Modelos de periodização: uma breve revisão Modelos de periodización: una breve revisión |
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* Graduado em Educação Física, Faculdade Salesiana de Vitória (FSV)** Mestre em Ciências da Atividade Física (UNIVERSO) ***Especialista em Bases Metabólicas e Nutricionais do Exercício Físico e da Saúde (UFES) (Brasil) |
Bernardo Pereira* Fabio Venturim** Leonardo Miglinas*** |
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Resumo O treinamento desportivo há milhares de anos, no Egito e na Grécia, ele já era usado para preparar atletas para os Jogos Olímpicos e também para a guerra. Somente no final do século XIX, com o inicio dos Jogos Olímpicos da era moderna, o treinamento passou a ser uma estrutura sistematizada, para elevar o rendimento esportivo. O presente estudo objetivou revisar os modelos de periodização do treinamento desportivo descritos na literatura brasileira. Após descrever os modelos de periodização concluímos que a forma de periodizar o treinamento vai de acordo com o calendário de competição, com as características da modalidade esportiva e com as características dos atletas. Mas de uma forma ou de outra parece que todos os modelos tiveram como referência o considerado pai do treinamento desportivo, Lev Matveev. Não desmerecendo o modelo proposto por Verkhoshanski, mas até para ele Matveev foi importante, pois Yuri Verkhoshanski se sentiu obrigado a criar uma nova metodologia de periodização a partir das falhas do modelo tradicional para com a contemporaneidade do esporte de alto rendimento no mundo. Unitermos: Modelos de periodização. Treinamento desportivo |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 138 - Noviembre de 2009 |
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Introdução
O treinamento desportivo há milhares de anos, no Egito e na Grécia, ele já era usado para preparar atletas para os Jogos Olímpicos e também para a guerra. Somente no final do século XIX, com o inicio dos Jogos Olímpicos da era moderna, o treinamento passou a ser uma estrutura sistematizada, para elevar o rendimento esportivo (BARBANTI, 2004, p. 35).
Podemos entender estrutura sistematizada, quando Salo e Riewald (2008) definem periodização como um processo cientifico e sistemático do planejamento da temporada quebrando-o em diversas fases. Um dos maiores benefícios em fazer uma periodização é que o técnico pode planejar o treinamento, determinando assim quando ele quer que o atleta atinja o ápice.
Portanto o presente estudo objetivou revisar os modelos de periodização do treinamento desportivo descritos na literatura brasileira.
Revisão de literatura
Modelo Clássico
Gomes (2002, p. 142) descreve que o modelo tradicional, conhecido em algumas regiões do mundo como moderno, foi revelado ao mundo ainda nos anos 50 pelo cientista russo Leev Pavlovtchi Matveev, que com os seus postulados, popularizou a teoria da periodização no mundo todo. Matveev, considerado o pai da periodização do treinamento desportivo, fundamentou suas explicações na teoria da Síndrome Geral da Adaptação.
Pantaleão e Alvarenga (2008) afirmam que o modelo de Matveev está baseado na utilização da dinâmica de variações ondulatórias do treino que em vias de aumento gradual de carga, podem ser retilíneas, escalonadas e ondulatórias, sendo a dinâmica ondulatória que possibilita melhorar a funcionalidade e a adaptação do atleta de alto nível. As oscilações ondulatórias fazem parte tanto da dinâmica do volume quanto da intensidade, com particularidades de os valores máximos de cada uma não coincidirem.
Matveev (1997, p. 69) afirma ainda que a periodização possui como objetivo proporcionar ao atleta nas competições a forma desportiva, que é o estado no qual o atleta está preparado para a obtenção de resultados desportivos. Este fenômeno é polifacetado, composto pelo aspecto físico, psicológico, técnico e tático para obtenção dos resultados, sendo somente com a existência de todos estes componentes possível à afirmação que o atleta se encontra em forma.
Gomes (2002, p. 142) destaca algumas características relevantes da teoria de Matveev, que são as seguintes:
afirma que as condições climáticas são fatores determinantes na periodização do treinamento desportivo;
entende que o calendário de competição influencia na organização do processo de treinamento;
fundamenta que as leis biológicas devem servir como base para a periodização no treinamento.
propõe que a unidade de formação especial e geral do desportista deve ser respeitada;
demonstra que o caráter contínuo do processo de treinamento deve combinar sistematicamente carga e recuperação; e
defende o aumento progressivo e máximo dos esforços de treinamento;
Gomes (2002, p. 142) apresenta algumas criticas feitas por especialistas na década de 60 em relação ao modelo proposto por Matveev, fundamentando a sua critica nos seguintes aspectos:
demasia no trabalho de preparação geral;
desenvolvimento simultâneo de diferentes capacidades em um mesmo período de tempo;
cargas repetitivas durante períodos de tempo prolongado; e,
pouca relevância destinada aos trabalhos específicos.
Bompa (2002) resgata a teoria de Matveev, mas critica-a se referindo que esse modelo serve apenas para modalidades que exigem potência e velocidade. A partir do modelo tradicional, Tudor Bompa desenvolveu seu próprio modelo com o intuito de contribuir com as modalidades que enfocam a resistência.
Não podemos esquecer que nesse modelo Matveev (1997, p. 82) apresenta os períodos do processo de treino, que podem ser classificados da seguinte forma:
Período em que se criam as premissas e condições necessárias à aquisição da forma desportiva (período preparatório);
Período em que se assegura a manutenção da forma desportiva e esta é aplicada na obtenção de êxitos desportivos (período competitivo).
Período que surge devido à necessidade de conceder ao atleta um descanso ativo, no qual se evita a conversão do efeito acumulado do treino em super-treino e se garante, por sua vez, o sucesso entre dois escalões do aperfeiçoamento desportivo (período de transição)
A estruturação pendular do treinamento desportivo
O russo Arosiev, conjuntamente com Kalinin, em um artigo publicado em 1971 foram os primeiros autores em propor a "Estruturação Pendular" do treinamento desportivo. Posteriormente alguns outros seguidores deste tema fizeram algumas considerações a respeito desta forma de estruturar o treinamento desportivo do atleta (FORTEZA DE LA ROSA, 2006, p. 106).
Forteza de la Rosa ainda em seu texto alega que essa formatação de periodização facilita a manutenção da melhor forma competitiva do atleta durante o ano. É importante ressaltar que a estrutura pendular não enfatiza a predominância das cargas gerais ou especificas em nenhuma das fases. Essa alternância sistemática entre as cargas forma o que se chama de “pêndulo de treinamento” já que as cargas específicas crescem em cada ciclo de treinamento e por outro lado as cargas gerais decrescem em cada ciclo até praticamente desaparecer na busca de uma melhor transferência dos efeitos das cargas gerais para as específicas de competição.
Quanto maiores são os pêndulos, maior será a possibilidade de sustentar a forma desportiva por um tempo maior por parte do atleta, mas se os pêndulos são menores durante o processo de treinamento, maior será as condições de competir eficazmente (FORTEZA DE LA ROSA, 2006, p. 106).
Modelo de treinamento em blocos
Pantaleão e Alvarenga (2008) afirmam que esse “sistema foi proposto pelo Prof. Dr. Yuri V. Verkhoshanski, sendo denominado pelo próprio de moderna teoria e metodologia do treinamento desportivo”. Oliveira et al. (2005, p. 358) argumentam que provavelmente, o maior crítico do modelo clássico de periodização de Matveev seja o também Russo Doutor Yuri Vitale Verkhoshanski.
Os modelos tradicionais contribuíram de forma positiva para os modelos contemporâneos, que evoluíram em muito no aspecto qualitativo, pondo origem às propostas especificas para cada modalidade desportiva (GOMES, 2002, p. 145). Além disso, os modelos tradicionais minimamente fomentaram o interesse de outros pesquisadores da linha contemporânea para criticarem o modelo tradicional e uma das formas que eles encontraram foi elaborando um novo modelo de periodização.
Oliveira et al. (2005, p. 360) enfatizam que talvez o principal crítico do modelo proposto por Matveev seja o também russo Verkhoshanski, que diz que o modelo de Matveev não se adéqua à nova realidade esportiva atual.
Segundo os dados dos especialistas russos nos últimos anos, a base desportiva sofreu mais mudança que nos 80 anos anteriores. Isso leva à alteração de metodologia do treinamento desportivo técnico, regras, regulamentos e condições para realização das competições, acelerando o ritmo dos resultados e permitindo a solução de muitos problemas técnicos e metodológicos de preparação dos atletas em um nível de alta qualidade (VERKHOSHANSKI, apud OLIVEIRA, 2005, p. 361).
Oliveira ainda citando Verkhoshanski observa que em meados do século XX, quando Matveev elaborou o seu modelo tradicional, as ciências do desporto (fisiologia, a bioquímica e a biomecânica) estavam em processo de formação e não podiam garantir o embasamento necessário para o treinamento esportivo.
Verkhoshanski não utiliza a terminologia planejamento e nem planificação, defendendo a idéia de que o processo de treinamento deve basear-se em um sistema que defina os conceitos de programação, organização e controle (GOMES, 2002, p. 146).
Os estudos demonstram que, definitivamente, o caráter cientifico da periodização do treinamento desportivo precisa respeitar os desportos em suas dimensões especificas no que se refere ao sistema de competição. No inicio, os planos modernos de treinamento exigiam uma metodologia idealizada diferenciada para os desportos individuais e para os coletivos. Posteriormente, surge o respeito ao sistema energético a que o desporto ou a modalidade estão inseridos no momento competitivo. A biomecânica destaca a especialidade do gesto motor, referindo-se ao trabalho cíclico e acíclico, enquanto a psicologia defende a preparação do desportista, procurando resolver as questões especificas da resistência psicológica, no que concerne ao treinamento e à competição (GOMES, 2002, p. 145).
Segundo Gomes (2002, p. 145), os modelos de periodização contemporâneos, se baseiam em quatro aspectos:
A individualidade das cargas de treinamento justificada pela capacidade individual de adaptação do organismo;
A concentração das cargas de treinamento da mesma orientação em períodos de curta duração e a necessidade de conhecer profundamente o efeito que produz cada tipo de carga de trabalho e sua distribuição no ciclo médio de treinamento;
O desenvolvimento consecutivo de capacidades, utilizando o efeito residual de cargas já trabalhadas;
A ênfase no trabalho específico de treinamento. As adaptações necessárias para o desporto moderno com a realização na prática de cargas especiais.
A estruturação do treinamento em bloco foi proposta principalmente para contribuir com os esportes com características de força (FORTEZA DE LA ROSA, 2006, p. 107).
Essa teoria se fundamenta basicamente no caso de que no trabalho de força deve ser "concentrado" em um bloco de treinamento para criar condições de uma futura melhoria nos conteúdos do treinamento relacionados com o desenvolvimento técnico e das qualidades de velocidade do atleta. (FARTO, 2002; FORTEZA DE LA ROSA, 2006, p.108).
Esse modelo exemplifica a distribuição de cargas concentradas no ciclo anual de treinamento. A estrutura de treinamento toma forma quando se concentram em diferentes blocos os aspectos físicos, técnicos e táticos. No primeiro bloco, trabalham se as capacidades físicas, predominantemente a força, em um segundo bloco, o treinamento técnico e táctico. Neste modelo há uma clara divisão do treinamento físico e técnico, mas sem uma separação absoluta, ou seja, em cada bloco existe o predomínio de vários conteúdos, mas sem que estes sejam trabalhados totalmente independentes (FORTEZA DE LA ROSA, 2001, p. 108).
O modelo de treinamento em blocos consisti em três blocos de treinamento. O bloco A objetiva-se maior volume de toda a temporada. No bloco B, o volume de treinamento diminui, e o principal nesse bloco é o desenvolvimento das capacidades competitivas do desportista. Por fim, no bloco C encontram-se as principais competições, da temporada (MARQUES, 2007, p. 29).
Modelo Integrador
Gomes (2002, p. 150) descreve o modelo integrador, proposto por Bondarchuck, sendo o modelo utilizado no atletismo, principalmente na prova de lançamento de martelo.
O modelo proposto por Bondarchuk (apud GOMES, 2002, p. 150) descreve que a temporada de preparação é dividida em três fases (desenvolvimento, manutenção e descanso), e é fundamentada no principio da individualidade biológica dos atletas, na qual, verificou-se que cada desportista atinge sua plenitude desportiva em momentos diferentes.
Bondarchuk (apud GOMES, 2002, p. 150) diagnosticou na prática dos campeões olímpicos, que o pico de performance pode ser atingido com um período de treinamento que varia de 60 a 240 dias, dependendo do grau de treinamento do desportista, da idade, e dos anos de treinamento e suas próprias características.
Nesse modelo de treinamento, o planejamento do treino está submetido à resposta de adaptação individual de cada atleta, assim, a capacidade de adaptação, ou a resposta adaptativa de cada atleta dita a forma de organizar a temporada competitiva (GOMES, apud MARQUES, 2007, p. 30).
O autor ainda descreve 28 variáveis que podem ser integradas ao macrociclo de treinamento dos atletas, as quais dependerão do tempo necessário para cada atleta atingir seu pico de desempenho. Exemplificando, temos que da 9ª à 13ª variante são estruturas destinadas aos atletas que atingem o pico de desempenho com três meses de treinamento após o período de descanso, ou transição.(MARQUES, 2007, p 31).
Fica evidente que os vários modelos apresentados por Bondarchuk devem ser selecionados levando em consideração o principio da individualidade biológica e o principio da adaptação e, é claro, está ligado diretamente ao calendário desportivo, principalmente em desportos individuais (GOMES, 2002, p. 152).
Esquema Estrutural de Treinamento de Altos Rendimentos
Esse modelo foi proposto pelo autor alemão Peter Tschiene no final da década de 80, com o objetivo de conseguir que o atleta mantenha um nível de rendimento durante todo o ciclo anual de competições (FORTEZA DE LA ROSA, 2001, p. 109).
Nessa metodologia, tanto o volume de trabalho como a intensidade do mesmo são altos durante o ano todo. Gomes (2002, p. 145) ressalta que esse modelo consiste em distribuir a carga de treinamento da temporada de forma ondulatória, alternando o volume e a intensidade sem baixar os níveis de 80% de seus potenciais máximos de carga.
A existência de várias competições no decorrer do processo de treinamento é para Tschiene um fator fundamental na construção de um alto resultado nos atletas. O trabalho em alta intensidade das cargas de uma unidade de treinamento relativamente breve e um caráter dominantemente específico objetivado pelas competições mais importantes que o atleta será submetido, são pontos relevantes nesta forma de organizar o treinamento de alto nível (FORTEZA DE LA ROSA, 2001, p. 110).
Sendo esta forma de organizar o treinamento bastante desgastante, o autor percebeu a necessidade de introduzir intervalos profiláticos entre as altas intensidades de trabalho como meio de recuperação ativa e manutenção das capacidades de rendimento aumentadas durante todo o desenvolvimento do processo de treinamento (FORTEZA DE LA ROSA, 2001, p. 110).
Modelo de Sinos Estruturais
Os estudos dos russos Arosiev e Kalinin em 1971 lhe renderam a elaboração do modelo de “estrutura pendular”. Posteriormente, a partir do modelo pendular o Prof. Dr. Armando Forteza De La Rosa elaborou uma proposta mais atual denominada de Sinos estruturais. (PANTALEÃO; ALVARENGA, 2008).
Os sinos estruturais seguem os mesmos princípios da diferenciação entre as cargas gerais e específicas, porém em momento algum as cargas gerais estarão acima das cargas específicas, mesmo em momentos de carga especial mínima (FARTO, 2002).
Modelo ATR
Esse modelo foi proposto por Issurin e Kaverin, mas um autor que se apropriou desses estudos foi o espanhol Fernando Navarro. Essa forma de periodização se diferencia dos demais em relação a classificação dos mesociclos, que pode ser de acumulação, transformação ou de realização, dependendo da fase de treinamento. Esse tipo de classificação foi pensado na tentativa de especificar em qual fase do treinamento se utilizaria prioritariamente tal valência física (FARTO, 2002).
Destrinchando melhor cada mesociclo, o de acumulação se refere a um período de elevação do potencial técnico e motor, o mesociclo seguinte, o de transformação visa usar esse desenvolvimento técnico e motor e transformá-los para preparação específica. Já o terceiro e ultimo mesociclo, o de realização, nada mais é do que a aplicação de todo o trabalho desenvolvido através de exercícios competitivos e competições propriamente ditas (FARTO, 2002).
Modelo Bompa
Esse modelo baseia-se na teoria de Matveev, mas critica-a se referindo que esse modelo serve apenas para modalidades que exigem potência e velocidade. A partir do modelo tradicional Bompa desenvolveu seu próprio modelo com o intuito de contribuir com as modalidades que enfocavam a resistência. Portanto Bompa não desconsidera o modelo de Matveev, apenas o adapta (SEQUEIROS et al., 2005, p. 341).
Em seu modelo de periodização Bompa (2002) descreve que a terminologia não é a mesma em todos os países. O autor utiliza como denominação de seus períodos o microciclo, o macrociclo e o planejamento anual. Uma característica marcante do modelo de Tudor Bompa é que ele não enfatiza o mesociclo russo por entender que se trata de mera formalidade (BOMPA, 2002, p. 160).
Bompa divide seu modelo da mesma forma que o modelo proposto por Matveev, com período preparatório, subdividido em fase geral e específica, e período competitivo, subdividido em fase pré-competitiva e competitiva. No entanto, Bompa usa o termo macrociclo correspondente aos períodos de quatro a seis semanas que têm como objetivo trabalhar as qualidades físicas básicas e especificas, ou seja, na forma estrutural do modelo de periodização de Bompa, o macrociclo corresponde ao mesociclo do modelo clássico de Matveev (SEQUEIROS et al., 2005, p. 343).
Por meio do período preparatório que se subdivide em geral e específico, o atleta desenvolve as características gerais da preparação física, técnica, tática e psicológica que será fundamental para o período competitivo. O período preparatório é de suma importância para o restante do ano do atleta devendo durar para desportos coletivos não menos que dois ou três meses (PANTALEÃO E ALVARENGA, 2008).
O treinamento físico segundo Bompa (2002, p. 229) é desenvolvido primeiramente pelo treinamento físico geral, treinamento físico específico e por fim o aperfeiçoamento das capacidades biomotoras. Fundamentalmente a estrutura e os objetivos dos macrociclos vão ser traçados de acordo com o desporto.
No período de competição, recomenda-se que antes das competições almejadas se faça a introdução de um período de recuperação, denominado pelo autor como macrociclo de polimento, tendo como objetivo treinar especificamente para uma competição importante, remover a fadiga e facilitar a ocorrência da supercompensação, através de um decréscimo das cargas de treinamento (unloading), durando no máximo duas semanas ou dois microciclos. As cargas de treinamento dependem do desporto em questão e como o treinador deseja que seu atleta atue. Para desportos coletivos com um ou mais jogos por semana as cargas de treinamento se mantêm estáveis, mas os esportes individuais adotam cargas variantes (BOMPA, 2002, p. 203).
Atletas treinam vários meses com o objetivo de estar na melhor forma possível nas competições principais. Isso requer um planejamento organizado e bem executado, o que favorece a adaptação fisiológica e psicológica do atleta. Pode-se elevar o nível do planejamento anual periodizando o treinamento e utilizando abordagens progressivas no desenvolvimento físico do atleta (BOMPA, 2002, p. 207).
Modelo de Cargas Seletivas
Gomes (2002, p.153) organizou este modelo para suprir as necessidades do calendário dos desportos coletivos, principalmente, o futebol, que atualmente tem de 75 a 85 jogos na temporada anual, fato que, impossibilita uma suficiente preparação dos atletas antes dos jogos oficiais, o que, dificulta de certa maneira a distribuição das cargas de treinamento durante o macrociclo.
Sabe-se que nos desportos coletivos, devido a este grande número de jogos durante a temporada, na qual o período competitivo se estende por 8 a 10 meses, fica de certa forma impossível desenvolver as capacidades máximas, assim são desenvolvidas capacidades submáximas. Sendo assim o modelo de cargas seletivas propõe uma periodização dupla com duração de 26 semanas para cada macrociclo para o futebol, na qual, o volume de treinamento permanece quase o mesmo durante a temporada anual de competições, e alterna-se as capacidades de treinamento a cada mês, durante o ciclo competitivo (resistência especial, flexibilidade, força, velocidade, técnica e táctica). Neste sistema de cargas seletivas, o alvo principal de aperfeiçoamento, está nas capacidades de velocidade (GOMES, p. 153).
Conclusão
Após descrever os modelos de periodização concluímos que a forma de periodizar o treinamento vai de acordo com o calendário de competição, com as características da modalidade esportiva e com as características dos atletas. Mas de uma forma ou de outra parece que todos os modelos tiveram como referência o considerado pai do treinamento desportivo, Lev Matveev. Não desmerecendo o modelo proposto por Verkhoshanski, mas até para ele Matveev foi importante, pois Yuri Verkhoshanski se sentiu obrigado a criar uma nova metodologia de periodização a partir das falhas do modelo tradicional para com a contemporaneidade do esporte de alto rendimento no mundo.
Forteza de la Rosa (2006, p. 99) a respeito do assunto diz que ainda não estamos em condições de elaborarmos uma nova teoria a respeito, mas sim fórmulas baseadas nas concepções metodológicas existentes, uma metodologia que permita, passo a passo, determinar o mais exatamente possível um sistema de planificação de treinamento.
Ainda segundo Bompa (2002, p. 207), não há uma periodização ótima para cada desporto, nem dados precisos com relação ao tempo necessário para um aumento ideal do nível de treinamento e da forma atlética.
Referências
BARBANTI, V. J. Teoria e pratica do treinamento esportivo. 2ª ed. São Paulo: Edgard blücher, 2004.
BOMPA, T.O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 4ª ed. São Paulo: Phorte, 2002.
FORTEZA DE LA ROSA, A. Treinamento desportivo: carga, estrutura e planejamento. 2ª ed. São Paulo: Phorte, 2006.
GOMES, A. C. Treinamento Desportivo: estruturação e periodização. 1ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
MARQUES. L. E. Volume de Treinamento, Percepção Subjetiva do Esforço e Estados de Humor Durante um Macrociclo de Treinamento de Nadadores. Universidade São Judas Tadeu. Dissertação de Mestrado, 2007.
MATVEEV, L. P. Treino Desportivo: metodologia e planejamento. 1ª ed. Guarulhos: Phorte, 1997.
OLIVEIRA, A.L.B.; SEQUEIROS, J.L.S.; DANTAS, E.H.M. Estudo comparativo entre o modelo de periodização clássica de Matveev e o modelo de periodização por blocos de Verkhoshanski. Fitness & Performance Journal, v. 4, n. 6, p. 358 - 362, 2005.
PANTALEÃO, D.; ALVARENGA, R. L. Análise de modelos de periodização para o futebol. EFDeportes.com, Revista Digital - Buenos Aires - Ano 13 - N° 119, 2008. http://www.efdeportes.com/efd119/analise-de-modelos-de-periodizacao-para-o-futebol.htm
RAMIREZ FARTO, E.R. Estrutura e planificação do treinamento desportivo. EFDeportes.com, Revista Digital - Buenos Aires - Ano 8 - N° 48, 2002. http://www.efdeportes.com/efd48/trein.htm
SEQUEIROS, J. L. S.; OLIVEIRA, A.L.B.; CASTANHEDE, D.; DANTAS, E.H.M. Estudo sobre a Fundamentação do Modelo de Periodização de Tudor Bompa do Treinamento Desportivo. Fitness & Performance Journal, v. 4, n. 6, p. 341-347, 2005.
SALO, D.; RIEWALD, S. A. Complete Conditioning for Swimming. Illinois: Human Kinetics, 2008.
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