Inserção de mulheres em uma área de reserva masculina e o uso da co-educação para o ensino do futebol na Educação Física Escolar Insersión de mujeres en un coto masculino y el uso de la co-educación para la enseñanza del fútbol en la Educación Física Escolar Insertion of women in a male reserve arena and the use of co-education to the football learning in Scholar Physical Education |
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*Licenciado em Ed. Física/Unisuam-RJ **Doutor em Ed. Física/PGCAF-Universo LEEFEL-Unisuam/RJ (Brasil) |
Felippe Saint Just Rodrigues Fabiano Pries Devide |
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Resumo Este ensaio visa refletir sobre duas questões centrais: 1. Quais as representações sobre a participação das mulheres no futebol? e 2. Como a Educação Física Escolar co-educativa pode contribuir para problematizar as questões de gênero pelo ensino do futebol? Os objetivos são discutir a participação de mulheres no futebol e refletir sobre a contribuição da co-educação na problematização de estereótipos sexistas relacionados a esta participação. Para tal, sob a luz da teoria de gênero na interface com a co-educação, discute-se o futebol como uma modalidade carregada de representações sociais associadas à masculinidade, que possibilitam ampliar a reflexão sobre as questões de gênero na Educação Física escolar. Unitermos: Futebol. Mulheres. Gênero. Educação Física Escolar
Abstract This essay has two core issues: 1. What are the representations about women’s participation in football? 2. How can Co-Educative Physical Education contribute to discuss gender relations through football learning practice? The objectives of this presentation center on discussing women’s participation in football, and reflecting about the contributions of co-education in the promotion of reflexions about sexist stereotypes related to this participation. Under gender and co-education concepts, we discuss football as one sport that carries social representations associated with masculinity, thus promoting the discussion over gender issues in Physical Education at schools. Keywords: Football. Women. Gender. Scholar Physical Education |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 138 - Noviembre de 2009 |
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Introdução
A literatura sobre gênero na Educação Física e no Esporte vem crescendo consideravelmente nos últimos anos (ROMERO, 1995; VOTRE, 1996; SCHPUM, 1999; SARAIVA, 1999; SIMÕES, 2003; LUZ JÚNIOR, 2003; GOELLNER, 2003; SIMÕES, KNIJNIK, 2004, DEVIDE, 2005; VALPORTO, 2006; ROMERO, PEREIRA, 2008), consolidando algumas áreas de pesquisa, dentre as quais a dos Estudos de Gênero, com foco nas Mulheres.
Neste ensaio, traçamos um breve histórico do futebol feminino no Brasil, identificando padrões sociais que levaram à construção de barreiras que geram a desqualificação das atletas, impedindo que se tornem ícones deste esporte. Buscamos resgatar, também, como a Educação Física escolar pode se constituir num veículo de promoção da eqüidade de gênero, através da implementação de uma proposta co-educativa, minimizando os preconceitos sobre as mulheres que se inserem em modalidades de reserva masculina, notadamente, o futebol.
Sendo o futebol um esporte representativo na cultura brasileira, torna-se fundamental investigar os motivos que levam o futebol feminino a ocupar um espaço restrito na sociedade, sobretudo se considerarmos os resultados obtidos pela nossa seleção nacional feminina.1 Esta representatividade não se estende ao universo feminino devido às restrições impostas pela sociedade desde a introdução da Educação Física na educação brasileira. De acordo com Castellani (1988), através do Conselho Nacional do Desporto (CND), durante a ditadura militar, a legislação brasileira foi um fator agravante nas restrições à prática de atividades físicas pelas mulheres. O CND baixou instruções2 às entidades desportivas restringindo a prática de desportos pelas mulheres e somente em 1979, o CND, através da Deliberação n° 10, revogou a anterior, de n° 7/65.
Moscovici (1995), ao citar o futebol como exemplo em um de seus estudos, constata que:
“Seu sucesso incontestável é um fenômeno que é preciso aproximar do imenso sucesso que provocam os jogos de azar televisados e a loto. [...], o futebol não é uma realidade regional, mas um esporte universal.[...], basta uma bola, um terreno vazio, para permitir a qualquer pessoa bater uma bola. [...] A paixão do futebol permite, assim, reorientar a vida coletiva e dirigir essas novas transferências de disponibilidade através de objetivos de estabilização e controle social.” (p. 180)
O futebol é uma prática crescente entre mulheres do mundo inteiro, servindo como uma forma de emancipação esportiva para suas praticantes, assim como outros esportes o foram no passado, a exemplo da natação do início do século XX (DEVIDE, 2003a). O presente estudo busca dar visibilidade às questões de Gênero e Co-educação na Educação Física, oferecendo dados para torná-la mais inclusiva, onde meninas e meninos tenham igualdade de oportunidades.
Metodologia
Esta pesquisa é qualitativa e possui design bibliográfico. Visa refletir sobre duas questões centrais: 1. Quais as representações sobre a participação das mulheres no futebol? e 2. Como a Educação Física Escolar co-educativa pode contribuir para a construção/desconstrução destas representações?
A sociedade, ao observar mulheres atletas de alto rendimento, tende a interpretar que o esporte promove uma masculinização das atletas devido ao desenvolvimento muscular conseqüente desta prática. Outro aspecto velado pela sociedade é o de que mulheres praticantes de esportes de reserva masculina, como o futebol de campo, apresentam identidade sexual homossexual.
Como objetivos o estudo visa: 1. Discutir a participação de mulheres no futebol; e 2. refletir sobre a contribuição da co-educação na problematização de estereótipos sexistas relacionados a esta participação, à luz da teoria de gênero (SCOTT, 1995).
O objeto deste ensaio – a participação de mulheres em esportes de reserva masculina - é histórico, pois os sentidos circulantes sobre a participação das mulheres no futebol têm origem no início do século XX, quando a prática de atividade física foi vetada às mulheres (CASTELLANI FILHO, 1988; PFISTER, 1997; ROMERO, 1997; SCHPUN, 1999; DEVIDE, 2005), sendo estes sentidos o principal motivo de resistência social em eleger mulheres como ícones do esporte, principalmente se este esporte é interpretado por todos como via de construção de uma masculinidade hegemônica (CONNELL, 1995), como é o caso do futebol.
Como referenciais teóricos para desenvolvimento deste trabalho, utilizamos a Teoria de Gênero (SCOTT, 1995; LOURO, 1999), Educação Física Escolar e Co-Educação; (SARAIVA, 1999, 2002; SOUZA, ALTMANN, 1999; ALTMANN, 2002; GOMES, SILVA, QUEIRÓS, 2004; LOUZADA, DEVIDE, 2006; LOUZADA, VOTRE, DEVIDE, 2007) e Estudos de Mulheres e Esporte (CASTELLANI FILHO, 1988; SIMÕES, 2003; SIMÕES, KNIJNIK, 2004; GOELLNER, 2005; DEVIDE, 2005; ROMERO, PEREIRA, 2008).
Revisão de literatura
Mulheres e Esporte
“A História tem investigado o ‘homem’ como se as mulheres estivessem inseridas nessa mesma história, sem considerar as distinções decorrentes da ordem de gênero. Intelectuais desta área têm buscado construir uma história própria das mulheres, levando em consideração a sua importância para o contexto social em diferentes culturas, posicionando-as como agentes de sua própria trajetória, conquistando autonomia na História, até então referente a um sujeito universal, o ‘homem’” (SCOTT, 1992, p.. 77-78).
Historicamente as mulheres ocupam um lugar à sombra nas sociedades, tanto na esfera pública quanto na privada. No esporte não foi diferente. Já na Grécia antiga, a prática esportiva ocupava lugar de destaque na sociedade e as mulheres participavam ativamente de todas as estâncias sociais, mas somente por volta de 750 a.c.,3 foi permitida às mulheres ingressarem no mundo das competições em Olímpia.
Com o ressurgimento dos Jogos Olímpicos Modernos,4 ressurge também as questões sexistas que restringem a prática esportiva às mulheres. Com o discurso de manter as tradições dos Jogos Olímpicos tradicionais, o Barão Pierre de Coubertin (idealizador dos Jogos Olímpicos Modernos), em artigo publicado na Revista Olímpica, de julho de 1912, defende sua posição e Questiona:
É possível oferecer às mulheres acesso a todas as competições? Não? Então por que permitir o acesso a algumas e excluí-las de outras? E sobretudo, com quais critérios estabeleceremos as competições de livre acesso e as de acesso restringido? Não só há tenistas e nadadoras. Também há amazonas, praticantes de esgrima e na América inclusive remadoras. No futuro pode ser que haja corredoras e até jogadoras de futebol. Seriam estes os esportes, praticados por mulheres, um espetáculo edificante para as multidões que presenciam os Jogos Olímpicos? (apud LYBERG, 2000, p. 47)
Discursos como o do Barão de Coubertin, aliados aos ideais higienistas e eugenistas circulantes em meados do século XIX e início do século XX, formaram as bases de um discurso que consolidou mitos e estereótipos que perduram até hoje, onde, às mulheres se reserva a esfera doméstica e a maternidade. Nesta mesma época, circulava pela Europa diversos movimentos feministas, que lutavam por uma maior equidade social em relação às mulheres, dentre outras reivindicações, o direito à prática esportiva figurava nos meandros destes movimentos.
Goellner (2005) também identifica esta recorrência acerca dos estigmas associados às mulheres atletas nos tempos atuais, quando afirma:
“Foi possível compreender que a associação entre o esporte e a masculinização da mulher atravessa décadas e, mesmo que em muitas situações as atletas tenham saído das zonas de sombra, ainda hoje são recorrentes algumas representações discursivas que fazem a apologia da beleza e da feminilidade como algo a ser preservado, em especial, naquelas modalidades esportivas consideradas como violentas ou prejudiciais a uma suposta natureza feminina.” (p. 144)
Segundo Castellani Filho (1988), o esporte é um dos fenômenos culturais mais significativos do mundo contemporâneo, revelando uma das facetas da luta das mulheres por sua emancipação social. O fato é que, mesmo que sem o devido reconhecimento ou aprovação da sociedade, muitas mulheres nos EUA e na Europa ingressavam nas práticas ditas “impróprias à natureza feminina”, tornando-se peças fundamentais na luta pelo direito das mulheres ingressarem no mundo dos esportes (GOELLNER, FRAGA, 2004). Goellner (2004) ressalta alguns aspectos que contrapunham os ideais de feminilidade da época:
“O suor excessivo, o esforço físico, as emoções fortes, as rivalidades consentidas, os músculos delineados, os gestos espetacularizados do corpo, a liberdade de movimentos, a leveza das roupas e a seminudez, práticas comuns da cultura física, quando relacionadas à mulher, despertavam suspeitas porque pareciam abrandar certos limites que contornavam uma imagem ideal de ser feminina.” (p.363).
Outro ponto bastante discutido no âmbito da atividade física são as representações de masculinidades e feminilidades. Sendo o corpo, um dos instrumentos de representação de atletas, este também é fator determinante na adequação de atividades próprias ou impróprias às mulheres. Goellner (2004, p. 370) afirma que: “Agressividade, competitividade, risco, potência, vigor físico, velocidade e determinação são atributos associados ao masculino em oposição à fragilidade, delicadeza, beleza física e flexibilidade tidos como características femininas”. Tendo tais comportamentos como construtos sociais das representações de feminilidade e masculinidade, entendia-se que determinadas atividades viriam a desenvolver esse ou aquele comportamento em seus praticantes, reservando-se às mulheres práticas que privilegiavam a beleza, a saúde e a graça, dentre as quais: a ginástica, a dança e a natação, desde que praticada moderadamente, sem fins competitivos (DEVIDE, 2003a).
Desde a metade do século XIX as mulheres vinham desfrutando dos benefícios das práticas esportivas, mas por restrições da sociedade, não obtiveram maiores destaques. Nas primeiras décadas do século XX, a Educação Física no Brasil seguia tendências Européias, reproduzindo pensamentos higienistas e eugênicos, época que surgiram os primeiros clubes recreativos, agremiações, federações esportivas, os campeonatos e as exibições atléticas, destinadas à performance de corpos esculpidos pela exercitação do físico.
Castellani Filho (1988) identifica o ano de 1941, como sendo a data do primeiro documento legal a sistematizar o esporte em nosso país. Sob a égide do Estado Novo5 desde 1937, surgiram dois “arquétipos de corpo”: o corpo higiênico e o corpo produtivo. O primeiro abrigava em si o projeto de higienização e eugenização da raça brasileira, já o segundo, teve incorporado valores ético-políticos da época que reforçaram sua relação com a questão da eugenia da raça, pois sendo um corpo apto à produção, foi colocado a serviço da defesa da pátria frente aos possíveis “inimigos internos e externos”. Frente a essas duas propostas de “representação do corpo”, à mulher, melhor se aplicava o primeiro, pois assim ela estaria apta a gerar ‘filhos saudáveis’ que serviriam aos propósitos da nação.
Apesar desta evolução do campo esportivo brasileiro, era ínfima a participação de mulheres nesses espaços. Uma das primeiras mulheres a se destacar no campo das competições por aqui foi Blanche Pironnet Bezerra,6 que apesar de praticar a natação como divertimento e bem-estar, venceu várias provas em competições realizadas nos eventos comemorativos do aniversário do Clube Espéria, às margens do rio Tietê, em 1919, na cidade de São Paulo (DEVIDE, 2003b). O fato de uma mulher vencer uma competição, por si só, já causava estranheza à sociedade da época, mas Blanche Pironnet se destacava por ser a única mulher nestas competições e por vencer todos os concorrentes do sexo masculino.
Além de Blanche Pironnet, surgiram outros grandes nomes no esporte feminino do Brasil, como as nadadoras Piedade Coutinho (LIMA, RODRIGUES, DEVIDE, 2005)7 e Maria Lenk,8 a tenista Maria Esther Bueno9, a árbitra de futebol Lea Campos10, a judoca Lea Linhares11, além de outras atletas que colaboraram e colaboram com a construção de uma História das Mulheres no Brasil.
O Futebol Feminino no Brasil
“Entendendo gênero fundamentalmente como uma construção social – e, portanto, histórica –, teríamos de supor que esse conceito é plural, ou seja, haveria conceitos de feminino e de masculino, social e historicamente diversos. A idéia de pluralidade implicaria admitir não apenas que sociedades diferentes teriam diferentes concepções de homem e de mulher, como também que no interior de uma sociedade tais concepções seriam diversificadas, conforme a classe, a religião, a raça, a idade, etc.; além disso, implicaria admitir que conceitos de masculino e feminino se transformam ao longo do tempo.” (LOURO, 1999, p. 10)
Desde a introdução do futebol por Charles Miller e Oscar Cox entre os clubes de elite brasileiros,12 esta modalidade vem corroborando com a construção da masculinidade (ALTMANN, 2002; DARIDO, 2002; KNIJINIK, SOUZA, 2004; GOELLNER, 2005) por conter em seu corpus valores como agressividade e competitividade, interpretados pela sociedade como características instrumentais próprias dos homens.
Somados a isso, existiam mitos sobre a fragilidade feminina e a masculinização do corpo, que apoiados pelos higienistas e eugenistas da época, serviam de justificativa à contra-indicação de “esportes que exigiam muito esforço físico” às mulheres, fazendo com que às moças restassem atividades que evidenciavam as qualidades femininas (graça, leveza, maternidade), como a música, as artes, a dança, a natação, sendo esta última a que mais corroborava com a idéia de higienização da mulher (DEVIDE, 2003a).
Franzini (2005) concorda com o disposto acima quando diz que:
“O futebol feminino, portanto, só poderia mesmo representar um ‘desvio de conduta’ inadmissível aos olhos do Estado Novo e da sociedade do período, pois abria possibilidades outras além daquela consagrada pelo estereótipo da ‘rainha do lar’, que incensava a ‘boa mãe’ e a ‘boa esposa’ (de preferência seguindo os padrões holywoodianos de beleza), principalmente, restrita ao espaço doméstico” (p. 5).
A expressão “futebol é coisa para macho” ecoa sempre que o assunto futebol feminino surge nos espaços de socialização masculina, tais como rodas de bares, clubes e até mesmo nas escolas, refletindo a idéia de que o futebol é ainda um universo de hegemonia masculina e que a inserção das mulheres neste espaço significa uma ameaça a esta hegemonia.
Franzini (2005) afirma que no Brasil, a presença feminina em campo ainda busca sua afirmação. Segundo a Confederação Brasileira de Futebol, o país tem cerca de 400 mil jogadoras, número irrisório se comparado ao de nossos jogadores profissionais, e às doze milhões de jogadoras norte-americanas.13
A inserção das mulheres no universo futebolístico passou por diversas fases. Na década de 1910, os jogos aconteciam como eventos beneficentes. Posteriormente, há uma tentativa de organização de times no Rio de Janeiro, na década de 1940, sendo interrompida pelo então presidente Getúlio Vargas, que ao receber uma carta de um cidadão indignado com esse movimento, decide através do Decreto-Lei nº 3.199, do Ministério da Educação, vetar às mulheres a prática de desportos “incompatíveis com as condições de sua natureza” atingindo entre outros esportes, o futebol. Inicialmente incentivado pela imprensa na década de 1940, a iniciativa das senhoras do subúrbio carioca de formarem times de futebol, foi duramente combatida após a promulgação do Decreto-Lei 3.199 (MOURA, 2003).
Após a revogação desta proibição em 1979, nossas jogadoras voltaram aos gramados e surgiram alguns departamentos femininos em vários clubes do país. Surgem equipes como a do Esporte Clube Radar em 1982, no Rio de Janeiro, que viria a ser um marco no futebol feminino no Brasil, pois uma campanha vitoriosa, inclusive no exterior, lhe conferiu visibilidade. Desde então, o futebol feminino vem se organizando e conquistando espaço no mundo do esporte, culminando com a criação da versão feminina da Copa do Mundo.
Dentre os estudos que abordam o assunto futebol feminino, alguns aspectos são recorrentes, tais como: o preconceito e a falta de visibilidade das jogadoras. O preconceito é produto de uma sociedade patriarcal, na qual há distinção de experiências motoras entre meninos e meninas e o sexismo nos esportes, contribuindo para a generificação de modalidade como masculinas e femininas. A falta de visibilidade é um subproduto do primeiro, pois a sociedade tende a dar visibilidade somente ao que considera adequado aos seus pressupostos. Neste sentido, sendo o futebol uma prática generificada ao universo masculino, as jogadoras tendem a serem interpretadas como um “desvio de conduta”, não sendo interessantes à mídia esportiva, predominantemente masculina (DEVIDE et al, 2008).
Co-Educação e Educação Física Escolar
Após discorrermos sobre a problemática que envolve a prática do futebol pelas mulheres e as questões de gênero que permeiam esta discussão, passaremos a discorrer sobre a co-educação como proposta metodológica para a Educação Física escolar.
Quando escolhemos o futebol feminino como tema para este trabalho, o fizemos por este se apresentar como um elemento de “identidade nacional” no meio esportivo, estando carregado de representações sócio-culturais, a priori ligadas à identidade de gênero masculina, mas que nos possibilitam ampla reflexão sobre as questões que envolvem a oportunização de práticas físicas a meninos e meninas no âmbito escolar, servindo como uma excelente ferramenta de problematização destas fronteiras de gênero.
Gomes, Silva e Queirós (2004) nos apresentam diversos motivos pelos quais deveríamos adotar o futebol como conteúdo das aulas de Educação Física escolar: estar associado ao masculino; ser relevante em termos de seu significado mundial; estar relacionado às práticas de exclusão de alunas; o desejo das alunas em adquirirem competências nessa modalidade; nunca se ouviu falar que o futebol não fosse abordado na escola por falta de instalações; e o fato de nenhuma classe social lhe ser indiferente.
A escola enquanto lócus de formação de cidadãos, tende a assumir uma função reprodutora (LUCKESI, 2002) ao reproduzir o discurso circulante, tanto da parte dos docentes, que em vez de abordagens crítico-filosóficas, implementam intervenções práticas, não reflexivas; quanto dos discentes, que tendem a assumir os papéis impostos pela sociedade, excluindo ou se auto-excluindo de atividades tidas como femininas ou masculinas. Este quadro tem contribuído para que, via de regra, a escola se constitua num espaço de consolidação de preconceitos e estereótipos (CARDOSO, 2002).
A Educação Física Escolar deve oportunizar de forma equânime a prática de atividades corporais aos discentes, independentemente de sexo. No entanto, mesmo com a crescente produção acadêmica sobre gênero e co-educação circulante nos meios científicos, isso ainda não ocorre na maioria das escolas.
A exemplo disso, temos alguns conteúdos, considerados generificados, que servem de via para a problematização com os discentes de questões sobre as relações de gênero na Educação Física e no Esporte, tais como o futebol, pouco ensinado às meninas; ou a dança, raramente oferecida aos meninos. Darido (2002) entende a escola como:
“Um espaço privilegiado de construção dos significados éticos necessários e constitutivos de toda e qualquer ação de cidadania, promovendo discussões sobre a dignidade, igualdade de direitos, recusa de formas de discriminação e importância da solidariedade” (p. 44).
Tanto Cardoso (2002) quanto Darido (2002), nos apresentam situações que refletem a realidade das aulas de Educação Física escolar, seja na falta de empenho dos docentes em oferecer atividades que suscitem reflexões críticas nos discentes, seja devido ao fato de termos nas escolas um espaço “ideal” para ampliarmos as discussões acerca de gênero.
Observa-se dificuldades por parte dos docentes em diferenciarem aulas mistas de co-educativas, tendo como único ponto consensual, o fato de que se é necessário uma ampla discussão sobre gênero em ambas as abordagens. Para fundamentar esta afirmativa, Cembranel (2000), ao entrevistar alguns docentes identifica que uma das professoras não consegue associar a co-educação com a Educação Física escolar dizendo que:
“Aula co-educativa é aquela onde os alunos participam desde o planejamento, sabendo os objetivos, ou seja, porque ele está fazendo essa aula, a aula deve ser educativa para o aluno e não simplesmente mais uma aula. É preciso haver toda uma fundamentação para depois ir para a prática”. (p. 205-206)
Talvez por ser tênue a linha que diferencia aulas mistas de co-educativas, e por terem questões de gênero permeando suas práticas, seja tão difícil separá-las. Na tentativa de elucidação quanto a essas diferenças, Costa e Silva (2002) afirmam:
“A Co-educação considera a igualdade de oportunidades entre os gêneros, porém, é importante destacar que escola mista não possui o mesmo significado da escola co-educativa. Neste sentido, para esclarecer os caminhos da co-educação em educação física, convém assinalar que esta disciplina não aborda a igualdade entre os sexos, e sim a eqüidade, tendo como objetivo criar um clima tal que permita o desenvolvimento integral: afetivo, social, intelectual, motor, psicológico, sem o prejuízo em relação ao gênero, ou seja, uma escola para a formação do sexo feminino e do sexo masculino que valorize as diferentes contribuições e habilidades independentes de sexo” (p. 48).
A Co-educação vai além das soluções simplistas propostas pela Educação Física mista, no que se refere à unificação de alunos e alunas numa mesma aula, com conteúdos que ignoram os interesses de ambos os sexos e fundamentam-se muitas vezes em estereótipos construídos historicamente pela sociedade (LOUZADA, DEVIDE, 2006). A co-educação proporciona a discussão ampla sobre o que são práticas masculinas ou femininas, e até que ponto a experimentação destas práticas tem relação com a construção das identidades de genro e sexual dos discentes. Busca, sobretudo, a equidade de oportunidades, minimizando o sexismo e a generificação da Educação Física Escolar, que deve proporcionar uma ampla experimentação de atividades na busca de formar cidadãos conscientes, que valorizem o sexo oposto e possam interagir entre si.
Altmann (2002) explica que a associação do esporte à masculinidade varia de acordo com a modalidade, mas na escola, o futebol é considerado o mais masculino dos esportes. Cardoso (2002) aponta que o futebol é assunto debatido nos lares, nos bares, nas escolas, nas favelas e nas mansões. Sendo assim:
“O futebol entra nas escolas de assalto, saltando seus muros, indiferente das autoridades. Converte-se em momento ímpar de prazer e socialização, de conquista de respeito e amizades, de superação da dicotomia espectador/participante” (p. 96).
Porém, se isto vem ocorrendo, não tem atingido de forma igual meninas e meninos, pois para as meninas o futebol escolar é um território restrito, onde poucas alunas se inserem, de forma discreta, por trazerem consigo uma vivência motora diferenciada e exterior à escola, adquirida na convivência das brincadeiras com outros meninos, conforme estudo de Altmann (2002):
“A própria professora comentou que Aline jogava entre eles e que tinha conquistado sue espaço provando que sabia jogar. Aline contou que, em casa, praticava esportes com seus primos, demonstrando que sua experiência esportiva era intensa” (p.17).
Darido (2002) ressalta que existe efetiva diferenciação de experiências motoras vivenciadas por meninos e meninas: enquanto eles são incentivados a se inserirem em atividades livres, coletivas, associadas aos esportes e jogos em grupo, o que envolve riscos e desafios; as meninas tendem a ser desencorajadas, e por vezes proibidas de praticarem algumas atividades pelos responsáveis julgarem não ser adequadas à educação de uma menina.
Logo, se o ambiente escolar tem se constituído num locus historicamente desfavorável à prática do futebol pelas mulheres, isso precisa se modificar. Para tal, a intervenção docente, a partir de uma metodologia co-educativa poderá equacionar estas diferenças em prol de uma equidade de oportunidades entre meninos e meninas no que diz respeito à vivência dos conteúdos da Educação Física escolar, especificamente o futebol.
Considerações finais
Buscamos neste ensaio discutir a inserção das mulheres no universo futebolístico, enquanto praticantes, fazendo uma breve análise da trajetória do futebol feminino no Brasil na interface com a História das Mulheres no esporte, abordando questões de gênero que refletem a representação do Futebol como “masculino”.
Percebemos que desde a identificação, por parte dos estudiosos, da necessidade da construção de uma História das Mulheres no esporte, as diferenças biológicas, a performance e a hegemonia masculina, são os fios condutores desta discussão. Os mitos da fragilidade feminina e da masculinização da mulher, aliados aos ideais higiênicos e eugênicos, são fatores históricos contribuintes para as restrições de práticas esportivas às mulheres, já que a “maternidade” e os “afazeres do lar” eram vistos pela sociedade como os papéis que deveriam ser assumidos pelas mulheres na esfera privada.
Observamos que, a partir da segunda metade do século XX, houve avanços no campo do esporte feminino no Brasil, reflexo do que ocorria no resto do mundo. Com a renovação da legislação brasileira que regia o esporte nacional, aumentaram as possibilidades de inserção das mulheres em modalidades antes proibidas a elas, dentre as quais o futebol.
Verificamos que os estudos de gênero na Educação Física consideram o futebol uma ferramenta na promoção de discussões sobre a reserva masculina no esporte, dentro ou fora do âmbito escolar, e interpretam a inserção de mulheres no universo do futebol como uma ameaça à hegemonia masculina, rompendo fronteiras de gênero.
Por fim, apresentamos como proposta, um convite à reflexão acerca das questões de gênero ligadas à Educação Física escolar, através da aplicação da co-educação. Mais do que trabalhar com alunos e alunas em aulas mistas, as aulas co-educativas buscam promover uma vivência equânime aos discentes, independentemente do sexo, idade, força ou habilidade motora, considerando as diferenças e o que elas têm a acrescentar na construção de representações, combatendo o binarismo (esporte masculino/esporte feminino), e possibilitando o surgimento de um ‘esporte para todos’.
Notas
Quarto lugar nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e Sydney (2000), Vice-Campeã nos Jogos Olímpicos de Atenas (2004) e Pequim (2008), Bronze na Copa do Mundo de Futebol Feminino dos EUA (1999) e primeiro lugar nos Jogos da Amizade na China (2001), (DARIDO, 2002).
Deliberação – CND – N° 7/65 – N° 1 – Às mulheres se permitirá a prática de desportos na forma, modalidades e condições estabelecidas pelas entidades internacionais dirigentes de cada desporto, inclusive em competições, observado o disposto na presente deliberação; N° 2 – Não é permitida a pratica de qualquer luta de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo aquático, pólo, rugby, halterofilismo e baseball (MOURÃO, SOUZA, 2007).
Apesar das mulheres da Grécia antiga praticarem diversas modalidades esportivas, dentre as quais lutas e também dos Jogos Pan-Helênicos, só ingressaram nos Jogos Olímpicos (realizados em Olímpia), quando da criação dos Jogos Heranos, que ocorriam nos pés do Monte “Cronion”, organizados em hora de Hera, esposa de Zeus. (DEVIDE, 2005).
A reinauguração dos Jogos Olímpicos Modernos se deu em Atenas, no ano de 1896 e não contou com a participação oficial de nenhuma mulher (DEVIDE, 2005)
Regime político de índole ditatorial imposto durante o governo de Getúlio Vargas.
Blanche Pironnet Bezerra era uma jovem de origem belga e vivia no Brasil desde 1912.
Única mulher a participar de três versões dos Jogos Olímpicos e detentora de diversos recordes nacionais e Sul-Americanos, obteve um quinto lugar nas Olimpíadas de Berlim (1936), feito só igualado na natação feminina brasileira por Joana Maranhão em Atenas, 2004.
Maria Lenk destacou-se no cenário esportivo pelos excelentes resultados em competições nacionais e internacionais, sendo considerada a primeira brasileira a participar dos Jogos Olímpicos (Los Angeles, 1932) e também por ser a primeira mulher a competir usando o nado “butterfly”. Destacou-se ainda fora do âmbito das competições, como professora e dirigente de Instituições ligadas ao esporte, como a Escola Superior de Educação Física e Desportos, na Universidade do Brasil e no Conselho Nacional de Desportos (DEVIDE, 2003a).
Vencedora do Aberto de Wimbledon nos anos 1959, 1960 e 1965, na categoria individual; e em 1958, 1960, 1963, 1965 e 1966 na categoria de duplas.
Lea Campos realizou, em 1967, um curso de oito meses na escola de árbitro da Federação Mineira de Futebol, mas só obteve seu diploma em 1971, após recorrer ao então presidente Emílio Garrastazzu Médice, tonando-se a primeira árbitra de Futebol do Brasil. (SCHUMAHER, BRASIL, 2000 citados por GOELLNER, 2004)
Lea Linhares, gaúcha com grande projeção na mídia da época, primeira mulher faixa preta no Rio Grande do Sul, não teve seu título reconhecido por ser mulher. (GOELLNER, 2004).
Segundo Santos Neto (2002) apud Moura (2003), o futebol já era praticado pelos membros da elite nos colégios brasileiros anteriormente aos clubes.
Cf. Arruda, E. “Amadorismo marca a modalidade no Brasil”. Folha de São Paulo, 16.09. 2001, p. 5.
Referências
ALTMANN, H. Exclusão nos esportes sob um enfoque de gênero, Motus Corporis, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p.9-20, 2002.
CARDOSO, A. L., O Futebol da escola: uma proposta co-educativa sob a ótica da pedagogia crítico emancipatória, Motrivivência, ano XIII, n. 18, p. 93-101, 2002.
CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. Campinas: Papirus. 1988.
CEMBRANEL, C. Aulas co-educativas: o que mudou no ensino da Educação Física. Motrivivência, ano XI, n. 14, Maio, 2000.
CONNEL, R. W. Como teorizar o patriarcado? Educação e Realidade. Porto Alegre, v. 15. n. 2. p. 85-93, 1995.
COSTA, M. R. F., SILVA, R. G. da, A Educação Física e a Coe-educação: Igualdade ou Diferença?, RBCE, Campinas, v. 23, n. 2, p. 43-54, 2002.
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digital · Año 14 · N° 138 | Buenos Aires,
Noviembre de 2009 |