN - Educação Física, 1998, p. 07), além de facilitar o contato com diferentes culturas, crenças e etnias ou outras características individuais e sociais.
Carmo (2003) destaca uma questão interessante: os filmes devem ser separados por idade ou escolaridade? Existem alunos que foram retidos em algum ano letivo, ou que iniciaram sua escolaridade após a idade correta tendo um atraso escolar, e aqueles que de alguma maneira anteciparam sua entrada no primeiro ano. Embora eles não sejam maioria, o professor deve fazer uma média de idade da turma e assim verificar o melhor filme a ser escolhido, como falado antes, levando também em consideração a maturidade e o contexto sócio-cultural da turma. Se achar necessário o professor pode passar alguns títulos a eles e deixar que escolham e selecionem as obras a serem assistidas.
O cinema na sala de aula deve ser encarado de uma maneira mais séria e profunda em relação aos atuais recursos didáticos. O uso das imagens precisa ir mais afundo, mergulhar na imaginação e trafegar por caminhos jamais vistos, entender as atitudes dos personagens. “A imagem deverá ser a fonte do conhecimento, da reflexão (...)” (CARMO, 2003, p. 73).
O professor que deseja ir além e fazer de suas aulas um meio de buscar seu aluno e nele fazer a diferença pode usar o cinema. O professor pode fazer um diferencial na vida de seu aluno, utilizando um filme e método certo. Para isso:
Educar pelo cinema ou utilizar o cinema no processo escolar é ensinar a ver diferente. É educar o olhar. É decifrar os enigmas da modernidade na moldura do espaço imagético. Cinéfilos e consumidores de imagens em geral são espectadores passivos. Na realidade, são consumidos pelas imagens. Aprender a ver cinema é realizar esse rito de passagem do espectador passivo para o espectador crítico (CARMO, 2003, p. 77).
A maior dificuldade é a passividade do espectador (CARMO, 2003), que sem conhecimentos do cinema, sem instrumentos adequados e sem o método certo para disponibilizar a comunicação entre arte cinematográfica e escola passam muito tempo apenas vendo o filme, mas devem interpretar o filme e criar opiniões diante da idéia exposta pelo diretor. Não basta apenas assistir, temos que fazê-los (alunos) entender e trazer para o cotidiano toda a problematização contida no filme, devemos facilitar aos alunos as relações existentes entre as obras e os temas que desejamos abordar em aula.
A Educação Física possui muitas ferramentas de trabalho, e é muito conhecida como uma matéria interdisciplinar (BETTI, 1997, p. 07), podendo trabalhar assuntos transversais sem fugir do que a LDB objetiva para as aulas de Educação Física Escolar.
Portanto não basta apenas passar o filme e não saber ler o conjunto de cenas. E é aqui que surge a condição do professor, “ler/ interpretar” com seus alunos o enredo, voltar a cena e rever em slow se necessário, mostrar os dados técnicos do filme, sua origem, onde foi gravado, quem são seus atores, etc. Revelar aos alunos espectadores o que não podemos ver apenas nos filmes, extrapolar o simples assistir, mas refletir e discutir diversos aspectos da obra.
Carmo (2003) diz que não há interpretação do filme sem o pensamento, sem o raciocínio. A facilidade de ver o filme não significa que há uma compreensão garantida. Às vezes é preciso vê-lo duas ou três vezes para visualizar acontecimentos que na primeira vez não foi possível ver, nem sempre o que parece estar claro é tão óbvio assim. Existem vários tipos de filmes: comédia, ação, aventura, documentário, etc. Os do tipo série ou trilogia, por exemplo, é necessário assistir todos para ter uma boa compreensão da história, é como se um único filme fosse gravado em várias edições.
Os filmes podem ser observados de maneira diferente, de modo crítico e contextualizado, com diversas unidades disciplinares na escola. Pode-se observar o local da história e suas características; em que data histórica os fatos ocorrem; se há uma guerra acontecendo; qual a importância dos personagens para o desenrolar da história.
Muitas de suas formulações poderiam ser levadas adiante pelos educadores ou pela Academia; porém, o cinema continua enfrentando obstáculos para uma inserção arrojada, quer na filosofia e na sociologia da educação, quer na elaboração de novos métodos de ensino e aprendizagem. E talvez seja este o segredo do cinema na escola: a educação é um cinema de invenção, de invenção permanente (CARMO, 2003, p. 97).
O cinema apresenta muitas dificuldades para encontrar seu espaço social e educacional, mas podemos através das aulas de Educação Física desenvolver o “cinema educacional” com propostas diversificadas e de fácil desenvolvimento, e sem perder o objetivo, trabalhando de maneira integrada às outras disciplinas e de acordo com as propostas dos temas transversais, previstos na LDB e PCNs. É esta a proposta deste projeto, incluir o filme de modo útil nas aulas de Educação Física Escolar. Podemos incluir um novo método na proposta pedagógica, possibilitando a construção de uma metodologia de ensino simples diante de outras disciplinas, auxiliando no desenvolvimento dos nossos alunos – afetivo, social e motor (BETTI e ZULIANI, 2002, p. 77).
4. Método
Objetivos
Este trabalho tem por objetivo desenvolver uma metodologia baseada em propostas aplicadas de educação física escolar com o uso de filmes e conjuntos de imagens em sala de aula, desenvolvendo também assuntos de questões éticas, consciência social, valores morais, atitudinais e humanos. Sabendo disso, utilizamos e propomos 10 (dez) filmes, já que (os filmes) fazem parte do cotidiano dos alunos, buscando diversificar a metodologia de atuação para trabalhar assuntos transversais e específicos, previstos e propostos pelo PCN e na Educação Física Escolar.
Além de propor a utilização de filmes e o que fazer para enriquecer as aulas, antes e depois do filme, na Educação Física Escolar, como recursos facilitadores à proposta pedagógica e avaliativa do professor, visamos estruturar algumas propostas efetivas a partir de alguns filmes para este trabalho, como forma de exemplificar e demonstrar as possibilidades destas intervenções no contexto das aulas de Educação Física Escolar.
Vale ressaltar que o interesse aqui não é desenvolver um manual de filmes para aplicação em aulas, mas sim exemplificar através destas obras selecionadas como seria possível trabalharmos com o “cinema educacional” no contexto da educação física escolar. Cabe a cada docente e educador que desenvolva suas próprias escolhas e atualize-se constantemente com relação às obras e temas selecionados, sendo que existem diversas opções, para cada público e temática a ser discutida.
Procedimentos e sistematização
De acordo com os parâmetros do Manual de Classificação Indicativa, as diversões públicas são classificadas como:
Visando a classificação indicativa, foram selecionados dois filmes para cada tema, presente e destacado no PCN, que pretendemos discutir e propor os recursos audiovisuais: violência, inclusão, preconceito racial, sexualidade e superação.
O presente trabalho apresenta um total de 10 filmes, selecionados em razão das temáticas escolhidas acima. Foi considerado, para a seleção dos mesmos: o enredo; a classificação indicativa proposta, como item de seleção para as faixas etárias propostas; e conteúdo relevante educacional.
Nosso público alvo foram alunos que se encontram no Ensino Médio do sistema de educação, ou seja, jovens entre 15 e 19 anos de idade. Portanto, estas propostas se enquadram basicamente para o público adolescente, sendo que a mesma metodologia pode ser ampliada para as diversas faixas etárias e níveis educacionais, levando-se sempre em consideração o contexto sócio-cultural, as temáticas e as características de cada grupo a ser trabalhado.
Dentro de cada tema proposto, selecionamos duas sugestões de filmes, como forma de exemplificar como seria possível desenvolver as temáticas e os procedimentos a serem seguidos para melhor aproveitamento destes recursos em ambiente educacional.
Os objetivos e estas temáticas foram desenvolvidos com base nas aulas de Estágio Supervisionado do primeiro autor, em uma escola da região Sul da cidade de São Paulo, durante o ano de 2009. São eles: conhecimento; habilidades motoras; e atitudes e valores agregados.
Conhecimento trata do que os alunos já possuem de informações sobre o tema abordado. Já as habilidades motoras são demonstrações físicas nas atividades; práticas corporais, quer seja um jogo, uma atividade ou formas de expressão corporal. As atitudes e valores são habilidades que não podemos visualizar, mas que podemos desenvolver como consequência do trabalho, tratando a respeito dos assuntos, buscando reflexões, associações e relações com o cotidiano do aluno, visando o desenvolvimento da criticidade em nossos alunos sobre as temáticas propostas e selecionadas.
Os filmes foram separados dentro de cada tema, tendo como base o PCN. São os temas: violência; inclusão; preconceito racial; sexualidade e superação. Todos selecionados pela faixa etária do Ensino Médio. Nas propostas elencadas e usadas como exemplo no trabalho, agregamos as sinopses dos filmes com as principais informações técnicas, além de um comentário com observações e sugestões de trabalho e procedimentos para utilizar do filme em questão.
O procedimento básico consiste em duas fases: a primeira com atividades preparatórias para o filme; e a segunda, atividades já relacionadas ao filme contendo atividades devidamente focadas ao tema abordado pelo professor. Estas atividades podem ser tanto práticas e atividades corporais, dentro e fora de sala de aula, como também reflexões, rodas de conversa e dinâmicas que busquem debater e discutir aspectos pertinentes e interessantes nas obras selecionadas. As atividades variam de acordo com o tema abordado. Reforçamos mais uma vez que as mesmas são sugestivas e altamente flexíveis, podendo ser realizadas adaptações e adequações, de acordo com a necessidade do professor ou da turma.
Cada momento aqui sugerido está respeitando as propostas metodológicas gerais e conteúdos específicos sugerido por Betti (2002). Sem fugir do tema da aula trabalhado pelo professor de Educação Física, com comentários explicativos dos métodos usados no fim de cada proposta, acompanhando as sinopses e informações técnicas. Este é nosso desafio!
5. Propostas pedagógicas
Como já mencionado, as propostas a seguir foram separadas por cinco temas: violência, inclusão, preconceito racial, sexualidade e superação. Acompanham três objetivos para cada tema, sendo eles: conhecimento, habilidades e atitudes/ valores.
Nos objetivos de conhecimento, temos apenas discussão rápida, avaliando o quanto cada aluno, ou a turma, conhece(m) sobre o assunto. Nas habilidades motoras, temos propostas de práticas voltadas ao tema desenvolvido. Nas atitudes e valores, é onde há o crescimento sócio-cognitivo e deve ser levado em consideração. Não pode ser deixado de lado o aspecto da discussão e criticidade de nossos alunos, pois sem os valores, a aula não será completa e o uso do filme foi em vão, desvinculado da proposta que considere as questões complexas de contexto e realidade social. Aqui é o momento de maior importância da mediação do educador, que deve estar atento na intervenção e detecção dos elementos que surjam das discussões.
Quando o foco for a cognição, deve-se discutir temas da atualidade voltados à cultura corporal de movimento, uso de textos, dinâmicas de discussão em grupo, matérias de jornais e revistas e o uso de filmes (BETTI e ZULIANI, 2002, p. 77).
Violência
Assuntos
Violência, agressão, tomadas de decisões, comportamento e influência das más amizades.
Objetivos
Conhecimento: discutir sobre as consequências da violência, o que leva uma pessoa ter atos violentos, o que elas causam à sociedade e às pessoas que as praticam, o que pode a violência causar no futuro de quem a pratica.
Habilidades:
Atitudes e valores:
Atividades
Antes dos filmes: propor o jogo rouba bandeira, onde a turma será separada em duas equipes: equipe “A” e equipe “B”. Cada equipe usará uma metade da quadra e no fundo de cada lado deverá constar uma bandeira ou objeto que deverá ser “roubada” pela equipe adversária. As equipes deverão, sem o auxílio do professor, montar estratégias que permitirão à equipe pegar a bandeira do adversário enquanto defende a própria bandeira, se alguém da equipe A for pego dentro do espaço da equipe B, este deverá permanecer parado (“duro”) até que alguém da sua equipe venha e toque nele para que seja “livre” novamente. Ao redor da bandeira deve haver uma espaço (aproximadamente 2 m²), onde quem vem buscar a bandeira não poderá ser endurecido, pois é uma área neutra. O objetivo é mostrar que se trabalharem em prol do bem comum, juntos, poderão conseguir a vitória. Neste momento, a estratégia será fundamental. Se necessário for, o professor deve intervir e conversar com a(s) equipe(s): o que precisam fazer para ganhar (como por exemplo: separar a equipe em duas e uma parte fica só na defesa da bandeira, enquanto a outra parte deverá buscar a bandeira do adversário e salvar os companheiros que estiverem pegos do lado adversário). O jogo acaba quando uma das equipes trouxer a bandeira do adversário para o seu campo sem ser pego.
Após os filmes: utilizando as mesmas regras do rouba bandeira, agora separarem três (ou quatro) equipes e dividir também a quadra em quantidades iguais às das equipes. As equipes deverão agora atacar e defender mais de uma equipe. Se uma equipe tiver duas bandeiras em seu campo, a equipe adversária só poderá pegar uma bandeira de cada vez até que junte todas em seu campo. Ao trazer a bandeira, a mesma deve ser posta junto da bandeira da própria equipe. Acaba quando todas as bandeiras estiverem em posse de uma única equipe.
Comentários e sugestões
Importante alertar os alunos sobre o tema da violência antes de fazer o exercício prático. Após os jogos, o professor pode dialogar com as equipes os pontos positivos e negativos da estratégia. O professor pode expor sua opinião mostrando o quanto é importante o trabalho em grupo, pois em jogos de competição sempre haverá um vencedor e um perdedor, sempre haverá aquele que fará o ponto e o que defende a equipe. Possivelmente, em um determinado momento, acontecerá de todos de uma equipe atacarem e não ficar ninguém para defender. É ai que eles irão perceber que uma tomada errada de decisão pode prejudicar uma equipe completa. Este é o momento de alertá-los, sobre as amizades, suas influências positivas ou negativas, o que acontece com quem usa a violência e a marginalidade como meio de solucionar problemas, o que acontece com quem se vinga e o que podem fazer no lugar da violência.
Exemplo prático: O filme “A Gangue Está Em Campo”, relata adolescentes praticando esportes e fugindo da marginalidade, podendo ser atletas e se reabilitarem com um futuro promissor e de sucesso. Alunos do ensino médio nem sempre sabem perder, e normalmente usam da violência para conseguirem seus objetivos, mesmo que por meio de força física ou verbalmente. Mas são bons para reconhecerem os erros e se auto avaliarem.
Obras propostas
Título: A Gangue Está Em Campo |
Sinopse: Dwayne Johnson estrela este emocionante filme baseado em uma história verídica, sobre um grupo de adolescentes delinquentes que conseguiram uma segunda chance de transformar suas vidas através do futebol americano. |
Informações técnicas: Título original: Gridiron Gang, Faixa etária: a partir de 14 anos |
Título: Poder Além da Vida |
Sinopse: Dan Millman (Scott Mechlowicz) é um jovem que parece ter uma vida perfeita. Bonito, popular e vitorioso em campeonatos de ginástica olímpica, sua felicidade é destruída quando um acidente de carro o impede de praticar o esporte e prestigiar as festas que faziam parte de sua vida. |
Informações técnicas: Título Original: Peaceful Warrior, Faixa etária: 12 anos, Direção: |
Inclusão
Assuntos
Inclusão, deficiência, superação, liderança, escolhas e resultados das atitudes tomadas.
Objetivos
Conhecimento: discutir qual a importância da inclusão e da acessibilidade social para as pessoas com deficiência, locais com adaptações (rampa, sinalização visual e auditivo, elevadores, etc.), oportunidade de trabalho, lazer e estudo. Tratar do paaradigma da diversidade humana e o respeito às diferenças em nossa sociedade.
Habilidades:
Atitudes e valores:
Atividades
Antes do filme: se houver qualquer tipo de aluno com deficiência física, é um momento exato para trabalhar este tema, mesmo que não haja nenhum tipo de exclusão por parte da turma para com o aluno. Ainda que não haja alunos com condições de deficiência, pode ser que algum aluno conheça ou tenha contato com este público.
Um exercício muito interessante de se fazer é separar os alunos em duplas (se necessário trio), um dos alunos estará com os olhos vendados e terá total liberdade de falar, porém o outro aluno não poderá em momento algum falar, mas guiará o aluno que está com os olhos vendados. Farão uma leve caminhada na quadra ou nas dependências da escola, percebendo e interpretando os diversos estímulos, “sentindo na pele” as dificuldades em se comunicar e interagir com o ambiente em situações de privações de algum sentido.
O interessante neste exercício é que passem por vários lugares diferentes, em terrenos variados (grama, terra, cimentado), por variações de alturas como degraus e rampas. O aluno que está com os olhos vendados deverá sentir a variação do ambiente que pisa e tentar perceber o que há ao seu redor apenas ouvindo. Mesmo que fale, não pode ver e nem ouvir o companheiro ao seu lado, pois este apesar de ver está como um indivíduo mudo. O aluno que conduz sentirá a dificuldade de não poder falar ao companheiro para ter cuidado com o degrau e nem perguntar aonde quer ir. Após um período determinado, os alunos devem trocar de posições. Se for trio, deixar que apenas um (mudo) cuide dos outros dois com olhos vendados e no fim devem revezar o aluno que irá guiar. Ao fim do exercício, todos devem se reunir e discutir quais as dificuldades encontradas quando cego ou quando mudo. Permitir que relatem o que sentiam quando podiam apenas ouvir, se perceberam que após ficarem sem ver que a audição ficou mais aguçada e como acham que deve ser a vida de um indivíduo com deficiência.
Após o filme: fazer uma análise com a turma do filme, avaliando se o objetivo foi alcançado. Pode-se fazer dois exercícios diferentes, um deles é jogar alguma modalidade esportiva adaptada (com privação de algum sentido ou ainda dificultando a locomoção e parte motora dos participantes, como se não pudessem usar as pernas, por exemplo). Pode deixar uma regra só, não se pode retirar o quadril do chão, devem se arrastar usando apenas as mãos ou apenas ficarem parados. Se for vôlei ou basquete, usarão também as mãos no passe e/ou arremesso. No caso do futebol usaram os pés para o chute e o passe.
O segundo exercício pode ser feito com barbante: usando um pedaço grande de barbante prenda as mãos do aluno em uma distância próxima dos pés, e peça a ele que faça algumas atividades como pegar e transportar objetos, andar por entre as mesas, cumprimentar alguém, ir ao banheiro, beber água, etc.
Escolha um trecho de 2 minutos de um dos filmes sugeridos a seguir, passe sem o áudio para que eles possam criar a fala da cena, escrevendo em papel e depois podem “dublar” a cena com o diálogo que criaram, ou passe a mesma cena com áudio, mas sem a imagem, com olhos fechados terão que montar a cena em suas mentes, mas não podem tê-la visto antes, para que não haja influencia do que já viram.
Comentários e sugestões
Há uma parte do filme Murderball que os atletas dizem como é a vida pessoal e sexual deles, se a turma for madura e que não haja constrangimento para ninguém, os alunos verão o quanto os deficientes físicos podem ter uma vida normal. Porém, se o professor observar que não seja uma cena adequada, pode avançar esta cena.
O filme Murderball é bom para o ensino médio, se a turma for entre do ensino fundamental II pode usar o filme “Vermelho Como o Céu” e para os pequenos do fundamental I o filme seria o “Procurando Nemo”, pois o pequeno peixe laranja possui uma nadadeira menor que a outra e isto traz diversas dificuldades para ele em sua saga.
O professor pode sugerir de irem visitar algum tipo de abrigo ou instituição para deficientes físicos e ali fazerem uma programação especial, o crescimento pessoal dos alunos será muito grande, se tudo ocorrer bem o maior ganho não será dos visitados, mas dos que visitaram.
Obras selecionadas
Título: Murderball - Paixão e Glória |
Sinopse: Duas equipes de rúgbi para cadeirante vivem tensões antes da final nas Paraolimpíadas de 2004 (Atenas), enquanto isso o enredo acompanha a vida deles na íntegra e de quem se recupera de um acidente de moto. |
Informações Técnicas: Título original: Murderball, Gênero: Documentário. |
Título: Vermelho Como o Céu |
Sinopse: Saga de um garoto cego durante os anos 70. Ele luta contra tudo e todos para alcançar seus sonhos e sua liberdade. Mirco (Luca Capriotti) é um jovem toscano de dez anos apaixonado por cinema, que perde a visão após um acidente. Uma vez que a escola pública não o aceitou como uma criança normal, é enviado para um instituto de deficientes visuais em Gênova. Baseado na história real de Mirco Mencacci. |
Informações Técnicas: Título Original: Rosso come il Cielo, Gênero: Drama, Direção: Cristiano Bortone. |
Preconceito Racial
Assuntos
Racismo, igualdade social e preconceitos.
Objetivos
Conhecimento: discutir se há alguma diferença entre etnias, se já presenciaram atos racistas, se há algum aluno que se sentiu menosprezado pela sua cor, religião, nível sócio-econômico etc.
Habilidades:
Atitudes e valores:
Atividades
Antes do filme: pode-se contar as histórias de atletas que superaram o racismo, a religião e o governo para conquistarem a liberdade e o sucesso olímpico, como a amizade do alemão Lutz Long que conheceu o norte americano (negro) Owens, na Olimpíada de Berlim/1936 e que juntos dividiram o pódio e uma amizade que mostrou a todos os nazistas que não é a cor de pele que faz o homem. Não pára por aí, mesmo Owens após conquistar quatro medalhas de ouro em Berlim/1936, ao voltar ao seu país ainda sofria atos racistas. Ou a de Cassius Clay (Muhammed Ali), que depois de ser medalhista olímpico, passou por atos discriminatórios e foi julgado por não ir à guerra do Vietnã por ter se tornado muçulmano (CUNHA, 2008). Em seguida, usar garrafas pet com tampa e colocar dentro perguntas sobre as histórias contadas. Separar as equipes, em quantas achar necessário, e deverão arremessar, rolar ou jogar a bola de basquete nas garrafas (como se fossem pinos de boliche), após um período de tempo determinado pelo professor, no fim as equipes responderão às perguntas das garrafas que derrubaram, conta um ponto para cada resposta certa.
Após o filme: falar agora de atletas atuais como Michael Jordan e Oscar Schmidt. Se possível, mostrar vídeos deles, o que cada um deles conquistou e o que fizeram após a fama.
Proponha um pequeno jogo usando metade da quadra, como se fosse um street-ball, e use a seguinte regra: cada acerto de ponto entra outro time. Assim mais pessoas jogam, e as partidas ficam mais dinâmicas. Acontecerão dois jogos simultâneos: um em cada lado da quadra. Finalizar discutindo o que acharam de como foi o papel da sociedade diante da atitude dos personagens do filme, e o que eles fariam se eles que tivessem passado pelo preconceito.
Comentários e sugestões
O assunto racismo pode ser muito comum em determinadas escolas ou não, varia muito do local onde vivem os alunos. Pode se fazer um trabalho interdisciplinar com o professor de história e desenvolver o tema em um período que ele lecione assuntos como as grandes guerras mundiais ou os conflitos religiosos atuais, por exemplo.
Obras selecionadas
Título: 30 Dias |
Sinopse: Estrelas do basquete, Donnell, um garoto negro de um bairro decadente, e Jason, branco de um nobre bairro residencial, são sentenciados a 30 dias de trabalho comunitário. A tragédia cria finalmente uma ligação de amizade entre os dois inimigos, e sua rivalidade feroz é substituída por objetivos e pelo trabalho em equipe compartilhado. |
Informações Técnicas: Título Original: 30 Days, Gênero: Aventura, Direção: Jamal Joseph |
Título: Estrada para Glória |
Sinopse: A inspiradora história verídica de como um lendário treinador de basquete do Texas levou a primeira equipe constituída unicamente por afro-descendentes à vitória na final do Campeonato Universitário Nacional de 1966. |
Informações Técnicas: Título original: Glory Road, Gêneros: Drama, Esporte, Direção: James Gartner. |
Sexualidade
Assuntos
Sexualidade, (ir)responsabilidade, educação, família, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), cuidados na gravidez e relacionamentos humanos.
Objetivos
Conhecimento: discutir a importância de um diálogo sobre sexo, DSTs e prevenção, levando em conta o papel da família na formação dos jovens sobre estes temas.
Habilidades:
Atitudes e valores:
Atividades
Antes do filme: dialogar com os alunos sobre a importância do valor do corpo e quais são os pontos de vista deles de como a sociedade está influenciando neste assunto. Deixar que eles mencionem exemplos de pessoas conhecidas, que enfrentam ou enfrentaram situações parecidas com a dos filmes. Onde discutam o papel do homem e da mulher na sociedade. O objetivo é fazer com que vejam que a realidade do filme está bem próxima deles e que não é um mito, mas algo muito real e próximo do cotidiano escolar.
Após o filme: separar a sala em grupos de 04 ou 05 pessoas. Tentar fazer com que os grupos decidam por si mesmos as formações, mas se possível intervenha de modo que não haja mistura de sexo entre os grupos. Cada grupo deverá fazer uma cena onde abordem os temas desenvolvidos do filme, como a gravidez, bebidas, vida na favela, etc.
Neste desenvolvimento, teremos a suscitação de sexismos, preconceitos e os papéis sociais de homens e mulheres, que devem ser trazidos à guisa de discussão nas cenas escolhidas pelo professor. Os rapazes terão que interpretar o sexo feminino e as moças o masculino, já que os grupos não são mistos, quebrando assim alguns tabus (BRASIL, PCN - Educação Física, 1998, p. 42). Se o professor perceber que não haverá uma cooperação, pode deixar que misturem os grupos. O importante é que haja a compreensão do tema.
Comentários e sugestões
A preocupação de deixar os grupos com apenas um sexo, só meninos ou só meninas, é pensando que quando se reunirem para as apresentações os meninos sempre fazem diversos comentários obscenos, mas temos que levar em consideração a maturidade, podendo deixar de lado os grupos de sexos separados (só menino e só menina).
O filme “Meninas” é um documentário real que pode chocar alguns alunos, portanto prepare os alunos antes de mostrar o filme. Como há exceções, pode haver turmas que farão piadinhas ao longo do filme, nem todos da sala podem estar psicologicamente prontos para este assunto, já que podem ser educados em um ambiente onde este assunto é um tabu. Outro filme que pode ser usado é o filme “Juno”, onde conta a vida de uma adolescente grávida e que pretende vender o filho. O filme “Anjos do sol” mostra a prostituição de menores no nordeste do Brasil, o uso pode ser ideal apenas para alunos do terceiro ano do Ensino Médio, se achar necessário pode editar algumas cenas, principalmente as de estupro e de violência.
Obras selecionadas
Título: Anjos do Sol |
Sinopse: Maria (Fernanda Carvalho) é uma jovem de 12 anos, que mora no interior do nordeste brasileiro. No verão de 2002, ela é vendida por sua família a um recrutador de prostitutas. Após meses sofrendo abusos, ela consegue fugir e passa a cruzar o Brasil, através de viagens de caminhão. Mas quando chegou ao Rio de Janeiro, a prostituição volta a cruzar seu caminho. |
Informações Técnicas: Título original: Anjos do Sol, Gênero: Drama, Direção: Rudi Lagemann |
Título: Meninas |
Sinopse: Evelin, 13 anos, está grávida de um jovem de 22 anos que deixou o tráfico de drogas recentemente. Luana, 15 anos, declara que planejou sua gravidez, pois desejava ter um filho só para ela. Edilene, 14 anos, espera um filho de Alex, que também engravidou sua vizinha Joice. Ao longo de um ano é acompanhado o cotidiano destas três jovens. |
Informações Técnicas: Título Original: Meninas, Gênero: Documentário, Direção: Sandra Werneck. |
Superação
Assuntos
Superação, educação, força de vontade, confiança, liderança, tomar decisões e companheirismo.
Objetivos
Conhecimento: discutir quais as opções que temos no futuro como parte de uma sociedade, quais caminhos devem ser tomados no decorrer da vida, o que fazer quando achamos que não há solução para os problemas e o que escolher para o futuro profissional e acadêmico.
Habilidades:
Atitudes e valores:
Atividades
Preparação: desenvolver jogos cooperativos, como por exemplo:
Nó Humano - Objetivo: Integração, resolução de problemas e cooperação; Participantes: Pode ser toda a turma, mínimo de oito pessoas; Material: Nenhum.
Formar um círculo, todos de mãos dadas. Orientar cada um para observar bem quem está ao seu lado direito e ao seu lado esquerdo. Frisar que "Não pode esquecer, nem trocar!". Pedir ao grupo que solte as mãos e caminhe livremente pela sala, procurando cumprimentar pessoas diferentes daquelas que estavam ao seu lado. Depois de um tempo, pedir que parem onde estão. Peça que cada um, se possível sem sair do lugar, dê as mãos novamente a quem estava à sua direita e à sua esquerda (quanto mais confusa for esta parte melhor). No final, você deve ter um amontoado de gente. Agora a brincadeira começa: o objetivo é, sem soltar as mãos, voltar a ter um círculo no centro da sala. O grupo deve conversando entre si, determinar quem passa por baixo de que braços, e por cima de outros braços, até que o círculo fique completo. Podem se formar vários grupos, e fazê-los competir entre si (quem termina mais rápido, quem termina certo, etc.).
Vôlei Cooperativo - Objetivo: Cooperação; Participantes: Toda a turma; Material: Duas bolas de borracha (grande e leve).
Na quadra de vôlei e com a rede, dividir a turma em duas, cada uma ocupa todo um lado da quadra. Com uma bola grande e leve de plástico, jogarão vôlei com algumas pequenas regras: não podem cortar; cada equipe tem que dar no mínimo três toques antes de passar a bola pro outro lado (não há limites de toque) e não pode deixar a bola cair no chão, mesmo que fora das linhas da quadra.
Solução dos Problemas - Objetivo: Cooperação e solução de problemas; Participantes: Toda a turma; Material: Bexiga e tira de papel.
Formação em círculo, uma bexiga vazia para cada participante, com um tira de papel dentro (que terá uma palavra para o final da dinâmica). O professor dirá para o grupo que aquelas bexigas são os problemas que enfrentamos no nosso dia-a-dia (de acordo com a vivência de cada um): desinteresse; intrigas; fofocas; competições; inimizade; etc.
No primeiro momento, cada um deverá encher a sua bexiga e brincar com ela jogando-a para cima com as diversas partes do corpo. Num segundo, jogarão a bexiga com seus companheiros, sem deixar a mesma cair. Aos poucos, o professor pedirá para alguns dos participantes deixarem sua bexiga no ar e se sentarem. O restante continua jogando suas bexigas e as dos companheiros que estão sentados. Quando o professor perceber que quem ficou no centro não está dando conta de segurar todos os problemas (bexigas), pede para que todos voltem ao círculo e então todos sentados ao chão com suas bexigas na mão, o professor pergunta: 1) Quem ficou no centro, o que sentiu quando percebeu que estava ficando sobrecarregado?; 2) Quem saiu, o que sentiu ao ver seus companheiros com seus problemas (bexigas)?
O professor pedirá para que todos estourem suas bexigas e peguem o seu papel, um a um deverão ler e fazer um comentário para o grupo, o que o problema significa para ele e o que faria para solucionar. Como complemento, o professor poderia trazer problemas do dia-a-dia para solucionarem, exemplos: sentem que estão sendo perseguidos; irmão ou amigo que usa drogas; descobrirem que um conhecido tem o hábito de furtar; etc.
Comentários e sugestões
Este é um dos momentos apropriados, em que podemos trabalhar os valores e quem sabe influenciá-los em suas tomadas de decisões, não decidindo por eles, mas mostrando que todos têm caminhos alternativos. Nas sinopses deste capítulo há uma série de filmes que tratam de vários assuntos, mas um em específico chama a atenção: a marginalização. O caminho errado socialmente falando, é atrativo e fácil de chegar, mas devem ver que o outro caminho, do sucesso e da honestidade, pode não ser tão fácil, porém suas consequências serão melhores e duradouras. Hoje a discussão de estimularmos o protagonismo juvenil está em alta, e através dele, seria possível evitar muitas situações de jovens marginalizados. O esporte pode ser uma via de acesso a desenvolver este protagonismo juvenil.
Na adolescência é fácil trabalhar a cooperação, temos que mostrar a eles que a cooperação não é apenas em um jogo, mas serve para a vida toda, seja no trabalho ou na família, viver em um grupo de forma saudável e tomar caminhos corretos da educação, honestidade e caráter puro. Podemos usar histórias reais de atletas que superaram as mais diversas dificuldades e se tornaram campeões olímpicos, mundiais e principalmente campeões na vida. Aconselhamos aqui o uso do livro “Sonhos mais que Possíveis”, de Odir Cunha.
Chamamos atenção para alguns dos filmes que seguem a sinopse, pois apresentam cenas de assassinato, mas um especial (filme 2h 37m) que mostra uma realidade muito próxima de nós, apresenta cenas de estupro e uso de drogas, além do famoso “bullying”. Por isso, aconselha-se trabalhar estes tipos de filmes com alunos do último ano do ensino médio. Para as idades anteriores, temos bons filmes como “Desafiando Gigantes” e o “Invencível”.
Obras selecionadas
Título: Desafiando Gigantes |
Sinopse: Em seis anos à frente do time de futebol americano Shiloh Eagles, o treinador Grant Taylor nunca levou sua equipe às finais. O fracasso invade sua casa, quando descobre que não pode ter filhos com a esposa. Ao mesmo tempo, Grant descobre que pode ser demitido. É quando ele ora a Deus e recebe a mensagem de um visitante inesperado. Nesse instante, o treinador irá desafiar tudo e todos, a fim de provar que Deus lhe deu coragem e força para vencer. |
Informações Técnicas: Título original: Facing the Giants, Gêneros: Drama, Esporte, Direção: Alex Kendrick. |
Título: 2h37m - É Só Uma Questão de Tempo |
Sinopse: Seis Jovens estudantes vêem suas vidas unidas pelas situações mais comuns da juventude. São exatamente 2h 37 da tarde e um suicídio revela o lado sombrio da vida dos alunos: uma gravidez indesejada desmascara um terrível segredo; nem tudo é o que parece para o confiante jogador de futebol; um rapaz que não se encaixa tem de atuar as provocações diárias dos colegas; uma linda garota luta contra distúrbios dos pais; e outro garoto mergulha nas drogas para escapar de seus próprios demônios. Mas quem realmente tomou a terrível decisão de acabar com a própria vida? |
Informações Técnicas: Título original: 2:37, Gêneros: Drama, Direção: Murali K. Thalluri. |
6. Considerações finais
Primeiramente, o professor deve ter seu objetivo baseado na necessidade da turma e contextualizado com o momento disciplinar. Em seguida, alertamos para o mesmo observar a classificação do filme. Deve-se ter em mente que o tema a ser abordado pode ser de relevância em várias disciplinas (DE LIMA, 2005), não somente na Educação Física. Podendo assim fazer uma ligação ao tema de outras matérias, entrando em comum acordo com outros professores.
Importante que o professor prepare os alunos psicologicamente antes de passar o filme, pois certos assuntos podem ser levados para um lado sarcástico, podendo constranger alguns alunos quem não possuem facilidade de abordar assuntos como por exemplo sexualidade. Mas que encontrem no filme semelhanças com a realidade que vivem. Certa vez, passamos o filme “Meninas” para uma turma com faixa etária de 12 anos. Quando uma das alunas viu que o nome de uma das participantes do filme documentário era o mesmo que o dela, prestou muita atenção no desenrolar da história dando uma atenção especial para aquela garota que tinha o mesmo nome e idade próxima (um ano de diferença). A identificação dos alunos ao filme é de extrema importância, os levando a prestarem mais atenção ao filme e ao tema abordado. Aqui surge a necessidade de preparo prévio também do professor de EF, para saber administrar e intervir, quando necessário, para que o filme atinja os objetivos propostos e não seja apenas uma sessão de divertimento para a função de passatempo.
O professor nunca deve perder o foco, seu objetivo deve ser bem traçado, se possível até escrever um pequeno esboço de tudo que vai acontecer. Levar também para o(a) coordenador(a) pedagógico(a), tendo o apoio dele(a) e de outros colegas.
No site “
www.vivenciapedagógica.com.br”, foram postados comentários de professores sobre o uso de filmes na escola. Chamamos a atenção para a seguinte frase de Mary Martins:Concordo com vocês sobre o uso de vídeo não ser apenas um passa-tempo, afinal isso já ocorre fora da escola. Para dar conta de um trabalho de qualidade, é importante além de estabelecer objetivos prévios saber selecionar o vídeo que pode atender melhor estas necessidades. Muitas vezes, o próprio acervo da escola deixa a desejar e com a Internet e um site como o Porta Curtas as chances de encontrar mais materiais de qualidade aumenta bastante.
(MARTINS apud PEREIRA, 2007)
Se em 2007 havia uma preocupação com este tema, do uso de filmes na escola, hoje não mudou muita coisa, mas a preocupação continua. Neste mesmo site, no período de 18 de maio de 2006 a 03 de maio de 2007, nove pessoas postaram algum tipo de comentário, todas declararam de alguma forma a importância dos filmes na escola, sendo que seis deixaram explícito a insatisfação da maneira como estavam sendo usados os filmes e que havia a necessidade de mudar o método.
Temos que tomar cuidado com os filmes onde os heróis não são tão bonzinhos como aparentam, personagens que utilizam de meios errados para se fazer o que aparentemente é correto. Segundo Gomide (2000), os meios hoje usados para amenizar os agressores e diminuir a marginalidade não têm sido eficazes. Todo dia vemos jovens na marginalidade, não são consequência de uma educação escolar errada, mas até onde a escola tem auxiliado na inclusão social destes infratores? A Educação Física Escolar deve ter o seu papel na educação e inclusão social destes alunos que são propensos à marginalidade.
Este trabalho permite, de uma forma objetiva e atrativa, poder trabalhar assuntos específicos da Educação Física Escolar, sem fugir do que o PCN sugere, e assuntos transversais com valores sócio-culturais e cognitivos.
Surge aqui uma sugestão, para uma continuidade neste tema, com novos filmes, novos temas em outras disciplinas. A continuidade deste trabalho auxiliará professores da Educação Física e também de outras matérias escolares, podendo auxiliar na formação acadêmica de novos licenciados (COSTA e colaboradores, 2009).
Para a Educação Física Escolar, o desenvolvimento sócio-cognitivo possível dos alunos permite acreditar que é possível uma mudança pedagógica, trazendo novos métodos, condizentes à realidade dos jovens que cada vez mais mudam o estilo de vida.
Sabemos que a realidade das escolas impede de fazer uma mudança pedagógica pela formação tradicional da escola brasileira, mas se não acompanharmos a realidade estudantil, ficaremos ultrapassados e sem respostas educacionais. “Daí, quem sabe, possamos ultrapassar nossas fronteiras, tanto acadêmicas, como da intervenção pedagógica.” (DE OLIVEIRA, 2004, p. 102).
Referências bibliográficas
BETTI, M. A Janela de Vidro: esporte, televisão e educação física. Campinas: Papirus, 1997, p. 290.
_________. Educação Física e Mídia: novos olhares, outras práticas. SP: Hucitec. 2003, p. 137.
BETTI, M.; ZULIANI, L. R. Educação Física Escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – 2002, p. 73-81.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais : Educação Física. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998. 114 p.
CAETANO, A.; COSTA, A. R.; PIRES, G. de L. Corpo na Educação Física Escolar: uma visão crítico-reflexiva a partir da indústria cultural. Congresso Paulistano de Educação Física Escolar, 2009.
CARMO, L. O Cinema do Feitiço Contra o Feiticeiro. Revista Ibero Americana de Educação, nº 32, 2003, p. 71-94.
COSTA, B. de O. e colaboradores. Orientações De Valores De Concluintes Do Curso De Educação Física, Congresso Paulistano de Educação Física Escolar, 2009.
CURY, A. J. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Rio de Janeiro: Sextantes, 2003.
CUNHA, Odir. Heróis da América: história completa dos Jogos Pan-Americanos. São Paulo: Planeta, 2008, 415p.
DE LIMA, C. V. Projeto Identidade: ninguém é igual a ninguém. Colégio Santo Agostinho, Belo Horizonte, MG. 2005, p. 25.
DE OLIVEIRA, M. R. R. O Primeiro Olhar: experiência com imagens na Educação Física Escolar. UFSC/Centro de Desportos, Florianópolis, 2004, p. 109.
DUARTE, M. O Guia dos Curiosos: esportes – 3ª ed. atualizada. São Paulo: Panda Books, 2006, p. 555.
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digital · Año 14 · N° 139 | Buenos Aires,
Diciembre de 2009 |